Titulo do fanfic: Doce Pecado
Autor: Lexas
Obra de Origem: Gundam Wing.
Estilo: Shounen-Ai/Yaoi
Este é um ensaio, e nada mais do que isso. Não tem o objetivo de ofender ninguém, tampouco ferir as crenças alheias. Se por acaso em algum momento você se sentir assim, minhas mais sinceras desculpas, pois não é essa a intenção do texto.
Gostaria também de dedicar este fanfic a minha amiga Litha-chan, também conhecida como Litha Youko, que fez o favor de ser minha Pré-Reader nesses meus escritos.
Boa Leitura!
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O ser humano é eterno.
Se não fosse, ao menos parecia. O suposto fim premeditado para a raça humana, revelado em um sem número de livros, previsões e filmes parecia improvável de acontecer.
guerras nucleares utilizando misseis-balisticos -intercontinentais, a famosa bomba Alfa&Ômega, apelidada carinhosamente por alguns soldados no passado como "a bomba do juízo final", guerras entre mundos...
Nada disso aconteceu, melhor dizendo, aconteceu sim, afinal, por que não fazer a alegria dos críticos e pessimistas de plantão, sempre prontos a achar que a humanidade é o câncer do mundo e merece ser exterminada?
Claro que não foi uma alegria eterna. Impressionante como ter seu território reduzido a um campo radioativo tem a incrível capacidade de fazer governantes optarem pela paz, mais eficiente do que cúpulas mundiais. Mas, mesmo que milhares de guerras ocorressem, a total dizimação da raça humana estava longe de acontecer. Com colônias espaciais espalhadas por toda a galáxia - e algumas em pontos bem mais distantes - a tal praga ou grande guerra que destruiria a tudo e a todos havia se tornado ilusória.
Ao contrário do que muitos pensavam, o ser humano não se desvirtuou, não se tornou o clássico ser frio e impessoal que só se interessa pela eterna evolução e o desenvolvimento da raça como muitos imaginavam. Seja na Terra ou nas colônias espaciais, haviam pessoas correndo, nadando, brincando, estudando... o lugar não fazia diferença, não haviam esquecido o que significava viver. Tampouco haviam deixado para trás o que seus ancestrais mantiveram por milênios em sua terra natal. Quem achava que com o desligamento de seu planeta natal e a conquista do espaço o homem deixaria para trás tudo aquilo que muitos consideravam como "babobeira mística", estava enganado. Assim como um missionário leva a sua crença para lugares distantes, a colonização espacial não fez com que as pessoas abandonassem a D... ao seu deus. Seja a anos-luz, seja no novo lugar que adotaram como casa, Cristãos, Muçulmanos, Espíritas, Judeus e tantos outros deram um grande exemplo para os radicais mostrando que não precisavam de seu planeta natal como lugar sacro para adorar, mas sim apenas da fé que carregavam dentro de si.
Infelizmente, algumas coisas que deveriam ser superadas - e outras, totalmente esquecidas - provaram que também são eternas. Como os tabus, os preconceitos e os... dogmas.
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Colônia espacial L17, porto de desembarque. A nave espacial Exelion terminara de aportar para abastecimento, tendo em vista a longa viagem que faria em breve.
Para sua felicidade, claro. Nada como uma parada para renovar as energias. Pena que nem sempre podia contar com a presença de algum amigo para tornar a viagem menos maçante. Claro que ele podia colocar a nave em modo de piloto automático e usar o sistema de suporte vital para ir dormindo a viagem toda, mas além de não confiar muito naquele sistema, gostava de ficar acordado, nunca se sabe quando uma surpresa no espaço pode requerer sua atenção, foi o que os anos de experiência calejaram em sua mente.
Foi cansativo guiar a nave da Colônia Yorinei até ali, mas era praticamente um pecado - em sua opinião - deixar de admirar a paisagem na volta.
Mesmo que o reabastecimento não levasse menos de uma hora, o protocolo espacial ainda o obrigava a permanecer por um determinado tempo ali - uma chatice desnecessária, em sua opinião. - Mas não significava que teria que ser uma experiência ruim, logicamente.
Desfazendo-se por completo de sua vestimenta espacial, em poucos minutos ele estava de posse de sua vestimenta negra, a qual se tornara sua marca registrada. Ele torce seu pescoço, sorrindo com algo que tinha visto enquanto desembarca, enquanto retira seu terço e dá um beijo nele, colocando-o novamente no lugar.
Uma cidade, pensava. Toda a colônia não era nada mais do que uma grande cidade, com ruas, avenidas, prédios e uma gama enorme de construções que, olhando daquela forma, pouco a diferenciavam de uma cidade da Terra.
L17 era uma espécie de colônia "normal". Não tinha nenhuma característica em especial, como muitas pelo cosmos. Não lembrava a china antiga, a França renascentista, tampouco o reino judaico. Era simplesmente uma colônia que lembrava uma grande cidade, com áreas menos movimentadas e mais distantes, reservadas apenas para a habitação.
Não estava surpreso, já que se tratava de uma colônia criada especialmente para servir como porto de reabastecimento. Na verdade, Inicialmente era um porto espacial que cresceu tanto, que acabou se tornando uma colônia.
Lojas, lanchonetes... sua atenção é chamada quando ele avista becos escuros, algo que parecia existir em qualquer lugar. Entrando no primeiro que encontra, o jovem de cabelos castanhos presos por uma trança observava com atenção cada canto, cada lugar. Olhos comuns não notariam, mas aquele lugar, mesmo em sua "bagunça", possuía alguma arrumação. As latas, a forma como algumas caixas estavam empilhadas... deveria ser o "cantinho" de alguém, por sinal.
Incrível como algumas coisas não mudavam - ele sai do beco, enquanto quase esbarra em algumas crianças correndo descalças e entrando no beco, o que faz ele retornar alguns passos e observá-las sorrateiramente.
Duo se prendeu aquela cena por mais tempo que imaginou ser capaz. Não era do tipo de pessoa que vivia o passado, mas... bateu uma certa nostalgia diante daquilo.
E muita, mas muita indignação, também. Era inaceitável que, mesmo naquela era de paz, algumas coisas pareciam não mudar.
E... por falar em coisas... lá estava o que lhe chamou mais atenção desde que chegou ali.
Duo Maxwell caminha calmamente pela rua, vencendo os poucos metros que o separavam de seu objetivo, o qual ele pôde avistar desde a parte do porto, como se fosse um chamariz.
Uma Igreja. Estilo clássico, diferente de alguns templos modernos que encontrou em outras colônias.
No entanto, o que diferia L17 das demais era que aquele lugar, seu ponto de parada por tantas ocasiões, acabou se tornando também seu confessionário. Não havia palavra melhor, pois aquele lugar o lembrava de sua antiga colônia de origem. Tinham muitos detalhes em comum, MUITOS.
Não tinha o principal, claro... mas lhe dava algum conforto.
Ele vai seguindo lentamente pela igreja, tocando nos bancos, observando a Cruz de Cristo no altar. Estudando a história, perdeu a conta de quantas vezes encontrou relatos de lideres, escritores, artistas e outras personalidades famosas de diversas épocas com opiniões acerca da igreja, de seu rumo, de sua ruína.
"Eu daria tudo para ver a cara de vocês agora" - ele sorri marotamente, sua marca registrada, demonstrando a eterna alegria, mesmo que às vezes falsa, que tanto o acompanhou. O sorriso se alarga enquanto seus olhos percorrem todo o templo, encontrando, entre um dos bancos, seu "confessor".
Ele permanece ali, de pé, observando-o. Ver o padre ali, rezando, lhe trazia velhas lembranças... velhas e boas lembranças. Mas ele não era ELE, e nunca seria.
Cinco minutos depois, o sacerdote termina de rezar e fita os olhos de Duo, os quais lhe diziam muita coisa. Estavam daquele jeito, melhor dizendo, nas últimas vezes em que aquele jovem esteve ali, sempre tinha tal olhar. Ele ajeita suas vestes e se afasta, imaginando o que seria dessa vez. A passos lentos, Duo entra no confessionário e fecha a porta, encontrando ali o sacerdote.
"Padre" - o ex-piloto de Gundam estava ajoelhado, apesar da dificuldade imposta pelo pouco espaço ali - "perdão, mas... eu pequei".
"De novo, meu filho?"
"Sim, senhor."
"5 Pai-nosso e 10 Ave-Maria, meu filho. E dessa vez, eu..."
"Não, Padre... receio que isso não seja o suficiente por que, dessa vez... eu... realmente... pequei."
Continua...
