Quinn estava preocupada, muito preocupada, e não era pelo fato de ter acordado mais cedo do que o usual. Já estava habituada a não reconhecer os lugares que acordava aos finais de semana, até porque, passava pouco tempo em seu apartamento. Durante a semana, só tomava banho e ia direto para a cama depois de um longo dia de trabalho. Aos finais de semana, quando não estava na casa de Santana e Brittany, possivelmente se encontrava na casa de alguma garota que lhe interessou no bar que freqüentava.
Sim, uma garota!
Depois de entrar na Universidade de Columbia, a qual conseguiu uma bolsa graças a treinadora Sue Sylvester, a loira descobriu que se envolver com garotas não era tão ruim, e que não mexia tanto com a sua imagem como na época de escola. De fato, sua popularidade só se fez aumentar depois que descobriram seu gosto por pessoas do mesmo sexo.
Quando contou a Santana que havia beijado uma garota na festa da fraternidade, essa não se mostrou tão surpresa com a mudança. Em suas palavras, desconfiava da sexualidade da loira desde que passou a observar os desenhos que essa fazia da Berry na escola.
BERRY!
Quinn passa a mão pelo rosto pensativa, a angústia voltando aos poucos. Virou o corpo de frente para o que estava adormecido ao seu lado. Observou atentamente a silhueta relaxada da morena, claramente nua sob o edredom. Os cabelos se espalhavam pela face impedindo uma visão completa do mesmo, o que fez com que Quinn levasse sua mão ao rosto da outra, colocando os fios grossos atrás da orelha, dando uma visão perfeita da face sorridente.
- Deve estar tendo um sonho muito bom. – sussurrou Quinn para si mesma. Pensar que ela era o motivo de tal estado da morena fez com que seus lábios arqueassem em um sorriso convencido. Com isso, sua mente vagou pelos motivos que a levaram a atual situação.
Estava em um bar novo inaugurado a uma semana em uma área mais tranqüila da cidade. Era sexta-feira, começo da noite, quando o pessoal da agência de publicidade que trabalhava resolveu fazer um happy hour em comemoração a uma grande conta que Quinn havia fechado com uma rede de Hipermercados. A loira não estava muito empolgada com a idéia, já que tivera a semana mais corrida desde que se graduou da universidade. O cliente estava indeciso e propôs várias mudanças no contrato antes de, no final da semana, assiná-lo o que deixou a loira um tanto quanto desgastada. Mas todos os seus colegas estavam tão empolgados que não teve uma desculpa convincente para se livrar do encontro. Além disso, prometeram pagar sua conta!
O bar era realmente bonito e aconchegante. Sua fachada era de vidro espelhado, o qual dava privacidade aos freqüentadores e ao mesmo tempo uma sensação de liberdade, pois não era composto de paredes grossas. Dentro do estabelecimento era bem espaçoso, com uma boa distância entre as mesas.
Não estava cheio, para o alivio de Quinn que só esperava conversar um pouco e ir embora. Já estavam a alguns minutos de bastante bebedeira e risadas. Por um momento, a loira, que estava posicionada de frente para a entrada do local, se distraiu observando a rua iluminada. A noite já estava alta fazendo com que as lanternas dos carros que passavam, juntamente com as luzes dos prédios ao redor e dos letreiros luminosos, tivessem um destaque maior, dando um visual incrível para quem reparasse.
A chegada de um grupo tão grande quanto o seu chamou sua atenção. Ficou observando-os até que se acomodassem a uma mesa ao lado oposto da sua. Sentada entre dois homens que pareciam ter o dobro de seu tamanho, Quinn avistou a pessoa que jamais esqueceria. O cabelo estava pouca coisa maior do que se lembrava na festa de despedida do Glee Club, com um corte diferente e mais moderno. Suas roupas: simplesmente maravilhosas! Os anos de Broadway a fizeram muito bem, com toda certeza.
A loira lembrou das reportagens na televisão, das chamadas para a peça nos jornais e os vários outdoors espalhados pela cidade. Era comum escutar seu nome nas colunas sociais sempre vinculado ao título de "nova diva da Broadway".
Diferente do que pensa a maioria das pessoas que as conheceram na época de colégio, Quinn ficou feliz pelo sucesso da menor. A loira achava totalmente justa a fama adquirida pela morena, até porque a diva vinha se preparando para esse momento desde pequena. O talento que era promissor passou a ser realidade, o sucesso era inevitável.
O silencio na mesa que se encontrava fez com que desviasse seus pensamentos e focasse a atenção em seus colegas. Percebeu que todos olhavam para a mesa onde se encontrava a pequena diva e seus amigos.
- Aquela é a Rachel Berry! – exclamou Robert, o mais animado do grupo.
A partir daquele momento, começou-se uma discussão sobre as peças protagonizadas pela diva, que por sinal a loira tinha assistido a todas. Robert queria um autógrafo, mas estava sem coragem para interceptá-la. O assunto gerou uma comoção entre o grupo, todos apontando quem achavam que teria coragem de pedir o tal autógrafo. Algumas provocações depois e o nome de Quinn foi citado no meio da algazarra.
- É isso mesmo, a Quinn é que deve ir. – disse Robert entusiasmado.
- Por quê? – perguntou a loira surpresa, seu coração acelerou pensando na possibilidade de encontrar Rachel nessas condições.
- Você é a pessoa mais desinibida e corajosa que eu conheço. – disse Robert apelando para os elogios. – Tem que fazer isso por mim Quinn. – e antes que a loira o interrompesse, apelou. – Por favor!
- Nem pensar. – foi a negativa rápida de Quinn.
Robert pareceu desapontado, mas não estava pronto para desistir ainda:
- Mas por que não? – perguntou o homem. – Você já fez coisas piores do que isso e nem precisei apelar tanto.
- Porque não e pronto! – foi a palavra final da loira que desviou o olhar do colega e, irritada, tomou o resto de seu drink para tentar relaxar.
Uma onda de protestos rondou a mesa, todos tentando convencer a loira ao ato corajoso da noite. A agitação foi tanta que chamou a atenção de uma pessoa em especial do outro lado do bar. Quinn ficou apreensiva quando a face de Rachel se voltou para sua mesa. Não sabia bem ao certo o porquê, mas estava receosa.
"Será que ela vai me reconhecer?" – pensou ela enquanto seu corpo ficava tenso sobre a perspectiva de não ser reconhecida, ou até mesmo ignorada.
A loira olhou fixamente para os olhos da morena, que mesmo a distância, eram claramente visíveis. Pode perceber todas as mudanças que ocorreram na face da outra, do choque à incredulidade, e por fim, a curiosidade. Vendo o estado catatônico da diva, pouco a pouco os amigos da menor olharam para a mesa de Quinn a procura do que era tão interessante. Ao olharem para Quinn, automaticamente sorrisos apareceram em suas faces e se voltaram para a morena comentando alguma coisa que a fez corar. Intrigada, percebeu que a própria mesa estava em silêncio olhando para ela.
- O quê? – perguntou se sentindo acuada pelas faces preenchidas com sorrisos maliciosos.
- Você esta flertando com ela! – disse Lesley,a recepcionista. – Deixou a menina até encabulada. Ela não consegue olhar para você sem ficar vermelha.
A loira, que havia desviado o olhar da diva, voltou a encará-la encontrando-o um tanto questionador.
- Eu não te culpo. – disse Robert dessa vez. – Com o talento todo que ela tem, até eu que não gosto da fruta fico encantado.
Passou-se mais um tempo ao qual o assunto era outro. A loira tentava acompanhar a conversa, mas estava totalmente distraída analisando a moça do outro lado do bar. Volta e meia seus olhares se encontravam permanecendo assim por um tempo até que a morena o desviava voltando a prestar atenção em sua própria mesa.
Em um dado momento, a loira se sentiu sufocada naquele ambiente. Precisava dar uma volta e reorganizar seus pensamentos e suas ações. Pediu licença aos colegas e foi ao banheiro. Incrivelmente, para um banheiro feminino, o lugar estava vazio, arrancando um suspiro satisfeito da loira.
Se olhou no grande espelho pensando na situação ocorrida recentemente. Seu reencontro com Rachel foi totalmente diferente do que imaginava. Alias, nunca achou que a veria sem ser em cima dos palcos. Mas quando essa possibilidade lhe alcançava, imaginava que a encontraria durante seus passeios matutinos no Central Park. A morena estaria correndo e elas se encontrariam ocasionalmente. Rachel iria encará-la com aquele olhar ressentido, recheado de puro drama, disparando suas 1000 palavras por frase, dizendo sobre como a humilhação da ex-cheerio havia ajudado na sua carreira profissional, fazendo com crescesse e superasse os obstáculos que se puseram no caminho. Ainda diria que a perdoava por tudo que tinha feito e, por fim, daria sua saída dramática.
Mas, diferente de tudo que pode imaginar Rachel esta lá, sem um mínimo resquício de ressentimento, apenas um tanto surpresa por encontrá-la, sem o drama e o melhor, ainda mais bonita.
Abaixou sobre a pia, jogando água no rosto. Estava levando a situação para um caminho que não queria, ou achava que não. Levantou o rosto para se olhar novamente. Encontrou o reflexo de Rachel a observando através do objeto. Cena esta, muito parecida com o dia do baile de formatura ao qual Quinn queria esquecer. Instintivamente seu corpo respondeu a intensidade do olhar. O arrepio a atingiu fazendo com que fechasse os olhos momentaneamente. Por um momento implorou para que fosse apenas uma ilusão de sua mente. Não se sentia preparada para essa conversa. Ao abri-los novamente, percebeu o olhar curioso de Rachel sobre si.
Curiosamente, Rachel não foi a primeira a falar, como nos tempos de escola. Estava calada, esperando o tempo que Quinn precisasse para se recompor e poder encará-la. Sua postura confiante não havia mudado, mas sua expressão parecia mais tranquila. Quinn estava intimidada. Aquela Rachel Berry ela não conhecia e se sentiu como se fosse a única acuada.
- Não que eu me incomode por ficar dessa maneira Fabray, mas você poderia me olhar diretamente? Acho esse espelho muito impessoal.
Quinn tremeu ao ouvir a voz da morena. Diferente da voz irritante e imperativa da qual lembrava, esta estava melodiosamente calma e carregada de divertimento. Foi virando calmamente ficando de frente para a diva. Esta a olhava atentamente, esperando sua reação.
A ex-lider de torcida se sentia uma idiota, estava totalmente sem ação. Não era de sua índole agir dessa maneira. No fundo, estava com medo da opinião da outra. E se Rachel achasse que não havia mudado em nada, que era a mesma pessoa imatura que a maltratava na época de escola. Queria que Rachel visse as mudanças que ocorreram durante os anos, assim como as enxergava na morena. Não queria decepcioná-la.
Quando planejava abandonar sua letargia e falar alguma coisa, nem que fosse sobre as peças que havia assistido, ambas foram interrompidas pela abertura da porta. Desviaram seus olhares a tempo de ver uma ruiva com um visual um tanto excêntrico entrando no cômodo. A moça deu uma rápida olhada em Quinn arqueando a sobrancelha em curiosidade muda, antes de se voltar para morena e avisar:
- Rachel, já vamos embora. Estamos indo para a casa do Mark. Ele disse que exibirá a filmagem feita na semana passada do ensaio geral. – despejou calmamente.
A morena olhou para Quinn enquanto pensava no que fazer a seguir. A loira que intercalava o olhar entre uma e outra esperando a resolução, abaixou o olhar para o chão. Uma coisa era certa, não queria que a morena fosse embora. Havia tanta coisa a ser dita e conversada, só não tinha conseguido verbalizar ainda. A incerteza de um novo reencontro à despertou. Não podia deixar a oportunidade passar! Quando levantou o olhar decidida a impedir qualquer partida da mais baixa, encontrou os olhos castanhos fixados nos seus, analisando-a detalhadamente. Rachel sorriu para ela como se entendesse tudo que se passava em sua mente. Viu-a olhar para a ruiva, que só nesse momento Quinn percebeu ser maior que a si mesma.
- Desculpe Jeny, faz muito tempo que eu e Quinn não nos vemos e temos que nos atualizar. – disse ela sorrindo para a outra que voltou a encarar Quinn rapidamente.
A ruiva deu um aceno em entendimento e foi-se na mesma velocidade que entrou, deixando as duas sozinhas novamente.
- Sabe, você costumava ser menos transparente antigamente. – disse ela sorrindo.
Essa frase mexeu com o orgulho da loira, afinal Quinn ainda é Quinn e o orgulho Fabray permanecia intacto.
- Algumas pessoas mudam com os anos. – replicou de prontidão arrancando uma gargalhada da diva.
- Com certeza. – disse Rachel indo em direção a porta. Antes que Quinn pudesse impedi-la e pedir para que ficasse, a morena continuou:
- Só vou pegar minha bolsa e me despedir de meus amigos. Te espero do lado de fora para podermos conversar melhor e você ainda tem que me dizer quais outras mudanças ocorreram em você. – terminou sem esperar a loira responder e saiu do cômodo.
A loira ficou estática por um momento antes de entender a fala da outra. Saiu do banheiro a tempo de ver Rachel se despedindo de seus colegas e saindo juntamente com eles. Foi até a mesa que acomodava seus colegas de trabalho e percebeu todos os olhares voltados para si. Todos eles não negavam a desconfiança geral, que foi alimentada quando Quinn pegou sua bolsa e avisou que iria embora mais cedo.
- Eu sabia! – gritou Lesley. – Robert, você me deve 50 dólares. – disse a recepcionista sorridente.
- Sabia o que? – perguntou a loira já desconfiando sobre o que seria.
- Que você não perdeu tempo e fisgou uma estrela da Broadway. – dessa vez foi Robert que respondeu não parecendo nem um pouco preocupado com o dinheiro que supostamente perdeu na aposta.
- Mas eu não fisguei ninguém! – exclamou indignada. – Rachel e eu estudamos na mesma escola, vamos apenas conversar.
- Todos nós conhecemos o seu "conversar" Fabray. – foi a vez de Ryan se manifestar.
- Pois imaginem o que quiserem. – disse a loira irritada. – Já estou atrasada. – finalizou dirigindo-se a saída. Ainda teve tempo de escutar a voz de Robert gritando:
- Não esquece o meu autógrafo!
Quinn caminhou apressadamente com medo de que Rachel se arrependesse ou até mesmos se cansado de esperar. Pelo que se lembrava, a morena sempre foi uma pessoa exigente com relação a horários. Tudo era milimetricamente planejado para que no futuro sua carreira de sucesso não fosse comprometida pela sua falta de organização. Agora que já era famosa e tinha uma carreira estável, Quinn pode perceber que toda a vida regrada da outra valeu a pena.
Saiu pela porta olhando para os lados a procura da outra. Quando a viu em pé na calçada do lado de fora soltou o ar que nem reparou ter prendido. A morena havia colocado um sobretudo preto para se proteger do vento noturno. A peça lhe dava um aspecto diferente, parecia mais esguia.
Rachel voltou-se para ela com aquele sorriso radiante, típico de Rachel Berry, que a loira não pode deixar de corresponder. Elas se aproximaram lentamente até estarem frente a frente. Se olharam com intensidade, olhos nos olhos. A loira fascinada com a nova pessoa que via a sua frente, só conseguia pensar em todas as mudanças positivas que ocorreram com a outra. Quando percebeu ser fitada com a mesma intensidade, corou violentamente não conseguindo mais sustentá-lo.
- Então... – disse a loira para fugir do embaraço. – Para onde vamos? – perguntou voltando a encarar a morena a sua frente.
- Você vai ver – disse Rachel enquanto enganchava no braço de Quinn e a guiava pela calçada.
Um silencio confortável pairou entre as duas. A loira ia observando os carros que passavam enquanto escutava a linda melodia murmurada por Rachel. Sentia saudade de escutar a voz da diva assim, de perto, como na época de clube.
Duas quadras depois estavam em frente a um prédio com uma fachada luxuosa. O portão se abriu assim que a morena parou a frente. Quinn congelou. "Estou na casa dela", pensou antes de se puxada delicadamente pelas mãos pequenas de Rachel. Enquanto subiam o elevador, a morena resolveu quebrar o silencio:
- Eu não mordo Quinn.
A loira, que até o momento olhava para o piso, levantou o olhar deparando-se com os castanhos de Rachel. Percebeu neles certa hesitação que logo foi camuflada com um sorriso. Mas Quinn soube que não era a única nervosa com a situação. Isso, de certa forma, a deixou mais aliviada e diminuiu a tensão de seu corpo.
- Eu sei. – respondeu a loira arqueando os lábios num sorriso relaxado.
Nesse momento o elevador abriu a porta revelando o corredor com quatro portas de numerações diferentes. A morena abriu a bolsa pegando as chaves do apartamento e se dirigiu a porta a direita.
Ao entrarem, Quinn olhou com admiração. Já imaginava que seria luxuoso por ser uma grande estrela da Broadway, mas a decoração madura a pegou de surpresa. Não que ela esperasse ver bichos de pelúcia espalhados pela casa ou as paredes pintadas de cor de rosa, porém as cores neutras, os moveis sofisticados e decoração perfeita contribuíram para a surpresa da loira.
Viu Rachel colocar seus pertences em cima da mesa e depois voltar-se para ela com os braços estendidos esperando que entregasse os seus. Depois de guardados, a loira foi acomodada no espaçoso sofá enquanto a morena se preocupava em pegar as bebidas. Quando voltou, a diva entregou o copo de Quinn e se acomodou no mesmo sofá que ela, mantendo uma distancia respeitável da outra.
- Então. – começou a diva, depois da degustação apreciativa da bebida. – Como minha vida foi completamente previsível, podemos cortar a minha parte e falar sobre as coisas que aconteceram com você. – disse ela sorrindo.
- Última informação que tive foi a sua entrada em Columbia, mas não sei para que curso. Acabei por perder contato com o todo mundo, nossas vidas seguiram caminhos diferentes. Estava quase acreditando que não reencontraria mais ninguém até vê-la hoje a noite.
Talvez pelo vinho que estava tomando ou pela a intimidade com a qual Rachel falava, Quinn se sentiu confortável para fazer uma coisa que odiava: falar sobre sua vida.
- Bom, como você mesma disse eu consegui uma bolsa para Columbia. – começou timidamente.
Parou por um momento para observar a mulher a sua frente. Ela a estava observando atentamente enquanto afirmava com a cabeça incentivando a continuar.
- Me candidatei para o curso de Publicidade e não me arrependi. – continuou, enquanto Rachel sorria em entendimento.
- Realmente Quinn, essa é a área perfeita para você. Lembro de toda a campanha que você organizou cuidadosamente para ser coroada em nosso ultimo ano. – disse Rachel com os olhos brilhando. – Foi algo fantástico, devo admitir. Não tinha concorrência para você.
Quinn sentiu suas bochechas esquentarem rapidamente. Focalizou outro ponto que não foi rosto da morena orgulhosa a sua frente. Não que o reconhecimento a deixasse sem graça, até porque nessa semana tinha fechado o maior contrato que sua agencia já teve e nem por isso havia ficado dessa maneira. Talvez por partir da pessoa que supostamente queria ser o centro das atenções no ensino médio tenha contribuído para a sua falta de reação.
- Vamos lá, me conte mais. Como chegou a conclusão de que deveria fazer Publicidade? – disse a morena agitada.
- Hmm, acho que foi quando percebi que os cursos convencionais não me agradavam. Fui pesquisando alguns outros cursos e me deparei com esse que me identifiquei. Claro que minha mãe não ficou muito feliz, mas depois de um tempo se acostumou.
- E com quem ainda tem contato? – perguntou a morena ainda agitada.
- Santana e Britanny mais efetivamente. Elas estão morando na cidade, o que facilitou as coisas.
- Imaginei. – disse a morena sem parecer surpresa.
- Falo com Mercedes através de emails e telefonemas. Ela me conta as novidades sobre os outros. – concluiu Quinn tomando mais um gole.
O silencio voltou a pairar enquanto ambas terminavam suas bebidas. Rachel olhava para Quinn com intensidade. A loira se sentiu mais confortável para retribuir da mesma forma.
- Você mudou muito durante esse tempo. – confessou Quinn admirada.
Rachel pareceu se surpreender com a ação da loira, mas logo se recompôs.
- Imagino que para melhor, já que você esta mantendo uma conversa civilizada a um bom tempo. – disse Rachel rindo do próprio comentário.
- Tenho que concordar, mudou para muito melhor. – declarou Quinn pensando nas várias possibilidades que essa fala poderia acarretar.
Olharam-se mais uma vez, um movimento que já estava se tornando comum para ambas, quase que natural. Rachel foi perdendo o sorriso gradativamente passando a adquirir uma expressão que a loira não conseguia decifrar.
- Você também mudou Quinn. – disse com uma voz rouca. – E eu gostei.
O coração da loira falhou algumas batidas. Sabia que as chamas encontradas no olhar de Rachel lhe eram familiares. Essa expressão ela conhecia. Era desejo!
Não soube exatamente quando ficaram tão próximas. O sofá parecia pequeno de uma hora para outra. Rachel desviou o olhar para os lábios de Quinn, o que foi suficiente para acender a loira. Não teve tempo para pensar em mais nada. Seu corpo ágil no que pensou ser o certo a fazer. Braços enlaçaram a cintura, narizes encostando, bocas a milímetros de distância. Quando a morena entreabriu os lábios, a loira aceitou o convite e mergulho neles sem pensar.
Levantou cuidadosamente para não acordar a morena que resmungou com a falta do contato, antes de virar para o lado oposto e permanecer adormecida. Sorriu enquanto ajeitava o edredom por sobre os ombros da outra.
Pensando nos acontecimentos da noite passada, Quinn não soube exatamente o que viria a seguir. Quando se tratava de Rachel, a loira percebeu que as coisas se tornam imprevisíveis. Procurou suas roupas pelo cômodo vestindo-as logo em seguida. Olhou para Rachel mais uma vez, se perguntando o que fazer a seguir. Não queria admitir, mas estava com medo de encarar os fatos. Dificilmente conseguiria explicar a situação. O que Rachel acharia disso? Iriam fingir que nada aconteceu? Alias, o que havia acontecido afinal?
Todas as perguntas passavam por Quinn sem essa ter uma resposta para nenhuma delas. Fez o que pensou ser a melhor opção no momento.
Fugiu.
