Talvez eu quisesse secar suas lágrimas, Ginevra.

Parecia-me algo tolo, esse desejo incessante de lhe dar algo que nunca ninguém me deu. Fui uma criança sozinha, você sabia? Cresci num orfanato. Não tive amigos – não tive ninguém. E você tem uma família cheia e amigos e ainda prefere chorar para as velhas páginas de um diário do que buscar o consolo deles.

Talvez ter minha alma fragmentada em tantos pedaços tenha me fragilizado perante os outros, Ginevra, pois sempre que sentia seus dedos em minhas páginas ficava ansioso para saber o que você escreveria. Ficava ansioso por você e pela sua pessoa. Esperava que você estivesse chorando por algo que aquele maldito Potter fizera – ou melhor, não fizera. Ah, Ginevra! Tão equivocada. Achando que o amava. Até para mim era óbvio que você me amava – era para mim que você vinha chorar, contar seus segredos.

O único equivocado era eu, certamente, mas eu sempre fui orgulhoso, Ginevra. Cada letra que você escrevia no diário era uma letra transbordando de amor ao Potter e eu não podia suportar isso. Não conseguia. Dentre todas as criaturas, o Potter? Era por ele que eu estava naquele estado. Era por causa dele que eu não podia abraçar você, secar suas lágrimas, estar perto de você. Minha alma se sentia completa, mas meu corpo, não.

Queria você, Ginevra. Se eu conhecesse o amor e suas diversas formas, ousaria dizer que amava você. Amava você e seus cabelos ruivos, dedos brancos, letra tremida, pena furando com força demais a página, lágrima salgadas. Ah, Ginevra, se eu conhecesse o amor...!

Gosto de pensar que você era minha janela para a humanidade. Sempre fui excluído dos outros por não compreender os bons sentimentos e não me envergonho disso. Mas você fez algo diferente, Ginevra, mesmo falando apenas de Potter, Potter, Potter. Quando perceberia que seu tão amado Harry nunca seria para você o que eu era? Você nunca teria coragem de se abrir com Harry, teria?

Lembro-me do desenho meu que fiz nas páginas. Você ficou em silêncio e temi por minha aparência, ela podia-lhe causar repulsa, você, uma garotinha que estava acostumada com os belos rapazes dos contos de sua mamãe.

"Lindo", foi o que você escreveu naquele dia. Lindo, até o momento em que seu Potter me deformaria por completo. Ou seria culpa daquela mãe sangue-ruim dele, com o seu amor?

Você me ensinou o amor, Ginevra, mesmo que a minha capacidade de pensar nisso ou de admitir isso para mim mesmo seja baixa. O amor que eu nunca recebi de minha mãe ou meu pai. Os dois, uns tolos. Você também era tola, Ginevra. E eu também.

Tão tolo que não consegui evitar o ódio que me preencheu quando vi (tempos depois que o seu Potter havia destruído uma parte de mim) vocês dois juntos, felizes. Quando ouvi sobre o namoro de Ginevra Weasley e Harry Potter.

Você, Ginevra, matou-me. Aos poucos, como veneno. Eu quis te manipular com o diário, mas temo que o contrário acabou por acontecer. Não vivi por você ou lutei por você – não sou dessas coisas. Mas se houvessem me dedicado uma lápide para que você pudesse chorar diariamente por mim, certamente o epitáfio seria Aqui jaz Tom M. Riddle, derrotado pelo amor.

Derrotado por Ginevra Weasley.


N/A: Eu queria ter gostado mais dessa fic, hahah. Mas eu gostei. Foi bem no estilo Lily was a friend of mine e coisa e tal. Foi pro I Chall Tom M. Riddle, com o tema "amor", se ninguém tiver percebido. :D