Armadilha do Destino – por Jessica Steele – Enquanto ela dormia....
Rin Farley perdeu a memória em um grave acidente de carro. E ao se recuperar de um coma descobre que está noiva de Sesshoumaru Kershaw. Rin não tinha como contestar aquela situação, pois o passado era, para ela, um enigma na sua vida... E, além do mais, Sesshoumaru demonstrava ter todas as qualidades para ser um marido perfeito! Quando finalmente recupera a memória, descobre que há uma peça no quebra-cabeça que não se encaixa: ela nunca vira Sesshoumaru antes! Como explicar, então, a razão de estar morando na casa dele, usando um anel de noivado dado por ele e... compartilhando a mesma cama?
Capítulo I
Sem conseguir pegar no sono, ela tentou pensar no que a estava preocupando. Então, arregalou os olhos ao se dar conta de que não só não se recordava do que a preocupava como também não se lembrava de nada! Absolutamente nada! O cérebro era um completo vazio.
Não podia nem mesmo dizer o próprio nome.
Em pânico, soltou um gemido.
Alerta pelo som angustiado, uma enfermeira aproximou-se da cama.
- Você voltou para nós – afirmou, com toda a calma.
Mas a mulher jovem no leito não se sentiu assim.
- Quem é... o que.... não sei onde estou, quem sou! – sussurrou, em pânico.
Depois disso, durante quantas horas ou dias ela não poderia dizer, houve uma confusão de visitantes vestidos de branco, perguntas e testes, remédios e sedativos, enfermeiras cuidando de seus cortes e arranhões. E ainda não podia se lembrar de nada. Perdera a memória.
Dois homens de terno caro lhe faziam visitas freqüentes em separado. Um era alto, tinha uns quarenta e poucos anos e, além de médico cirurgião, era psiquiatra, como ele mesmo lhe contara. Sempre que chegava, examinava-lhe os olhos com uma pequena lanterna e fazia perguntas como se a tivesse testando.
O outro era uns dez anos mais novo que o primeiro Também alto, porém com um aparência mais atlética. Mas esse não questionava. Sentava-se ao lado da cama e conversava, tão-só.
Ela costumava adormecer no meio da conversa, com ambos.
Os dias se passavam sem que tivesse muita consciência do que quer que fosse. Todos a chamavam de Sango. Alguém ali devia conhecê-la. Havia lembranças nubladas de momentos de pânico, controladas com injeções, na certa calmante.
Tinha uma vaga idéia de ter sido transferida para outro hospital bem diferente. Os médicos e as enfermeiras eram outros, mas aqueles dois homens de terno continuavam a visitá-la amiúde.
Certa manhã, acordou sentindo-se, pela primeira vez, um pouco mais forte, apesar da cabeça ainda zonza.
- Onde estou? – indagou à bonita enfermeira ao lado de seu leito.
- Roselands. É uma clinica particular. Você foi transferida para cá há dois dias.
- Meu nome é Sango?
- Sango Farley – replicou a moça, sem hesitação.
- O que aconteceu comigo?
- Você sofreu um acidente de trânsito e entrou em coma, mas agora já está se recuperando. Levou alguns pontos na perna direita, sofreu esfoladuras no braço direito e traumatismo muscular. – Sorriu de modo reconfortante. – Mas nenhum osso foi quebrado.
- Minha cabeça está bem? – Sango sentiu o pânico crescer. – Não consigo me lembrar...
- Sua cabeça está bem. Todos os exames e testes possíveis foram feitos. Apesar da gravidade do impacto, não ficou com nenhuma seqüela.
- Mas não recordo quem sou.
- Tente relaxar. Sou Kagome Orchard, a propósito. E não se preocupe, o estado de coma muita s vezes causa esse processo no subconsciente. Quanto antes você conseguir relaxar, mais rápido sua memória retornará. Agora, precisa de alguma coisa?
Sango olhou ao redor do quarto. Avistou um lindo arranjo de flores em um canto, e outro pequeno ramalhete no criado-mudo, além de uma cesta de frutas.
- Parece que tenho tudo – disse sem energia para questionar mais nada.
Kagome Orchard se retirou, e Sango começou a experimentar uma sensação de histeria. A mente estava em branco. Era como uma muralha de pedra intransponível, e todos os esforços para rememorar coisas pareciam em vão.
- Sango Farley – falou em voz alta. O nome lhe soava estranho.
Quando o desespero começou a crescer, a porta se abriu e o psiquiatra, o mais velho dos dois homens que a visitavam, entrou. A enfermeira se dirigiu a ele com respeito como dr. Hakudoushi.
- Como está a cabeça? – inquiriu o doutor, com uma postura profissional.
- Não há luz, não há nada aqui dentro.
- Você precisa descansar, Sango. Tente não se preocupar com nada.
- Quanto tempo vai demorar até que eu recupere a memória, doutor? E o mais essencial: conseguirei recuperá-la?
- Pode retornar a qualquer momento a partir de agora. Se é só uma conseqüência da pancada, sua memória pode voltar em dias. Apenas descanse e...
- "Se"?! – questionou, assustada. – Houve algo além da pancada na cabeça?
Hakudoushi hesitou por instantes, mas deu a resposta requerida:
- Às vezes, quando uma pessoa sofre um grande estresse emocional, o cérebro decide que basta, e por um tempo resolve bloquear tudo.
- Acha que isso pode ter acontecido comigo?
- É possível que as duas coisas tenham se dado ao mesmo tempo. A batida na cabeça e o trauma emocional. Mas, segundo as testemunhas que a viram discutindo em um veículo em movimento, acredito que o acidente seja o responsável.
Sango aceitou aquilo. Não tinha escolha. O dr. Hakudoushi era um homem inteligente, e ela confiava nele.
- Minha família... Eles sabem que estou aqui?
Hakudoushi não respondeu.
- Tenho uma família, doutor? Talvez eu nem tenha.
- Quanto falei que você precisava descansar, era serio. – Sorriu. – Dê descanso para seu pobre cérebro.
- Está bem – acabou por concordar, sentindo-se exaurida.
-o-
Sango não tinha idéia de quanto dormira, mas quando acordou estava sozinha. Ansiosa e perturbada, começou a estudar o aposento, e então para si mesma. Foi quando notou na mão direita pousada sobre a coberta um solitário de brilhante. "Meu Kami! Estou noiva!"
De quem? Daquele outro homem alto de cabelos prateados de que vagamente se lembrava de ter estado sentado na beirada de seu leito na véspera?
Começando a sentir medo de novo, procurou a campainha para chamar a enfermeira. Porém, antes que a encontrasse, ouviu o ruído da maçaneta.
Qualquer alívio que deveria ter sentido por ter uma companhia, evaporou-se quando viu que a pessoa que entrou era o rapaz de cabelo prateado do qual pensara que pudesse estar noiva.
- Sou tão assustador assim?- perguntou ele, fazendo-a perceber que devia estar com uma aparência alarmadíssima.
O estranho esboçou um sorriso, e Sango começou a se sentir um pouco melhor.
- Eu... sou... sua noiva?
Ele puxou uma cadeira para perto da cama e sentou-se.
- Fui eu quem pôs esse anel em seu dedo.
Sango o encarou. Decerto, para estar noiva dele, deveria amá-lo. Entretanto, olhando-o, não sentia nada, exceto alegria por ele não a ter cumprimentado com um beijo.
- Não sei seu nome.
- Sesshoumaru. Sesshoumaru Kershaw, a seu dispor.
Sango descobriu que estava sorrindo.
- Acho que eu poderia gostar de você – falou sem pensar, e arrependeu-se de imediato ao dizer a si mesma que era o amor dela que ele queria, e não apenas o gosta. – Sinto muito, Sesshoumaru. Não sei muita coisa. Embora....
- Você se lembrou de algo? – Ele ficou muito sério.
Ela meneou a cabeça.
- Notei minhas mãos pela primeira vez hoje. Minhas unhas precisam ser cortadas. Não sei como, mas tenho absoluta certeza de que não é normal eu as usar assim longas. Aliás, não sei como é minha aparência... Tenho uma aparência normal?
Sesshoumaru suspirou.
- Você é linda. Muito linda.
- Só está dizendo isso porque é meu noivo e a beleza está nos olhos de quem ama... – Dessa vez ela não esperou que ele respondesse, descobrindo que precisava com urgência ver como era. – Tem algum espelho por aqui?
Como resposta, Sesshoumaru se levantou e abriu a porta do banheiro.
- Seu psiquiatra pediu que você saísse um pouco da cama esta tarde. – Sesshoumaru retornava até a cama. Tirou a colcha de cima dela e ergueu-a nos braços. – Faremos uma tentativa.
Sentir através do tecido fino da camisola os braços fortes daquele desconhecido a fez enrubescer. Agradeceu ao fato de não estar vestida com uma camisola daquelas de hospital, aberta nas costas.
Surpresa, Sango se viu carregada até o banheiro pelo estranho de quem estava noiva, e então colocada perante o espelho sobre o gabinete da pia.
- Você disse... linda. – Sango estudava a morena pálida de olhos de chocolate refletida ali.
- Além dos cortes, seu corpo todo esteve em trauma, isso sem mencionar sua pobre cabeça. Está linda agora e ficará maravilhosa quando sua cor natural retornar.
Sango desvirou-se do espelho e fitou Sesshoumaru.
Ele tinha uma boca bonita. Parecia-lhe impossível que tivesse trocado beijos com aquele rapaz tão interessante, com ar de quem sabia muito bem o que queria. Ainda assim, ficara noiva dele. Portanto, deveriam ter se beijado, e até mesmo feito amor.
Sango tornou a enrubescer com o pensamento e passou seus dedos nervosos através dos fios castanhos.
- Quero voltar para a cama me deitar.
Sesshoumaru a observou.
- Vá com calma. – E a carregou de volta, cobrindo-a com a colcha. – Está tudo confuso para você, mas vai melhorar, juro.
- Sempre me senti tímida com você? Não sei nem mesmo isso! Eu não deveria me sentir à vontade a seu lado?
- Por quê? Nesse estágio de sua recuperação, devo parecer-lhe um perfeito estranho.
Sango conseguiu sorrir.
- Obrigada por ser tão compreensivo.
- Você é adorável. – Sesshoumaru piscou, charmoso, e ela descobriu que estava à vontade com ele.
Sango deu um bocejo delicado.
- Parece que não consigo manter os olhos abertos mais de dez minutos a cada vez que acordo.
- Acho que entendi a dica. – Sesshoumaru brincou. – Voltarei ao meu escritório para trabalhar um pouco.
E se foi. Partiu sem nem mesmo um beijo de despedida, e Sango apreciou aquilo. Sesshoumaru era um completo estranho, e ela já estava bastante abalada emocionalmente sem ter de sentir os lábios dele contra sua pele.
Deu-se conta, então, de que Sesshoumaru Kershaw a perturbava mais do que o normal. Ainda podia recordar-se dos braços fortes ao redor de seu corpo. E ficava vermelha duas vezes. Será que enrubescia assim tão fácil?
Lembrou-se de suas próprias feições no espelho: grandes olhos castanhos, nariz afilado e uma boca carnuda. Devia ter vinte e poucos anos. Precisava perguntar a Sesshoumaru...
Adormeceu.
-o-
Sango despertou com os pensamentos embaralhados. Sesshoumaru dissera que voltaria a seu escritório. Não tinha idéia de no que ele trabalhava. Precisava perguntar. Como Sesshoumaru soubera que ela estava no hospital? Talvez não tivesse aparecido a algum encontro que marcaram...
Esqueceu-se de Sesshoumaru quando uma enfermeira entrou com a bolsa de boa qualidade que fora encontrada na cena do acidente. Quando Sango examinou o conteúdo, um batom, um espelho, uma carteira, não viu nada que acendesse sua memória.
Durante a semana seguinte, fez rápido progresso na recuperação. Tanto que o dr. Hakudoushi, cujas visitas passaram a rarear, pretendia dar-lhe alta. Sango estava muito melhor e sabia disso, mas, uma vez que as lembranças de eventos anteriores ao acidente eram um branco completo, a possibilidade de deixar o hospital a amedrontava.
Uma parte sua não via a hora de sair dali, enquanto a outra se apavorava com a possibilidade. Ali, sentia-se segura.
Sesshoumaru ia vê-la na maioria dos dias, mas não sempre, visto que o trabalho dele envolvia viajar pelo país e às vezes pernoitar fora de Londres.
Até aquele momento, Sango não sabia em que parte da Inglaterra se encontrava, e foi Sesshoumaru quem preenchera esse e alguns outros espaços em branco. Deveria haver muitas coisas que ela não sabia, mas seu noivo parecia estar poupando-a para não confundi-la ainda mais.
- Fale-me de seu trabalho, Sesshoumaru.
- Sou analista independente de negócios.
A empresa dele chamava-se Pesquisas e Análises Kershaw, e contava com uma equipe grande de especialistas econômicos. Sango entendera que a firma aprofundava-se em procurar empresas falidas e analisar os motivos do fracasso.
Gostaria de saber mais, porém, Sesshoumaru parecia crer que lhe contara o suficiente. Assim, resolver saber que tipo de trabalho ela fazia. Sesshoumaru dissera que Sango estava procurando emprego no momento, e de alguma forma, quando tentou pressioná-lo sobre sua profissão, Sesshoumaru mudara de assunto.
- Como nós nos conhecemos? – Fora outra das indagações para a qual não obtivera uma resposta muito clara.
Pelo jeito, o caso deles havia sido um daqueles amores à primeira vista. Mas talvez, por instrução do dr. Hakudoushi de não esgotá-la, Sesshoumaru encerrara o tema de novo.
E, na realidade, Sango não podia dizer que sentia muito. Não a envergonhava pensar sobre a maravilhosa relação que devia ter tido com Sesshoumaru, mas, recordando-se mais uma vez dos braços fortes carregando-a, não podia negar que sentia-se abalada.
No domingo, esperou ansiosa o dia todo por uma visita de Sesshoumaru, e ele não apareceu.
Sango imaginou que ser seu próprio chefe significava não ter horário ou dia para trabalhar. Talvez estivesse em algum lugar fora da capital. O que era uma pena. Ela estava prestes a ter alta da clínica e não sabia onde morava.
Quisera saber sobre sua família, e Sesshoumaru afirmara que seus pais estavam viajando pela América do Norte. Contara-lhe que decidira, uma vez que a perda da memória não representava risco de vida, que não os contataria, para não estragar as férias pelas quais haviam esperado por tanto tempo.
Sango concordou com essa atitude, e supôs que devia ser filha única. O que a preocupava agora, porém, era que teria alta, mas não tinha vontade de deixar a clínica. O que fazer sozinha numa casa?
Isso se morasse em uma casa. Poderia ser um pequeno apartamento, qualquer tipo de moradia. A ansiedade aumentou, e Sango se sentou no colchão. E, de repente, quando sentia-se desesperada para falar com alguém, a porta se abriu e Sesshoumaru entrou.
- Estou tão feliz em vê-lo! – em seguida, embaraçada por seu desequilíbrio, desviou o olhar, para que ele não visse suas lagrimas.
- Ei, o que é isso? – Aproximando-se, Sesshoumaru sentou-se na beirada da cama, passou um braço em volta dos ombros dela e, com toda a gentileza, virou-lhe o rosto, fazendo-a encará-lo. – O que houve?
Sango engoliu em seco, contendo o choro.
- O dr. Hakudoushi falou que, embora eu tenha que retornar para novos exames, estou pronta para sair daqui.
Sesshoumaru estudou-a, calado, e então disse, muito calmo:
- Amanhã.
- Amanhã? Poderei ir para casa amanhã? Você esteve com o dr. Hakudoushi?
- Consegui dar uma palavrinha com ele ao telefone. – Sesshoumaru abriu um sorriso, aquele que Sango já estava começando a adorar, quando acrescentou: - O que a preocupa tanto para causar tanta infelicidade nesses olhos castanhos tão fantásticos?
- Não sei onde moro!
- Oh, querida... – apertou-lhe o ombro de leve.
- Onde fica minha casa, Sesshoumaru? Ninguém parece ser capaz de me dizer.
Quando ele pareceu titubear, Sango achou que sabia o motivo da hesitação.
- Vivo com você – deduziu. – Estamos morando juntos, mão é? – Um calor esquentou-lhe o rosto quando entendo o que aquilo implicava. – Eu... nós... dormimos...
- Quieta! – Sesshoumaru a calou e, como que para fazer a relação deles menos pessoal, soltou-lhe e afastou-se do leito. Então puxou uma cadeira, sentou-se e enviou-lhe um sorriso encorajador. – Está fazendo excelentes progressos. Mas está muito longe de compartilhar uma cama com alguém. E além disso, prometi ao Dr. Hakudoushi que, mesmo que me implore para fazer amor quando eu levá-la daqui, mocinha, não farei.
Sango deu uma risada. Era um som gostoso. Sentiu como se fizesse muito tempo que não ria.
- Seu riso e tão adorável quando sua voz. – Sesshoumaru a encarou.
O sorriso se apagou quando Sango recordou o que estavam falando antes.
- Você me disse que me levará para casa? Onde eu moro? Aqui, em Londres?
Ele meneou a cabeça.
- Calma, Sango. Você irá para uma vila em Hertfordshire. O dr. Hakudoushi afirma que está precisando de sossego e repouso para se recuperar por completo. Acha que será muito melhor que fique lá do que em meu apartamento, na capital.
- Você tem duas casas?
- Há pouco herdei Grove House de minha avó.
- Eu já estive lá?
- Não. Será um novo começo para sua vida. Você não conhece ninguém lá, e ninguém a conhece. Portanto, não terá de se preocupar em cumprimentar ou não as pessoas que encontra na rua.
Sango não pensara naquilo. Sentia as pernas tão fracas ainda que caminhar não lhe ocorrera.
- Sua avó morreu, Sesshoumaru?
- Sim, alguns meses atrás.
- Sinto muito. – Sango sentiu-se insensível por ter tocado no assunto. – Eu a conheci?
- Você nunca a encontrou. Vai gostar de Shipton Ash, não tenho dúvida. É uma pequena vila, com uma loja, um pub, e algumas propriedades em volta.
- Ficarei sozinha lá?
- Estarei com você sempre que puder. E não se preocupe, terá seu próprio quarto. Quando eu não estiver lá, Kaede Harris, a empregada e enfermeira que cuidou de minha avó, lhe fará companhia.
Sango arregalou os olhos.
- Arranjou tudo isso, Sesshoumaru? Enquanto eu... permanecia aqui, nesta cama... ficou organizando tudo para meu bem-estar?
- Fui muito egoísta até agora, querida. Conceda-me esse prazer, sim?
- Não acredito que seja egoísta. Suas visitas têm sido constantes... Diga-me, você me ama? Eu te amo?
Os olhos dourados fixaram-se nos dela. E o coração de Sango começou a bater forte, na expectativa de que aquele homem tão bonito estava prestes a dizer que a amava. Mas em vez disso, ele falou:
- Acho que por enquanto você e eu devemos apenas ser amigos.
- Oh... – O orgulho aflorou. – Quer o anel de noivado de volta?
Sango ia removê-lo do dedo, mas Sesshoumaru pousou a mão sobre a dela, detendo-lhe o movimento.
- Não é isso que estou sugerindo. De jeito nenhum. O que estou dizendo é que, enquanto não estiver em excelente estado, não haverá nenhum contato físico entre nós.
- Um noivado platônico? É isso que sugere? – Ela refletiu por um instante, e concluiu: - Sim, eu gostaria disso.
Sesshoumaru se levantou.
- Vou deixá-la repousar um pouco. Amanhã será um longo dia para você.
- Roupas! – exclamou, ansiosa. Não queria viajar até Grove House de camisola.
- Está tudo preparado. Agora, descanse. – E Sesshoumaru se foi.
-o-
Era uma alegria estar do lado de fora do hospital. Sango contemplava tudo a sua volta durante o trajeto, na esperança de que algum detalhe pudesse lhe despertar as lembranças.
Todavia, não obteve sucesso, e aos poucos as pálpebras começaram a pesar. Acabou por adormecer.
Ao acordar, avistou uma placa que dizia: Shipton Ash.
- Chagamos! Kaede Harris estará aí?
Se Sesshoumaru notou o súbito estado de ansiedade, não deu nenhuma indicação disso.
- Espero que sim. Gostaria muito de uma xícara de chá.
Sango sentiu-se melhor no mesmo instante.
Ele parou o carro e desceu para abrir dois enormes portões de ferro. Atônita, Sango constatou que Grove House não era um chalé, como imaginara. Um caminho de cimento, ladeado por árvores frondosas, levava dos portões até uma construção enorme, uma verdadeira mansão.
Ela abriu a boca para expressar sua opinião, quando Sesshoumaru voltou para o veículo. Mas então, de repente, sem aviso, como se a voz viesse de muito longe, ouviu a si mesma dizendo:
- Minha mãe adorava árvores. Ela... – Sango parou de falar, olhando para o noivo em estado de choque.
Sesshoumaru pôs as mãos nos braços dela com firmeza.
- Está tudo bem. Você lembrou...
- Só disso! – interrompeu-o, tremendo. – Sesshoumaru, eu disse que minha mãe adorava árvores. Adorava! Você falou que meus pais estavam de férias em...
Ela parou de falar, perdendo o fôlego.
- Minha mãe está morta? Está? Sesshoumaru, por favor, me conte!
Olá! como vocês estão??? Espero que gostem da historia; eu a acho bem simpática; não vou falar nada ainda, quero primeiro ter a opinião de vocês. Deixem reviews! mil beijos pra todos, até a próxima.
