A MARCA NEGRA

Fazia uma noite quente e abafada de verão, naquele princípio de agosto. Severo Snape aparatou diante da mansão dos Malfoy, acompanhado de Igor Karkarof e Matthew Avery, seus companheiros desde Hogwarts.

Olhou, assombrado para o tamanho da casa: era enorme, mais parecendo um castelo do que propriamente uma residência.

- Agora a gente pode confirmar a teoria de que a Narcissa realmente está atrás da grana do Malfoy. Dá so uma olhada nessa casa.

- Avery, você quer calar a boca? - Snape reclamou, irritado.

- Severo, meu caro, quando você vai aprender a ter senso de humor? - Karkarof debochou, provocando o riso de Avery. Snape limitou-se a resmungar qualquer coisa. Naquele instante, a porta da frente da mansão se abriu, e um elfo doméstico correu para apanhar as capas dos rapazes. A criatura fazia muitas reverências para os convidados.

- O meu senhor mandou eu ser gentil com os amigos dele, meus senhores...Dobby vai obedecer...porque Dobby é obediente...os senhores querem comer, beber...

- Dobby!!!! - ouviram uma voz de mulher aproximar-se - Dobby, o Sr Malfoy está te chamando lá dentro.

- A senhora ainda não é senhora do Dobby. Dobby só obedece aos Malfoy.

Narcissa sacou a varinha, e a apontou na direção do elfo.

- Você vai me obedecer, seu cretino. Agora corra, antes que eu te estupore. E vocês três, como vão?

Narcissa guiou os rapazes pela mansão, agindo como se já fosse a dona da casa. Andava majestosamente, seus longos cabelos loiros balançando com a leve brisa que entrava. Lúcio Malfoy já os esperava, acompanhado de vários outros bruxos. O restante da turma da Sonserina já estavam presentes, incluindo Lestrange, sua namorada Christiane, Rosier e Wilkes.

- Pensei que vocês haviam recusado meu convite. - Malfoy cumprimentou os velhos companheiros, sorrindo. - Fizeram boa viagem? Querem beber alguma coisa? - Dobby!!!!

O elfo apareceu, correndo.

- O senhor chamou Dobby?

- Sirva o conhaque para os meus convidados. - Lúcio respondeu, com sua voz fria e arrastada.

- Só faltavam vocês para a festa ter início. Venham comigo.

Snape, Avery e Karkarof juntaram-se aos outros amigos, segurando os copos de conhaque. Narcissa circulava, íntima, pela sala da mansão, sempre bebendo. Ela e Christiane eram as duas únicas mulheres ali presentes. Lúcio a agarrou pela cintura, e lhe deu um longo beijo, tirando o copo de conhaque das mãos da noiva.

- Acho que já chega de beber, não meu amor? Por favor, sente-se, Narcissa. A festa já vai começar. - A garota riu-se, mas obedeceu Lúcio, e sentou-se numa poltrona.

- Meus caros amigos, eu os chamei essa noite, porque me foi confiada uma tarefa muito importante, a qual muito me honra, também. - Encarou os presentes, agora silenciosos. Em seguida, continuou:

- Pois bem. Vocês estariam dispostos a arriscar suas vidas pelo PODER?

Agora, começavam a entender. Snape estremeceu um pouco ao ouvir as últimas palavras de Malfoy.

- Um poder muito maior de que têm, agora. Porque Hogwarts foi apenas o início...há muito mais esperando por vocês...e teremos muito mais poder se finalmente conseguirmos limpar da Terra a escória, trouxas e sangue-ruins. - Lúcio esbravejou, os olhos brilhando de fanatismo. - Eu os trouxe aqui, meus caros amigos, porque Lord Voldemort precisa de sangue novo: pessoas que estejam dispostas a arriscar tudo, em busca de Poder. Eu lhes apresento, em pessoa, O Lord da Trevas.

Voldemort aparatou no meio da sala, encarando com escárnio para os jovens ali presentes. Divertia-se com o olhar assustado dos bruxos, uma mescla de medo e curiosidade.

- Lúcio, meu caro, não preciso realmente de tanta palhaçada. - Voldemort disse ríspido.

- Mas meu senhor...só achei...

- Ora, cale-se Malfoy. Deixe-me estudar os seus amigos.

Lúcio Malfoy fez uma reverência, e sentou-se ao lado de Narcissa.

- Pois bem, meus caros - Voldemort dirigiu-se para os convidados de Malfoy - acredito que o jovem Malfoy já disse tudo o que eu teria a lhes falar . Resta saber quantos de vocês terão a coragem de realmente me seguir. Malfoy, Crabbe, Goyle , mostrem para os nossos jovens amigos o que significa a lealdade ao Lord Voldemort.

Os três rapazes levantaram a manga esquerda de suas vestes, e mostraram uma horrível marca, uma espécie de tatuagem. Era um crânio, negro, com uma cobra saindo da boca.

- Sim, meus caros . A Marca Negra, o símbolo de Salazar Slytherin, o maior dos quatro de Hogwarts. É preciso coragem para usá-la e defendê-la. Não vou obrigá-los a usá-la, mas um dia irão sentir a minha fúria...agora, quem estiver disposto...

Fez uma pausa observando, divertido, a reação dos bruxos. Narcissa comentava alguma coisa com Lúcio, inaudível para os demais...

- Meu senhor, - Malfoy dirigiu-se a Voldemort - Já conversamos a respeito de Narcissa...ela está disposta a segui-lo, mas a marca...

- Sei, sei...- Voldemort respondeu, impaciente - A eterna vaidade feminina. Não farei a Marca Negra em sua noiva, Lúcio. Mas ela não será uma Comensal da Morte...de uma certa forma, mulheres não são cem por cento confiáveis...

- Mas eu quero a marca !! - todos se surpreenderam, ao ver Christiane levantar-se - Meu senhor, quero seguí-lo e provarei que sou confiável. Acredite em mim, quero ser uma Comensal da Morte.

- Qual o seu nome?

- Lewis. Christiane Lewis.

- Já ouvi falar de sua família. Longa linhagem de sangue puro...pois bem, jovem, aproxime-se.

Chrisitiane arregaçou a manga esquerda, e Voldemort tocou a ponta da varinha no braço da jovem. Sentiram cheiro de queimado, e a garota mordeu os lábios ao sentir a pele queimar. Durou apenas alguns segundos. Exibiu-a, para os amigos:

- Vão, façam logo. É o nosso destino, não entendem? Poder...não é isso que todos querem?

Fascinados com a ousadia de Chistiane, os rapazes aproximaram-se de Voldemort. Temiam o bruxo, mas ao mesmo tempo estavam excitados com a possibilidade de serem seus servos. Buscar o poder, limpando o mundo dos trouxas. Uma sociedade em que eles seriam os poderesos, não terem que se submeter a autoridades. Mesmo que isso significasse torturar e matar...ou morrer. Um a um, foram sendo marcados com a Marca Negra.

Agora, só faltava Snape. Ele observou seus amigos, contemplando a marca em seus braços. Era repugnante, mas não havia muito mais a escolher na vida. Aos dezoito anos, Severo via-se totalmente sem perspectiva. As últimas palavras de Lílian ainda o torturava. Sentia novamente raiva da garota. Ela teria vida de princesa: se casaria com um cara rico, que seria capaz de dar tudo para ela. Chegara a hora de decidir . E Snape não queria estar do lado perdedor.

- E você, meu caro? Qual o seu nome? - Voldemort perguntara.

- Snape, senhor. Severo Snape.

- Está disposto a me seguir?

Que Lílian o perdoasse, mas ele já havia escolhido o caminho.

- Sim senhor.

Um brilho de vitória passou pelos olhos de Lord Voldemort. Então, encostou a varinha no braço do rapaz. Uma dor aguda, de queimadura, tomou conta de todo o membro. Mas foi muito rápido. Instantes depois, já exibia a Marca Negra, exatamente igual a de seus companheiros.

- Toda vez que sentirem a marca arder em suas peles, saibam que eu os estou chamando. E vocês devem atender imediatamente ao meu chamado. - Voldemort, então virou-se para Lúcio Malfoy.

- Meu caro Lúcio, espere pelas minhas instruções. Entrarei em breve em contato com você.

- Sim senhor.

- Você tem minha autorização para se divertir um pouco...e ensinar aos rapazes como se faz...- Voldemort riu-se, um riso gelado, sem emoção alguma na voz. E em seguida, desaparatou.

Narcissa levantou-se, como se tivesse presenciado uma cena completamente banal.

- Algum de vocês aceita mais um copo de conhaque, ou preferem uísque? - disse, calmamente, segurando as duas garrafas de bebida.

Capítulo 2...

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