ANTES DA TEMPESTADE


Luz do sol em ângulos abertos, rompendo uma janela no fim da tarde (...) Uma imensa árvore caída, raízes esparramadas pelo chão, casca e ramos ainda verdes.


A moça estava sentada num galho de árvore um pouco afastado do chão, sentia o calor do sol e a brisa gelada.

-Vai ficar muito tempo aí em cima? – perguntou um rapaz moreno, de olhos numa tonalidade quase turva de azul.

Ela olhou para baixo. Seu coração apertou: sentiu uma mescla de felicidade e sofrimento.

Como se pode ser feliz e triste ao mesmo tempo?

Existe a liberdade do sentir, afinal. Ela amava aquele homem. O homem que amava outra, outra que não era ela. Ela sabia tudo sobre ele, tudo sobre os segredos que seus olhos escondiam, tudo sobre seu sorriso.

Olhou séria para ele. Sentia uma enorme vontade de lhe jogar um sofá. Assim, só pra ver se ele realmente percebia a situação em que estavam.

Beijaram-se. Uma vez. Há algum tempo.

Foi na chuva, a chuva lhe molhando os finos lábios.

Não foi violento, pelo contrário: foi doce e suave, e aos poucos se transformou em carícias selvagens e exageradas.

E ele esqueceu. De tudo. Parecia que nunca houve nada para ele, enquanto ela lutava contra um coração inquieto. Lutava contra aquele amor que nasceu na chuva.

-Vou demorar um pouco- ela falou.

-Vai anoitecer. É perigoso você ficar aqui.

Ele estava preocupado. Mas ela não queria tal preocupação. Ela queria outra coisa, e nem precisava ser amor, só precisava ser... bem, ela não sabia ainda. Precisava ser alguma coisa que envolvesse seus olhos e os dela, e isso seria o bastante.


Essa foi também uma tentativa de conto para a aula de português. Não saiu o que meu professor queria, mas acho que alguém -em algum lugar- pode gostar. Enfim, obrigada por lerem. Beijos!