— O que você que está fazendo a essa hora fora do dormitório, Potter? — questionou asperamente a monitora do quinto ano da grifinória, mais conhecida como Lily Evans. Era por volta da meia noite, e o castelo de Hogwarts estava deserto, com exceção dos monitores, que faziam as rondas, e de James Potter, que nunca se importou com regras.
— Na verdade, eu estava atrás de você, Evans.
— Ótimo, já me encontrou, agora volte ao dormitório, antes que eu seja obrigada a retirar pontos da grifinória. — Lily mal olhou para James, mas a raiva estava mais que presente em sua voz.
— Por que não aproveitamos que estamos sozinhos aqui, e batemos um papo? — o rapaz levou a mão aos cabelos e os bagunçou.
— Se manda, Potter. — exasperou a ruiva, aumentando o passo e deixando-o para trás.
Agora, James se encontrava no corredor mal iluminado, com uma expressão vazia no rosto. O pensamento de que Lily foi embora sem mandá-lo de volta para o dormitório rondava sua cabeça, como se ela dissesse que preferia descumprir seus deveres como monitora, coisa que a garota nunca fazia, a ter que ficar mais tempo ao lado dele.
— Você não deveria me mandar de volta para o dormitório, monitora? — o maroto gritou, sem pensar.
— Menos dez pontos para a grifinória! — retrucou Lily, que mesmo longe, ainda podia ouvi-lo.
— Isso foi muito idiota. — disse uma voz vinda da tapeçaria, enquanto James se xingava mentalmente.
— Mas que mer... — começou ele, depois de quase pular de susto. — O que você está fazendo aqui, Rosier?
Uma garota de estatura média e cabelos longos, pouco visíveis a luz, saiu de trás da tapeçaria, a insígnia de monitora brilhava em suas vestes, e James se perguntou o que ela estava fazendo escondida.
— Você realmente acha que vai conseguir conquistar Lily Evans, com essa atitude? Garotas como ela, repudiam caras como você. — a garota se aproximou de Potter, ignorando completamente sua pergunta.
— O que você tem a ver com isso? — James indagou, quase ofendido, quase.
— Realmente, isso não é assunto meu. Aliás, eu ia te pedir um favor, mas pensando bem, acho que não é uma boa ideia. — falou a garota. — Se bem que, essa sua idiotice pode ser útil. — ela refletiu, enquanto puxava o braço dele, e começava a andar calmamente pelo corredor. — Escute Potter, preciso de ajuda.
— É um caso de vida ou morte? — o moreno retirou seu braço, se afastando dela.
— Depende do ponto de vista.
— Ou seja, não é importante. Tchau. — James se virou para ir embora.
— Está ocupado agora? — Rosier começou a segui-lo.
— Para você, sempre.
— Menos cinquenta pontos para a grifinória. — disse a morena, com uma calma evidente, fazendo James parar bruscamente, e se virar para ficar frente a frente com ela.
— Você não pode fazer isso!
— Você está fora da cama e eu posso te dar uma lista de infrações. Menos dez pontos e uma semana de detenção. — um sorriso começou a se formar nos lábios da garota, ela estava claramente se divertindo com aquilo.
— O que que eu fiz?! — James estava a um passo de pegar sua varinha para azará-la.
— Não me ouviu, e foi rude, menos quinze pontos, e duas semanas de detenção. — ela se encostou na parede, e começou a olhar para as unhas. — No total, você tem três semanas de detenção e menos oitenta e cinco pontos para a sua casa, visto que a Evans já lhe retirou dez pontos. Eu posso inventar qualquer motivo para te colocar de detenção, não que você precise de ajuda para conseguir uma. Mas de qualquer forma, ninguém vai se importar mesmo, ainda mais se tratando de você.
— Você é louca! — o rosto de James já estava vermelho de raiva. — Qual o seu problema?
— Provavelmente. — respondeu, dando um grande sorriso diabólico e ignorando a outra questão enquanto se virava para ir embora.
— Rosier! — James gritou desesperado, fazendo ela se virar, com o sorriso ainda presente.
— Ou eu posso retirar tudo, se... — começou ela dando uma risada. — Eu tenho uma proposta para você, Potter.
— O que você quer comigo? — o maroto perguntou, temendo internamente a resposta.
— Mas é claro que você tem que aceitar! — Sirius Black repetiu pelo que pareceu ser a milésima vez naquele dia, enquanto tomavam café. — Nós vamos pregar uma peça no ranhoso e você ainda pega a garota. — O moreno de olhos cinzas mergulhava suas panquecas em mel como se fosse a melhor coisa do mundo.
— E o que ela ganharia com isso? — A discussão parecia antiga, a cara de tédio de James denunciava isso, nem a comida em seu prato chamava-lhe mais a atenção, tudo o que ele queria era que Sirius calasse a boca de uma vez.
— Quem se importa? E é claro que você tem que aceitar! — exasperou Sirius.
— Pela última vez, Sirius. Não. — Desde que James chegara no dormitório na noite anterior com a "proposta" da Rosier, Sirius insistira sem parar para que ele aceitasse. — Isso é idiotice e a Rosier é louca.
— Isso é fantástico, James! — retrucou Black, animadamente. — Pense só, nós poderíamos pregar uma peça naquele grupo de sebosos e você consegue o que tanto quer!
— E desde quando vocês precisam de ajuda para pregar peças? — perguntou Remus Lupin, olhando por cima de seu livro, afastando as mechas claras de seus olhos.
— Não precisamos, mas Elizabeth Rosier pode tornar tudo isso ainda melhor.
— Remus tem razão, não precisamos dela. — discordou James. — Eu não preciso dela.
— Ah, precisa sim. — disse Peter Pettigrew, um garoto loiro e gordinho, com a boca ainda cheia de bolo. — Você está tão perto de conquistar a Evans, quanto eu de conseguir uma nota razoável em Poções.
Os meninos deram algumas risadas enquanto James emburrava a cara e deixava escapar alguns olhares frustrados para o fim da mesa, onde Lily ria com as amigas enquanto aproveitava o café da manhã. Como se pressentindo o olhar do maroto, a ruiva virou seu rosto, dando de cara com James, que sorriu acenando, enquanto a garota revirava os olhos e fechava a cara.
— Rosier disse que pode te ajudar a conquistar a Lily? — questionou Remus, tentando entender a situação. — Como exatamente? E o que diabos ela ganha com isso?
— Ela não chegou a explicar, ou explicou e eu não prestei atenção, a situação toda era muito absurda. Ajudar ela a pregar uma peça contra a corja de sonserinos e em troca ela me ajuda com a Lily? É muito bom para ser verdade. Ela deve estar aprontando alguma. — concluiu James, tentando entender a situação
— Talvez ela tenha pedido ajuda para você porque você é um maroto, e vocês já se conhecem. — Sirius comentou o óbvio, sem notar os olhares cobiçadores que uma garota sentada mais à frente começou a lhe lançar.
— Ainda não justifica ela ter pedido minha ajuda, aquela garota consegue pregar uma peça no Dumbledore sem ajuda. — James largou o garfo com força em cima do prato, sua mente trabalhava a mil, tentando entender aquela situação.
— Pontas, tente não pensar, e apenas aceite, vai ser divertido. — o moreno de cabelos cacheados notou então a garota de cabelos loiros, que o estava olhando, e a sua atenção na conversa sumiu.
— Nenhum de vocês acham isso estranho? Por que uma so...
A fala de James foi interrompida por uma quintanista que parou ao lado de Peter, e em frente a Sirius, no exato momento em que Black ia sorrir para a loira, mas Almofadinhas não deixou a oportunidade passar, e lançou um olhar para a garota, que apenas revirou os olhos, ignorando-o completamente. Ela entregou um papel a Peter, antes de se pronunciar.
— Esteja, as 17:30 em ponto, na biblioteca, sem falta, Pettigrew. — falou autoritária, fazendo até mesmo Remus tirar os olhos do livro para encará-la.
— Eu agradeço, Williams, mas você não precisa mais se incomodar. — Peter engoliu em seco e demorou uns bons 50 segundos antes de responde-la.
— Preciso sim! E agora, é questão de honra. Não se atreva a chegar atrasado.
— Eu tenho tarefa para entregar agora, Williams. — resmungou Peter, tentando se livrar da garota. — Realmente, não preciso mais da sua ajuda.
— Você está brincando comigo, não é? — irritou-se a menina. — Por que não disse que tinha uma tarefa para fazer? — a menina começou a afastar Peter com as mãos, se metendo entre James e o garoto.
— O que você está fazendo? — perguntou ele, com a voz algumas oitavas acima.
— Ajudando você
E com isso a garota começou a revirar os materiais de Pettigrew, na tentativa de enfiar algum pingo de conhecimento naquela cabeça, enquanto o garoto se mantinha quieto e vermelho, dos pés à cabeça. Ele queria dizer não, se levantar da mesa e correr para o mais longe possível, mas aquela era Violet Williams, e você não poderia simplesmente discutir com ela.
— Ora vejam só, parece que o Peter arrumou uma namorada, afinal. — brincou Sirius, enquanto os meninos riam da situação.
— Pena que você não arrumou um cérebro, Black. — respondeu a morena, sem tirar os olhos do pergaminho. — Não me enche.
— Por isso eu não gosto de brincar com vocês da corvinal. — resmungou Sirius, enquanto James e Remus caiam na gargalhada. — Vocês não têm um pingo de senso de humor.
— E eu posso citar uma lista infinita de qualidades que faltam na sua pessoa. — comentou outra menina com vestes azuis, vindo em direção a eles. — Caráter, decência e vergonha na cara estão entre elas.
— Amável, Charlie. — sorriu Sirius, com o seu melhor sorriso. — Que prazer em desfrutar da sua companhia...
— Tire esse sorriso estúpido da cara, Black. — mandou a menina com uma expressão aborrecida. Charlotte Collins, era aluna da corvinal assim como a amiga Violet. Tinha os olhos azuis e os cabelos loiros, que lhe caiam pelos ombros. — E não me chame de Charlie, você não tem esse direito.
— Oh, oi Charlie. — cumprimentou Violet, ainda tentando ajudar Peter. — Vou em um minuto.
— E esse um minuto vai demorar muito? — resmungou a outra, impaciente.
— Exatos 60 segundos.
— Então... — voltou-se Charlie para os meninos que ainda pareciam manter uma pequena discussão. — Como vai o time de quadribol de vocês? Soube que Hoolbroke não vai poder jogar mais esse ano, já acharam outro apanhador?
— Vai bem, Collins. — respondeu James ainda distraído. — Estamos pensando em alguém para a vaga.
— Gostaria de abandonar seu time e jogar pelo nosso, Charlie? — brincou Sirius. — Você sabe, a disputa é entre Corvinal e Grifinória agora.
— Eu nunca abandonaria o time campeão. E já comentei algo sobre você não me chamar de Charlie há alguns segundos atrás. É Collins para você, Black, embora eu prefira que você evite se referir a mim. — respondeu ela, alfinetando Sirius e arrancando um sorriso de Remus.
— Como as coisas mudam, há algumas semanas atrás eu poderia sussurrar no seu ouvido... — O quer que fosse que Sirius pretendia dizer no final da frase foi interrompido por um olhar mortal vindo de Charlotte.
— Violet? Já acabou? — chamou a menina.
— Quase...
— Você devia se sentar, Charlie, o namoro aí pode durar horas. — brincou Almofadinhas novamente.
— E você devia...
— Olá, James. — chamou uma voz atrás do grupo, interrompendo a resposta malcriada de Charlotte.
Todos os olhares da mesa se voltaram para a morena parada em frente a eles, com um sorriso tranquilo no rosto, e os braços cruzados sobre a insígnia prateada de monitora. As vestes verdes destoando totalmente daquele lado do salão, sua própria presença já era incomum. Todos a olhavam querendo saber que diabos Elizabeth Rosier, monitora da sonserina, poderia querer com qualquer um que estivesse por ali.
— O que você está fazendo aqui, Rosier? — exigiu James, um tanto irritado, enquanto os outros apenas os encaravam.
— Admirando a paisagem. — respondeu sarcasticamente a menina. — Já percebeu como esse lado do salão é bem iluminado? — ela deu um sorriso de lado, e sem dar tempo de qualquer um deles falar algo, ela continuou. — Eu preciso de uma resposta, James. — concluiu, seriamente dessa vez. — Nós temos um acordo ou não?
— Eu disse que precisava de tempo para pensar. — respondeu o maroto, irritado.
— Seu tempo já acabou. Agora decida, sim ou não?
— Sim. — respondeu Sirius, do outro lado da mesa. — Ele aceita.
— Sirius! — ralhou James.
— Aceita o que? — Charlie intrometeu-se na conversa, lançando olhares atravessados para a sonserina do seu lado.
— Não é da sua conta, Collins. — Eliza respondeu toda malcriada. — Vá mandar uma carta para tia Elena e não se intrometa na conversa alheia.
— Era minha conversa antes de você aparecer... prima. — reclamou Charlotte, vermelha de raiva.
— Ok, podemos ir. — disse Violet, levantando-se apressadamente da mesa, na tentativa de afastar as duas.
Elizabeth ignorou os olhares raivosos de Charlie e voltou-se para James, um tanto nervosa.
— Sim ou não?
— Por que eu? — James fez a pergunta de um milhão de galeões, que o atormentava desde a noite anterior.
Os dois se encararam por alguns segundos, um tentando entender os motivos do outro pelo olhar.
— Porque você é perfeito para isso. — o tom de voz da menina se tornou mais intenso. — E eu preciso de você, Potter.
James encarou-a por mais alguns segundos, franzindo a testa em busca de mais respostas. Por fim, acenou com a cabeça, fazendo surgir sorrisos de excitação em Elizabeth e Sirius.
— Ótimo! Te vejo hoje às sete, na torre de astronomia, para acertar os detalhes. — disse a menina se aproximando e lhe dando um beijo de despedida na bochecha, que não passou despercebido pela ruiva do outro lado da mesa, que revirou os olhos, visivelmente estressada.
— É assim que ela pretende te ajudar? — indagou Remus. — Irritando ainda mais a Evans?
— É melhor que nada. — intrometeu-se Petigrew, fazendo todos rirem. — Antes ela era indiferente, agora pelo menos ela demostra insatisfação.
— Ai, meu Merlin, já vi que isso não vai prestar. — Potter choramingou, enquanto passava as mãos pelo rosto.
