Diário da Hinata (Diário de uma adolescente ninja)

Nar… Naruto-kun. Revia novamente na minha mente a luta entre o Naruto e o Pein. Ainda me sentia culpada, simplesmente por não o ter conseguido ajudar. Sangue escorria pelo canto da minha boca depois do último ataque que sofrera do Pein. O batimento do meu coração era irregular, talvez ainda do choque e da brutalidade do ataque, ou por, finalmente, depois de 15 anos, ter conseguido arranjar coragem para me declarar ao Naruto. A última coisa que me lembro, momentos antes de perder os sentidos, foi de ver uma grotesca camada de chakra alaranjado a envolve-lo. Podia ter a certeza que o vira a transformar-se em Kyuubi. Pergunto-me quantas caudas terá ele libertado. Qual terá sido o impacto das minhas palavras sobre o Naruto-kun?

Uma adolescente submissa pela timidez e pelo amor não correspondido. Sempre desencorajada por um pai, que nos trata como se fossemos inúteis, considerada por todos uma fraca, pelo facto da minha irmã, mais nova que eu, me conseguir derrotar. Aprendi que nunca devemos desistir, mesmo que todos tentem nos convencer do contrário. Passei parte do meu tempo, refugiada no meu canto, sempre a chorar, a ver as coisas a acontecerem mesmo á frente dos meus olhos, sem nunca fazer nada. Nunca mais…

Acordei sobressaltada, com suor a correr-me pela face, como já acontecera em noites anteriores, vezes sem conta. A Tsunade-sama continuava em coma, para infelicidade de Konoha. Olhei para o relógio e reparei que já passava das três da manhã. Hoje será o dia em que o reencontrarei, desde… Senti receio de adormecer, com medo que sonha-se novamente.

Poucos minutos passaram e o cansaço começou a fluir, tal e qual como chakra. Os meus olhos fecharam-se lentamente e só voltaram a abrir quando alguém bateu à porta da mansão. A chuva batia nos vidros da janela na expectativa de entrar. Ouvia-se ao longe os trovões e os fortes clarões que originavam. Pela calma e o silêncio que assombrava a mansão, diria que a Hanabi já tinha ido para a escola, acompanhada pelo meu pai, Hiashi. Com alguma preguiça, empurrei os cobertores que se encontravam sobre mim e sentei-me sobre a cama. Espreguicei-me, apressadamente, e corri em direcção à porta. Nem me dei ao trabalho de ver como estava, pois tinha quase a certeza que era o Neji, regressando do seu treino matinal. Desde que tinha cometido a loucura de enfrentar o Pein sozinha, como o meu primo dizia, que ele passava sempre pela mansão, de modo a assegurar-se que não fazia outra parecida.

- Que nunca mais te passe uma coisa dessas, novamente, pela cabeça. Nem sabes como ficamos preocupados contigo. Essa é a razão porque nunca irás ser um ninja melhor do que eu. Pensas demasiado com o coração. – A sua voz era rude e pouco compreensiva.

- No dia em que amares perceberás que isto foi o acto mais racional que fiz em toda a minha vida.

Depois disso abraçou-me e nunca mais tocou no assunto.

Senti-me atormentada com a ideia de o Naruto se ir embora, tal como o Sasuke. Ainda me lembro do que sofreu a Sakura-chan quando soube que ele se tinha juntado ao Orochimaru. Será que me irá acontecer o mesmo? Será ele dominado e manipulado pela Kyuubi?

Outros problemas invadiam a minha cabeça, nomeadamente, a minha sensei, Kurenai. Como ela estava em licença de parto, eu e a minha time, o Kiba e o Shino, encontrávamos actualmente sem ninguém que a substitui-se. Normalmente, depois das aulas e dos treinos ninja, ia sempre visita-la. A sua barriga estava cada vez maior, de dia para dia. Conversávamos durante longas horas, cada uma desabafando sobre os seus problemas. Não fazia uma semana desde que tinha convidado, tanto a mim como ao Shikamaru, para que fossemos os padrinhos do seu filho com o Azuma. Ainda me lembro da sua cara quando aceitamos o pedido. A gravidez tinha-lhe trazido mais alegria e desejo de viver, assim como beleza.

Bateram novamente à porta, quebrando a minha desatenção. Por momentos pensei que poderia ser o Kiba, mas lembrei-me que o Akamaru tinha hoje uma consulta no veterinário.

Abri a porta e corei de imediato. O meu corpo ficou em segundos como congelado. Instintivamente levei as mãos ao peito. Direccionei os olhos para o chão para evitar o seu olhar azulado, pestanejando, repetidamente, rodando os indicadores, um sobre o outro.

- Naruto-kun…

Após ter dito o seu nome desmaiei. Desta vez, ele já estava preparado para tal e conseguiu agarrar-me antes de cair ao chão.

- Oy! Hinata!

Senti a forte expiração dele sobre o meu rosto, o chakra dos seus braços a agarrarem-me e as suas mãos a deslizarem sobre o meu cabelo azulado. Senti o seu corpo molhado aconchegando o meu corpo ao seu peito.

- Não estou sozinha. Nunca mais. Agora estás ao meu lado. Arigatô…