A Rift In Time

A Primeira vez que te vi...

O céu parecia desabar, fogo, feitiços, paredes caindo, gritos. Era impossível entender o que estava acontecendo, e o rosto de Draco doia de tanto inchaço. Ele não tinha defesa nenhuma, e nenhum lugar era seguro para se esconder.

Os olhos dela nos seus, pela primeira vez, e a mão dela na sua.

"Corra!"

Era tudo que ela precisava dizer.

Como se o inferno e o paraíso fossem um só

"Está tentando ser morto?"

"Eu não tenho uma varinha!"

A cabeça, balançando, impaciente enquanto esquivavam-se do teto desabando, as imensas aranhas vindo em sua direção.

"Ao menos não pode me matar" resmungou, e no meio de todo caos, Draco riu.

Se algum dia houveram Deuses, eles viraram o rosto para nós aquela noite. A tortura das crianças, a maldade dos homens, o choro de sua mãe

Não havia nenhum lugar para ele naquela multidão que velava seus mortos. Ele era um traidor. Ele era um traido. Ele não era nada, ou talvez fosse um refém.

Como se houvesse algo que seus pais pudessem fazer.

E os gritos, e o corpo de Harry Potter jogado no chão, claramente morto, aos pés do Lord. Vencido.

Como se houvesse algo que meus pais não ousassem fazer.

A aurora rompeu no final, ao menos, e pudemos respirar à salvo

Era festa, era alegria, era um êxtase que apenas uma batalha como aquela poderia trazer.

Draco não sabia o que fazer no meio dos gritos, das alegrias, sem que ninguém reparasse nele.

Não sabia nem o que pensar de tudo aquilo, a coragem de sua mãe, a ousadia!

E a gratidão, como ele nunca tinha sentido antes, a humildade que jamais conhecera.

Mas ela desvanece os sonhos, por melhores que eles sejam

Draco segurou a mão pequena dela na sua, e ela o olhou espantada.

"Eu só queria dizer... Obrigado. Por me salvar."

Ela riu, e tinham covinhas em suas bochechas, embora seus olhos estivessem cheios de lágrimas.

"Bom, é... Acho que sou boazinha demais" respondeu, antes de ir embora.

E ele ficou, encarando os cabelos vermelhos partirem.

Para sempre.