Olá pessoas.

Bom, ja tenho um tempinho de , mas escrevia só fanfics sobre animes... e tudo bem, apenas sobre um anime... AUIHAIUHAU... Mas agora decidi escrever uma fic de Twilight.

Não vou pedir pra ngm ser bonzinho e panz pq enfim... Mas eu espero realmente que vocês gostem.

Have a nice read!


Disclaimer: Tiwlight pertence à Stephenie Meyer, mas a personalidade filha da puta de todo mundo é obra minha... =D

Capitulo 1: Hoje é o seu dia.

Passar uns poucos anos da minha vida numa cidade chuvosa não foi algo assim tão ruim. A cidade tinha seus defeitos, mas depois de um tempo acabei me acostumando. Morava com Renee, minha mãe, em Phoenix – no estado da Califórnia, mas ela se casou novamente e junto com o novo marido, viajaria atrás de um bom emprego pra ele. Eu adorava o Sol e o calor intenso de Phoenix, mas eu realmente não queria fazer aquilo. Não que eu não gostasse do novo marido dela, ao contrário. Phil era bastante legal, mas era algo deles. Algo de minha mãe. E eu não me sentia a vontade com aquilo. Então decidi vir morar com Charlie, em Forks, noroeste do estado de Washington, na península Olympic. Chovia mais lá do que em qualquer outro lugar dos Estados Unidos.

Minha mãe o abandonara de uma forma meio cruel – fugira comigo com apenas alguns meses de idade - e desde então, Charlie conservou tudo do mesmo jeito em casa. Eu sabia disso porque sempre vinha passar pelo menos um mês a cada verão, até completar 14 anos. O que costumava ser algo realmente tedioso. E eu era bastante competente em bloquear memórias desnecessárias e dolorosas na minha mente.

Forks era um cidade relativamente pequena. Tudo o que acontecia acabava caindo na boca das pessoas alguns minutos depois. Pra quem era filha do chefe de polícia da cidade, isso podia ser algo pior ainda. E era. Não que eu fosse alguém de sair cometendo loucuras e imprudências por aí, mas isso foi realmente incômodo quando a van de Tyler deslizou pelo asfalto molhado e congelado do pátio da Forks High, quase me espremendo entre a lataria azul da van e a vermelho-desbotada da minha picape Chevy 1953. Cinco minutos depois, eu estava no hospital, mesmo sem ter sofrido nada e Charlie estava lá. E o pior, ameaçando tirar a licença de Tyler. Como se ele tivesse culpa pelo gelo e pela água constante que caía do céu.

Tentar sobreviver à Forks era algo até divertido. E eu consegui. Sobrevivi às chuvas, ao gelo, ao Charlie e até ao Sol, que apareceu poucas vezes me fazendo lembrar a ensolarada Phoenix. E sobrevivi ao que considero o pior de tudo. A formatura.

Eu realmente não via a hora de terminar a escola. Não fui ao baile. Definitivamente eu não sou boa com danças e afins. Evito festas o máximo que posso já que tenho a incrível habilidade de me acidentar com a mesma facilidade que tenho em... Bom, as coisas não são tão fáceis pra mim. Minha letra é um garrancho borrado. Mesmo tendo morado numa cidade ensolarada eu consigo ser tão pálida quanto uma assombração. E, bom, eu não sou assim o tipo de garota que chama atenção. Meu cabelo é sem graça, meus olhos são sem graça. Eu sou sem graça.

Mas mesmo sendo sem graça, consegui bons resultados na escola e algumas aprovações em algumas boas universidades, o que me surpreendeu um pouco, já que me lembro de não ter sido uma boa aluna em cálculo. Até cogitei a idéia de que Charlie tivesse subornado alguma dessas universidades, mas logo me dei conta de que o salário que ele recebia como chefe de polícia não daria pra pagar o alto suborno. E mesmo que ele tivesse, eu não queria que Charlie gastasse seu dinheiro comigo. Eu tinha algumas economias que consegui, trabalhando na loja de materiais esportivos dos Newton. Não era muito, mas daria pra pagar as mensalidades pelo menos do primeiro semestre. E isso me daria tempo pra conseguir um emprego bom e pagar o restante. Pelo menos era o que eu esperava. E as outras contas também seriam bem viáveis, já que, Angela Weber havia sido aprovada praticamente nas mesmas universidades que eu. Então nós dividiríamos as despesas.

Ang – como eu a chamava – fazia parte do meu "grande" grupo de amigos em Forks. Na verdade, era somente ela, Ben e o filho dos Newton, Mike – que tentava a todo custo algum tipo de investimento amoroso. Mike era alguém divertido, mas quando começava com os chavecos, se tornava irritante! Além do mais, Jessica – a primeira amiga que fiz em Forks High – gostava dele. Os dois até tentaram alguma coisa, mas parece que não tinha dado muito certo. Se Jessica não tivesse debandado para ser a melhor amiga de infância de Lauren Alguma-coisa-que-eu-não-lembro-e-não-importa, eu até tentaria ajudar. Mas eu odiava Lauren e Lauren me odiava. Nada mais justo.

Bom, mesmo suspeitando, ainda, de um ligeiro suborno, eu consegui entrar pra umas das universidades da Ivy League. Eu e Ang conseguimos bolsas lá. Ela recebeu a bolsa muito bem recebida, afinal de contas, ela é muito melhor que eu em algumas matérias. Cálculo, por exemplo... Na verdade eu nem sei qual a utilidade de Cálculo já que eu vou fazer Publicidade. A Angela sim precisa saber, afinal, ela vai fazer Processamento de Dados... E essas coisas de computador sempre exigem saber mexer com os números e as milhares de fórmulas inúteis.

Passei a semana inteira empacotando as coisas pra levar para o quarto que eu e Ang iríamos dividir. Fiquei também percebendo Charlie se remoendo de alguma coisa que eu não consegui definir. Uma hora parecia que ele iria implorar alguma coisa, outra hora, parecia que ele iria me obrigar a não ir. Seus sentimentos pareciam bastante mistos. Na verdade, eu sabia muito bem qual era o seu problema. Havíamos passado tão pouco tempo juntos desde a minha chegada a Forks até a formatura e agora ele estava mais uma vez me vendo partir. E o pior, partir sozinha, pra outra cidade, sem ele ou Renee por perto. Sua cabeça com certeza estava fervilhando de conselhos e pedidos e instruções de segurança. Tudo bem, eu sabia todos decorados, afinal de contas, Renée fez questão de me lembrar de todos pelo telefone. O que me dava medo realmente era se Charlie faria aquele discurso sobre sexo e as terríveis conseqüências do não-uso da camisinha. Só de pensar, aquilo já me dava um certo embrulho no estômago e meu rosto logo corava de uma forma impressionante. O bom de morar com Charlie era esse. Às vezes ele conseguia me poupar e se poupar de algumas coisas. Eu espero muito mesmo que ele não me venha com essa idéia de pai super-protetor-super-preocupado. Eu estou indo sim pra Universidade e estou indo completamente virgem! Tudo bem, completamente não já que não sou mais "BV", mas virgem no outro sentido, isso sim.

Contando com esse, eu só teria mais dois dias aqui em Forks. Depois partiria para New Hampshire. Mas a grande pergunta é: O que fazer em Forks nesses dois dias antes da minha partida?

Ang iria com Ben ao cinema em Port Angeles. Programa de namorados. Eu não iria com eles de forma alguma. Segurar vela está longe de ser um programa pra mim, mesmo que desesperado. Inventei como desculpa que ainda ia encaixotar algumas coisas. Mas a verdade é que minha bagagem já estava toda pronta. Levaria para Dartmouth apenas minhas roupas, alguma ou outra caixa com livros, revistas e CDs e o notebook que Charlie me deu no meu último aniversário.

Mas o que eu faria aquela noite e no dia seguinte ainda era puro mistério. Talvez ouvir o cd que Phil me dera até decorar todas as músicas, ou, ter alguma idéia realmente brilhante. Nessas horas críticas eu sentia falta de Jessica. Ela sempre tinha alguma fofoca sobre alguém da cidade ou da Forks High, ou sempre abria o bico pra falar de alguma coisa que estava na moda e o que ela achava sobre. Mas isso foi antes dela bandear para ser a melhor amiga de infância de Lauren. Tudo bem. Eu sobreviveria a mais alguns instantes de tédio. Estava começando a me arrepender de não aceitar o programa desesperado. Fato.

Foi difícil, mas consegui sobreviver aos dois dias de tédio. A viagem pra New Hampshire foi tranqüila. Pelo menos aqui não choveria como em Forks! Ang e eu desembarcamos e logo fomos para os dormitórios, procurar nosso quarto, que não era grande e nem pequeno, mas era o suficiente pra nós duas. Tinham duas cômodas, uma escrivaninha, duas estantes, e claro, duas camas em cada lado do quarto. Fiquei com a do lado esquerdo de quem entra. A vista da janela era ótima! Os campi pareciam gigantescos e dava pra ver os calouros, como nós duas, andando por lá, alguns perdidos, outros descarregando os carros lotados com colchões, malas e caixas.

Ficamos o dia todo ocupadas arrumando as coisas no quarto. Mas no dia seguinte estávamos livres. Já havíamos planejado caminhar por Hanover e quem sabe descolar algumas outras coisas para o quarto ou até mesmo um emprego pra poder dividir as contas. As aulas só começariam dali há 3 dias então, na verdade, tínhamos mais tempo livres.

Angela e Ben se falavam todos os dias, fosse por telefone ou pela internet. Era legal ver meus dois amigos juntos. Angela e Ben realmente combinavam. Às vezes dava vontade de também ter alguém assim como eles tinham a si. Eu sinceramente pensei muito sobre isso. Talvez em Dartmouth. Mas pára, eu não sou lá o tipo que chama atenção, então, essa idéia está completamente fora de cogitação.

O 3 dias que faltavam para as aulas se passaram e bom, lá estava eu, não dormindo direito, como sempre. Mas dessa vez era pensando em Charlie. Tudo bem, eu não queria ter de ficar em Forks e ter que cuidar dele pela vida toda, mas se eu não fizesse, quem faria? Billy Black na sua cadeira de rodas¿ Tá bom... Eu gostava de Billy e de seu filho, Jacob, mas apesar da amizade de anos que eles tinham, como Billy cuidaria de Charlie? Talvez devesse pensar nisso outra hora. Tinha de levantar, tomar banho e correr pra aula, sem tomar café porque por um milagre, eu me atrasei!

Mal tive tempo de enxugar os cabelos. Apenas vesti uma calça jeans, tênis, uma blusa de lã, peguei minha mochila, os cadernos e sai correndo como uma louca para a sala de aula que eu ainda nem sabia onde era. Ótimo. Realmente, um ótimo começo. Ao menos, consegui chegar 10 minutos antes do professor. Mas definitivamente, entrar arfando não foi uma boa idéia. Agora todos me olhavam como se eu fosse uma louca. Tudo bem. Era só ignorá-los por um tempo e tudo voltaria ao normal. Mas como ignorá-los se o item que eu poderia usar pra fazer isso havia sido esquecido na cabeceira da cama¿ Sem fones de ouvido e sem O Morro dos Ventos Uivantes eu tinha que aturar aqueles olhares todo em cima de mim. Mesmo tendo escolhido o fundo, eu estava em desvantagem. Malditas salas estadium! Tudo bem, era só olhar pra frente e esquecer todo mundo ali. Seria fácil.

E foi. Mas só foi realmente por causa da ajuda dos professores, cobrando isso e aquilo de todos nós e quase não nos dando tempo nem pra respirar, mesmo no primeiro dia de aula.

Saí de lá exausta. Ainda consegui passar na lanchonete e comer alguma coisa. Mesmo que não fosse o que eu realmente desejava comer, já que tinha combinado de almoçar com a Ang em um restaurante que vimos. Eu a encontraria lá, então tinha que me apressar um pouco. Se passasse no dormitório certamente me atrasaria de novo e já estava cansada de atrasos naquele dia.

Seria bem mais rápido se eu cortasse caminho pelo estacionamento e foi o que eu fiz. Pra dividir os lances de vagas tinham vários canteiros pelo meio. E eu, como a rainha do equilíbrio, tinha que ficar atenta para não tropeçar em nenhum, porque mesmo visíveis, eles ainda poderiam ser traiçoeiros. Tudo bem. Consegui passar ilesa pelos canteiros. Mas só pelos canteiros já que a minha total atenção estava voltada para eles. Senti apenas meus cadernos trombarem contra mim e depois irem ao chão, junto comigo, como sempre. Uma vez lá em baixo, eu finalmente percebi o que tinha acontecido. Eu tinha trombado em alguém que agora estava parado a minha frente se abaixando pra fazer alguma coisa.

-Desculpa. Eu...Eu não vi você. Tava com um pouco de pressa e... – comecei falando e enrolando as palavras. Já não bastava o atraso agora tinha uma trombada em alguém que eu nem conhecia. Realmente Bella, você começou com o pé direito.

-Você tá bem? - me perguntou a voz e só então eu notei que tinha esbarrado num cara. Quando levantei a cabeça, o tempo parou congelado naquele momento e naqueles olhos. Ele era lindo! Esguio, um pouco forte mas que parecia ter um corpo bem trabalhado, cabelos cor de bronze desalinhados, a pele bem branca e os olhos de um verde intenso que me prenderam por um tempo. Nem percebi quando ele me ajudou a levantar. Acordei do devaneio momentâneo e já estava de pé.

-Sim... Eu estou. – respondi depois de um certo tempo e completamente sem graça e com certeza meu rosto estava vermelho.

-Você deveria estar com uma certa pressa. Eu desci do carro e nem te vi. – Só então eu notei a porta do Volvo prateado e reluzente aberta. O som estava ligado e dava pra ouvir uma música no mínimo diferente. Era meio rock misturado com uma batida eletrônica. Eram dois vocais. Uma voz aveludada e feminina e outra mais grave, masculina, pronunciando alguns versos. Era contagiante.

-Ahn... Não, eu apenas também não vi você. – isso estúpida, termine de se arruinar na frente dele. - Música legal.

-Você gosta? - ele me perguntou empolgadinho, apontando pra direção de onde vinha o som. O sorriso, mesmo pequeno, que ele abriu foi lindo. Tão lindo quanto ele. – Quer dizer, conhece?

-Não. Primeira vez que ouço. Mas eu gostei sim.

-É Theatre of Tragedy. – foi então que ele baixou os olhos pros livros na minha mão e sorriu de novo – Quantos livros pra um primeiro dia de aula. Você é veterana?

Mais uma vez. Parabéns Bella. Hoje é o seu dia!

-Não... Eu sou caloura... É que, eu tenho bolsa.

-Ah sim... Compreendo. Você faz o que aqui? Eu digo... Que curso... – eu entendi a piadinha...

-Publicidade.

-Legal. Eu faço direito. – claro. O que mais combinaria com ele? Tava na cara! Ou seria medicina ou direito. Enquanto eu, nem cara de publicitária tinha. – Prazer, Edward Cullen.

- Bella Swan. – estendi a mão pra cumprimentá-lo e ele tinha a pele mais macia que eu já tinha tocado. Um pouco fria também, mas eu duvido que a minha não estivesse também. Fazia um pouco de frio ali.

- Bella de Bella mesmo ou Bella de Isabella?

-Bella de Isabella. Eu não gosto muito do meu nome. – ta virando rotina eu me acabar assim na frente dos outros.

-Eu gosto. – disse ele dando de ombros. E as duas coisas me agradaram. – E então senhorita Swan, vai pra festa? - Festa? Ah pára. Ai já é judiação. Mas que festa era?

-Festa? Que festa?

-Dos veteranos. Você não ta sabendo? Os responsáveis foram nas salas falar sobre isso.

-Bom, eu acho que não estava muito ligada assim. – E realmente não estava. Não me lembro de veterano nenhum ter entrado na sala. Acho que foi na hora em que eu estava ocupada lendo a lista de livros disponíveis na biblioteca.

-Você ta levando a sério mesmo... Bom, é uma festa que os veteranos, diretores dos clubes, fazem pros calouros. Um veterano cuida de um calouro na festa.

-Ahn... Então acho que não...

-Por que não?

-Eu não... – O que fazer agora? Terminar de acabar comigo mesma e dizer que eu sou inimiga mortal de festas e danças? Claro que não! Tudo bem que eu não o veria tão cedo, mas não queria deixá-lo com a impressão de que eu era uma nerd ou então pior, que eu era uma Maria mijona. – Bom... Não conheço nenhum veterano. – o que não deixava de ser verdade também. Uma verdade menos humilhante. Antes essa do que a outra.

-Isso é algo possível de ser resolvido não acha? - Ótimo... Saia dessa agora sua esperta!

-Mas é que eu...

-Ei, relaxa. Você tem tempo pra isso. – dessa vez o sorriso torto que ele deu me fez derreter. – HEY! Emmet!

Emmet? Não. Ele não ia fazer isso. Conheci ele há menos de 15 minutos e ele ia me fazer conhecer um veterano só pra cuidar de mim na festa? Não, pára! Eu podia sentir o desespero estampado na minha cara. Edward não!

-Você já está ouvindo essas suas músicas estranhas?

-Antes essas do que aquelas músicas de mano que você ouve com a Rosalie. Hey... Emmet, Bella. Bella, Emmet. Meu irmão.

-Hey! Prazer!

-Prazer… - Irmão. Pelo menos isso. Talvez não fosse assim tão ruim. O tal do Emmet era bem diferente do Edward. Grandalhão – musculoso como um halterofilista inveterado. Tinha o cabelo escuro e meio crespo.

-Pelo menos você já está se enturmando... – disse ele pro Edward e eu não entendi nada.

-Assim você me faz parecer um verdadeiro idiota.

-Ah vai, você é... E então Bella, você faz o que?

-Publicidade.

-Sério? - Tudo bem. Agora me convenci de que eu não tenho MESMO cara de publicitária.

-Legal né? - Disse Edward num sorriso branco em que eu me perdi mais uma vez.

-Ela deve ser da sala da Alice, não?

Alice? Devia ser a namorada de um dos dois. E pela inquietação de Edward, devia ser dele. Ótimo. Perfeito! A primeira desilusão dentro da faculdade. E estava condizente com o que eu havia pensado há alguns dias.

-E então Bella? A Alice é da sua sala?

-E-Eu não sei... Desculpa.

-Deve ser de outra sala então.

-Bom, se ela for caloura, só existe uma turma nova. Eu não prestei muita atenção nas pessoas da minha sala. – Isso, agora se acabe na frente do outro também.

-Então onde diabos aquela anã se meteu? A peruinha com certeza deve estar fofocando com alguma outra por aí... – Anã? nossa, que forma de se dirigir pra cunhada... Ainda bem que não era eu.

-Talvez ela esteja com o Jazz...

-Com o Jazz? Não mesmo... O cara parece um militar de tão certinho... A Alice que leva ele pro caminho errado e não ao contrário.

Fui esquecida na conversa. Ótimo. Talvez pudesse dar um jeito de sair dali sem que nenhum dos dois me visse. Eu nunca mais os veria mesmo, então não fazia assim tanta diferença, mas parecia que Edward podia me "ler" de certa forma. Ele viu que eu estava perdida e resolveu me incluir na conversa.

-Alice é nossa irmã mais nova. Jazz é Jasper, o namorado dela. – Irmã. E se ela é caloura, ela é da minha sala. E se ela é da minha sala, eu vou encontrá-los quase que... SEMPRE! Isso se a tal da Alice não for uma insuportavelzinha.

-Ei Bella, você vai à festa? - isso é o que? Complô? Quantos Cullen mais vão me perguntar se eu vou a essa maldita festa? E por que eu já estou tão íntima deles assim, pensando que vou conhecer todos os outros?

-Não... Eu não conheço veteranos...

-Que desculpa mais fraca... – tudo bem, ele é mais legal quando não ta me zoando...

-Emmet, eu tava pensando aqui...

-Jura? - ele tem o dom da ironia ou é impressão minha? Acho que voltei a gostar dele

-Pára de graça "macaquinho" e me escuta. – talvez o "macaquinho" fosse algo humilhante pra Emmet porque ele de repente olhou para Edward de uma forma que não consigo descrever, mas ouviu quietinho – Você vai ser meu veterano e Jasper o veterano da Alice indubitavelmente. Será que a Rose não pode ser a veterana da Bella?

Pára. Ele queria mesmo que eu fosse pra essa festa? Não iria desistir? Eu só conheci ele há 20 minutos e ele já tava me arranjando uma babá! Tá, pára, qual é a desse cara? Ele é lindo e tudo mais, mas, oi? Eu sou a Bella! Não desperto interesse em ninguém! Pra ele insistir tanto assim, ele só pode ter se interessado por mim certo? Tudo bem Bella, pode aterrissar agora.

-Bom, pode ser. Quando ela aparecer você pergunta pra ela.

- Falar em Rose, lá vem ela com o Jasper.

Tudo bem, o auge do dia ruim foi aquele. Talvez fosse costume por ali as pessoas serem bonitas, mas os dois que vinham ali era surreais, tal qual Edward e Emmet. Pra começar, eram gêmeos. Jasper era alto, magro, mas ainda assim musculoso. Os cabelos eram louros, cor de mel. E ele tinha uma postura que lhe dava um certo destaque. A outra que vinha ao seu lado era igualmente alta e igualmente linda. Parecia uma modelo das capas de revista, daquelas que pousavam de biquíni. O cabelo era dourado, caindo delicadamente em ondas até o meio das costas. Um golpe baixíssimo em qualquer auto-estima. Na minha foi quase que uma bomba devastadora.

-Oi meu garotão. – disse a loira beijando Emmet com uma urgência quase urgente de verdade. Emmet a levantou do chão com uma facilidade bestificante. Era como se a tal Rose não pesasse nada.

-Bella, esse é Jasper. Jasper, essa é Bella.

-Prazer. – por um momento eu esqueci qualquer pensamento que causasse excitação na minha baixa estima ou qualquer nervoso que eu pudesse ter. Jasper era uma pessoa diferente. Daquelas que passam a paz que você precisa só pelo fato de se aproximar. Foi assim que eu me senti com ele. E o sorriso mesmo que leve que ele me lançou foi mais calmante ainda.

-O Jasper faz o segundo ano de psicologia. – Edward me disse e eu logo pensei que estava tudo explicado, aquela calmaria toda, mas logo me lembrei também que todos os psicólogos que eu conheci eram meio loucos. Não que eu tivesse freqüentado os consultórios deles por motivos lógicos, mas num dos surtos de idéias brilhantes de Renée, ela fez com que nós duas procurássemos vários deles para fazer testes vocacionais e de personalidade. Algo que nunca adiantou realmente.

-Nossa... Que legal! – Bella você é uma pessoa tão criativa com adjetivos... Bela publicitária você vai ser!

-Ei, Jazz, cadê aquela anã que você diz ser sua namorada? - perguntou Emmet depois de quase virar a loira ao contrário.

-A mesma que é sua irmã? Não sei. Pensei que ela estivesse aqui com vocês.

-A pilantrinha ainda não deu as caras por aqui!

Enquanto Jasper e Emmet ficavam acusando e defendendo a tal da Alice, eu juro que senti dois olhares sobre mim. Um era tranqüilo. Analisador, mas tranqüilo. Quase admirador. Bom, em se tratando de mim, tinha que ser quase mesmo. Afinal de contas, uma ilusão de leve não faz mal a ninguém. O outro olhar me dava um pouco de medo. Era analisador também, mas quase matador. E dessa vez era quase porque é impossível você matar alguém com os olhos, a não ser que você seja o nerd do Ciclop do X-Men. Assim que os cunhados acabaram de discutir, Edward me puxou pela mão e me levou na direção de Emmet, que estava um pouco distante de mim, encostado do outro lado do carro, com a loira em seus braços.

-Rose, essa é Bella. – Edward me apresentou pra ela e eu logo descobri de onde vinha o segundo olhar, aquele que queria me matar se pudesse. Rose me olhou dos pés a cabeça com uma cara de desgosto terrível. Um verdadeiro nojinho. Bom, ela podia fazer isso. Olha pra ela e olha pra mim! Oi? As diferenças eram gritantes! E elas gritaram pra mim nesse mesmo momento. Rose não era só linda como se vestia impecavelmente bem! Aliás, todos os 4 ali. Claro que eles tinham dinheiro. E claro que eles comprariam coisas boas para se vestir! Acorda Bella, eles não vieram de Forks, onde a única coisa que ditava moda era uma capa de chuva e galochas. Discretamente eu olhei meu reflexo na lataria do Volvo prateado. Calça jeans, tênis e blusa de lã. E a Rose, uma calça jeans, uma blusa vermelha, uma jaqueta grossa e escura e sandálias de salto. Minha auto-estima havia sido devastada.

-Rosalie Hale. – ela disse sem estender a mão, como se me cumprimentar fosse sujar sua delicada pele branca. Eu preferi assim também. Pela cara de nojinho que ainda estava estampada ela com certeza não aceitaria ser minha veterana. Ótimo! Sem veterana, sem festa. Sem festa, sem vexames. Sem vexames, sem comentários. Sem comentários, minha vida sem graça de sempre. A mesma que eu sempre gostei.

- Oi! – uma voz fina e delicada que me lembrou sininhos tocando foi ouvida ali no nosso meio. E depois dela todos nós ouvimos o grito de Emmet fingindo susto.

- AH! Um rato! Mata! Ah não, é só a Alice. – Jasper, Edward e Rose riram. Eu fiquei na minha, com vontade de rir também, mas não achei conveniente. Nem conhecia a garota. Mas, mais uma vez minha auto-estima caiu. Acho que agora ela deve estar no negativo. Só pode. Alice era linda! Pra variar. Como todos os outros ali. Um pouco menor que eu, a pele igualmente branca, magrinha, com cabelos pretos repicados e desfiados. Uma fada. Uma fada mandando língua pro irmão mais velho. E eu, destoando completamente ali.

-Em, você é tão sem graça sabia?

-Aonde você tava sua anã?

-Ah cala a boca macaquinho! Eu tava socializando! Se liga! Oi?

-Socializando, sei... Tava era fofocando com alguma perua feito você. – Alice mandou língua para ele de novo. Mais uma vez eu me segurei para não rir.

-Oi? - ela agora falava comigo e eu me assustei com a naturalidade dela. E ela também tinha um sorriso lindo.

-O-oi.

-Alice, essa é a Bella. E Bella, essa é a Alice, nossa irmã mais nova. A famosa Alice. – e ele abriu mais uma vez o sorriso lindo.

-Você é da minha sala!

-S-sou? Desculpa eu... não reparei.

-Eu sei, mas eu reparei. – e ela também deu um sorriso lindo. Deixei passar o fato dela ter reparado que eu não reparei nada porque gostei dela. Mais uma vez eu ouvi sininhos tocando quando ela falou – Você é da minha sala e conhece meus irmãos. Legal! Vamos ser as melhores amigas, eu to sentindo!

Finalmente eu consegui ter uma reação sincera. Eu sorri para Alice, como não consegui sorrir para Edward, para Emmet e para Jasper. Rosalie eu nem conto. Ela realmente me dá medo. Por que ela não podia ser igual Jasper? Tranqüila e simpática? Isso soava tão impossível para ela. Mais uma vez eu senti aquele olhar calmo sobre mim. Eu podia imaginar de onde vinha, mas não queria imaginar coisas demais. Quanto mais forte é a imaginação, pior é o sonho e o pesadelo depois dele quando tudo acaba. Mas eu não pude resistir e quis confirmar aquele "sonho". Edward realmente me olhava, me analisando, com um sorriso bobo e leve no rosto. A forma de análise mais estranha que eu já vi. Mas ele fazia. Quando coloquei uma mecha de cabelo que voava, com o vento leve que batia ali, detrás da orelha ele me sorriu torto mais uma vez e eu me derreti. Bella, você vai cair feio... Tratei de desviar o olhar da direção dele rapidamente. Já nem sabia mais o que os outros quatro estavam falando ali, a não ser quando Emmet lembrou da maldita festa. Tudo bem, eu já tinha sobrevivido ao bombardeio de beleza infinita dos Cullen e dos Hale, então com certeza sobreviveria ao fora que eu levaria de Rosalie sobre ela ser minha veterana. O que aliás, eu adoraria receber! A empolgação que veio com a palavra "Festa" tinha efeitos diferentes neles. Alice dava saltinhos de felicidade e batia palminhas enquanto falava com Jasper. Rosalie bom, eu evitava contato visual, então não sei como ela reagiu. Edward tinha uma reação um pouco misteriosa. Não sei, mas aquilo me pareceu empolgante.

-Rose, queria te pedir um favor. – começou ele num tom baixo e a loira veio na direção dele

-O que foi? - ela parecia simpática, juro!

-Será que você poderia ser a veterana da Bella na festa? - a simpatia que parecia ter vindo com ela quando Edward a chamou logo desapareceu, se é que ela esteve ali.

-E por que eu faria isso? - ela perguntou de novo com a expressão de nojo na cara. Por dentro eu vibrava com a resposta, mesmo que por fora minha reação fosse meio que de incredulidade. Ela diria não, Edward me diria "Sinto muito" e eu fingiria ser uma pena e ficaria feliz na minha vidinha sem graça, longe de vexames causados pela minha falta de senso de direção e habilidade com as coisas como andar, correr, dançar... Perfeito!

-Porque eu pedi à você um favor e porque eu gostaria muito que Bella fosse a festa. Rosalie, é apenas um favor. Só pra que ela vá à festa. – essa foi uma boa resposta. Mas se fosse eu no lugar dela, ainda diria não. E ela com certeza diria. Mesmo tendo gostado de ouvir que Edward gostaria muito que eu fosse à festa – como já disse, uma ilusão boba não faz mal a ninguém – eu torcia para que Rosalie nojentinha dissesse não, mas...

-Tudo bem. Vai ser só por uma noite mesmo.

-Obrigado Rosalie.

A substituta de Lauren Alguma-coisa-que-eu-não-lembro-e-não-importa disse sim? Eu estava boquiaberta e desesperada! Talvez ter terminado de arruinar minha própria imagem dizendo que sou a inimiga declarada das festas tivesse sido minha melhor saída. Era algo tão simples! Era só dizer "Não sei dançar, não gosto de festas, logo não vou na dos calouros"! Mas não... Como sair dessa agora? Simples: sem saída! Parabéns Bella! Você conseguiu!

-Viu? Seu problema foi resolvido. – me disse Edward ao pé do ouvido. E eu me arrepiei, mesmo desesperada com aquela situação.

-O-obrigada... – eu gaguejei e mais uma vez ele lançou seu sorriso torto. Eu tava começando a gostar daquilo. Desespero Bella! Foca no desespero!

-Bella? Você ta bem? - Alice me perguntou e logo eu percebi que com certeza minha cara não deveria estar das melhores. Com o desespero e o vermelho estampados nela.

-T-to... É que eu... TO ATRASADA! – e eu finalmente me lembrei de Ang! Estava com um atraso gritante de meia hora! A pobre da Angela deve estar quase regando os pés que criaram raízes porque eu a deixei plantada!

-Tava indo pra onde? - Edward me perguntou.

-Almoçar com a minha colega de quarto em Hanover.

-Colega de quarto... Puff... – eu ouvi Rosalie Hale resmungar. E eu poderia tê-la adorado por 3 simples letrinhas...

-Quer uma carona?

-Não precisa Edward. – essa foi a primeira vez que eu pronunciei o nome dele e eu adorei. Esse mesmo fato deve ter surtido algum efeito nele porque eu senti uma forma diferente de olhar. Bella, você ta sonhando demais.

-Eu insisto. Entra. – olhei ao redor e os outros já não estavam mais ali, mas sim em seus devidos carros, estacionados um ao lado do outro. O Volvo prata era de Edward, a BMW vermelha ao lado dele, era de Rosalie – e combinava perfeitamente com ela, o Jipão era de Emmet, Alice estava com Jasper no Porsche amarelo e eu fazia cara de boba diante de todos eles. Senti falta da minha picape vermelha desbotada, juro. – Ei, Bella Adormecida! É sério. Eu te dou essa carona. Entra aí.

-Obrigada.

Eu entrei. A música tinha mudado. Eu apenas reconheci como sendo um clássico, mas não sabia quem era. Como se estivesse lendo minha mente, Edward baixou um pouco o volume e me disse que se tratava de uma banda chamada Queensrÿche. Eu nem ouvi quando ele deu a partida no motor, só soube que estava ligado quando ele começou a sair de ré. Todos eles pareciam meio loucos dirigindo aqueles carros importados e potentes. O Porsche amarelo de Alice emparelhou ao Volvo e tanto eu como Edward percebemos que ela queria dizer algo. Acionando um botão Edward fez com que o vidro do meu lado baixasse e Alice começou a gritar no meio da rua.

-Bella! Eu nem me despedi de você! – disse ela desviando algumas vezes o olhar para o asfalto – Foi um prazer te conhecer! Nos vemos amanhã na aula! Beijos! – de repente não vi mais nada. Ela acelerou e ultrapassou Edward.

-Hoje eu deixo você passar Alice. – disse Edward para si mesmo e depois continuou – Tudo bem Bella?

-Ahm... Sim. É que... é um pouco estranho isso tudo...

- Isso o que?

- Eu te conheci há pouquíssimo tempo e você já me arranja uma veterana pra ir a festa, e tudo mais... – ele riu.

-Foi apenas um favor. – e você também se faria um favor se mantivesse essa boca fechada Bella.

-Além do mais, acho que sua cunhada não gostou de mim.

-Não liga pra Rosalie. Ela é assim mesmo. É assim com todo mundo. – mas comigo parecia ser bem pior e com Edward, muito melhor. Talvez melhor até do que com Emmet.

-Ali. Aquele restaurante.

-Está entregue.

-Obrigada Edward.

-Até amanhã? - ele riu e eu sei o motivo. Eu sabia que meu rosto estava totalmente corado.

-Se nos encontrarmos...

-Eu dou um jeito disso acontecer. –outra vez aquele sorriso torto que estava me deixando viciada.

Eu nada disse. Desci do carro com as pernas bambas e completamente trêmula. Entrei no restaurante e logo avistei Angela, sentada. Ela acenou com a mão e por um milagre eu não tropecei em nada durante o pequeno caminho que fiz para chegar até a mesa em que ela estava. Esse foi realmente um milagre já que eu estava em situação não muito favorável.

-Bella, como você demorou! Já estava achando que você tinha me esquecido. – se ela soubesse que eu realmente a esqueci por um pequeno tempo...

-Desculpa Ang. Eu me atrasei na saída e ainda passei na biblioteca para pegar uns livros.

-É, eu estou vendo, mas não precisava trazê-los para cá Bella.

-Se eu deixasse no dormitório, eu teria demorado mais ainda para chegar.

-Tudo bem. Bom, eu já fiz meu pedido. Espero que não se importe em não tê-la esperado.

-Sem problemas Ang.

-Então, como foi o primeiro dia? - às vezes Angela era cuidadosa demais, parecia até minha mãe. Acho que se as duas tivessem se conhecido, Renée certamente teria me tomado a amiga.

-Apenas normal.

-Normal Bella? Esse foi o primeiro dia de aula na universidade!

-Eu conheci pessoas, mas não reparei muito. Você sabe... eu... – dei de ombros. Ela não iria querer eu que narrasse todo aquele dia ruim não é mesmo? Eu já teria que fazer isso para Renée mais tarde! Ainda bem que com Charlie isso não aconteceria. No máximo ele perguntaria se eu estava gostando e como havia sido. Nada de detalhes. Na verdade, eu acho que Angela estava perguntando porque ela também estava empolgada. Talvez eu realmente devesse contar alguns pequenos detalhes em troca do que ela com certeza me contaria antes de contar para Ben. Quando eu ia começar a contar algumas coisas, ela me vem com a mesma pergunta que várias pessoas me perguntaram...

-Você vai à festa? - Juro que não acreditei que Angela estivesse me perguntando aquilo. Ela sabia muito bem qual era a minha relação com festas e afins. – Desculpe Bella, eu esqueci.

-Tudo bem. Mas parece que me arranjaram uma veterana só pra que eu vá.

-Então você vai? - ela me perguntou surpresa

-Não. Não vou. – respondi a ela como se fosse a coisa mais lógica. E era.

-Por que não? Sabe, eu acho que você deveria ir.

Angela definitivamente parecia minha mãe. É claro que eu não contaria a Renée sobre a festa, caso contrário eu ouviria a mesma coisa que ouvi de Ang. Mas sinceramente eu acho que todo mundo estava de complô comigo hoje. Era como se todos estivessem insistindo para que eu fosse. Tava ficando chato já.

Decidi esquecer aquele assunto e Angela notou. Depois do almoço nós duas aproveitamos o resto da tarde livre para passear pela cidade. Ainda haviam pontos que não conhecíamos. Passamos pela livraria e compramos alguns livros. Comprei Razão e Sensibilidade, de Jane Austen e Angela comprou Orgulho e Preconceito. Talvez os livros tivessem títulos meio parecidos com livros de auto-ajuda, mas Jane Austen era uma das minhas autoras preferidas. E já que meu livro de cabeceira já estava se acabando e eu não agüentaria uma outra releitura de O Morros dos Ventos Uivantes, tive de comprar um novo.

Chegamos ao dormitório já no inicio da noite. Havia algumas pessoas pelos corredores, Calouros conhecendo outros calouros. Falamos com alguns, mas como Angela e eu éramos tímidas, logo nos escondemos na nossa atual residência. Por sorte nós pegamos um quarto que tinha um banheiro próprio. Vendo que Angela tinha se ocupado falando ao telefone com alguém, peguei minha nécessaire, toalha e roupas e fui tomar um banho. Como sabia que ela não sairia dali tão cedo, fiz questão de demorar, me concentrando bastante em cada parte do banho, justamente pra não pensar em outras coisas. Pelo menos durante o banho funcionou. Vesti o moletom e prendi o cabelo molhado num rabo-de-cavalo. Escovei os dentes e guardei tudo que havia usado novamente na nécessaire.

Sai do banheiro e Ang ainda estava conversando. Pra demorar tanto assim só podia ser com Ben. Liguei o notebook e logo fui ver minha caixa de mensagens, lotada de e-mails de Renée. Fiquei em dúvida de como responder pra ela. Se respondesse cada um isoladamente poderia parecer que eu estava entediada com a vida de universitária ou então que estava com tempo livre demais e Renée com certeza teria interpretações absurdas sobre isso. E lotaria minha caixa de mensagens com o dobro do número que já tinha me perguntando se estava realmente tudo bem, ou se eu não gostaria de me transferir para uma universidade mais próxima de Phoenix. Decidi condensar as respostas, ignorando alguns e-mails. Assim parecia que eu estaria ocupada e ambas ficaríamos mais tranqüilas. Então comecei.

Mãe,

Está tudo ótimo. Juro. Esses dias têm sido bem diferentes, mas estou gostando. Juro. Tem feito só um pouco de frio, um pouco mais que em Forks, mas pelo menos não chove como lá. Mas por incrível que pareça, sinto falta de lá, assim como sinto falta de Phoenix também. Quem sabe durante as férias eu consiga uma passagem...

Conheci pessoas legais nos dormitórios e algumas pessoas de outros cursos.

Também estou com saudades. Vou escrever novamente logo, mas não fico verificando meus e-mails a cada cinco minutos. Já tenho diversos trabalhos para fazer. Mas estou bem. Juro.

Relaxe, respire fundo. Eu te amo,

Bella.

Enviei a mensagem. Enquanto escrevia Angela me disse alguma coisa que não prestei tanta atenção e respondi apenas com um "an han". Acho que era algo sobre ela usar o banheiro, ou alguma coisa assim. Fechei o notebook e olhei de novo a lista de livros. Eu via sem enxergar nada. Eu apenas olhava para o papel sem absorver as palavras escritas nele. Na verdade, meu cérebro se ocupava em me fazer enxergar os olhos verdes e profundos de mais cedo. Na verdade, eram os olhos verdes e o sorriso torto.

-Bella? - Angela me chamou e me acordou do leve devaneio que eu estava tendo.

-Hum?

-Você parece longe.

-Eu só tava pensando aqui nas aulas de amanhã e em Forks. – menti. Claro. Ainda não queria contar para Angela sobre as pessoas que tinha conhecido hoje.

-Eu também estou sentindo um pouco de falta de lá.

-Angela... Sobre a festa... – ela me olhou surpresa e eu baixei a cabeça para não ter que encarar suas milhares de dúvidas – Você vai?

-Não sei ainda. Eu conheci a presidente de um clube hoje. Ela faz o terceiro ano do meu curso. Mas não sei se vou. Sabe como é, sem o Ben não tem tanta graça.

-Sim... – respondi um pouco sem graça. Mas namorados eram assim. Só faziam alguma coisa se fosse na companhia um do outro. Eu nunca tinha experimentado uma sensação daquelas, mas era meio que obrigada a observar isso em Forks. É complicado quando todos os seus amigos têm uma companhia e você fica lá, segurando vela. Ouvi a Ang se espreguiçando ao lado e pela visão periférica eu a vi se ajeitando na cama.

-Estou cansada Bella, vou dormir. Boa noite.

-Boa noite. – respondi ainda sem olhar pra ela, fingindo ter um pouco mais de interesse na lista que eu não lia.

Vendo que ela não ia me perguntar mais nada, eu deixei a lista em cima da escrivaninha, junto ao notebook e me acomodei na minha cama. Não sentia um pingo de sono. Nessas horas sentia falta do barulho das gotas de chuva batendo no telhado. Aquilo me ajudava um pouco a ter sono. Eu tinha outro recursos ali, mas não queria recorrer a nenhum. Na verdade, não é que eu não quisesse, mas era porque alguma coisa me dizia que eu não conseguiria me concentrar nem nisso. Então os olhos verdes e o sorriso torto me invadiram a cabeça novamente e eu me senti uma boba. Por que aquelas figuras me apareciam desse jeito¿ Eu o conheci hoje! E apenas o conheci. Claro que tudo o que ele fez hoje foi só um favor. Ele mesmo disse. E quando eu me lembrei disso, me recriminei mais uma vez em pensamento. Eu deveria ter ficado calada.

Me lembrei também de Rosalie. Se eu fosse realmente para essa festa poderia ela me odiar mais ainda? Mas por que ela me odiou tanto? Eu e ela somos tão absurdamente incomparáveis! Talvez fosse por eu ter conhecido Edward, Alice, Jasper e Emmet. Mesmo eles quatro eram impossíveis de se comparar comigo. Decidi que era melhor parar de pensar nos Cullen e nos Hale. É claro que eu não iria para festa nenhuma. É claro que tudo aquilo foi somente um favor. E é claro que Edward não daria nenhum jeito de nos encontrarmos amanhã. Alice e eu seremos só colegas de sala e nada mais! Sem desejos bobos ou imaginação fértil demais Isabella Swan. Sono. Foca no sono. Senão amanhã você se atrasa novamente. Malditos olhos verdes e profundos.


Eu de novo! =D

Espero realmente que vocês tenham gostado! Façam uma ficwriter feliz e deixem reviews sim meus tesouros?

Beijosmeliguem.