Quase 20 anos em Azkaban fizeram-na esquecer muita coisa. Como sorrir, qual o som de uma risada, a sensação de voar em uma vassoura, o rosto dos pais, a voz do irmão...A única coisa que os dementadores não conseguiram fazer Alecto esquecer em todos aqueles anos foi o rosto de Frank Longbottom, sua voz, a maneira de falar, de andar, o som de suas risadas. E a maneira como os olhos dele imploraram por ajuda enquanto ela assitia-o ser torturado por Bellatrix até a insanidade.

Em todos aqueles anos, a única memória que se manteve intacta, como uma cena que repete-se todos os dias, é o momento em que o último brilho de sanidade abandonou os olhos dele. O momento em que a única lágrima que ela derramou desde que fora marcada a fogo com a marca de Voldemort, escorreu.


Agora ela anda pelos corredores de Hogwarts sem realmente reconhecer a escola onde passou tanto tempo. Tudo que resta de suas lembranças do lugar é um borrão sem nexo, exceto as lembranças em que Frank está presente.

Sua primeira aula como professora é com o sétimo ano. O choque ao ver o garoto entrar é tamanho que tem de se agarrar à mesa para não cair de joelhos. A garganta arde, no desejo de chama-lo. "Frank! Frank! Você não mudou nada! Que bom que está bem!" Ela diria se pudesse.

Mas aquele não é Frank e ela sabe no momento em que ele a olha. Os olhos de Alice. Os olhos que chamavam tanto a atenção de Frank, os olhos que faziam-no sorrir, os olhos dos quais ele tanto falava. Os malditos olhos de Alice.


Alecto assiste enquanto o irmão tortura o garoto. Não precisa ouvi-lo dizer, para saber que ele diverte-se com o sofrimento do garoto mais do que qualquer outra coisa, porque ela vê nos olhos de Amycus o reconhecimento. Não é Neville quem Amycus tortura, é Frank. Mas dessa vez não há lágrima alguma, porque quando o garoto olha para ela, não é Frank quem Alecto vê, é Alice.


É madrugada alta quando ela passa pelo quadro e dirige-se ao dormitório dos garotos. Bem ali, à sua frente... Machucado e abatido, Frank Longbottom enrola-se em seus lençóis vermelhos e dourados.

Parada ao lado da cama do garoto, ela anseia por tocar o rosto machucado, por passar os dedos entre os fios escuros e bagunçados do cabelo dele, mas ela não faz. "Conheci-o como tu nunca iras e ele me conheceu como nunca vai te conhecer. Amei-o como nunca amei ninguém e como tu nunca vais amá-lo e ainda assim, ele amou-te mais do que tudo." Ela pensa, observando Neville dormir e ama-o ali.

Ama-o adormecido, de olhos fechados, quando tudo que vê é Frank. Mas odeia-o quando ele a olha, porque é Alice ali.


Nota: Oneshot super aleatória, haha. A ideia apareceu por causa do plot de um rpg que eu jogo. Não que isso vá acontecer lá. q

Enfim, era isso, só pra dividir as coisas loucas que eu penso nas aulas de Ecologia.

Já podem começar a jogar pedras, abrir processos e me chamar de louca. usdhasidhasdihas