Lenço

Draco não gostava de vermelho.

Vermelho lhe era uma cor detestável. Abominável. Tudo que lhe era vermelho era pouco digno. Gryffindor, por exemplo, era toda vermelha, suas pessoas eram todas vermelhas e corajosas. E coragem não era uma qualidade, não para Draco.

No baile de inverno Pansy Parkinson usou um batom vermelho. Muito vermelho. E a pele dela era tão clara, os cabelos tão negros, os olhos tão negros, e ele não via nada disso, só via vermelho. Ela lhe era detestável. Naquela noite pelo menos.

Vitor Krum passava pela porta, acompanhado de uma menina tão linda, vestida de azul. Azul era uma boa cor, olhou pros lábios da garota, estavam cor de rosa. Cogitou a idéia de pedir uma dança com aquela garota misteriosa, conhecia Krum, ele não se importaria com uma dança, e se sim, pouco importava, queria saber quem era e pronto. Pansy o puxava, e dizia algo, a menina de azul passara, e Parkinson começara a falar algo com Granger.

Draco procurou a Granger, seria bom ter algo para debochar. Perguntou onde ela estava. Parkinson, meio impaciente lhe disse que ela estava com Krum. Draco riu; a menina de azul não podia ser a sangue-ruim. Entraram no salão. E quando os três campeões e Potter entraram, ele viu a Granger. Merlin era mesmo a Granger.

Esqueceu de Parkinson e de qualquer outra coisa que estava a sua volta, só via rosa e azul. E de repente viu como essas cores combinavam, o batom rosa de Granger e o vestido azul. A boca rosa de Granger, seus olhos meio azul, meio cinza.

Como nunca reparara que combinavam? Ele via Granger dançar, e para Draco, o vestido dela era meio cinza, meio azul. Como ela sabia que essas cores combinavam? Como ela conseguia sempre saber de tudo?

Parkinson conversava com a Greengrass, Krum sumira, Granger estava sozinha. E quase sem perceber, seus pés lhe levaram até Granger, sentada numa mesa cercada de cadeiras vazias.

- O seu batom esta borrado, Granger – Riu do desespero dela, procurando em uma bolsinha um espelho e lenço, Granger era perfeccionista. O batom não estava borrado. Mas a garota quase que instintivamente colocou um lenço nos lábios, carimbou-o com o batom rosa.

Quando Hermione percebeu que fora enganada, o olhou com raiva, saiu sem dizer uma palavra, com raiva, Draco riu.

Ela deixara o lenço em cima da mesa, e lá tinha o batom rosa de Granger, no formato de sua boca. Draco não notou quando seus dedos se estenderam e pegaram o tecido fino. Também não percebeu quando suas mãos o guardaram no bolso de suas vestes.

Anos mais tarde Aestoria descobriu um lenço com marca de batom rosa na gaveta de seu marido. E sentiu raiva, porque o batom não era dela, céus, Draco lhe dissera para ela nunca usar batom cor de rosa. Agora tinha uma vaga idéia do por quê.

***

Minha primeira fic pro projeto rootless tree, da seção Draco e Hermione do 6v,

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Beijos Deh Malfoy