Ela estava deitada embaixo de duas cobertas, sentindo a cama tão quentinha que não tinha nenhum pouco de vontade de se levantar e sentir o frio em sua pele. A chuva caia fortemente, muitas vezes fazendo com que os galhos da arvore batessem em sua janela e a assustassem. Sabia que ela viria atrás de si ao perceber que havia furado no encontro.

Amava o inverno, amava ficar assim: embaixo de várias cobertas, escutando a chuva cair e dormindo como um anjo. Na sua opinião era a melhor coisa que existia. Só não gostava de chuva, quando tinha que sair de casa, o que era aquele caso.

Estava tão absorta em seus pensamentos, que deu um sobressalto na cama ao escutar batidas fortes na porta e logo em seguida alguém entrar em seu quarto. Ela gelou. A pessoa usava uma capa preta que cobria todo o rosto, ela conhecia aquela capa: era de comensais da morte.

Sentiu o ar falhar, mas ao mesmo tempo ele voltar ao ver sua amiga abaixando a capa. Ela era loira e de olhos extremamente azuis. Tinha um olhar intrigado.

- Quer me matar do coração? Achei que o "Lord das Trevas" havia mandado alguém para terminar o serviço – ela disse se deitando novamente e olhando fixamente para o teto. Não queria encarar sua melhor amiga.

- Oi sua tratante – ela disse se sentando na cama ao lado da amiga. Percebeu que não era momento para brincadeira só pelo olhar que recebeu – certo, você me preocupou. O que foi?

- Nada – ela disse se cobrindo até a cabeça para não ser enxergada.

- Falou com ele? – um sorriso surgiu na face de Chris, imaginando se teria acontecido o que ela tanto queria. A amiga soltou um muxoxo e se descobriu. Revirou os olhos mostrando que não estava gostando da conversa e olhou para a amiga.

- Falei – Chris sorriu ainda mais – tira esse sorriso da cara, por favor... – disse amargamente.

- Não tiro. Você contou a ele? – perguntou calmamente mesmo vendo que a amiga estava se alterando.

- Não, nunca...você é a única que sabe...ele – ela sentiu um frio no estomago ao imaginar ele sabendo – não pode saber.

- Mas, porque? – Chris estava cansada disso, ele tinha que saber – como você quer que ele te dê bola se você age como uma simples amiga?

- Ele tem que gostar de mim porque quer, e não porque eu contei que o amo... – Chris se arrependeu de ter começado o assunto, pois agora brotavam lágrimas nos olhos de Zoe e a culpada era ela.

- Não chore – limpou as lágrimas que caiam – ele te ama, eu sei.

- Engraçado, disso você sabe – ela se levantou da cama e sentiu o brisa que entrava pela fresta da sua janela atingir sua pele. Abriu o armário e começou a procurar por um blusão de lã – mas de você e o Draco – se sentiu bem melhor agora vestida – diz que não dá certo, sendo que...

- Sendo que...não dá certo e ponto final Zoe – ela arregalou os olhos por receber aquele tom da amiga – desculpa, mas...você sabe que ele...

- Ama-te? – ela disse vestindo uma calça preta – sim, isso eu sei... – deu algumas risadas, mas parou na mesma hora ao sentir o olhar gelado na sua nuca.

- Não quero falar nisso – ela disse olhando friamente para a amiga que sempre insistia nesse mesmo assunto – acabou, se conforme. Ele é seu amigo, mas acabou.

- Dê-me um bom motivo para ter acabado...

- Eu jurei que não contaria para ninguém, jurei para mim mesma... – olhou

para o espelho atrás da amiga e viu seu reflexo nele dizendo para contar – mas se você insiste tanto...

- Se eu achar que é um motivo ruim, você volta com ele né? – Zoe perguntou animada se sentando ao lado da amiga.

- Não – voltou seu olhar para a amiga que estava em sua frente. Ela tinha cabelos castanhos escuros, olhos cinzas – no último treino de quadribol da nossa casa, eu terminei de me arrumar e fiquei esperando ele na porta do vestiário masculino... – ela disse soltando o ar e abaixando a cabeça – ele estava demorando e eu... – deixou que uma lágrima caísse e Zoe segurou suas mãos – entrei para ver se ele estava lá ainda...e ele...ele... – ela começou a soluçar e não conseguia falar – ele estava lá, enrolado na vaca da Katrin...

- O que? O Malfoy...te traiu? – Zoe estava escandalizada, esperava de tudo, menos aquilo – e ainda por cima com a Katrin Mells? – se levantou rápido e começou a andar de um lado para outro.

Conhecia Draco o suficiente para saber que o que ele sentia por Chris não era brincadeira nem um simples passatempo como todos pensavam. Até desconfiava no começo de que ele realmente gostasse dela, mas se arrependeu profundamente de ter feito isso. Logo no primeiro mês de namoro dos dois, ela percebeu junto com Chris, que ele estava apaixonado.

Como, um Malfoy, estava apaixonado era a questão que ela tentava resolver já fazia algum tempo. Sabia que ele não era uma pedra, mas nunca havia visto o amigo daquele jeito. Nunca havia visto um olhar de bobo nele, olhando para a garota como se ela fosse um diamante.

E agora, Chris contava que ele a traiu? Tinha algo de errado naquilo, e ela iria descobrir o que era.

- Chris, me conta direito, palavra por palavra...tudo mesmo...que aconteceu naquele dia. Tem algo de errado nisso, e eu vou descobrir, pode ter certeza.

- Não tem nada de errado Zoe – Chris se levantou e andou até o parapeito da janela. Ficou olhando de dentro a lua cheia que brilhava intensamente, rodada por muitas estrelas. A noite estava linda. – ele simplesmente não...me amava.

- Me conta, por favor...eu quero cada detalhe – olhou para as costas da amiga e sabia que ela estava chorando – eu sei que dói lembrar disso, mas eu preciso saber.

- Eu vou te contar... – Chris se virou de frente e encarou os olhos cinzas da amiga.

Flashback

Chris terminava de se vestir, e pensava no namorado. Estavam juntos há um mês e 20 dias. Se duvidasse, ela sabia até as horas, minutos e segundos. Estava apaixonada e não tinha como negar, pois seus olhos a delatavam cada vez que via os cabelos platinados que tanto amava.

Passou a toalha mais uma vez nos cabelos para tirar a umidade e ia fazer um feitiço para seca-los, mas lembrou-se que teria de sair na noite fria, e embaixo da chuva. Não adiantaria nada.

"Será que ele está no vestiário ainda?"

O treino havia terminado cedo, e ele sempre ficava mais tempo no escritório, para ter algumas idéias de táticas para o time. Resolveu correr o risco e adentrou no vestiário masculino.

Mas não esperava encontrar o que tinha lá. Draco estava com uma toalha enrolada na parte de baixo e a única coisa que cobria a parte de cima era as mãos da garota morena que ele estava beijando.

Sentiu um choque de repente, e não conseguia se mover nem nada. Mas não era nenhum feitiço, era ela mesma. Ficou ali, olhando a cena, e só voltou ao normal ao ver ele afastando a garota e olhando para porta.

Seus olhos se encontraram e ela sentiu uma onda de raiva misturada com mágoa e repugnância. Queria pular em cima da garota, esganar ela e o maldito loiro a sua frente. Não conseguia acreditar que ele fora capaz de fazer uma coisa dessas com ela. E ainda mais, com sua maior inimiga.

Christie Hunt e Katrina Mells eram Draco Malfoy e Harry Potter três vezes pior. Nesses ultimo ano, os dois não se bicavam tanto, mas as duas nunca foram com a cara uma da outra, e quando se encontravam sempre acabava rolando um pequeno "duelo" de bruxos.

Sentiu suas pernas se movimentarem e encarou uma última vez os olhos cinzas que tanto amava, lançando um olhar que mostrava toda a decepção que sentia, todo o ódio que corria por suas veias, e toda a tristeza que ele havia colocado no seu coração.

- Chris... – ele gritou ao ver ela saindo pela porta – por favor, eu...volta aqui...

- Eu odeio você – ela corria rápido, mas ele era muito mais rápido que ela e estava chegando perto.

- Por favor Chris, me escuta...não é o que você está pensando...

- Malfoy – ela se virou e lançou um olhar frio à ele – eu já vi o suficiente e sei entender o que vejo. Isso não tem explicação. Acabou. Volte para a Mells se é isso que você tanto quer. Agora – ela chegou mais perto dele, e olhou bem fundo nos seus olhos, fazendo com que ele caminhasse um pouco para trás pelo medo – nunca mais, grave minhas palavras, nunca mais – apontou o dedo para ele – dirija a palavra à mim.

- Mas... – ela havia começado a correr novamente, porém ele fora rápido o bastante e a segurou pelo braço. Naquele momento a chuva começou a cair muito forte – você precisa me ouvir, por favor Chris, eu te amo e preciso de...

- Não me ama coisa nenhuma, se amasse não teria feito...aquilo – ela lançou um ultimo olhar à ele e saiu correndo, deixando de ser seguida por ele.

Fim Flashback

- Foi isso que aconteceu naquela noite... – Zoe agora segurava estava abraçada na amiga, que não conseguia conter as lágrimas.

- Tem algo de errado nisso, eu sinto. Você não deixou ele se...

- Explicar? – ela se soltou bruscamente dos braços da amiga – você acha que tem alguma explicação razoável para o que ele fez? – ela estava fria – você está defendendo aquele canalha?

- Não é isso Chris, mas não passou na sua cabeça que a Mells pode ter...digamos...armado aquele beijo?

- Como assim? – pelo jeito ela não havia pensado nisso, pensou Zoe. Chris voltou a sentar na cama e olhou intrigada para a amiga.

- Engraçado você ter entrado lá naquela hora e ter pego eles se beijando, sendo que sempre você vai atrás dele, e ainda por cima... – ela se levantou com a mão no queixo com olhar de quem estava pensando direito no que ia dizer – com a Mells...

- Não é estranho, ele queria ela e teve...mas para ter ela, perdeu a mim...

- Não Chris, ela armou tudo. Eu sempre achei que ela tinha uma paixão pelo Draco, sempre atrás dele fazendo de tudo para chamar atenção...

- A gente sempre se odiou...

- Isso mesmo, e depois que ela soube que vocês estavam juntos, ela começou a te provocar muito mais e a te odiar muito mais...

- Ela tentou me envenenar aquela vez na aula de poções – disse Chris pela primeira vez considerando a idéia – mas mesmo assim – balançou a cabeça tentando esquecer aquilo – ele poderia sei lá...ter afastado ela...

- E não foi isso que ele fez?

- Depois que me viu...

- Tem certeza?

- Sim, Zoe – Chris se levantou, pegou sua capa e jogou em cima de si – tenho que ir, já está tarde e você conhece a Clarisse...

- E como... – sorriu para a amiga, enquanto esta se encaminhava para a porta – pense no que eu falei, e...

- Tente lembrar de algo mais?

- Isso – sorriu mais uma vez, abraçou a amiga fortemente e se despediu. Zoe ficou ali, olhando para onde a amiga estava há alguns segundos, e teve vontade de ir até onde Mells estavam para acabar com a guria, lançar um Crucio nela, para vê-la sofrendo. Sorriu ao imaginar tal cena e ficou olhando para a noite brilhante.

A chuva castigava seu corpo e lavava sua alma como se fossem asas de anjos que a deixavam em paz consigo mesma. Ela dava passadas rápidas tentando alcançar os portões de aço que circulavam em volta de uma belíssima mansão. Era em cores verdes e pratas que a lembravam de várias coisas que queria esquecer no momento. Chegou ensopada e levou uma das mãos ao bolso. Tateava a procura de sua varinha e já estava ficando nervosa ao perceber que esta não estava ali.

- Droga... – disse furiosamente levando agora as duas mãos aos dois bolsos e sentindo o coração falhar. Nunca saia sem ela, e nesses anos todos nunca a tinha "perdido". Sorriu ao colocar a mão no bolso interno do casaco e sentir em suas mãos um pedaço de madeira. – Merlin... – disse soltando o ar que havia segurado já havia algum tempo. Murmurou algumas palavras para quebrar os feitiços que rodeavam a casa e assistiu o portão se abrir a sua frente.

- Pequena – ela olhou para o mordomo que segurava a porta para que ela entrasse – o que aconteceu? Estávamos preocupados.

- Jerry - disse sorrindo – eu fui ver a Zoe. Avisei Clarisse antes de sair de casa – ela disse amargamente ao se lembrar da mulher que tinha como mãe – mas pelo jeito...ela esqueceu. – Jerry se assustou com o modo frio que a menina a sua frente usava ao falar em sua mãe. – falando nisso, onde ela esta?

- No escritório, com seu pai. Pediu que você passasse por lá antes de ir se deitar...

- Então já jantaram? – ela percebeu que Jerry havia ficado sem resposta e sem jeito. Não podia descontar sua raiva na pessoa que a tratava como uma princesa e que a conhecia desde pequena.

Já estava acostumada com isso. Sua mãe sempre aprontava dessas, pelo único motivo de não ser a filha que ela queria. Não tinha culpa de não ser perfeita como sua mãe sempre desejou. Christie era linda, tinha olhos verdes e cabelos castanhos com algumas luzes loiras naturais. Todos achavam que ela havia feito uma técnica trouxa que mudava a cor dos cabelos, mas eles eram assim. Não era magra, mas tinha um corpo escultural. Suas pernas eram grossas e bem torneadas e sua cintura delgada dava um caimento maravilhoso. Seus seios eram fartos e delineados por seus decotes "originais".

Mesmo sendo linda, ela pensava o contrário. Tinha dezesseis anos e o único namorado era um certo loiro da sonserina. Haviam terminado há mais de um mês, desde sua partida de Hogwarts. Balançou a cabeça tentando afastar tais pensamentos, pois com eles vinham lembranças boas, mas também uma última lembrança que ela nunca esqueceria.

Agradeceu a Jerry pelo carinho e pediu que levasse uma sopa de ervilha em seu quarto dali meia hora. Subiu as escadas e passou pela porta do quarto de seu irmão. Pensou em bater, mas pela hora deduziu que ele estivesse dormindo.

Continuou andando e virou no corredor da frente. Sempre admirou a casa, era linda tanto por dentro como por fora. Adorava ficar vagando e olhando cuidadosamente para os quadros que estavam por toda casa. Virou mais um corredor e encontrou sua avó andando em sua direção.

- Minha querida, o que aconteceu? – perguntou ela preocupada para a neta que se encontrava toda ensopada.

- Nada vovó...foi só uma chuvinha... – respondeu com um sorriso enorme e recebeu outro em resposta.

- Melhor se trocar e tomar um bom banho, não quero te ver doente.

- Obrigada vovó, só vou dar uma palavrinha com Clarisse e meu pai – disse olhando para a porta que estava atrás de sua avó.

- Não a chame assim, minha pequena, ela é sua...

- Mãe...eu sei – olhou para a avó tristemente e abaixou a cabeça com lágrimas brotando dos olhos, mas as segurou – mas ela não age como tal, então não preciso agir como uma filha. – sua avó olhou arregalada para a reação da neta. Sabia que ela sentia falta de uma mãe de verdade, mas não achava que todo o sofrimento que passou por não ter uma lhe tornasse tão fria – eu tenho que ir vovó, boa noite. – disse dando um beijo e um abraço em sua avó.

Virou-se para a porta, estufou o peito e soltou o ar com força. Sabia o que ia enfrentar ao adentrar o escritório, e sabia que isto ia acabar com sua noite. Seu pai sempre a mimou, sempre dando tudo o que ela queria e lhe dando carinho em dobro. Mas isso não substituía a falta que lhe fazia uma mãe de verdade. Uma mãe que lhe fizesse dormir contando contos de fadas e outras historinhas, que lhe cobrisse de noite, que lhe desse um beijo de boa noite para que ela dormisse com os anjos, ou mesmo que dormisse com ela quando sentisse medo.

Bateu na porta fazendo um barulho estridente. Ouviu passos do outro lado e logo a porta se abriu revelando seu pai com os olhos esverdeados a olhando.

- Pequena, onde você foi? – lhe abraçou fortemente demonstrando toda sua preocupação e satisfação de ver que sua única filha estava bem.

- Fui ver a Zoe papai – soltou o forte abraço do pai e entrou.

O lugar era decorado das mesmas cores que a mansão, e ela sabia perfeitamente o porquê. Sua família inteira pertencia a sonserina e todos zelavam pelas cores verdes e pratas.

Havia cortinas verdes de modelo antigo caindo sobre as janelas com alguns enfeites em prata. Uma mesa no canto esquerdo com vários papéis soltos e com um único porta-retrato: ela e seu pai há alguns anos atrás, brincando na praia. Uma lareira acesa iluminava o ambiente. Vários quadros pendurados olhavam de olhos arregalados, esperando a cena começar.

Em um canto tinha uma cadeira de couro preta, onde estava sentada uma mulher loira e de olhos castanhos. Não era linda, mas tinha uma beleza anormal. Segurava uma taça que continha um liquido vermelho sangue, com certeza vinho. Olhou para a filha, e por um momento teve vontade de levantar correndo e abraça-la, mas sentindo repulsa por si mesma se manteu fria.

- A pequena resolveu aparecer – levou a taça à boca e tomou um longo gole olhando para a filha que estava parada.

- O que você queria Clarisse? – lançou seu pior olhar para a mulher a sua frente e sentiu uma tremenda raiva ao perceber que nunca conseguiria ser tão fria quanto ela, mesmo que tentasse – que eu desaparecesse?

- Isso não é hora para briguinhas tolas – interveio Jack ao ver o que aconteceria – temos um assunto sério para ser tratado aqui – sentou-se atrás de sua mesa e indicou a cadeira à frente para a filha – você tem um dever – começou ao ver sua pequena sentada confortavelmente.

- Dever? – respondeu, sendo pela primeira vez arrogante perante o pai – eu tenho isso desde que tinha um mês de vida dentro da barriga dela – olhou para Clarisse – não tenho culpa de não querer ser o que vocês querem me obrigar a ser.

- Você será e ponto final – se intrometeu sua mãe – todos os membros de nossa família foram e não vai ser a partir de você que isso vai mudar – disse seriamente mostrando os quadros dos ancestrais da família que os olhavam – ela já esta convencendo o irmão de que não deve nos obedecer – levou a taça à boca e se levantou rapidamente assustando o marido e a filha com seu ato inesperado – você é um desastre, não sei como pode ter nascido de mim – com isso largou a taça vazia em cima da mesa e saiu batendo a porta.

- Não ligue para o que sua mãe disse – seu pai falou docemente levantando-se e indo até a filha – você é perfeita, a filha que eu sempre quis – Chris não conseguiu conter mais as lágrimas e deixou que elas caíssem livremente pelo seu rosto – eu te amo minha filha e ela também, mas é muito orgulhosa, foi criada assim e não vai mudar até que alguma coisa de ruim aconteça – disse enxugando algumas lágrimas do rosto delicado da filha.

- Eu não quero ser papai, eu não...posso. O senhor não percebe? – disse fungando – não vou servir a ele.

- Mas minha pequena, um bom motivo você deve ter, me conte - seu pai se ajoelhou na sua frente e segurou suas mãos entrelaçadas com as suas.

- Eu...não posso – ela disse abaixando a cabeça para não olhar para o pai e ver decepção nos seus olhos enquanto seu coração de despedaçava dentro de si por não poder dizer que razão.

- Mas porque? – ele disse se exaltando – será possível Christie – ela sentiu um aperto no peito ao ouvir seu nome ser pronunciado assim, ele sempre a chamava de pequena, e quando chamava pelo nome significava decepção.

- Pai respeite-me – ela disse friamente se levantando e indo a porta – eu tenho meus motivos e entenda de uma vez por todas – abriu a porta e estava quase saindo, quando olhou com ar decidido para ele – não serei uma comensal.

Bateu a porta, mais forte que sua mãe e passou correndo pelo corredor. Parou em frente ao seu quarto e abriu a porta. Seu quarto era decorado na sua cor predileta: preto. Sua cama ficava no meio do aposento, e era de marfim. Tinha uma colcha preta, e com travesseiros da mesma cor.

Havia uma porta a direita que dava entrada ao closet. E logo mais, um banheiro. Ela olhou para a mesinha do lado esquerdo e percebeu que ali estava uma bandeja com sua sopa. Mas já havia perdido a fome e foi direto tomar um banho.

Ligou a água quente e esperou o banheiro ficar submerso numa névoa para tirar a roupa. Entrou e sentiu a água limpar sua pele, e deixou que lágrimas rolassem novamente por seu rosto delicado.

Como queria não pertencer a essa família. Não ter que ser descendente de comensais e sonserinos. Porém, ela era a única exceção da família: não seria comensal.

Lavou os cabelos, e saiu do banho. Com um toque de varinha seus cabelos estavam secos, lisos e brilhantes. Vestiu uma camisola de seda preta e foi se deitar. Não poderia contar seus motivos para seu pai, pois estaria traindo a confiança de sua melhor amiga, e preferia morrer a isso.

Pensou no ex-namorado e sentiu um aperto no peito. Como queria estar nos braços dele naquele momento, e queria ter certeza do que sua amiga dissera. Que haviam aprontado para cima deles, mas não conseguia acreditar nisso, tinha muita magoa dele ainda. E pela quarta vez no dia deixou que mais lágrimas lavassem seu rosto.

Here Without You

(Aqui sem você)

A hundred days have made me older

(Cem anos me fizeram mais velho)

Since the last time that I saw your pretty face

(Desde a última vez que vi seu lindo rosto)

A thousand lies have made me colder

(Milhares de mentiras me fizeram mais frio)

And I don't think I can loonk at this the same

(E eu não sei se eu posso ver isso da mesma maneira)

But all the miles that separate

(Mas todos os quilômetros que nos separam)

They disappear now when I'm dreaming of your face

(Desaparecem quando eu sonho com seu rosto)

Chorus (Refrão)

I'm here without you baby

(Eu estou aqui sem você, baby)

But you still on my lonely mind

(Mas você permanece em minha mente solitária)

I think about you baby

(Eu penso em você, baby)

And I dream about you all the time

(E eu sonho com você o tempo todo)

I'm here without you baby

(Eu estou aqui sem você, baby)

But you still with me in my dreams

(Mas você permanece comigo em meus sonhos)

And tonight, it's only you and me

(E a noite, somos só eu e você)

The miles just keep rolling

(Os quilômetros simplesmente continuam a correr)

As the people leave their way to say hello

(Como as pessoas que deixaram seus caminhos para dizer olá)

I've heard this life is overrated

(Eu ouvi que essa vida é supervalorizada)

But I hope that this gets better as we go

(Mas eu espero que ela continue bem enquanto nós caminhamos)

Chorus

Everything I now,

(Tudo que eu sei,)

And anywere I go,

(E em qualquer lugar que eu vá,)

It gets hard, but I won't take away my love

(É difícil, mas isso não vai acabar com meu amor)

And when the last one falls,

(E quando o último cair,)

When it's all said done,

(Quando tudo estiver dito e feito,)

It gets hard, but I won't take away my love

(É difícil, mas isso não vai acabar com meu amor)

Chorus

Já eram quase meia noite, e Zoe não conseguia dormir. Debaixo das duas cobertas, olhando a janela na esperança de achar uma resposta para o que tinha acontecido para Draco trair Chris. Por um instante, lembrou de tudo que Chris passava com sua família. Rejeitada pela mãe, de certa parte sozinha. Bem, nunca fora diferente com ela. Ela não gostava de pensar em seu passado. Ninguém sabia dele, a não ser Chris e sua própria família, que nunca deixou vazar por orgulho. Chris era realmente muito corajosa em contrariar seus pais, não querendo ser comensal. Zoe sempre admirou a coragem de Chris, sempre achou de Chris deveria ser da Grifinória ou da Lufa-Lufa.

Draco sempre fora seu amigo, digamos até que de infância, conversavam desde o primeiro ano dos dois em Hogwarts. Ele realmente estava meio abobado por estar namorando Chris. No fundo, no fundo, sempre achou Draco uma pessoa sensível, que precisava de cuidados. Chris dera a ela coisas que ele jamais imaginou ter e sentir, amor de verdade, que ficava claro em seus olhos azuis cada vez que mencionava seu nome ou alguma lembraça que tiveram juntos. Ele não podia ter traído Chris de propósito. Tinha dedo da Mells nesse caso, e ela iria descobrir.

Conquanto, iria mandar uma coruja para Draco no dia seguinte, para responder sua anterior, contar como estavam sendo as férias. Inclusive, ele havia mencionado sobre Chris na última carta, mas fora alguma coisa realmente muito superficial. No dia seguinte, levaria algumas folhas de pergaminho, tinteiro e pena para a casa de Chris e leriam e escreveriam a carta de Draco. Pretendia passar a tarde na casa dela, talvez dormir.

Com toda essa tempestade de pensamentos em sua cabeça, adormeceu, encolhida em baixo das cobertas abraçando o travesseiro, imaginando um outro alguém...

- Chris... Chris... – sussurrava Jerry, tocando os cabelos da menina.

- Hum? – disse, abrindo os olhos devagar, e bocejando ao mesmo tempo em que falava.

- Vamos acordar, pequena? Já está tarde.

- Está bem... daqui a uns quinze minutos estou lá em baixo... Clarisse e papai já tomaram café da manhã? – ela já não esperava que estivessem na sala de jantar a esperando, perguntou por perguntar.

- Não, não tomaram. Estão te esperando.

De um estado de quase desacordada, sentou-se na cama de um pulo.

- Quê? Eles estão me esperando?

- Sim. – disse Jerry, com simplicidade e naturalidade, se retirando do quarto de Chris – espero você na sala de jantar. – disse, sorrindo amigavelmente.

- Uhum.

Levantou-se e foi para o banheiro. Ligou as torneiras para encher a banheira, e olhou-se no espelho. Ligou a torneira da pia, lavou o rosto e escovou os dentes. Se despiu e não levou mais de 10 minutos tomando banho e lavando os cabelos. Tocou com a varinha neles e eles se tornaram secos e brilhantes. Pegou a primeira roupa que viu ao abrir o guarda roupa e pôs.

Desceu para a sala de jantar, com as mãos nos bolsos dianteiros das jeans que usava. Chegou lá e os pais estavam de mãos cruzadas em cima da mesa. Sua mãe, como sempre, com expressão fria. Sentou-se do seu lado da mesa anormalmente grande. Tudo já estava servido, e ela abaixou a cabeça e começou a comer.

- Pequena... por favor, explique-nos o porquê de não querer seguir...

- Pai, já disse para respeitar minha decisão. Não serei comensal. – ela ergueu a colher com a mão esquerda, enquanto pegava uma metade de um mamão que estava em seu prato. – Precisa de mais motivos, além do "eu não quero"? – disse irônica comendo.

- Engraçado – dessa vez quem falava era Clarisse – quando pequena dizia que queria ser igualzinha ao pai. Mas se tornou tão diferente, que as vezes chega a me assustar.

- E é tão bom saber que de você não tenho nada – olhou para a casca do mamão a sua frente e largou a colher ao lado do prato – porque se tivesse – levantou os olhos para Clarisse e sorriu venenosa – estaria perdida no mundo. Se me dão licença – empurrou a cadeira e olhou para Jerry que estava parado na porta – tenho mais o que fazer do que ficar aqui te ouvindo.

Saiu batendo os pés fortemente. Estava com raiva. Dentro de uma semana voltaria a Hogwarts, veria seus amigos, veria os professores, estudaria... e veria Draco. Custava a acreditar nas suspeitas de Zoe. Entretanto, Mells sempre foi invejosa. Estava indo para o quarto, pegar um casaco e ir para casa de Zoe. Precisava espairecer. Abriu o closet e pegou o primeiro casaco que viu, um de veludo preto com zíper. Fechou o closet e se virou para a porta, quando viu Zoe com uma mala parada em frente à ela.

- Aaaaaaaaah! – gritou Chris, batendo no parapeito da porta do closet e caindo sentada no chão. Zoe ficou parada olhando para a amiga. - Poxa, Zoe! Já falei pra não me assustar assim! – reclamou, pegando a mão estendida da amiga e pondo-se de pé.

- Não quis assustar você. Anda, pára de frescura. Trouxe um presentinho para você. – Abriu a mala e tirou um pergaminho dobrado em forma de carta, dando na mão da amiga escrito "Zoe Vakhitov". Olhou estranhamente desconfiada para a amiga e abriu o pergaminho.

"Zoe,

Espero que você esteja sozinha quando ler esta carta, porque mesmo sendo a respeito de outra pessoa (você sabe muito bem quem), prefiro que ela não saiba dessas palavras.

Nessa altura das férias, creio eu que ela já lhe contou o motivo do termino de nosso namoro. Mas peço que você me escute antes de me julgar um canalha, como ela me julga.

Sei que o que a Hunt presenciou não tem muita explicação. Afinal, foi um beijo. É difícil de perdoar, eu sei. Se fosse eu no lugar dela, também não teria ouvido uma explicação.

Eu tenho um pouco de culpa por ter deixado a vaca da Mells se aproximar de mim, sabendo que a qualquer momento Hunt entraria lá. Mas tenha certeza de uma coisa, em nenhum momento passou por minha cabeça a idéia de trai-la. Você, mais do que ninguém, sabe o quanto eu a amo, porque iria querer magoa-la?

Vou te confessar uma coisa, nunca pensei que algum dia sentiria saudades de uma pessoa como sinto dela. Saudades do perfume que ela exalava, de sentir a pele macia dela, de sentir o gosto da boca dela. Eu fico arrepiado só de lembrar, mas sei que por enquanto ela não quer me ver nem pintado de ouro.

Não sei se é porque nunca gostei muito da Mells, mas tenho quase certeza de uma coisa: ela jogou sujo. Sabia que Chris ia entrar lá naquele horário, e armou pra cima da gente, mas a Chris não deixou eu explicar-me. Nem sequer me escutou. E é isso que me deixa muito magoado. Ela ter caído nessa armadilha. Se ela acreditasse no meu sentimento, saberia que nunca eu faria aquilo por vontade própria.

Bom, mudando um pouco de assunto. Eu estou viajando com minha mãe, estamos na Grécia. Você deve saber que meu pai mais uma vez conseguiu fugir de Azkaban certo? Sabe, chego a ter vergonha da família que pertenço.

Devido há alguns problemas, não vou retornar a Hogwarts dia 1º de setembro. Vou demorar mais algumas semanas, talvez um mês. Enquanto isso, cuide de Chris para mim está bem? Tenho medo de chegar e vê-la com outro.

Mas chega de falar em mim.

E você Zoe, como está?

Fiquei sabendo que esteve um pouco doente esses dias. Ia te visitar, mas imaginei que ela estaria aí nos dias que eu estaria em casa, e logo depois tive de viajar rapidamente. Espero que você já esteja melhor.

Espero uma resposta sua rápido.

Draco Malfoy."

Chris estava estática olhando para o pergaminho que segurava entre seus pequenos dedos. Quando leu seu sobrenome praticamente cuspido daquela forma, sentiu um arrepio tomar conta de si e um frio na barriga lhe dizer que estava magoada.

Em todo tempo que se conheciam, ela nunca ouvira seu sobrenome sair da boca daquele maldito loiro que ela tanto amava.

"Prefere que eu não saiba dessas palavras? Ah, me poupe, se escreveu sabia que Zoe me mostraria. Bosta."

Começou a tremer ao ler os detalhes sobre as saudades que sentia dela. Lágrimas formaram-se em seus olhos e em várias ocasiões ameaçaram cair pelo rosto que tentava esconder amor, carinho e ressentimento. Mas se segurou, era forte e havia prometido na noite anterior que não choraria mais por ele.

- Ele...ele tem certeza de que foi armação? – resmungou ao meio de lágrimas que se formavam novamente em seus olhos. Olhou para a amiga enquanto se sentava na cama e sentia o peso dela ao seu lado – se ele soubesse que era armação, não teria correspondido ao beijo.

- Chris, termine de ler antes de falar alguma coisa... – Zoe disse perto do ouvido da amiga enquanto a abraçava de lado. Percebeu que a carta estava fazendo o efeito que queria. A amiga ia perceber que precisava de uma explicação e eles iam reatar.

Chris leu a carta inteira e ficou vagando seu olhar pelo pergaminho que estava reto pela força que ela exercia sobre o papel. Sentiu uma raiva invadir sua mente e sua alma, mas era uma raiva por si mesma. De ter feito papel de tola, de ter caído na armadilha que armaram para separar duas pessoas que se amavam.

Queria esganar, estrangular, torturar, matar e fazer a vagabunda da Mells pagar pelo que fez. Sentia repulsa pela garota desde o primeiro instante que os olhos se cruzaram. E agora, tinha um sentimento tão grande de ódio por ela, que estava com medo de suas próprias atitudes malucas.

Se levantou bruscamente, assustando Zoe com o movimento repentino. Dobrou cuidadosamente a carta olhando seu reflexo no espelho. Zoe chegou a sentir medo daqueles olhos. Havia uma quantidade enorme de ódio dentro deles e ela sabia por quem buscavam: Katrina Mells. Ficou com receio do que a amiga era capaz de fazer se visse a guria em sua frente, mas esse momento passou rápido ao se dar conta de que também sentia ódio dela.

- O que você vai fazer Chris? – levantou e apoiou as mãos sobre os ombros da amiga. Seus olhos se cruzaram no espelho.

- Vou fazer Mells pagar caro por tudo o que fez – enquanto falava estralava os dedos com raiva – ela vai sofrer tanto em minhas mãos, que vai pedir por um avada...vai suplicar para que eu a mate... e quando ela isso acontecer – virou-se para Zoe – não vou realizar seu maior desejo...

- Sabe, você daria uma excelente comensal – comentou entre risos e abraçou a amiga.

- Não brinque com isso. Bom, vou ter de esperar para conversar com Malfoy né. – deslizou uma das mãos pelo cabelo molhado de Zoe e se deu conta do quanto fora egoísta com a amiga. – mas chega de falar nisso, depois escrevemos a carta. Quero saber o que você vai fazer em relação ao Potter...

- Ah... – resmungou revirando os olhos e indo em direção a porta do banheiro – preciso usar o banheiro... – fechou a porta com força e deixou Chris séria em frente ao espelho encarando a porta de madeira.

- Não adianta você fugir de mim – pegou o malão da amiga e começou a arrumar as roupas dentro de um armário. Zoe ficaria ali durante a semana, iriam juntas para a estação pegar a famosa locomotiva vermelha que as levaria para Hogwarts.

- Eu, fugindo? – Zoe havia saído do banheiro e olhava incrédula para Chris – impressão sua. Bom, vamos escrever a carta então?

- Vamos – olhou indignada mas não disse nada. Se ela queria assim, então tudo bem. Mas depois arrancaria dela de qualquer jeito.

As duas se debruçaram sobre a cama e ficaram lá o resto da manhã tentando escrever uma carta descente. Chris não queria que Malfoy percebesse que ela estava ajudando na carta, mas queria sempre dizer coisas que só ela e ele entendiam, o que deixava Zoe irritada.

Elas só pararam de escrever para almoçar, o que se sucedeu no quarto mesmo. Jerry havia trazido uma bandeja com dois pratos cheios de comidas deliciosas que as duas gostavam. Logo depois de se deliciarem, voltaram a carta.

Risada daqui, risada de lá, elas conseguiram terminar a carta. Chirs olhou no relógio e se assustou ao ver que já era oito horas da noite. Segurou a carta entre seus pequenos dedos e correu os olhos por ela, sorrindo ao constatar que estava totalmente perfeita.

- Perfeita – devolveu para Zoe e rolou na cama.

N/A:

Nossa...

Saiu hauhauhau...

Demorou, mas a gente postou neh Ray?

Demorou sim, foi uma confusão só...

Não liguem, ela não é de falar muito... rezando p/ q ela não fique MUITO brava com o comentário...

É, não vou ficar brava, não, pode deixar... eu sei que é verdade uu

Bom, nossa primeira fic juntas o/

Espero q vcs gostem... nesse 1º capítulo não teve muito suspense, mas logo logo começa ok...

E oq nós queremos Ray? Se não... não tem 2º capítulo... queremos muitooossss... ?

Muitos o que?

Como assim... muitos o que? Rayy... pensaaa hehehe...oq nos motivará a postar novos capítulos? fazendo sinal com a mão e resmungando baixinho "REVIEWS...REVIEWS..."

Reviews?

É! Reviews '

Isso aí…

Queremos muitos reviews…!

Bom, próximo capítulo semana q vem... hehe...

Espero q vcs gostem da nossa fic...

Beijos da Pulgaa!

É, espero que gostem abraços...