SEGUNDA CHANCE

Essa fic é estrelada por Isaak de Kraken, o General Marina que mais fãs possui (Acho que só perde para o Kanon...¬¬).

O que aconteceria se a vida lhe desse mais uma oportunidade de encontrar o seu lugar nesse mundo, você a deixaria passar?E se o seu passado se tornar um obstáculo para a felicidade?

Capítulo 1:

"Homem ao mar!"

O capitão do pesqueiro Countess Mary estreitou o olhar na direção apontada por um de seus homens. As tempestades deram uma trégua e o sol havia voltado a brilhar, mas o mar ainda continuava agitado.

"Onde está, homem de Deus?" -berrou o capitão ao marinheiro.

"Ali capitão!" -apontou para um ponto dourado.- "Meus olhos não me enganam. Há um homem ali!"

"Vamos trazê-lo a bordo!" -ordenou o capitão.

Em minutos, os marinheiros conseguiram resgatar o misterioso naufrago, e fitavam admirados as suas vestimentas.

"Que diabos?" -o capitão tocou nele.- "Parece ser de metal!"

"Parece uma armadura." -comentou outro.

"Que cicatriz ele tem! Bem no olho!"

De repente, a armadura brilhou intensamente e saiu do corpo do rapaz, assumindo uma aparência monstruosa e diante dos olhares perplexos de todos a bordo do pesqueiro, retorna ao mar.

"Era um espírito do mar!" -berrou um mais supersticioso.

O capitão fita o rapaz inconsciente e se indaga:

"Quem será esse homem que foi protegido por um espírito das águas?"

Então, ele se mexe e solta um gemido de dor, abrindo o olho e fitando o capitão do navio.

"Onde...onde estou?" -murmurou.

"No Countess Mary, rapaz!" -respondeu o homem.- "Teve muita sorte...parece que o deus dos mares simpatiza com você. Qual é o seu nome, rapaz?"

"I-Isaak..."

Anos depois...

"Isaak!"

Isaak Kolehmainen desviou o olhar do motor do seu velho barco e levantou a cabeça para ver quem o chamava. Pela voz sabia quem era, e balançou a cabeça. Ficou de pé e tentou fazer a cara mais séria possível para chamar a atenção da menina.

"Laura!" -ele disse o nome com um ar autoritário.- "Não devia estar na escola?"

A menina de oito anos, com os cabelos negros e curtos e olhos negros, carregava uma mochila nas costas e estava com um pé apoiado no skate. Ela se vestia com roupas largas, parecendo um menino e com uma boina preta na cabeça.

"Ainda dá tempo." -ela respondeu.- "Quer que eu te ajude com o conserto do barco depois da aula?"

"Sua tia já não disse que não a queria por aqui?" -Isaak fez uma careta ao lembrar da mulher irritante que era a dona da lanchonete mais conhecida da marina.

"Tia Isabella é legal!" -ela respondeu.- "Meio brava, mas legal. Ela não liga se eu fizer as minhas lições de casa. Ah, vamos Isaak! Você prometeu que me ajudaria com aquela pesquisa sobre a vida marinha de Turtle Bay".-pediu chorosa.

Ele realmente prometeu. Mas foi para fazer a menina ir embora. Era assim desde que chegou a Turtle Bay há três anos atrás. Laura, uma garotinha solitária, simpatizou com ele e vivia visitando-o e ajudando-o a reconstruir o velho barco que ele comprara com muito esforço.

Isaak vivia de pequenos trabalhos. Ora ajudava a consertar um barco quebrado, ora saia com os barcos pesqueiros...até serviço de pedreiro realizou na ilha de Turtle Bay, na costa canadense. Vivia bem com os outros moradores, ninguém vivia lhe perguntando sobre seu passado ou incomodando-o...bem, quase ninguém.

Além de Laura, havia a sua guardiã legal, sua tia Isabella Collonville. Quem a visse, não a imaginaria como sendo a tia dessa menina, poderiam afirmar que eram irmãs. Isabella era dona de um caráter e personalidades muito fortes, sempre preocupada com o futuro da sobrinha, e cuidando de uma lanchonete freqüentado pelos pescadores e outros moradores da ilha.

Muitas vezes discutiram. Ele não sabia bem o porque, mas ela não simpatizara com o estrangeiro. Além de ser muito bonita, apesar de sempre estar tão séria, imaginava se ela já sorriu uma vez na vida! O que Isaak considerava uma pena, pois ela era bonita demais para ficar sempre carrancuda.

O que sabia de Laura e Isabella era o que a própria menina lhe contava...que os pais morreram na grande inundação anos atrás, o que causou um arrepio em Isaak. De certo modo, ele esteve envolvido nesses acontecimentos. Afinal, ajudou Poseidon a causar muitas mortes e destruição com as inundações...por isso, sempre foi tolerante com a menina. Sentia-se culpado por ela ser orfã.

"Vai se atrasar pra aula de novo!" -Isaak avisou.- "E eu não quero sua tia me culpando por isso!"

"Tá. Mas vai me ajudar?" -ela insistiu.

Isaak suspirou e concordou com um aceno de cabeça. A menina sorriu e pegou o caminho para a escola, usando o skate com habilidade.

Depois que ela se fora, seu estômago o lembrou que ainda não havia tomado um café da manhã decente.

Vestiu uma camisa limpa e uma jaqueta e tratou de seguir rumo ao único lugar em que arriscava a comer fora. Pois apesar de ser muito séria, Isabella era uma excelente cozinheira!

Dez minutos de caminhada e chegou à lanchonete. Como sempre, havia muitas pessoas desfrutando do delicioso café que Isabella fazia. Ele a viu, acabando de servir um cliente e Isaak sentiu um estranho nó no estômago quando ela o fitou com aqueles grandes olhos negros.

Fisicamente, ela e Laura eram parecidas. Cabelos e olhos negros. Mas os cabelos de Isabella eram compridos e ela os mantinha presos em um rabo de cavalo. Imaginou o quanto esses cabelos eram sedosos. Balançando a cabeça para afastar o pensamento, sentou no balcão e a viu se aproximando.

"O de sempre?" -ela perguntou.

"Sim."

Assim que ela cortou uma fatia de torta e colocou na sua frente, suspirou e foi logo perguntando:

"Laura está te incomodando outra vez com o barco?"

Isaak, segurando o garfo com um pedaço de torta no ar, a olhou e respondeu:

"Ela não me atrapalha."

"Mas não a quero em um barco pesqueiro." -ela disse ríspida.- "Laura tem que estudar!"

"Não é um barco pesqueiro, é de turismo." -ele pousou o garfo no prato.- "Mas se não reparou, ela ama a vida no mar. Laura já me disse que gostaria de ter seu próprio barco, como o pai."

"Mas eu não quero."

"Senhorita Collonville..." -disse irritado.- "Posso saber qual é o seu problema comigo?"

Ela arqueou a sobrancelha, como se não entendesse a pergunta.

"Desde que cheguei na ilha a senhorita demonstrou uma antipatia por mim, que sinceramente não sei e nem me lembro se fiz algo que a desagradou!"

Isabella suspirou, e pela primeira vez Isaak viu a fachada austera da mulher ceder.

"Desculpe. Não é com você. A culpa não é sua mas, é muito difícil cuidar de uma criança. Quero o melhor para Laura, meu irmão e minha cunhada iriam querer isso também."

"Eu sei."

"Olhe eu..."

Ela parou de falar quando a porta da lanchonete abriu e um homem de feições brutas entrou. Isabella soltou um suspiro desanimado e Isaak viu quem era. Percy Austen. O homem era um pescador, mas também adorava uma confusão e brigava por qualquer motivo. E ele invocara que Isabella lhe pertencia.

"Oi, Isabella." -ele disse sorrindo exibindo seus dentes amarelados pelo cigarro.- "Soube do baile promovido pela igreja, para o Centro comunitário? Que horas você quer que eu a pegue?"

"Oi, Austen." -ela respondeu sem motivação.- "Eu soube do baile e não pretendo ir."

"Ora, mas todos irão!" -ele se inclina no balcão.- "Não vai me fazer uma desfeita dessa e recusar meu convite na frente de todos, vai?"

Antes que Isabella pudesse replicar, Isaak colocou a xícara de café sobre o balcão e disse sorrindo:

"Ela disse que não vai, Austen."

"Eu não te chamei na conversa, caolho!" -disse o outro.

"A senhorita Isabella já aceitou o meu convite para ir ao baile comigo." -ele disse, sem se abalar com a ofensa.- "Não é mesmo, Isabella?"

Ela olhou para Isaak e depois para Percy Austen e disse com um ar autoritário.

"Sim. Vou com o Isaak."

Com uma expressão de desagrado, Austen recoloca o boné na cabeça e sai da lanchonete.

"Obrigada, mas não precisava ter se incomodado..."

"Achei mesmo que era uma opção melhor que Percy Austen. Sábado eu te pego às nove horas, está bem?" -ele disse, comendo o último pedaço de torta e colocando uma nota sob o balcão.- "Vamos, será pelo bem dos jovens infratores de Turtle Bay!"

E ele saiu, deixando Isabella sem fala. Do lado de fora, ficou imaginando por que agira assim! Ele já tinha visto que Isabella sabia como cuidar de um fanfarrão como Austen sozinha muito bem. Mas o cara não desconfiava que ela não o suportava?

"Gostei de ver!" -disse Pansey, uma garota de cabelos tingidos de rosa, que trabalhava na mesma lanchonete de Isabella.- "Vai sair com o bonitão do Isaak! Sabe quantas garotas na cidade gostariam de estar em seu lugar?"

"Pare de dizer asneiras, Pansey." -replicou Isabella.- "Ele apenas me ajudou numa situação difícil com o Austen."

"Você sempre soube lidar com o Austen." -Pansey ainda sorria com malícia.- "Desde que ele chegou na cidade, você ficou abalada. Eu sei que você o acha atraente! E aquele tapa olho dele! Parece até um pirata!"

"Ai...vou fingir que não ouvi isso!" -ela disse brava, voltando aos seus afazeres.

De certo modo, Pansey estava certa. Desde que ele chegara na ilha, sentiu-se atraída por ele. Por seu jeito reservado, o olhar de menino, a aura de mistério que o envolvia. E esse era o problema. Não sabia nada sobre o seu passado! De onde veio? Por que estava ali? Nada!

Envolver-se com ele estava fora de questão. E se de repente, ele partisse? Como fez o outro por quem se apaixonou na adolescência...não suportaria! Por isso, relacionamentos amorosos estavam fora da lista de prioridades em sua vida! Precisava cuidar de Laura. Dar-lhe um lar, um futuro! Devia isso a ela.

Como queria contar a verdade a Laura...mas essa foi uma decisão que tomou há muitos anos atrás, e não voltaria atrás nunca!

Continua...