O MISTÉRIO DAS CHAVES GELADAS

Fic by AnnaPadfoot

-Prólogo

Era um final de entardecer.Uma pequena garotinha esperava ansiosamente a chegada de sua mãe,sentada no chão de uma tapera.

A tapera se localizava na cidade de Saint Eagle,um lugar pobre e infestado de cabarés,talvez mais cabarés do que Tortuga.As pessoas que moravam em Saint Eagle ou eram incansavelmente ruins,da pior espécie possível;ou então eram miseráveis.

Mas voltemos à garotinha.Era uma criança simples,metida em farrapos,mas incansavelmente bela.Seus olhos eram amendoados e profundos,a pele pálida por evitar o forte sol do Caribe,os cabelos compridos e alourados,arrastando pelo chão,enquanto ela pacientemente esperava a mãe.

Quem visse o desespero e o desleixo em que aquela menininha se encontrava com certeza pensaria que a mãe era uma irresponsável,mas só ela sabia o quanto a mãe a amava,e o quão era recíproco esse sentimento.Porém,a pequena criança de apenas 6 anos tinha rugas de preocupação em seu rostinho delicado.

Sua mãe era caçadora de recompensas.Quem não conhecesse direito o quanto dura essa profissão,diria que as duas poderiam estar em condições melhores,mas na pequena Saint Eagle eram poucas pessoas que procuravam uma caçadora de recompensas,pois os roubos eram tão freqüentes quanto as chuvas,e os assassinatos haviam se tornado apenas coisas corriqueiras do dia-a-dia daquelas pessoas.Mas a pequena Ann—sim,este era o nome dela—tinha razão de estar preocupada desta vez,afinal,já iriam fazer dois dias em que a mãe estivera fora,e o pão e a água logo acabariam.

No instante em que se passou,ela pôde ouvir um estrondo de algo se chocando contra as latas nos fundos da casa,e então correu para ver o que estava acontecendo.

Naquele momento,a pequena Ann não sabia que sua vida mudaria completamente.Nos fundos da casa,sua mãe lutava com um homem grande e forte,apesar da avançada idade aparente,e apresentava uma série de ferimentos graves.A menina foi correndo ao encontro da mãe,mas no caminho tropeçou nos cabelos,e deu de cara com o chão.

—Ann,entre agora!Não saia! —a mãe gritou,mas no momento em que ela se voltou para a luta,recebeu um golpe de espada em cheio no estômago,que fez com que jatos de sangue escorressem pela sua boca,e ela, cambaleante,caísse no chão.

—Mãe!! —Ann correra ao encontro da mulher,que se encontrava deitada no chão,em seu último suspiro de vida.

—Querida... —ela dizia,reunindo todo o ar de seus pulmões—procure sua tia Roxanne,no Alto Mar...peça à ela que cuide de você...

—Mãe,você não pode morrer...—a menininha chorava convulsivamente,enquanto os bracinhos magros tremiam.

—Querida...eu...te amo...minha garotinha.

E suas últimas falas foram essas,antes que a mulher mergulhasse num sono profundo,em que ela nunca mais voltaria.

O velhaco que matara sua mãe estava de pé,ao lado do cadáver,sorrindo triunfante.Até se lembrar que a criança estava ali e poderia fazer um a mão esquerda,agarrou o pescoço da menina e a ergueu,até que ela desmaiasse.

Minutos depois,abandonou a tapera suja.


Seis anos depois...

—Muito bem,garotas!Eu tenho uma notícia muito importante para dar! —uma mocinha de 16 anos agitava as mãos freneticamente enquanto o barulho e o movimento corriqueiro do quarto de cabaré não cessava.

Instantes depois,todas as jovens que estavam no recinto silenciaram-se para ouvir a boa nova.

—As primeiras regras da Ann chegaram! —a mocinha dizia animada,enquanto puxava uma garota loira de 12 anos trajando um vestido manchado.

—AAAAAAH! —As outras jovens gritavam enlouquecidamente,comemorando a notícia.

—Mary,qual é a graça de ter sangue escorrendo de minha genitália? —Ann questionava,indignada.

—Que agora você já é uma mulher,Ann!Já pode usar anáguas e espartilhos brilhantes!Já pode ter filhas!

Ann mostrava uma cara confusa à Marília.Ela não queria ter filhos,seu sonho era conhecer um pirata e sair navegando para longe de Saint Eagle!Mas antes que ela pudesse explicar isso para a garota,a porta do quarto se abriu com um estrondo,revelando a pessoa que ela mais odiava:sua tia Roxanne.

—Ouvi dizer que alguém já é mulher... —ela começou,andando devagar entre as jovens.

No geral,Ann não gostava da tia.Era só mais uma prostituta,apesar de a ter acolhido quando ela a procurara.Talvez Ann que fosse uma ingrata.Roxanne era uma velha,coberta de jóias e maquiagem,e era dona do Alto Mar,o cabaré mais famoso da cidade,e o mesmo em que ela se encontrava agora. Seus olhos se encontraram com o vestido branco de Ann,que estava completamente manchado.

—Nossa,que maravilha!Agora você já pode trabalhar,querida! —a voz soou,com falsidade. —Ótimo.Vou inserir você no catálogo.Garotas,tem uma fila de clientes esperando lá embaixo!

As jovens foram se movimento depressa para atender os clientes,e enquanto uma amontoado de mulheres se formava na porta,Marília se aproximou mais de Roxanne e disse indignada:

—Roxanne,você não pode fazer isso!Ela só tem 12 anos!Ainda é uma menina!

A velha coberta de rouge e diamantes se voltou para a moça,com uma das sobrancelhas erguidas,numa expressão curiosa.

—Não só posso,como vou!Quem você pensa que é,sua garotinha impertinente?!Acha que eu vou ficar dando uma vida coberta de glamour de graça para alguém que acaba de se tornar mulher?

Dito isso,a velha começou a vestir Ann com um vestido vermelho aberto na frente,cheio de babados no interior.

—Roxanne,eu não admito que você faça isso!

—É mesmo?E quem vai sustentar a menina então?

—Eu sustento. —Marília disse de forma tão inesperada,que acabou assustando Roxanne,fazendo com que a mesma apertasse demais um espartilho preto em Ann.

—Ugh! —a garota resmungou,sentindo o ar abandonar seus pulmões,de súbito.

—Isso mesmo. —Marília continuou—Trabalharei em dobro,por mim e pela Ann.É isso,ou você vai perder uma funcionária.

Ela pôde perceber que os olhos de Roxanne se arregalaram só de pensar em perder dinheiro para gastar com suas futilidades.O jogo estava ganho.

—Certo,mas se você não trabalhar realmente em dobro,vai ter que se ver comigo.

E dito isso,a velhota saiu do quarto,deixando Marília e Ann sozinhas.

—Mary,não precisava ter feito isso,eu ia me virar...

—Ann,você pirou?!Como você ia se virar?!

—Sei lá,eu podia embebedar os homens!

—Ann,você ainda é muito ingênua...um dia a vida vai cobrar isso de você.Espero que esteja preparada até lá. —ela suspirou—Tenho que atender os clientes.Até mais,garota.

Minutos depois,a garota loira colocou seus sapatos,e rumou para a praia,seu lugar favorito em toda a cidade.


Ela já estava andando pela praia há tempos.Devia estar do lado mais abandonado de Saint Eagle.Por que Marília fizera aquilo?Está bem,desde pequena a moça havia simpatizado com Ann,mas isso não era motivo para fazer o que fez.

Ann gostava muito de Marília.A jovem fora a mãe que ela perdeu,e que Roxanne nunca foi,apesar de fisicamente,as duas serem muito distintas:Marília tinha os cabelos quase negros e curtos,o olhar leviano e compreensivo por trás do azulado,contrastando totalmente com a loirice,vontade e hipnotismo de Ann.

A garota estava tão compenetrada em seus pensamentos,que não reparou que havia um navio aportado num canto distante da praia,e que ela estava subindo pela rampa dele.

Também não reparou que o navio era pirata,e que seu capitão estava no timão,preparando-se para ataca-la.

Até que ela ouviu com um baque,o pirata golpeando erroneamente uma das vigas de madeira do barco.

—Ahhh! —ela gritou,e correu para a ponta do navio,mas no meio do caminho não viu que uma parte do mastro estava na frente,dando um encontrão no mesmo e caindo esparramada no chão.

Com um ruído ensurdecedor,o mastro se moveu para trás,golpeando com força o capitão,que morreu na hora.

Aimeudeus!Aimeudeus,aimeudeus,aimeudeus! —Ann gritava desesperada enquanto rodeava o cadáver. —O que eu vou fazer agora?Eu matei um pirata!

—Quem é você?

Ann se virou.Um dos marujos estava no navio!E apontando uma espada para sua garganta.

—Eu..eu... —ela começou,mas a voz saiu num fiapo quando viu que mais piratas surgiam dos cantos mais inóspitos do navio.

—Olhem! —um deles apontou para o cadáver do capitão estirado no chão—Ela matou o capitão!

Rapidamente,os homens fecharam a garota num cerco.Ann sabia que a matariam também.

—Esperem! —O rapaz que a abordara primeiro falou.Ele era loiro,e tinha os olhos verdes e misteriosos.E era incrivelmente forte,Ann pôde notar pelo abdômen moreno. —Ela é Ann Whisper,da família de Roxanne e Mackenzie Whisper!E o código é bem claro.Ela matou o capitão,então o navio é dela.

Ela sentiu a tensão afrouxar,e caminhou até o rapaz loiro,que sussurrou para ela dar as ordens quando ele falasse.

Um dos piratas piratas contestou:

—Ela provavelmente é uma criança!Não podemos seguir esse tipo de comando!

—Não,ela não é.Vejam. —o loiro apontou para vestido dela,completamente manchado,fazendo com que a menina abaixasse a cabeça envergonhada.

Silêncio.Ele prosseguiu.

—Ela já é mulher.Vai lutar com espadas,saquear e beber rum como todos nós!

O comentário pareceu motivar os piratas,que nunca haviam visto uma mulher por este ângulo.

—Ela vai começar agora.Dê sua primeira ordem,capitã.

Ann olhou para os lados,transtornada.

—Tirem já este morto do navio.


Horas depois,no gabinete do capitão...

—Como sabia quem era eu? —Ann perguntou ao loiro,confusa.

—As Whispers são famosas por terem todas as mulheres de sua família como prostitutas.Sendo assim,quando nascem,recebem uma marca queimada à ferro quente,no pulso esquerdo.

Ela olhou para o pulso.Havia uma pequena gota,que ela sempre julgara ser um mancha de nascença.

—Você filha de Roxanne?

—Não,Mackenzie é minha mãe.E ela não era prostituta,era uma caçadora de recompensas!

—Pode até ser.Mas toda Whisper foi ou será uma vadia. —ele disse,encarando a garota.

—Eu não vou ser.Você vai ver.

—Uma capitã de navio pirata que se dá ao respeito?Desse jeito você não vai durar nem um dia! —ele disse descrente.

Silêncio.Ele prosseguiu:

—E como EU que salvei sua vida,e EU que terei de lhe ensinar á lutar e fazer coisas que os piratas fazem,tenho minhas exigências.Caso contrário,um monte de homens vão adorar se divertir com a senhorita.

—E quais seriam essas exigências? —ela perguntou,enraivecida.

—Calma,gracinha. —ele acariciou o rosto assustado de Ann—Primeiro:eu quero ser seu imediato;segundo:quero metade de todo o ouro e rum que você conseguir pegar e terceiro:quero dormir aqui no você,na mesma cama.

Ela abaixou a cabeça,frustrada.

—À propósito, —ele roubou um beijo curto,dos lábios da loira—meu nome é Lee.Lee Rogers.

E saiu do gabinete,afoito por se gabar em ser o imediato.

N/A:Oi,genteeeeem!Então essa é a minha mais nova fic,sobre piratas do caribe?O Prólogo ta compridão,mas é porquê nos próximos capítulos eu vou trabalhar mais com o futuro,vocês vão entender!deixem reviews falando o que acharam!