Capítulo 1

Na China, na província de Guangzhou, num dia que o inverno estava dando seu último adeus, duas crianças brincavam no quintal de uma típica casa chinesa de classe alta.

Mas para aquelas criança, a classe econômica ainda não importava, pois o que era relevante era aproveitar o tempo.

- Você vai se casar comigo quando crescermos, né? -gritou uma menina típica chinesa de 06 anos.

O menino, cuja atenção foi chamada, mal olhou para a menina e continuou brincando com seu carro chamado carinhosamente de Shenlong.

Mas a menina não se deu por vencida e entrou na frente dele e disse:

- Me dê sua palavra ou vou chorar sem fim e vou falar para todo mundo que é por culpa sua.

Ele parou quando ela disse isso, não porque tivesse medo, mas porque achava que meninas eram fracas e dignas de pena e tinha que colocar o ponto final sem deixar de desafiá-la.

- Se um dia você deixar de ser fraca e tornar-se digna de minha companhia, eu me casarei com você.

Ele disse isso pensando que nunca aconteceria tal fato, pois como poderia uma menina chegar a se igualar a ele? Nem pensar.

Mas a menina tomou aquilo para si como uma missão e disse:

- Chang Wu Fei, irei atingir esse objetivo e teremos um lindo casamento! -saiu cantarolando algo que o menino sequer deu-se ao trabalho de escutar, pois achava aquilo um absurdo.

Vinte longos anos se passaram desde o encontro dessas crianças e muita coisa mudou, contudo, há certas coisas que o tempo não altera, diferentemente, só aumenta.

- Sr. Chang sua viagem aos Estados Unidos está preparada. -disse Zhang Bo, secretária da diretoria da empresa Jin, a qual era um grande conglomerado econômico em expansão mundial.

- Obrigada, Sra. Zhang. Avise aos acionistas daquele país que a primeira reunião será às 7 horas da manhã, no prédio da empresa na cidade de Nova York. -disse num tom sem qualquer emoção, pois a escolha da secretária não foi sua, mas imposição de seu pai para que pudesse assumir o cargo de diretor de estratégia da empresa.

Não que tivesse alguma objeção pessoal a Sra. Zhan, mas ela era mulher, logo com tendências emocionais que a tornavam fraca.

O cargo assumido por Chang Wu Fei estava apenas dois abaixo da Presidência da empresa, o qual era o objetivo do mesmo.

Após deixar breves apontamentos a sua secretária, Wu Fei se encaminhou para a porta rumo a um grande desafio.

A empresa JIN está entre as maiores e mais bem-sucedidas da Ásia e era composta por acionistas de diversas famílias tradicionais da China, sendo a acionista majoritária a família Chang. Por isso, ele ia buscar na América o trunfo para chegar finalmente ao cargo de Presidente.

A viagem foi tranquila e rápida, Wu Fei como sempre centrado em seus objetivos, de modo que sequer saberia dizer quais eram as pessoas que viajaram no mesmo voo. Para ele, elas eram fracas e não tinham importância.

Se isso o fizesse solitário, Wu Fei não se importava, pois era focado em seu objetivo e não precisava dos outros e suas franquezas que poderiam atrapalhá-lo. Entretanto, esse raciocínio apenas poderia servir de desculpa para não se lidar com a escuridão e o medo internos.

No aeroporto, um representante da empresa o aguardava a fim de levá-lo ao hotel no qual ficaria durante sua temporada em Nova York.

Apesar de nunca ter visto antes o funcionário, este teve o respeito de Wu Fei, porque desempenhou seu trabalho sem perguntas impertinentes ou conversas desnecessária. Em respeito, Wu Fei despediu-se polidamente, mas, novamente, sem qualquer emoção.

Como os procedimentos de estadia haviam sido resolvidos pelo funcionário da empresa, Wu Fei foi direto ao quarto descansar, visto que seria necessário estar com as forças revigoradas amanhã, o dia em que iniciaria sua missão.

Isso poderia tirar o sono de muitas pessoas, mas não de Wu Fei, pois fracassos não eram admitidos, apenas vitórias, e por isso estava aqui.

Logo de manhã, seu telefone tocou. Era um conhecido do passado e Wu Fei somente atendeu porque ele era um das raras pessoas que tolerava.

- Wu Fei, soube que está na cidade e pediu uma reunião com o "clube"… poderia me adiantar o motivo?

- Trowa, como se você não soubesse. -Wu Fei ficou impaciente com a fala de seu colega.

- Claro que sei, apenas quis ganhar uma aposta com Duo. -disse Trowa tranquilamente.

- Não acredito! Vocês ainda fazem isso? Pensei que tivessem crescido… Estou me arrependendo de tê-los procurado.

- Wu Fei, certas coisas não mudam, você que o diga, o motivo de sua vinda tem raízes no passado ou estou enganado?

Wu Fei tinha raiva daquela mania de Trowa saber tudo, mas ele estava certo, sua vinda à Nova York tinha a ver com uma missão inacabada e iria ser cumprida sem falhas.

- Vamos ao objetivo: confirmada a reunião? E fale para Duo não se atrasar e para não levar aquela garota arrogante.

- Liguei para informar isso e, sobre a "garota" irritante, acho que Duo não tem esse poder sobre ela e eu sei que você está com muitas saudades dela. -apesar da ironia, Trowa disse isso num tom sério com fim claro de provocar seu amigo.

- Aff…

Eles se despediram e desligaram. Wu Fei se aprontou para sua primeira reunião da manhã.

O "clube" era formando por 04 amigos de Wu Fei, por mais que ele se negasse a usar essa palavra.

Ele era formado por Wu Fei, Quatre, Duo, Trowa e Heero. Eles se conheceram na faculdade de Columbia, quando, por motivos que os mesmos desconhecem, se tornaram um "clube" e, mesmo depois de formados e distantes, eles mantiveram essa peculiar amizade.

Trowa Barton, que havia ligado para Wu Fei, era formado em economia e se tornou um grande analista, estabelecendo-se em Nova York. Ele ficou muito intrigado com a visita de Wu Fei, mesmo sabendo da missão deste sem mesmo que lhe fosse contado, porque conhecia Wu Fei e sabia que a batalha perdida no passado sempre perseguiria seu amigo até ele vencê-la.

Em outro canto do Mundo, na grande metrópole de Xangai, Hu Mei estava comprando seus últimos itens para sua viagem à Nova York, mas seu pensamento já estava lá e no desafio que teria nessa cidade.

Ela ria sozinha ao pensar nisso e como ainda não tinha desistido disso. Teve tantas oportunidades na vida para tomar outro caminho, mas não, ela venceria e poderia finalmente dar o seu coração a quem ela tanto queria.

Alguém a interrompeu de seus devaneios:

- Mei, o Li Yun ligou e perguntou de você… nossa, ele é um ótimo partido. -disse Shun Lein, sua grande amiga.

- Lein, já discutimos isso milhões de vezes! Não estou interessada nele ou em qualquer outro. Meu coração já estava ocupado.

- Sei, mas já falou para essa pessoa isso? Às vezes acho que ele sequer se lembra de você.

- Ele lembra, eu tenho motivos para crer nisso.

Realmente, um ano atrás, quase tinha pensamentos de desistir dele. Então recebeu um presente inesperado dele e isso renovou todas as suas esperanças.

- Você é quem sabe… Não se esqueça da pressão da sua família para que você se case.

- Isso vai ocorrer, mas no tempo e com a pessoa certa.

Hu Mei era uma jovem chinesa de 26 anos, mas já com grandes responsabilidades, visto que há pouco tempo assumiu o cargo de representante das famílias acionistas minoritárias da empresa Jin, apenas sendo menor que a família Chang.

Sua estatura era a normal das mulheres tradicionais chinesas e isso acaba por aí, porque seu cabelo tinha um estilo moderno, com corte bob cut, e suas roupas seguiam um estilo atual e elegante mostrando sua força e determinação.

E seus olhos orientais mostravam que ela não desistiria de conquistar seu objetivo e conseguir o cumprimento de uma promessa feita.

Shun Lein era amiga de Hu Mei há muito tempo, mas não entendia seus sentimentos por ele. Segundo o que pensava, Mei poderia ter tantos pretendes e já poderia estar casada como ela.

A amiga de Hu Mei era mais alta que ela, mas não tão magra, e mesmo assim sabia se impor. Tinha sua beleza sendo mais tradicional.

Hu Mei novamente saía de um encontro com sua amiga tendo que se justificar, porém isso poderia estar no fim ao ser cumprida uma aposta em Nova York. E para isso também contava com a ajuda de uma "amiga" dele.

Nesse instante, seu celular tocou.

- Alô? Akane, tudo bem?

- Mei, tudo. Tenho informações dele, o alvo já chegou e irá se encontrar com "clube" amanhã.

Mei riu com o jeito de ela tratar a situação como uma missão secreta.

- Mas não chegarei a tempo.

- Já pensei nisso. Vou promover uma festa no fim de semana quando você estiver aqui e aí nosso plano começa.

- O problema será ele ir. -disse Mei sabendo como ele era difícil.

- Fique tranquila, tenho meus métodos.

Mei riu, pois, realmente, ela tinha seus meios e desde que a conhecera não duvidou disso.