Essa fic é dedicada à minha beta e irmazinha Mari!! adoro ela

O servo foi correndo dar o recado para seu rei. Apesar de não ser tão profundo o desejo de sua majestade de dar certo o plano de sua filha, talvez ele ainda pudesse vir a ter algum lucro.

O rei Aisu Kuriimu Makimachi ao menos teve tempo de fazer uma pequena análise do documento que acabara de lhe ser entregue, quando ouviu os nada delicados passos de sua filhinha, além, é claro, de sua voz, berrando:

- Papai!!!- gritou em voz autoritária- Então? – tirando a expressão irritada do rosto e perguntou suave, dando um beijo no pai em seguida-Alguma novidade pra mim?

Apesar da educação rude e dos costumes grosseiros que a bela menina havia adiquirido durante os anos, o pai, quando olhava bem no fundo dos olhos da princesa, via

a muita ternura neles. Fazendo seu coração se amolecer.

- Exatamente aquilo que queria meu bem-disse suspirando, cansado. Sua voz rouca e suas grandes barbas já grisalhas eram detalhes que lhe davam uma idade superior à que realmente tinha. Muito rapidamente ergueu o papel para a menina não tomá-lo de sua mão- Ainda não querida. Antes quero te pedir uma coisa...- começou sério.

- Sim papai!- sorrio gentilmente.

- Apenas cuidado minha filha...- colocou a mão na boca- cof cof cof...Eu apenas não quero...- levou a mão até a face da menina- ...que você se machuque... é o bem mais precioso que eu tenho.

- Sei cuidar de mim mesma!- esticou a mão para pegar o pedaço de papel.

- Ah!- entregou o documento, vencido.- Tome.

A garota já ia deixar os aposentos quando pai fez menção de que ia continuar a falar.

- Mais uma coisa, querida. –disse com um tom um tanto zombeteiro na voz. - Há uma coisa que quero que faça hoje.

- O que é? – perguntou desconfiada.

- O senhor Makoto Shishio deseja desfrutar de sua companhia está manhã.- disse fazendo uma cara ingênua- Creio que não será um problema para você...

- O que? Eu já disse! Só volto a falar com aquele traste quando me vencer em uma disputa. – fez uma carinha de criança mimada. Um bico.

- Ora meu anjo. É exatamente disso que eu estava falando...- sorrio finalmente vitorioso.

O sorriso da jovem finalmente se desfez. Balbuciou um "como..." e finalmente percebeu do que aquilo se tratava. "então ele ainda não desistiu daquela idéia absurda! Argh! Eu não acredito!"

- Papai entenda, eu não quero me casar com ele... eu não... posso...- começou com voz chorosa.

- Ora vamos! Onde está a menina mais forte que eu conheço? Se não quer este, então arrume outro! Ou livre-se desse... sei lá!- tocou o queixo da pequena e troxe de encontro aos seus olhos- Vá até lá.

Sorriu. Era muito bom ter seu pai sempre ali para auxiliá-la. Agradeceu e deixou a sala. Deciciu ver seu pretendente depois do café da manhã. Estava faminta!

O pai acompanhou cada passo da princesa que ia se afastando da sala. Misao Makimashi era daquelas pessoas que não era nada daquilo que aparentava ser. Uma menina pequena: magra, baixa, com traços delicados e uma aparencia frágil. Tinha a pele clara, bem cuidada e penetrantes olhos azuis escuros que poderiam enfeitiçar qualquer um. No entanto, no auge dos seus 17 anos, seus modos e costumes não condiziam com sua aparência, seus trajes não eram de seda, nem ao menos usava kimono! Era uma das melhores guerreiras, arqueiras e espadachins de seu reino. Quase nenhum homem era pareo para ela. Suas habilidades eram conhecidas por todos os reinos próximos, mais não era famosa apenas por isso, sua beleza e o fato de ser a única filha do rei com mais terras e com o exército mais poderoso da região.

Misao atravessa os aposentos do castelo pensando no que faria para acabar com a felicidade de seu "convidado". Muito preocupada com o que tinha para comer resolveu pensar naquele assunto uma outra hora e virou no sentido da cozinha.

Enquanto isso apareceu correndo uma de suas criadas vindo ao seu encontro, parecia aflita!

- Senhora! Senhora!- chamou quase sem fôlego, parando na frente da patroa e quase se equilibrou nela para tomar um ar. Esta a segurou pelo braço.

- O que é? Por que veio correndo desse jeito? Por um acaso é um ataque? Mas quem seria o louco?- colocou a mão no queixo fazendo carinha de dúvida.

- Seu noiv...digo... pretendente já chegou madame. E deseja falar com a senhora!- disse por fim.

- Já??? Mais olhe a hora! Diabos... mande-o esperar sentado na sala de estar. Vou comer alguma coisa e cuido dele em seguida.- ia virar-se para sair de novo quando a mão desesperada da serviçal pegou a sua.

- Mas senhora! Vai deixar o melhor aliado de seu pai esperando pela senhora até terminar seu café? Não seria mais sensato convidá-lo para se juntar a senhora?

- Não pode esta falando serio! Causaria-me indigestão comer na companhia daquele idiota! Prefiro passar fome! Tente fazer com que ele se entretenha com alguma coisa!

Aquilo com certeza acabaria com a discussão. A princesa finalmente chegou até a cozinha onde seu amigo e aliado cozinheiro já a aguardava com um enorme sanduiche feito a poucos instantes atrás.

- Pensei que vossa alteza não iria comer seu delicioso café da manhã hoje! Estava demorando. O último lanche foi entregue a um dos criados para que a senhora comesse um mais fresquinho- disse dando uma piscadela.

- Demorei porque meu pai recebeu a resposta pro torneio de primavera. E adivinha? Esse ano eu posso participar!!- disse sem fazer o menor esforço para esconder sua felicidade-sabia que a influência dele serveria para alguma coisa um dia.

- Todos nós sabíamos que nossa mais bela donzela iria conseguir o que queria. Sempre consegue! E ainda vai ganhar o torneio! A senhora vai ver!

- Tomara meu amigo, tomara... - disse esperançosa-Agora vá! Deixe-me acabar com isso sozinha. Você me desconcentra conversando.- sorriu sapeca.

- Senhora... – e saiu fazendo reverência.

Estava totalmente entretida com a comida farta e suculenta à sua frente quando se deu conta de que alguém se aproximava. Imaginou ser o cozinheiro de cara, mais daí pensou bem. Ele jamais deixaria de cumprir uma ordem sua, se fosse algo urgente não chegaria de mansinho. Resolveu não dar bola, qualquer um que quisesse ir ao seu encontro teria de atravessar a cozinha inteira... e não havia como se esconder lá dentro, principalmente dela! Virou-se para o lado e esperou de costas pelo intruso.

- Faz idéia de como isso pode deixá-la gorda? Esse corpinho perfeito não vai durar para sempre.- disse irônico.

"Aquela voz...só pode ser..." conseguiu esconder com perfeição o olhar de desprezo e irritação que fez ao reconhecer a voz.

- Não adianta! Não te contarei o segredo de ter esse corpinho feminino que você sonha para você. - adorava aceitar provocações.

- Só se for na minha cama.- disse sem medo. Se era pra brincar com fogo... que graça teria se não se queimasse?

- Nem nos seus melhores sonhos!- disse com a boca cheia de ódio. Mas continuava desfarçando bem. Falava tranquilamente.

- Ora ora querida! Não podemos brigar agora! Seria chato para duas pessoas que estão quase casadas.- estava se aproximando perigosamente.

- HAHAHAHA- achou aquilo ridículo- não me faça rir. Não casaria com você mesmo que minha vida dependesse disso!- disse em um tom baixo mais firme.

- Sabe muito bem o que te espera nesse torneio não é meu bem?- começou com algo que sabia que a deixaria preocupada.

- O que?- sussurrou atenta. Não podia deixar que ele a provocasse.- do que está falando seu verme?- virou graciosamente o rosto na direção dele.

- Tolinha! Sabe muito bem qual será o preço de seu pai pela sua participação neste torneio!- disse impaciente, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Diga logo Traste!- voltou-se novamente para sua refeição.- não quero continuar comendo em sua companhia. Seja breve!

Percebeu que ele conseguiu se aproximar muito dela e deu uma passo para trás. Quase em falso. O que ele pretendia?

- Sua mão em casamento ao vencedor!- disse enfim.

- Não pode estar falando sério. – sorriu e se afastou. Estava começando a se cansar da brincadeira.

- E você sabe muito bem quem vai ganhar essa competição!- se aproximou de novo desta vez tomando nos cabelos da jovem. Isso a fez sentir náuseas.

O que ele não esperava era a próxima reação dela. Virou rápidamente para ele segurou a mão em ele havia pousado em seus cabelos e se aproximou perigosamente do rosto dele.

- Eu vo dizer somente uma vez e é bom que você entenda: não-me-toque...- disse com uma voz baixa e pausadamente para que ele entendesse aonde e com quem havia se metido.- não vou me casar com você... muito pelo contrário! Você será o primeiro que eu vou procurar para matar quando estivermos todos na arena. Agora saia daqui!- ainda muito próxima apontou com o braço totalmente esticado o caminho para a porta da cozinha. Ele já havia passado dos limites.

Um tanto quanto contrariado, o homem resolveu obedecer a princesa e vagorosamente foi se afastando de sua presença. Franziu o cenho ao reparar que, por nojo, a menina só iria continuar com sua refeição quando ele estivesse totalmente fora do aposento. Pensou em virar-se para ensiná-la que todas as mulheres deviam respeito ao que ele acreditava ser superior: o homem! Mas pensou bem, tinha muita amizade com o pai dela para esse tipo de afronta e sabia o quão próximos eles eram. Aquilo seria resolvido depois que ela finalmente fosse dele. "E será mais cedo do que você imagina meu bem" pensou com um sorriso malicioso nos lábios.

A menina recomeçou aquilo que em que havia sido interrompida, só que desta vez mais rapidamente. Já estava atrasada para seus treinos! Aquela praga havia tomado mais do seu tempo que o esperado.

Voltou para seu quarto e mandou chamar uma de suas empregadas para ajudá-la a se aprontar para o treino. Sentou-se em sua pentiadeira e deixou que a moça, que acabara de entrar começasse a escovar seu cabelo. Era um bom momento para relaxar antes de começar suas árduas tarefas para poder competir, sabia que apasar de um grande talento para a arte da guerra, ainda era uma mulher, e por mais que negasse seu corpo não era forte o bastante.

Sua ajudante fez uma bela trança que ia quase até os pés da princesa. Como de costume usava uma youkata curta cor azul, a mesma de seus olhos, que servia para lutar melhor e era a única roupa que a fazia se sentir confortável.

- A senhora ficaria tão linda se vestisse um de seus kimonos ao menos em alguns dias...- dizia uma outra criada que acabava de chegar.- olhe este! É de seda pura, delicada cor bege...ah!!! Eu me sentiria uma verdadeira princesa se usasse tão bela peça.- disse, sonhadora.

- E eu não sou uma princesa?- deu uma gostosa gargalhada a tirar a moça de seus devaneios e deixá-la atrapalhada para se desculpar. - Não se preocupe. Hum... Prometo uma coisa pra você. Se eu ganhar o torneio, visto essa peça no dia da cerimonia, e dou à você de presente no dia seguinte!

- Por favor, senhora, não é necessário! Fora que não ficaria tão bonito em mim como ficaria em vossa alteza!- respondeu sincera.

Misao olhou com mais atenção para a peça. Era realmente muito bonita. Havia desenhos de flores de carejeiras na barra, de tamanhos médios, e que iam quase até a cintura do modelo. Mais não eram coloridas. Seus desenhos eram apenas contornados com fios dourados, o que tornava a peça ainda mais delicada. Na cintura, para dar um contraste, era usada uma bela fita cor de rosada muito clara. Um kimono finíssimo e caro. À altura de uma princesa.

Quando acabou de se aprontar, correu para o pátio do palácio. Seu treinador já a aguardava. Sorriu ao vê-lo. Ele iria dar a ela aulas de espada e arco e flecha hoje. Seus maiores destaques! Isso a favorecia muito no dia da luta. Fez reverência para o treinador pegou o arco e a flecha e começou o treino.

- Não quero erros alteza!- disse severo- Quero perfeição! Soube hoje que a competição de arco e flecha será para escolha de oponentes e escolha de como deseja jogar! Acho que já sabe muito bem o que fazer!- disse sorrindo e dando uma piscadela.

- Sim senhor!- gritou em resposta, firme.- Sei exatamente o que fazer...- disse com um sorrisinho nos lábios falando baixo e continuou em um sussurro que só ela poderia ouvir- ... e com quem irei começar...