Disclaimer: Como sempre, Sailor Moon não me pertence, caso se pertencesse Sailor V seria personagem principal pra sempre e Kunzite é que seria o par romântico pra sempre, of course.

Essa fic. é a primeira pra o mês VK 2018, enjoy it!


Tema 1: Constância.

"We just try to keep those secrets in the light
But if they find out, will it all go wrong?
And heaven knows, no one wants it to."
Friends - Ed Sheeran

Indiferença

Endymion chamou o general para uma conversa particular em seu quarto. Era fim de tarde, seus afazeres do dia estavam quase completos e ele estava cansado, mas um chamado do príncipe, ainda era um chamado do príncipe.

Quando Kunzite entrou no aposento, o rapaz de cabelos escuros fechou a porta rapidamente e respirou fundo, mostrando certo nervosismo.

- O que está acontecendo? – O general franziu o cenho, notando a agonia do outro.

- Tenho algo para lhe contar, – o príncipe trazia uma expressão suplicante – mas vai ter que me prometer que vai guardar segredo.

- Mestre... – O tom de aviso era desesperador, conhecia bem as habilidades de teimosia do seu príncipe.

- Prometa! – O jovem deu alguns passos para trás, colocando a mão atrás da pesada cortina vermelha que emoldurava a janela enorme do quarto.

- Certo, eu prometo – deu de ombros, não poderia ser tão ruim.

Endymion puxou a cortina vermelha que cobria parte da porta que dava para a saída da varanda e ali, olhando para ele, estava a a criatura mais pálida que Kunzite já havia visto na vida. Tudo nela era branco: das vestimentas, até o cabelo. E se não fossem os olhos azuis, expressivos e assustados – que chegavam a destacar tamanha era a cor etérea que ela trazia – ele iria jurar que era uma boneca de cera que estava ali, refletindo fracamente as luzes do aposento como se tivesse luz própria.

- O que é essa... Coisa? – Estava embasbacado demais para esboçar qualquer reação.

- Eu não sou uma coisa! Eu sou uma garota, não vê? – Ela mostrou a língua e se escondeu atrás do príncipe.

- Essa é Serenity, – Endymion deu um passo para o lado e a apresentou como se fosse algo completamente natural – ela é a princesa da lua.

Foi dessa forma desajeitada e assustadora que o general conheceu o grande amor de seu mestre. De início, foi de total desacordo com o romance, mas quando percebeu que era inútil continuar lutando contra o sentimento poderoso que unia os dois, guardou o segredo com a condição de que ele manteria uma escolta pesada enquanto o casal estivesse junto.

Rei e rainha estariam fora por algumas semanas, deixando as partes privativas do castelo livres para os amantes e seu tutor. Era noite, a luz da lua banhava as rosas vermelhas nos jardins – as favoritas do príncipe – e o som de cigarras era o único que Endymion e Serenity escutavam entre uma conversa e outra enquanto estavam caminhando de mãos dadas no jardim privado da realeza. Kunzite observava tudo de longe, sempre atento e com profundo tédio, desejando em seu íntimo, que essa paixão adolescente morresse logo.

O clarão dourado passou muito rápido pelo general, mesmo assim, ele ainda conseguiu interceptar o invasor no meio do caminho.

Um choque de metal ressoou fazendo, até mesmo, as cigarras e grilos se calarem. O jovem casal assustado - Serenity fortemente abraçada a Endymion que a segurava como se fosse o bem mais precioso da sua vida - tinha Kunzite como barreira, cruzando sua lâmina contra outra pertencente a uma das mulheres mais impressionantes que qualquer ser vivo poderia ter visto em vida. Tudo nela era dourado, dos cabelos a pele reluzente ao olhar que parecia ouro derretido. Endymion olhava a garota, quase uma cabeça mais baixa que Kunzite, o encarando com vigor, o príncipe jurou para si que se pudesse existir eletricidade entre eles, a expressão furiosa que trocavam seria altamente explosiva.

- Venus, abaixe a espada, já! – Serenity ordenou com seriedade.

- Saia daqui antes que eu tenha que fazê-la ver uma carnificina! – Alertou a guerreira.

- Eles não estão me fazendo mal, estou inteira! – Retrucou apontando para si. - Eles são...

- Eu sei muito bem quem são!

- V-chan… Por favor - Serenity deixou os braços do príncipe e se aproximou da guerreira.

Venus suspirou fundo e compadeceu, o brilho dourado sumindo, os olhos assumindo a coloração azul. Ela escorregou sua lâmina para baixo – o que não fez Kunzite deixar a posição de ataque até que ele tivesse certeza que a arma estivesse na bainha – e ouviu cuidadosamente tudo que a princesa lunar tinha a dizer.

- Certo, mas ele vigia ele – apontou alternando entre os dois homens presentes. – Eu vigio você.

- Oh, Venus, - Serenity se jogou em seus braços – você é a melhor!

Kunzite e Venus passaram a conviver constantemente. Por vários dias e noites, eles se viram obrigados a esperar que o casal se cansasse ou, como acontecia por vezes, eram os protetores quem se cansavam e davam o veredito de ir embora. E, durante esse período de convivência, eram estritamente profissionais, mantinham a distância necessária ao trabalho que desempenhavam e não trocavam mais do que duas ou três palavras durante o período em que estavam juntos, geralmente era um "boa noite" bem polido.

Naquela noite, a lua estava cheia, a luz prateada tornando quase desnecessário o uso das lamparinas de óleo dos jardins pessoais do príncipe. O general estava sentado escorado em uma árvore, observando, ao longe, o casal de pombinhos que fazia um piquenique a luz do luar e ele, sem emoção, olhava para frente enquanto revirava um pedaço de palha na boca.

- Eles são uma gracinha juntos – Venus o abordou de surpresa, surgindo em sua frente.

- Não acho que uma futura guerra intergaláctica vai ser interrompida quando virem os dois juntos só por serem uma gracinha – tentou esconder o susto, olhando para cima.

- Ao menos o general concorda.

- É.

- O senhor não fala muito, não é? – Sentou ao lado dele, casualmente.

- Só o estritamente necessário, milady - deu de ombros e pegou o pedaço de palha da boca para brincar com ele entre os dedos.

- Sei… Então, o que seria estritamente necessário?

- Por que está tentando conversar comigo?

- Ok, você me pegou - Venus deu de ombros e sorriu sinceramente. - Serenity disse que deveríamos tentar ser amigos.

- Endymion disse o mesmo – concordou sem muita emoção.

- Bom, vamos começar direito, eu sou Sailor Venus – estendeu uma das mãos para ele. - Pode me chamar de "você", sem milady.

- General Kunzite – virou-se para apertar a mão da moça. - "Você" também está bom pra mim.

Anteriormente ele não havia reparado, - até porque nunca tinham se falado muito - mas ela era diferente da princesa lunar etérea que conhecera meses atrás. Enquanto a lunar era uma calmaria branca, ela era intensamente dourada, até mesmo a pele dela parecia ter pequenos grãos de ouro que refletiam contra a luz. Questionou por alguns segundos se, como a princesa brilhava intensamente a luz do luar, a guardiã brilharia intensamente no sol.

- Todo mundo na lua é exótico assim? – Ele perguntou sem pensar.

- Exótico? – Ela franziu a testa, achando graça da pergunta.

- É, brilhante... – Alternou o olhar entre a princesa e a senshi.

- Brilhante? - Riu, mas logo deixou o sorriso morrer quando percebeu que ele falava muito sério.

- É.

- Bom, não - respondeu dando de ombros. Venus deixou os olhos caminharem pelo o rosto enigmático do shitennou.

Kunzite era, de longe, o homem mais sério que Venus já vira na vida. Em semanas, ela nunca o vira perder a postura ou sequer sorrir. Ele era aquele monotonia constante e, pela primeira vez, ela não sabia exatamente como ler alguém, principalmente alguém do sexo masculino.

Tentava encontrar nas nuances o que se passava na cabeça dele, mas aquele olhar tempestuoso, naquele momento, estava com o cenho levemente franzido, como se absorvesse a informação que ela acabara de lhe dar. Ele era indecifrável.

Venus pegou-se olhando mais atentamente para o general, mais especificamente, para o cabelo dele.

- Você não tem nenhum grau de parentesco com alguém da lua, tem? – analisou o rosto dele, até que era bem bonito.

- Hein?

- Bom, que eu saiba, você também não é muito comum para os padrões terrestres, sabe... Seu cabelo, o dela... – apontou para Serenity ao longe.

- Ah, isso… Não que eu saiba – se deu conta da semelhança de repente. - E eu não brilho.

Kunzite continuou sua habitual guarda silenciosa. Graças ao comentário da Venusiana, ele começou a devanear sobre como, desde criança, tinha aquele cabelo prateado e, certa vez quando pequeno, ouvira tanto das outras crianças sobre o "defeito" que ele simplesmente só queria sair de casa usando turbantes. Foi tão traumático que ele só passou a se orgulhar quando a mãe lhe disse que amava o cabelo dele.

Venus permaneceu sentada ao lado dele, sem fazer muito contato visual.

- De onde você veio? - Venus brincava com a grama distraidamente.

- De um reino no meio do deserto.

- Não sente falta de lá?

- Não - Kunzite suspirou e levantou. - Olha, você não precisa se obrigar a tentar ser minha amiga - Ele se livrava de um pouco de grama nas calças quando foi capturado pela risada da mulher ainda sentada no chão.

- Você, realmente, não tem filtro, não é? - Ela se levantou, ainda rindo, graciosamente e colocou o cabelo atrás da orelha - eu não estou forçando nada, você realmente me intriga, general.

- O que você quer dizer com "não ter filtro"?

- Bom, basicamente, você realmente não liga para quem eu sou ou o que eu faço desde que ele - apontou para o príncipe - esteja seguro. Quer dizer, você foi bem direto em tudo o que disse, sem dar a mínima para o que poderia acontecer caso eu não gostasse da resposta. Sabe quantas pessoas me tratam assim no universo?

- Desculpe se a ofendi, milady.

- Ofender? - Venus gargalhou novamente - é preciso bem mais do que isso para eu me sentir ofendida. E eu disse, sem "milady".

- Então…

- Acho que gosto dessa sua constância em lidar com as coisas - deu de ombros.

- O quer dizer com "constância"?

- Se seu rei está bem, então, está tudo bem para você, certo? Olha, não tem nada de especial em estar na minha frente ou da minha princesa. Você não liga, você só quer manter Endymion seguro, manter seu dever. Isso é admirável!

- Obrigado? - Kunzite questionou sem obter resposta.

- Não tem de quê - Venus sorriu genuinamente.

Kunzite observou o rosto alegre da princesa venusiana e, pela primeira vez em anos, se permitiu sorrir para alguém. Talvez, mas só talvez, por culpa dela, aquela constante máscara de indiferença, havia caído.


N/A: Começou, gente!
Tão feliz por mais um mês VK que vocês nem sabem.
Esse fic. foi bem no improviso, desculpa a falta de descrições melhores e tal. Eu, realmente, não tinha muita ideia de como as coisas iam acontecer eu só... Fui escrevendo e resultou nisso.
Prometo que nos outros dias vão ter coisas mais legais 8D
Além disso, tem fic. desse mês lindo também da Pandora Imperatrix e da Ayashi Purple ou seja: se você gosta de Venus e Kunzite já pode estar indo no ID delas e lendo pq aqui o negócio é assim: triplamente maravilhoso! s2