Capítulo 1
Olhei para o lado e suspirei , esses meninos estavam demorando para chegar!
Enrolei meu cabelo cacheado freneticamente enquanto esperava sentada no sofá da sala . Eu e meus amigos passaríamos um mês de férias na sede da MultiPlax , empresa de celulose do pai da minha melhor amiga , Carolina Abelli , ou simplesmente , Carol. Oh , sim, ela tem muito dinheiro em comparação com a minha poupança , eu vivia bem estava na faculdade de psicologia e trabalhava na clinica da minha irmã , Danielle , que era fisioterapeuta.
Eu tinha meu próprio salário , comprava minhas coisas e ainda sobrava um tanto de dinheiro no final do mês para comprar roupas , viajar e etc. Mas Carol era filha de um milionário , ela nem precisava trabalhar , gastava bastante ( devo admitir) , porém Carol era o tipo de amiga que é de todas as horas , querida , simpática e muito louca. E sendo amiga dela , já fiz muitas loucuras com ela , como roubar uma loja de bebidas enquanto estávamos bêbadas aos 16 anos( claro bêbada né , por que eu sou bem na minha quando estou sóbria) e aos 17 sair de Gramado e ir para Porto Alegre sem avisar ninguém, passar a noite em claro em uma festa para maiores de idade, sair andando pela cidade depois da festa com nossas outras amigas e amigos ( Alice, João Pedro ou JP , Luana, Diogo, Camila e Leonardo) caminhamos tanto que meu salto quebrou no meio , mas não desci do sapato.
E no meio dessa loucura de adolescentes Leonardo encontrou um amigo , Henrique .E sabe , não fui com a cara do sujeito de primeira. Primeiro ele era loiro, não gosto de loiros , tinha espinhas , era alto e meio desengonçado , tinha olhos azuis claros e me olhava de lado ( tipo , também não gostei dessa garota) e para mim, ele era metido , mas as meninas diziam :" Tetê , o cara é legal e gente boa , só na tua cabeça mesmo que ele é metido!"
A... Me esqueci.
Meu nome é Teresa Albuquerque ,tenho 20 anos e estou no terceiro ano de faculdade.
Continuando... Esse garoto continuo a me olhar de lado e sua expressão era como se segurasse um grito de irritação de dentro de sua garganta . O ignorei pelo resto da noite e parece que o irritou ainda mais .Mas , pensei eu , nunca mais vou ver esse babaca então nem se preocupe Teresa.
Errado! O encontrei um ano depois na festa de aniversário de 18 anos da Carol. Devo admitir ele estava melhorzinho , mas apenas melhorzinho, não bonito. As espinhas haviam sumido e seu andar se endireitou , dando um porte mais elegante. Mas ainda sim , seu nariz continuava o mesmo , grande! Mesmo com seu andar menos desengonçado continuava magrelo.
Eu sei , você deve pensar , meu Deus que garota fútil! Mas eu sou apenas realista , não gostei do jeito como Henrique me olhou a primeira vez que me viu , parecia estar com nojo de mim( naquela época eu era meio desengonçada também , sabe saindo da adolescência , mas agora , me tornei uma mulher de belos olhos verdes , pele morena , cabelo castanho escuro com belos cachinhos nas pontas e um corpo de dar inveja) e daquela hora em diante todas as atitudes dele me deixavam irritada.
Na festa eu fiquei com um carinha , e o idiota do Henrique viu , mas eu nem percebi é claro e quando eu tive um tempo longe do cara que me acompanhou na festa , Henrique veio pra mim meio bêbado e começou a falar merda:
" Tá loco né garota" uma garrafa de cerveja estava entre seus dedos e lábios " Olha pensei que você fosse diferente, mas parece que a Teresa gosta de contato físico" ele deu uma risada que me deu náuseas. Só de olhar pra criatura já me deu uma raiva incontrolável.
"Pensou que eu fosse como , babaca? Uma intocável?" coloquei as mãos na cintura e o encarei irritada "Só me diga uma coisa Henrique" disse o seu nome com todo o nojo possível "Quem é você pra me dizer o que fazer ou deixar de fazer? Olha garoto você nunca falou comigo direito! Agora você vem dizer do que eu gosto ou desgosto?"
" Eu só sei de uma coisa" ele me olhou fixamente nos olhos e deu mais um sorriso metido " É nesse daqui que você vai gemer" então pegou com a mão livre o seu membro por cima da calça .
O olhei incrédula e com toda a minha força e com um belo salto de bico fino, dei um chute no membro que ele ainda segurava. O bico de meu sapato passou por seus dedos e senti acertar em uma coisa meio dura. Apenas duas palavras. QUE NOJO!
Henrique se agachou de dor e eu aproveitei , dei um soco no seu nariz comprido e ouvi um CHREK muito relaxante. O sangue começou a escorrer de suas narinas brancas , claro eu apenas dei uma risada e fui saindo de perto dele.
"Sua vadia! Olha o que você fez!" Ouvi seu grito de dor atrás de mim, mas é claro que nem dei bola , só fui procurar meu acompanhante que seria meu namorado por 1 ano, Tomás.
E bem ,depois dessa cena não vi Henrique por 2 anos , ele fazia de tudo para não se encontrar comigo ,por que devia se lembrar claramente do meu salto de bico fino em suas bolas e de minha mão em seu nariz.
Dei uma risada satisfeita.
Eu sempre ria ao lembrar da cena , o babaca caído aos meus pés morrendo de dor e ainda dei uma lembrancinha para seu nariz. Léo me disse depois que Henrique ficou com uma pequena cicatriz no nariz , resultado do meu nada forte soco. Eu não sou violente nem nada do tipo , mas esse cara me tira do sério , por isso acho que a força veio tão potente ( e convenhamos, é sempre bom dar um pau em alguém que a gente odeia ) Dei outra risada.
- Gente! A Teresa tá chapada! – a risada de Carol me tirou do devaneio.
- Não tô chapada , só estava lembrando de algo muito prazeroso.
- Você transando com o Tomás? – Luana se sentou em uma poltrona do meu lado.
- Não! Credo , Tomás é passado.
- Mas não diga que ele não te deu um prazer – Alice enfatizou bem o "prazer" com uma voz de sedução debochada.
- Claro que deu – respondi.
- Na verdade você que deu – Camila soltou uma gargalhada de seu trocadilho e fez high five com Carol.
- Nossa que engraçado – falei sem humor – Cadê os meninos?
- Estão quase chegando – Luana mostrou o celular com uma mensagem na tela "Tamo quase ai".
- Hum , tomara mesmo que ele estejam quase aqui. Não entendo como demoraram tanto! Saímos todos juntos.
- Você conhece os meninos, Darling - Carol desviou os olhos das próprias unhas e me encarou sarcástica – São imaturos e adoram brincar com o carro.
Eu e todas as meninas da sala começamos a rir quando ouvimos uma buzina do lado de fora da casa. Que era enorme! E não estou exagerando.
Saímos todas juntas da sala de estar e paramos na entrada da casa , o carro vermelho de Diogo e o preto de JP já estavam parados e os garotos estavam começando a sair do carro.
- Amor! – Camila saiu correndo para abraçar Léo que a recebeu com um beijo nos lábios , muito babado pro meu gosto. Alice foi até Diogo mas apenas deu um selinho.
- Cara – falei – Eles não se veem não fazem duas horas.
- É o love , amiga – os olhos pintados de Carol se reviraram junto com os meus – É por isso que eu não fico mais de dois meses com o mesmo cara , essa "coisa" é contagiosa , te lambuza e depois você não consegue tirar e ninguém chega perto de você.
- Só você mesmo Carolina – dei uma risada e minha atenção foi chamada para o carro vermelho de Diogo , através da janela preta pude enxergar uma quarta pessoa . Bem , não poderia ser a namorada do JP ela só viria daqui a duas semanas e nem o namorado de Luana que estava viajando de cruzeiro. Então quem seria?
A pessoa saiu do carro vermelho dando as caras no sol.
Carol e Luana deram um suspiro uni osso quando viram o rapaz , mas eu apenas o observei. Tinha certeza que o conhecia , ele era alto , tinha a pele branquinha e parecia fina sob os músculos salientes. O cabelo loiro era bagunçado e brilhante na luz do sol , seu maxilar era forte e os lábios não mostrava nenhum tipo de sorriso , pareciam apreensivos como seus olhos.
Nossos olhos se encontraram e eu quase levei um susto . Não gostei do jeito que esse cara me encarou. Desviei o olhar para seu nariz , era um pouquinho grande mas mesmo assim combinava com ele , não era feio.
Mas minha opinião logo ia mudar quando vi no tronco de seu nariz uma pequena cicatriz branca na horizontal.
É claro tudo se esclareceu na minha mente! Eu sabia que o conhecia!
- Henrique! – falei incrédula.
- Oi pra você também Teresa. Só pra começar – ele pegou suas coisas no porta malas e caminhou até mim e parou na minha frente – vou ficar bem a vontade aqui , com os meus amigos e não vai ser você que vai atrapalhar.
- Digo igual , por que se você me atrapalhar , com os meus amigos vou deixar outra cicatriz no seu pequeno nariz.
- Ei , ei , ei . Vocês dois! – JP colocou uma mão no meu ombro e no ombro de Henrique – Será que vocês não dão uma folga? Por favor depois de 2 anos vocês não esquecem!
- E o que ele me disse da pra esquecer?
- Eu estava bêbado sua tosca!
- Tosca é a tua mãe!
- Parem! – gritou Alice – Tetê esquece , e Henrique peça desculpas.
- Nem a pau! – eu e Henrique gritamos juntos. JP segurou mais forte os nossos ombros
- Af, Alice. Largue a mão de viadagem deixa eles se matarem – todos olharam pra Carol que disse isso com simplicidade.
- É viadagem querer um pouco de paz , Carol? – Alice a olhou com reprovação – Agora vocês dois . Se um não vai esquecer o que aconteceu e o outro não vai pedir desculpas , faremos um tratado de paz então – ela nos olhou cuidadosamente – Como vocês dois tem o mesmo circulo de amizade , terão de aprender a conviver. Primeiro : não conversem , segundo : não se olhem ,terceiro: tentem ficar o mais longe possível um do outro e quatro: só se falem ou se olhem se for extremamente necessário. Estamos de acordo?
Eu e Henrique nos encaramos cheio de raiva nos olhos .O que Alice disse era verdade nós tínhamos o mesmo circulo de amizade e tínhamos que nos acostumar.
- Tudo bem – cedi – mas ele tem que controlar esse humor.
- E você essa língua.
- Se enxerga cara!
- Calem a boca! – Alice gritou mais uma vez – Deus , isso vai ser difícil! Eu só quero saber se estão de acordo , não tem restrições – ela me olhou -Um vai continuar sendo o que é , vocês não vão precisar se falar. Agora só quero saber. Estão de acordo?
- Estamos – falamos juntos , e isso me irritou , com certeza o irritou também porque sua sobrancelhas se juntaram.
- Ok , agora Henrique , leve sua mala para dentro JP vai te mostrar o quarto ,Teresa vem ajudar a gente a descarregar as malas – Alice suspirou cansada e me puxou para longe de Henrique , JP fez a mesma coisa com o Narigudo só que em sentidos opostos.
