N/a: Er...eu tava na duvida de postar isso...porque eu não gosto...mas postei. Yaoi, drama, etc...tudo saindo exclusivamente da minha pobre imaginação. Se roubar minha idéia, Kami-sama vai jogar um raio 3000000W na sua cabeça.

Céu de Primavera

Capitulo I

Não é fácil viver uma vida sem qualquer tipo de segurança. Henri sabia disso desde de os oito anos de idade. Desde quando seu pai morrera, e deixara sua mãe doente, seus irmãos e ele, sozinhos no mundo, sem ninguém que pudesse ajuda-los. Ele era um garoto de quinze anos, endurecido e transformado pela vida em um homem de quarenta. Ele podia ver sua vida em quadros de uma história comum e triste, que começara a vinte e cinco anos atrás.

Sua mãe, Alicia Label, dezoito anos e muito bonita, de olhos verdes e cabelo dourado, parecia uma princesa. Só que a princesa era órfã e pobre, e trabalhava de garçonete num bar barato. "Mas é um trabalho honesto!" ela dizia, e continuava com a sua força e alegria de viver.

Uma dia, num cavalo branco, chegou o príncipe da princesa Alicia. Era um príncipe operário, e seu cavalo branco era um carro velho desbotado pelos anos. Mas mesmo assim Henri Grant era um homem moreno cheio de charme e cavalheirismo, e se apaixonou pela princesa garçonete no mesmo instante que a viu, ao entrar no bar para tomar um café. Eles se casaram um ano depois, depois de juntar dinheiro para a cerimônia e todo o resto, e sua mãe já esperava um pequeno principezinho na barriga.

Jonas Label Grant nasceu seis meses depois de seus pais terem se casado, recebeu o nome que o pai queria, em homenagem ao avô. Então dois anos depois veio Jenna, a princesinha loira. Jenna porque tinha que ser um nome que combinasse com o do irmão. Mas essa família real sempre foi pobre, e pretendia parar com os filhos ali, para não piorar a situação. Mas as coisas acontecem, então quando Jenna tinha seis anos e Jonas oito, Alicia descobriu que estava grávida do terceiro.

Bem, onde comem quatro comem cinco certo? Podiam dar um jeito...veio um garoto, não loiro como a mãe e de olhos azuis como o pai, mas um garoto de olhos cinzento-esverdeados, cabelo preto como o carvão da fabrica onde seu pai trabalhava. Alicia quis o nome do marido desta vez, Henri Grant Junior, mas essa criança não parecia uma benção. Logo depois de seu nascimento a princesa dourada e alegre descobriu que tinha Leucemia. Pobres, três filhos para criar, e agora uma doença, não era nada bom. Alicia ainda trabalhou, tinha só vinte e oito anos e ainda agüentava, ela era guerreira, tinha que alimentar os filhos, tinha que ser uma boa esposa...e como boa esposa engravidou novamente. A situação já estava bastante ruim, seu príncipe estava prestes a perder o emprego, e ainda vinham mais crianças. E sim, foram duas crianças, duas garotinhas pálidas com cabelo cor de palha chamadas Marie e Virginia, Maria Virgem, a esperança e consolo de Alicia. Mas engravidar novamente, com trinta anos, doente e de gêmeas foi de mais para a pobre família real. Alicia caiu de cama definitivamente, pálida e mortiça, sem nada da luz de quando era jovem. Henri pai, perdeu um dos empregos, começou a beber, começou a não parar em emprego algum. E por fim quando já fazia oito anos que sua mulher, a única pessoa que amava, estava naquele estado quase vegetativo, os filhos passando fome, a coragem e força de cavaleiro dele desapareceram de vez. Henri Grant foi encontrado morto com um tiro no ouvido em um banheiro de bar sujo e decadente, a arma ainda quente nas mãos. Henri Junior tinha somente oito anos, e a partir daquele momento se culpou por toda a desgraça da família.

Jonas, o mais velho, com então dezesseis anos, largou a escola e começou a trabalhar, Jenna era babá e domestica de madames ricas, mesmo com somente quatorze anos. Henri Junior, o garoto magricelo e quieto, começou a entregar jornais, mas com somente oito anos e com notas mais que exemplares, a mãe e os irmãos mais velhos acharam que não valia a pena tira-lo da escola. Quem sabe com uma bolsa, ele se tornaria algo melhor e ajudaria a todos eles. Mas permanecer na escola custou a juventude do garoto, que agora cuidava da casa, das irmãs mais novas, da mãe, do seu pequeno serviço e dos estudos. E com tudo isso mais o peso da sua consciência e da sua vida trágica Henri foi levando a vida.

Até aquele momento.

Henri andava pelo parque a noite, voltando da escola. Tinha aulas a noite, pois de dia trabalhava como atendente de um feast food. Era um garoto magro e pálido de quinze anos, feições delicadas e a impressão geral de um anjo gótico e misterioso. Era triste, e isso se podia ver no seu olhar profundo, mas também era uma boa pessoa, e também isso se podia notar nos seus olhos. Henri tinha medo de andar na rua aquela hora, moravam num bairro muito perigoso e podia ouvir dali, caminhando, o som da sirene policial tocando. Era uma coisa que acontecia todos os dias. Passou por uma mulher negra e muito exuberante, com um minúsculo colante vermelho, ela acenou para ele convidativamente. Henri ignorou, estava acostumado a receber convites de prostitutas. Mas era ocupado de mais pra sequer ter alguma vez dormido com alguém. Para um garoto da sua classe social, aquilo era raro, ser virgem aos quinze. Mas ele não tinha tempo pra isso. Seu salário era pequeno mas pagava a comida das gêmeas, e ele continuava nessa vida dura e sofrida da família real pobre e desgraçada. E pra essa família que ele chegou em casa com um suspiro de alivio por continuar bem. As gêmeas estavam sentadas quietas no sofá, fazendo a tarefa escolar, pequenas para seus treze anos. Jonas ainda não devia ter chegado, ele trabalhava e praticamente sustentava a família, mas era um jovem de vinte e quatro anos e livre, sempre saía a noite. Jenna veio da cozinha com um copo de água e uma expressão preocupada no rosto.

-Henri, que bom que chegou. Ela esta tento uma crise e eu tenho que cuidar de tudo. Pode acabar de fazer o jantar das garotas?

-...Claro. Elas ainda não comeram?

Henri olhou no relógio, onze horas. Era meio tarde pra jantar.

-Não tinha nada, Jonas trouxe o dinheiro da comida a uma hora atrás. Eu comprei feijão e batatas, e óleo também. Mas eu preciso cuidar dela agora...

Jenna saiu em direção ao quarto da mãe, por um momento Henri pensou que Alicia devia ter sido exatamente daquele jeito quando tinha vinte e dois. Loira, olhos azuis...não, sua mãe tinha olhos verdes, Jenna tinha olhos azuis. Mas as duas tinham mais ou menos a mesma altura, as mesmas feições, eram muito parecidas mesmo. Esqueceu as divagações e foi até a cozinha, rapidamente cozinhou batatas e desenterrou no fundo da velha geladeira alguns hamburgers. Enquanto os fritava pensou na mãe, que devia estar com fortes dores e febre alta agora. Os médicos não sabiam dizer como ela ainda vivia, e sempre diziam que ela morreria a qualquer instante. Henri já estava acostumado de mais a essas previsões para sentir medo de perde-la, mas sabia que um dia isso iria acontecer. Sacudiu a cabeça livrando-se de tais pensamentos e serviu as meninas, e comeu somente um pouco, como de costume. Então sua irmã o olhou cautelosa e começou.

-Junior, nós já temos treze anos, e tudo o que fazemos é estudar e entregar jornais...

-O que quer dizer Virginia?

-O que a Virginia quer dizer é que podemos dar conta de mais, nós podemos ajudar mais Junior.

-...Vocês são boas garotas e eu entendo que achem que precisam trabalhar agora. Mas é importante estudar, e eu trabalho de dia pra poder dar a vocês duas essa oportunidade do mesmo jeito que Jonas e Jen deram pra mim. Então a não ser que eu perca meu emprego, nós ainda estamos dando conta de viver. E vocês vão continuar estudando.

-...Mas..

-Nada de mas Marie, estudar é importante.

Ele se levantou da mesa e deu um beijo na testa de cada uma, e foi para o quarto que dividia com Jonas. Tinha que estudar, mas estava tão cansado...deitou a cabeça no travesseiro, somente um instante, e apagou.

-Henri! Henri! Acorda!

-...ãhn? que? ...Jonas?

-Mamãe está muito mal, eu vou com ela na ambulância. Fique aqui com Jenna e as garotas.

-Não, espera, eu vou com você.

-Henri...

-Elas podem ficar bem aqui, eu vou com você.

Ele pulou da cama, verificando no relógio de pulso barato que eram quase três da manhã. Foi até o quarto onde sua mãe estava deitada na cama. Exceto por alguns gemidos fracos, ela parecia morta, e Henri sentiu algo muito ruim. "É hoje" pensou, então tentou esmagar esse pensamento com todas as vezes que sua mãe tinha sobrevivido. Mas a sensação pegajosa na boca do estomago não passou.

Logo chegaram os paramédicos e em trinta segundos Alicia, Jonas e Henri estavam dentro da ambulância, a primeira em cima de uma maca, cada vez mais pálida e pior. Mas por um momento ela acordou, olhou os filhos nos olhos. Estava lúcida agora, o que nem sempre acontecia mesmo que ela só tivesse quarenta e quatro anos. Fez um sinal fraco para que se aproximassem e eles obedeceram.

-...e-eu estou morrendo...oh, não me contestem agora... – respirou fundo se recuperando do esforço de falar – não tenham...ódio da vida, garotos...amem muito uma p-pessoa que os ama também...foi meu amor por seu pai que me deixou...viva...e agora, eu vou vê-lo de novo... – ela olhou para o teto da ambulância, com o olhar perdido, então fechou os olhos e um bip dentro daquela geringonça branca apitou.

-Hemorragia pulmonar! Reanimação! – dois paramédicos afastaram os filhos e começaram a ligar a mulher em aparelhos e desfibriladores.

Desceram as pressas da ambulância e levaram Alicia direto para a sala de cirurgia, sem dizer nada aos rapazes que acompanhavam perdidos a movimentação. Eles se sentaram na sala de espera e ficaram lá, quietos, pensando, esperando alguma noticia.

Já tinham se passado duas horas, Henri não agüentava mais ficar ali. Tinha que fazer alguma coisa! Qualquer coisa! Disse a Jonas que iria no banheiro e se esgueirou pelos corredores brancos até a sala de cirurgia onde sua mãe estava sendo operada. Uma das paredes era de vidro, como nas maternidades, Henri olhou lá dentro com medo do que pudesse ver. Sete cirurgiões e seus ajudantes estavam em cima da sua mãe, de modo que ele não podia vê-la. A movimentação era frenética e a tensão, palpável. Henri esticou o pescoço, tentando ver, mas tinha gente de mais. Então um bip continuo e cortante encheu a sala.

-Parada cardíaca!

Alguém entregou um desfibrilador para um dos médicos, o chefe pelo que parecia. Um homem grande, perfil aquilino bonito, um vinco na testa de preocupação. Ele encostou o aparelho no peito de Alicia, apertou o botão. Nada. Tentou novamente, nada. Tentou por sete vezes, mas o barulho e a linha verde correndo reta pelo monitor continuavam. Por fim uma enfermeira segurou seu braço e fez um não com a cabeça. O médico jogou a touca e a mascara verdes que usava no chão com fúria, em seguida olhou no relógio de parede e falou em voz grave e aparentemente muito triste.

-Hora da morte, cinco e quatorze.

As pessoas se afastaram, com os ombros caídos e expressões de frustração no rosto .Henri então pode ver finalmente o rosto da sua mãe. Por mais estranho que pudesse parecer, estava mais luminoso que nos últimos treze anos, embora imóvel e irremediavelmente morto. O garoto sentiu seus joelhos cederem e apoiou o corpo no vidro, deixando uma lagrima solitária escorrer pelo seu rosto.

Então, era isso, estava acabado. A vida da mulher mais incrível que jamais conheceram tinha acabado. Não conseguia assimilar ainda, não podia ser verdade. Não, sua mãe não podia ter morrido! O medico virou-se e viu Henri ali, parado, e logo em seguida um outro enfermeiro o viu também. O enfermeiro fez menção de ir tira-lo de lá, mas o médico o impediu e saiu da sala. Ele tinha o avental ensangüentado, mas foi com serenidade que se postou ao lado de Henri e olhou a mulher ser coberta por um lençol branco.

-Sua mãe?

-...sim, é. Quer dizer...era...

-Me pareceu ser uma mulher incrível.

-E ela era.

-Ela está em paz agora...feliz...

-...eu não acredito em felicidade.

Henri de repente ficou insensível. Não sentia nada, mal via aos coisas ao seu redor. Parecia que o mundo de repente tinha se tornado todo cinza, sombrio e frio. Caminhou até onde seu irmão estava, e com a voz firme e sem emoção alguma anunciou.

-Acabou, ela morreu. Eu vi ela morrer.

-...n-não pode ser...ela s-sempre, sempre conseguiu...você deve ter visto errado Henri...

-Chega Jonas, ela não existe mais!

Jonas o encarou por alguns segundos, tentando penetrar naquele rosto tão duro, e finalmente desabou na cadeira e começou a chorar compulsivamente. Henri fechou os olhos e sentou-se ao lado dele, pensando nas palavras da mãe.

"Ela está com o papai...mas ele era um covarde, fraco, não agüentou ficar com a gente...ela diz pra não odiarmos a vida, mas como? A pensão que o governo dava não vai mais existir, vamos passar fome...como alguém pode amar assim? A vida é ruim de mais, não vale a pena...mas eu não serei fraco, por eles, eu não serei covarde como o papai. Ela...ela deve estar em paz mesmo, finalmente...depois que eu cheguei para estragar a vida de todos, ela não teve mais paz, mas agora ela esta dormindo tranqüilamente, pra sempre...eu serei forte por eles, compensarei o estrago que fiz"

Esses pensamentos corriam pela mente de Henri, até que percebeu que Jonas estava falando com ele

-Precisamos...contar a elas...vem

-Está bem...

Voltaram lentamente pra casa, o sol estava nascendo. Curioso com a aurora estava bela naquele dia, parecia enfeitada de propósito, como que para recebe-la. Entraram em casa, as gêmeas dormiam no sofá, cada uma sobre uma perna de Jenna, que estava com olheiras azuladas por baixo dos olhos mas muito acordada.

-...como ela está? Quanto tempo vai ficar no hospital dessa vez?

-...Jenna...- Jonas tentou, mas novamente caiu em choro. Henri foi até ela e segurou a mão pequena e delicada da irmã, tão parecida com a da mãe. A mãe que agora estava morta.

-Ela se foi Jenna...ela não vai mais voltar.

As gêmeas tinham acordado com o choro do irmão, Jenna olhou pra ele sem expressão alguma. Então ela levantou de repente e o sacudiu com força, gritando.

-MENTIRA! NÃO É VERDADE! MAMÃE NÃO MORRERIA...ELA NÃO PODE TER...não, por favor...

-...É-É verdade Jen...ela...se foi... – disse Jonas finalmente, abraçando as irmãs mais novas que tinham começado a chorar também.

Jenna desabou no sofá, se possível chorando mais compulsivamente que todos, ela era a mais próxima de Alicia e a que visivelmente sofria mais. Henri não podia suportar, estava exausto, não chorava, não sentia. Foi até seu quarto e sentou-se na cama, o mundo escureceu e ele desmaiou.

oOo

N/a: E então? O que acham? Novela mexicana neh? Mas melhora com o tempo, eu prometo ;-D Deixem reviews!