Disclaimer: Saint Seya e seus personagens pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas.

Como todas as minhas fics novas, esta aqui eu começo com uma nota antes do capítulo em si. Mas desta vez, não quero fazer gracinhas nem escrever bobagens, pois seu propósito é sério. E logo entenderão o motivo.

Desde que comecei a entender que existia um mundo à minha volta, eu passei a entender também que conheceria pessoas diferentes daquelas as quais estava habituada, ou seja, havia gente além dos meus pais e irmã "lá fora". Assim, compreendi, às vezes aos trancos e barrancos, o significado da palavra amizade.

São poucas as pessoas que permito que me chamem de amiga, é uma palavra muito bonita e carregada de sentimentos para ser usada a torto que é direito. A maior parte são pessoas que fazem parte da minha vida há anos e de forma muito pessoal e íntima, como a Renata, o Dani, o Renê ou as galácticas (Juliana, Andresa, Paula e Andrea). E existem também aquelas que nunca vi pessoalmente, mas que de uma maneira ou outra fazem parte deste círculo especial de amigos que possuo.

E finalmente consigo chegar onde quero. Uma nova fase se inaugura na minha vida e na minha "carreira" como ficwriter. Não abandonarei as fics ainda inacabadas, mas quero escrever quando realmente tiver uma inspiração arrebatadora que me faça parar com tudo e sentar na frente do computador louca para escrever. E, ultimamente, confesso que têm sido um tanto difícil.

Mas existem aquelas pessoas que mencionei que fazem parte do seleto grupo de amigos que possuo. E algumas delas conheci aqui, no ffnet, como ficwriter. E, de uns tempos para cá, eu tenho sentido vontade de poder demonstrar o quanto são especiais para mim e não consegui encontrar outra maneira que não esta: escrevendo.

Uma fic por vez, sem pressa, porque quero que seja algo realmente muito especial, do tipo que nunca esquecemos ou guardamos para, de tempos em tempos, dar uma espiadinha e lembrar dos bons anos vividos e amizades conquistadas.

Assim, esta primeira fic vai para alguém que, confesso, no começo me deixou meio com um pé atrás, até hoje não sei o motivo, e hoje é muito linda e querida...

Silvana, minha linda, espero que goste. Foi escrita de todo coração e verdade.

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Capítulo I

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Califórnia, por volta do ano de 1770

Entrou pela casa a passos largos e pesados, deixando a porta de entrada aberta. Uma chuva forte caía sem cessar pela fazenda, trovões reverberavam pelos campos, raios explodiam como em uma tempestade elétrica. Mas ele não se importava, a opressão e angústia que sentia em seu coração o fazia subir as escadas principais de dois em dois degraus, suando frio, ofegante. Gotas de água caíam de seus cabelos negros e marcavam o caminho percorrido, sua respiração acelerada denunciava toda sua preocupação.

Ouviu os gemidos de dor e agonia vindos de um dos cômodos ao final do corredor, correu até ele. E, totalmente paralisado, viu a cena mais terrível e trágica que poderia imaginar em toda sua vida.

O corpo do pai estava a poucos passos de si, jogado ao chão, sem a cabeça. Uma poça de sangue e água se formava ao seu redor, o cheiro era nauseante. E sua mãe, caída sobre a cama do casal, gemia de dor e desespero, o sangue quente manchava todo o lençol de linho e seda. Engolindo qualquer lágrima que pudesse vir à tona, seus olhos negros tornaram-se puro ódio, ele caminhou até a cama com passos duros e fitou o rosto pálido da mulher agonizante.

Ela o viu ao seu lado, uma expressão dura, de ódio e muita raiva em seu belo rosto de traços tão marcantes. Tão iguais aos do pai. Tentou esticar um dos braços para chegar até ele, mas qualquer movimento que fizesse abria ainda mais o ferimento feito à faca em seu peito. Estava morrendo, não tinha mais chances. E precisava muito dizer algo a ele.

-Me... – ela disse, quase em um sussurro, tão fraca estava -... Perdoe... Meu... Filho...

O rapaz fechou os olhos e voltou-se na direção da porta, dando as costas à mãe. Desesperada, ela tentou gritar, mas o esforço foi em vão. Morreu, antes de conseguir ao menos dizer uma palavra a mais ao filho.

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Carolina do Sul, cerca de cinco anos depois

Era com uma expressão aterrorizada que via, escondida entre arbustos, a casa pegar fogo como se fosse feita de palitos. As chamas eram tão altas que pareciam poder tocar o céu, ela não conseguia desviar os olhos das mesmas, que formavam desenhos em suas íris castanhas. Chorava em silêncio, abafando qualquer soluço ou grito, senão os homens que atacaram sua família perceberiam seu esconderijo.

Pensava no pai e no irmão mais novo, se perdera de ambos na correria. Se lembrava apenas de ouvir o pai gritar que corresse os mais rápido que pudesse e fosse se esconder, não viu para onde ele e Kiki haviam ido. Ou que direção seguiram.

Respirou fundo, tentando controlar sua respiração e emoções. Não podia continuar ali por muito tempo, logo seria descoberta. Precisava de um lugar realmente seguro. "Asterion!", pensou de repente e então se decidiu por se colocar à caminho da fazenda vizinha. Provavelmente, o pai e o irmão tinham ido para lá.

Tentando não fazer barulho ou se enroscar nos galhos das árvores, já que estava escuro, a jovem tentava encontrar a trilha que a levaria até seu destino. Porém, sem que pudesse perceber de onde ou como viera, um golpe de braço a derrubara ao chão, caiu com força sobre alguns galhos e pedras, machucando as costas e mãos na queda.

-Ora, ora, o que encontrei por aqui... Não seria a filha do velho Shion Montgomery?

Olhou para cima e viu, parcialmente iluminado pelas chamas que consumiam a propriedade, o homem que lhe falara. Usava uma máscara, o que dificultava que visse seu rosto, mas pôde perceber um brilho azul em sua face. Sorria de um jeito cínico e vestia-se como um pirata.

Por Deus, era um pirata!

Tentou de levantar e correr, mas ele tinha sido mais rápido e a segurara pelo braço, erguendo-a de volta, colando seus corpos de maneira que a mantinha bem presa junto a si. Então, de sopetão, sem se importar se a machucava ou não, empurrou-a contra uma árvore de tronco mais grosso, prensando o corpo menor com seu peso e força. Ela acabou batendo a cabeça, sentindo-se meio zonza por alguns instantes.

-Não sei como conseguiu fugir do incêndio, mas saiba que não terá sorte de fugir de mim... Ninguém sobrevive a um ataque de Death Mask, doçura...

Ouviu-o pronunciar o nome como se fosse imponente, tentou socar o homem à sua frente, mas tudo o que conseguia era forçar ainda mais o corpo masculino contra o seu. Ele lhe sorriu novamente, desta vez bem próximo ao seu rosto.

-Vai pagar por me dar mais trabalho do que deveria, mocinha...

Death Mask tirou do bolso de sua calça uma faca, de lâmina lustrosa. Encostou-a ao pescoço alvo da jovem, pressionando a arma contra a pele fina que ela possuía.

-A sua cabeça será a mais bela da minha coleção, sem dúvida.

Sentiu o sangue começar a escorrer por seu pescoço e camisola, fechou os olhos. Tentando não chorar, conseguiu, não sabia como, livrar uma de suas pernas e chutar o homem que a prendia. Death Mask deu um passo para trás, gemendo de dor e ela fugiu, correndo mata adentro, ofegante, estava descalça e sentia seus pés doerem, mas não podia parar. Aos poucos, porém, sentia que perdia suas forças, caíra diversas vezes ao chão, na lama, sobre pedras e espinhos. Até que, em uma dessas quedas, acabou ficando pelo chão.

Sua cabeça girava, ela ouviu vozes que vinham atrás de si. Quis se levantar, correr novamente, mas não tinha forças para mais nada. Acabou desmaiando, no exato momento em que sentiu um par de braços lhe erguerem do chão para o alto.

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Acordou sentindo uma dor de cabeça terrível, um zunido insistente percorria seu cérebro e não a deixava em paz. Remexeu-se um tanto e então percebeu que estava deitada em uma cama enorme, em um local iluminado por um lampião preso em uma viga. Girou os olhos e, sentindo que não conseguia fixar direito a visão, percebeu que se tratava de um quarto pequeno, com escotilhas no lugar das janelas. Peraí, escotilhas?

Mesmo sentindo tudo girar, pulou da cama ao chão e então percebeu que não estava firme, o lugar balançava ainda que suavemente. Estava em um navio. Por Deus, o barco do pirata que atacara sua família!

Nervosa, caminhou até uma viga onde estava pendurado um pequeno espelho. Ajeitou com cuidado o que restara de sua camisola, ainda suja de sangue, lama e molhada e pegou o objeto, jogando-o com tudo no chão. Então, de posse de um caco bem afiado, ela se escondeu atrás de um baú, atenta a todo e qualquer movimento. Forçava-se a ficar acordada, embora seu corpo ainda estivesse fraquejando. Não, daquela vez seria diferente. Ela não se entregaria sem lutar até o fim, nem que morresse tentando.

Ouviu a tranca da porta da cabine se abrir e retesou todos os músculos doloridos do corpo. Viu a figura masculina entrar e ir direto à cama onde estava a pouco, para logo em seguida se enfurecer por completo. Viu-o passar as mãos pelos cabelos negros, nervoso e começar a mover-se pelo cômodo, certamente a procurava. E, em um momento em que ele parecia ocupado demais vasculhando um armário, ela saiu de seu esconderijo e o atacou.

Ouviu o grito de dor dele quando o atingiu no braço, mas aquilo não havia sido suficiente para deixá-lo em desvantagem. Mesmo ferido e sangrando, ele conseguiu segurá-la pelos braços, até enlaçar por completo a cintura fina e delgada. Ela lutava desesperadamente, esmurrava o peito largo, tentava chutá-lo. Sem sucesso.

Sentiu sua visão nublar-se novamente, somente não foi ao chão porque ele a segurava. Por um momento, fitou os olhos negros que a encaravam, não pareciam ser do pirata que a atacara.

Acabou desmaiando novamente, o rapaz a segurou com firmeza e a deitou na cama, resmungando. Depressa, saiu da cabine, atrás de alguém que pudesse ajudar de alguma forma.

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Fim do primeiro capítulo, eu gostei bastante do resultado. Sempre quis escrever uma história envolvendo piratas, a idéia surgiu e como adoro romance, aqui não poderia faltar um. Espero que também goste, Sil, foi escrita com muito amor e dedicação para ti, minha linda.

Beijos a todos!