Disclaimer: Enquanto minhas rezas e oferendas a santos não funciona, Inuyasha não me pertence.
Até quando, eu não sei.
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Kagome Higurashi. Há quanto tempo não citam seu nome, a elogiam, xingam-na por atraso ou até mesmo a convidam pra beber algo?
Bom... tirando o fato de estar sempre bebendo, o convite de nada vale.
Quem é ela? Ou melhor... quem ERA ela? Engraçado saber que aquela antiga empresária de sucesso se deixou derrubar por uma simples depressão. Ou melhor, depressão não de maneira alguma! Ela diria... desânimo! Eis a palavra que se encaixava perfeitamente ao ocorrido.
Dois anos se passaram, pois então. A ex-empresária encontrava-se todos os dias em seu próprio lar, bebendo aquilo que considerava necessário para deixá-la contente perante demasiado tédio e bom... sozinha. Como sempre sozinha. Vivendo daquilo que juntou por anos em seu trabalho esperando que o dinheiro servisse de algo útil um dia.
Sim, mais útil que para sua própria existência vagabunda e desprezível.
Quando passou a seguir seus "sonhos" de ter um bom emprego, uma boa casa e um ótimo salário, não pensou que acabaria sentindo falta de tudo que não envolvesse trabalho. Escravizou-se sem sua própria percepção ao trabalho tornando-se uma pessoa distante e até mesmo menos atrativa. Não tanto quanto agora, mas... de que servira todos aqueles anos em busca de conseguir subir na vida, se fora a vida que quis levar que a fez descer novamente?
- Ora! Tédio...- Murmurava ela, ou até mesmo eu. Sim, a pobre pessoa que voz narra não passa daquela que se pergunta todos os dias o que sobrara daquele antigo símbolo de coragem.
Bebi mais um gole de conhaque vagabundo observando o grande espelho à minha frente. E era realmente engraçado saber que eu emagreci exageradamente nesses anos que se passaram.
Não, eu não gostava de comer, sério! Aos poucos as pessoas desistiram de mim. As ligações, as batidas na porta, a imprensa e até mesmo as consecutivas vezes que tocavam a campanhia em um mesmo miserável dia... pararam!
Aos poucos me via sozinha e alcoolizada. Eu não era viciada, por mais que pareça... ou não, já que sabem tão pouco da vida que chamo de minha apesar de tê-la perdido um bom tempo atrás.
Levantei-me do chão apoiando no sofá ao meu lado. Sorri quando percebi que minhas pernas não obedeciam ao comando do meu cérebro, e ah! Aquela sensação de embriaguez e liberdade que eu tanto queria chegava aos poucos, mesmo que eu soubesse que era tudo uma breve e ao mesmo tempo longa mentira.
Não que eu me importasse, não que eu quisesse fingir também, mas aquele ser esquelético a frente do espelho apenas demonstrava fraqueza e solidão.
Poderia dizer que estava triste, mas o álcool apenas deixara-me feliz e bom, não tinha outra opção a não ser comprar mais.
Que fosse vodka ou qualquer outra coisa que me deixasse dopada e no dia seguinte vomitando por horas.
Lentamente peguei minha carteira e tateando as paredes e portas da casa consegui chegar à fechadura.
Ora, ora... aonde será que eu coloquei a droga da minha dignidade?
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Sabe, normalmente referem-se a pessoas bêbadas como pessoas que não se esforçam para nad, e bom, creio eu dizer que não é verdade.
Pessoas bêbadas se esforçam MUITO para andar, para não trombar nas coisas e para dizer palavras coerentes a fim de fazer um pedido correto. Podia dizer com toda a certeza que minha afirmação poderia ser provada, já que eu estava me esforçando demasiadamente para conseguir fazer todas as citações que acabei de fazer.
Finalmente cheguei então ao bar e me apoiei no balcão. O atendente me sorriu.
- Pois então senhorita Higurashi, o que deseja hoje? – Eu suspirei, procurando algum banco para me sentar. Não o encontrando, prostrei-me ainda mais sobre o balcão.
- Gostaria de uma vodka... qualquer uma. Me manda qualquer droga que te enviam semanalmente. – Ele arqueou a sobrancelha. Eis Bankotsu, o tão generoso dono daquela grandiosa espelunca. Estendeu o braço com a garrafa a qual apanhei sem forças.
- Está há quantos dias sem se alimentar direito dessa vez, querida Kagome? – O encarei com uma expressão contraditória.
- Pois bem, se dizer que não lembro pararia de fazer essas perguntas tão inúteis? – Ele riu baixo.
- Inúteis pra mim de fato, mas não para você afinal, quando morrer não terá que se decompor, se é que me entende. – Observei irônica ao homem de cabelos presos em uma trança a minha frente. Depois do meu fracasso não me importava mais com o que diziam, muito menos Bankotsu, que adorava me irritar sempre que tinha a oportunidade.
Obsessão maldita.
- Bela dama! Sente-se nessa cadeira, creio eu que se encontra um pouco... " desabilitada" não? – Meus olhos viraram estreitos ao ser que me chamara por "bela dama" pensando que a cortesia me agradaria.
- Alguém chamando a noiva cadáver de bela dama? Olhe só Kagome, seus ossos são atrativos pra alguém!- Não escutei o que Bankotsu me dizia. Não porque o álcool havia me provocado qualquer tipo de "surdez temporária" tanto que tal conseqüência não exista, mas certos orbes dourados me fizeram realmente ignorar aquele que tanto me irritava.
- Você é...? – Perguntei lentamente com os olhos ainda mais estreitos, se possível. Dessa vez não eram de irritação, mas sim de desconfiança.
Eu estava magra de fato, mas não tão magra como Bankotsu adorava teimar que era e bom... creio que qualquer tipo de viciado em sexo se adaptaria a chamar uma mulher em situação decadente de bela dama afim de conseguir dela algo que pudesse aproveitar.
- Não precisa me olhar dessa maneira senhorita, ou será que quer me intimidar? – As palavras dele saiam com uma ironia calma e estranha. Não que eu não fosse acostumada com tal, porém não daquela forma tão sutil como fora a dele.
- Apenas perguntei seu nome. – Meu corpo caiu pesadamente na cadeira que o ser arrastara para mim, porém meus olhos não pararam momento sequer de observar àquele a minha frente.
- Me chamo Inuyasha, e você?- Perguntou ele, escorando-se no bar onde eu estava.
- Kagome. – Ameaçou ele então iniciar um diálogo, porém me levantei antes que esse começasse. – E estou atrasada para voltar para casa e acabar com mais uma garrafa! Agradeço a cortesia, mas pode ficar com ela agora. – Finalizei me levantando da maneira mais desastrosa possível e empurrando a cadeira contra ele.
- Não precisa ficar com medo de mim Kagome, eu apenas estava ajudando alguém que necessitava de ajuda!- Suspirei lentamente.
- Eu não disse que precisava de ajuda. - Bankotsu assistia tudo animado. Ele adorava quando se aproximavam de mim para puxar qualquer tipo banal de assunto. Sabia ele tudo pelo que passei, já que de todos os que conhecia quando obtinha riqueza, apenas ele me sobrou para lembra-me diariamente o que me tornei.
- E eu disse que você havia dito?- Arqueei uma sobrancelha, mas não foi necessário prolongar o assunto. Não gosto de companhias, muito menos desagradáveis. Passei a caminhar e consegui encontrar a direção da rua.
Senti que o homem não gostou da minha atitude.
Digamos que não porque eu era interessante mas sim, porque provavelmente ninguém o trataria, ou já havia o tratado assim.
Grande coisa.
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Eu não gostava de fumar, mas fumava e fumava incrivelmente muito quando eu estava chateada com as coisas.
O incidente havia ocorrido há umas 3 horas atrás, mas eu comecei a me perguntar então há quanto tempo eu não conversava com ninguém a não ser Bankotsu. E o mais incrível de se citar é que não eram as pessoas que não tentavam se aproximar, e sim eu que não as deixava fazê-lo.
Fumei o oitavo cigarro, a qual já me dava total sentimento de náusea. Porém, me acalmava o suficiente para não me deixar chorando no chão daquele apartamento que antigamente tão limpo, encontrava-se completamente desarrumado.
Fazia tempo que não chorava. Derramar lágrimas que me fazia humana antigamente, agora não me fazia mais. Eu segurava a amargura de todos os dias me tornando distante.
Bebi mais um gole da vodka, que aumentou ainda mais o enjôo. Já se passavam das 7 da noite e a televisão desligada era tão interessante que eu não conseguia sequer tirar os olhos da tela.
Se os tirasse, penderia para o lado sozinha, afinal.
Foi então, naquele momento que ouvi o som da campanhia tocar. Assustei-me, já que havia tempo que ninguém tocara em casa. Arqueei a sobrancelha quando os toques passaram a ser constantes.
Será que era um engano?
Levantei do chão capengando até a porta. Olhei pelo olho mágico e mesmo nada vendo, o som não parava. De maneira alguma, não parava.
Abri então a porta desconfiada. Foi então que descobri porque o olho mágico de nada revelou. Minha visão era embaçada e seria inútil tentar enxergar algo, por mais próximo que esse estivesse.
Fiz então uma cena extremamente ridícula. Cerrei os orbes com força tentando enxergar quem estava ali tocando em seus braços e alisando seus cabelos. Esforcei-me ainda mais, me apoiando com uma mão da porta e a outra em seu ombro, a qual já havia descoberto masculino.
- Então, não é que nos reencontramos?- fechei os olhos com força, tentando lembrar-se daquela voz. Era conhecida, porém eu não estava em condições de reconhecer vozes avulsas.
- Droga, quem raios é você? – Perguntei tonta, me afastando um pouco.
- Não me reconhece?- Perguntou ele, adentrando em meu apartamento sem quaisquer tipos de permissão. – Sua memória se resume a quanto?- Eu não esbocei nenhum tipo de reação. Ele me pareceu louco enquanto não o reconhecia.
- Como ousa entrar aqui?- Perguntei ignorando a pergunta que me fez. – Eu por acaso falei para que assim fizesse? – Minha voz saia mole e sem autoridade alguma. Minhas pernas encontravam-se fracas e meus olhos extremamente avermelhados.
- Eu entro aonde eu quero, desde que no local residam pessoas que abusam do álcool de maneira que possam morrer afogadas em seu próprio vômito. – Me olhou com arrogância. – Sou uma pessoa boa, não deixaria que isso acontecesse e depois minha consciência pesasse, por mais que fosse uma desconhecida – Foi então que minha lembrança me pegou desprevenida. Aquela ironia, aquela falsa preocupação só poderiam ser pertencentes ao homem que encontrei à tarde no bar.
Era óbvio que ele não havia vindo em casa para ter certeza que eu não morresse. Ele sequer se preocupava comigo, era fato! Estava ali pois teve seu orgulho atacado quando o deixei falando sozinho.
Oh, saco.
- Então quer dizer que me seguiu até aqui apenas porque o esnobei há algumas horas atrás?- Ele abriu um pequeno sorriso, divertido.
- De maneira alguma!- Exclamou. – Imagina se seria isso. – Eu entortei meu corpo para o lado esquerdo quando senti que o direito já não me sustentava mais.
- Não é capaz de admitir então que veio apenas por eu ter te deixado falando sozinho? – O cinismo que ele apresentava era incrivelmente capaz de aumentar a cada pequeno minuto que eu passava perto delo.
- Não! Na verdade eu disse que de maneira alguma te seguiria até aqui. – Seu sorriso alargou-se. – Eu pedi seu endereço a Bankotsu – Meu sangue ferveu. Quer dizer que aquele inútil patético passou meu endereço para um desconhecido? E se ele fosse algum tipo de agressor maníaco, droga?
Meus pés se cruzaram e eu encontrei o chão.
Minha cabeça rodava fortemente enquanto eu apertava as palmas de minhas mãos.
- Eu quero...- Disse devagar, ele me observou vitorioso.
- O quê? Que eu vá embora?- Eu forcei a fala.
- Não... senão ordenaria – Ele me encarou demonstrando estar um pouco assustado com a revelação.
- Então, o que quer? – Eu o observei confusa. Minha mente rodava, juntamente com minhas mãos que tremiam freneticamente agora.
- Não me lembro! – Ele riu, fajutamente.
- Pensava que tratava de algo sério, talvez se lembrasse. – Eu o fitei e senti que o olhar triste que pareceu em meus orbes, sem minha permissão por míseros segundos, despertaram a curiosidade do homem parado em minha frente.
- Das coisas mais sérias são as que menos me lembro. – Dei apenas um suspiro cansado, e debrucei-me no chão. Aquela raiva e incredulidade que até no momento pareciam incontroláveis, pararam.
Ele observou meu corpo caído, que de distante parecia morto. As horas passavam, mas os minutos, não. Ele parecia achar engraçada a petrificação do próprio corpo, creio ao menos que ninguém passou por tamanha ridicularidade em sua frente e não se importou, como eu naquele exato momento.
- Levante do chão, quero conversar novamente. – O olhei agonizando, quando minhas pernas e braços já não me sustentavam mais. Fechei os olhos enquanto ele falava palavras que desviavam de meus ouvidos.
O olhando uma última vez, ri em vitória quando percebi que estava prestes a dormir.
Tossindo rapidamente e espalhando um pouco de sangue no carpete tinha apenas uma felicidade para festejar.
O sono a qual eu cairia, o deixaria falando sozinho novamente.
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- Você é louca por acaso? – Gritou totalmente incrédulo,quando despertei daquele sono que pareceu segundos. – Você tem realmente noção do que se passa ao seu redor? Você já parou pra contar quantas garrafas esvaziadas contém seu apartamento? – Fechei um olho devido à dor que os berros que ele dava me causaram. Esperei que ele parasse de gritar para que novamente voltasse a o encarar calmamente.
- Droga, que dia é hoje? – Perguntei com dores, a qual percebi apenas no momento espalhadas por todo meu corpo. Meus braços, pernas e coluna estavam totalmente doloridos. Ele puxou o ar fundo.
- Você não respondeu sequer uma das perguntas que eu te fiz!- A voz dele parecia estar sendo extremamente forçada para a mesma não aumentar.
- E você não respondeu a minha! – Ele controlava a raiva ao meu lado. – E, aliás, suas perguntas são irrelevantes! Eu responder se sou louca não será suficiente, pois você retrucará e eu não sou matemática pra ficar contando garrafas!- ele se afastou de mim.
Foi então nesse momento que reparei que estava em minha cama e meus braços estavam estranhamente enfaixados.
Olhei desconfiada ao homem que não parecia de certo ser definitivamente homem e vi que ele ainda se debatia internamente para não falar nada.
- Porque me trouxe para cama? – Perguntei calmamente e ele apenas movimentou os ombros, nada respondeu. – Não bastava me deixar na droga do chão? Não percebe que não te quero por aqui? – perguntei já aumentando o tom da minha voz, enquanto um misto de ódio e indignação passava por todo meu corpo.
Desde quando eu passei a desprezar pessoas? Desde quando parei de diferenciar o agradecimento da crítica?
- Você não quer que ninguém se aproxime de você – Ele afirmou voltando a me encarar. – Eu pensei que eu fosse o único dessa droga de mundo a me afastar das pessoas... mas nunca as desprezei sem motivos e você não me parece ter nenhum. – Me levantei da cama sentindo fortes pontadas de dor.
- Você não sabe nada de mim, está me ouvindo? – Perguntei me aproximando e apontando o dedo em sua face. Minha voz ainda estava um pouco mole, porém eu tinha ciência total da situação. – Se você acha que pode se aproximar, me julgar e depois ir embora achando que é perfeito, receito que não faça comigo. – Ele me observou de cima para baixo, lentamente.
- Eu não estou te julgando à toa. – Arqueei a sobrancelha, abaixando o dedo que lhe apontei. – Estava apenas conferindo se tudo o que Bankotsu disse a seu respeito era verdade. – Riu, debochado. – Não, ele não estava totalmente certo quanto a você.
- O que quer dizer com isso? – Minha cabeça girava lentamente e as pontadas na mesma começaram a vir fortes. Dei um pequeno grito abafado, sentindo o começo da ressaca que estava por vir.
- Quero dizer que ele se enganou ao pensar que você fosse totalmente morta. – Eu consegui o encarar,apesar de dor, que me apanhava sem armas. – Não que eu me importe... como já deve ter percebido você não importa pra mim. – Eu me sentei no chão. Respirando fundo, tive forças para responder ao tom irônico.
- Diferente de você, eu não tenho que verificar se as pessoas mentem sobre você. – Percebi que ele sentiu-se provocado com o que eu disse. – Eu apenas tenho que verificar se você mente sobre você mesmo... e como se pode reparar, caro Inuyasha – Seu nome saiu frisado lentamente de meus lábios. – Você também está enganado, só que diferente de Bankotsu... o assunto se trata se sua própria pessoa. – Ri em um pequeno deboche. Ele se agachou ao meu lado e segurou meu rosto com firmeza.
- Você está abusando de minha boa vontade, humana – Suas palavras foram apenas pequenos sussurros, mas pude sentir que dali viriam grandes avisos.
- Você abusou da minha primeiro, Inuyasha- Ele se levantou vagarosamente, me deixando novamente só, no chão.
- Pode ficar sossegada querida Kagome, conseguiu com que eu fosse embora – Suas palavras demonstravam clareza e falsidade. Virou-se a fim de sair pela porta, quando antes voltou-se pra mim. – Mas não pra sempre. – Deu um último sorriso largo antes de fechar a porta atrás de si.
Quem me dera que realmente os alcoólatras fossem totalmente abandonados.
Como eu queria que não fosse apenas mais uma mentira.
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Sim..., eu voltei.
*explosão de rojões*
Voltei com mais uma idéia que me brotou a mente e aquela louca vontade de escrever que voltou.
Há quanto tempo eu não aparecia pelo site, hem?
Espero que tenham gostado desse começo de fic.
Nada mais trágico, que uma empresária falida, falecendo aos poucos e trancada em sua própria e desejada solidão, não?
Enfim, creio não serem necessárias notas..., ainda!
Sim, ainda!
AHUAHUAHAUAHUAHAUHA
Espero que mandam reviews, elas me incentivam a acreditar que esse lixo todo é reciclável!
Beijos a todas, e até a próxima!
Ah claro!
E eu sou simpática. Cansei de todos dizendo que me odiavam quando me conheceram ¬¬'.
Parei agora. Sério!
