Disclaimer: Sherlock não me pertence, porém a fanfic sim. Respeite o meu trabalho, não plagie.
One-shot não betada. Qualquer erro encontrado, por favor, me alertem.
Tédio
Mentes ociosas são oficinas para o diabo. Mas a mente da reencarnação do próprio era bem mais criativa, assim pensava John Watson.
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- Interessante.
John Watson abaixou o jornal e deu de cara com dois olhos aterrorizantemente claros que fitavam algo acima de sua cabeça. Sherlock Holmes tinha as mãos entrelaçadas à altura dos lábios, mas era possível distinguir que ele sorria. E era aquele sorriso que tanto irritava John e ao mesmo tempo metia-lhe um pouco de medo.
Watson franziu as sobrancelhas e apalpou o alto da cabeça para não achar nada além do próprio cabelo. Olhou para trás e encontrou apenas aquela poluição visual que era a cozinha. Confuso, voltou a ler o jornal.
Não deu mais de três minutos para o médico abaixá-lo novamente. Sherlock, assim como suspeitara, continuava encarando-o. Ou melhor, encarando o nada por cima de sua cabeça. Isso estava a incomodar profundamente o Watson. E ainda tinha aquele sorriso macabro que o fazia sentir-se um camundongo meio a um experimento.
Após uma rápida terapia respiratória, John desamassou o jornal, mas não conseguiu concentrar-se em sequer uma palavra a sua frente. Aquele maldito olhar o queimava detrás do jornal tamanha sensação de invasão de privacidade que ele causava.
- Ok. O que foi, Sherlock? – indagou enquanto dobrava o jornal com certa irritação.
- Seu cabelo.
- O que que tem? – John passou a mão pelo alto da cabeça, preocupado.
- Com que tinta você o pinta?
- Eu não pinto o meu cabelo. – respondeu ofendido.
- Pois ele tem um tom incomum de cinza.
- Ah, agora está me chamando de velho. – bradou Watson batendo de leve nas próprias pernas.
- Essa cor não é normal. – sussurrou Sherlock como se estivesse no meio de um estudo.
- Pare de implicar com o meu cabelo. – mandou John mais calmo pronto para apanhar novamente o jornal.
- Pare você de ser orgulhoso e me diga com qual cor você o pinta. – mandou o consultor com arrogância.
- Já disse que não pinto meu cabelo!
- Talvez seja para impressionar as mulheres. O cabelo grisalho passa uma imagem de homem mais maduro que acaba por atraí-las. – comentou consigo mesmo.
Watson fechou e abriu os olhos como se estivesse dopado, após ouvir tais atrocidades contra a sua aparência.
- E o seu cabelo? Nesse tom tão... tão... Preto.
- Blasfêmia. Meu cabelo é perfeitamente normal.
- Não, não é. – teimou Watson fazendo Sherlock estreitar os olhos. – Ele é tão escuro que nenhuma luz reflete nele. Parece até... azul. Não é uma cor comum. O seu cabelo sim não é normal. Talvez seja tingido.
John sorriu e arqueou as sobrancelhas claramente dizendo que também sabia jogar. Sherlock, porém, permaneceu quase inatingível, exceto por uma súbita irritação que o fez descruzar as pernas e suspirar.
- O tom de cor do meu cabelo é o mesmo que de minha mãe. Se quiser, peça para Mycroft confirmar já que vocês parecem agora tão íntimos.
Watson reprimiu a vontade de revirar os olhos e ignorou o comentário ressentido do consultor investigativo.
Novamente, o silêncio invadiu a pequena sala. Sherlock Holmes se acomodou mais na cadeira assim como John o fez, na poltrona. O médico passava os olhos calmamente pelo jornal e sentia-se à vontade com o ambiente quieto. De repente, sem ele perceber, Sherlock estreitou os olhos e sorriu.
- Talvez você use peruca. É um item muito comum atual...
- Vou fazer compras. Quer alguma coisa?
John levantou num salto e falava e movia-se rapidamente, desta vez com extrema irritação.
- Na verdad...
- Por que eu perguntei? Não vou fazer favores para você.
Holmes ouviu os passos duros de Watson afastar-se e a porta ser fechada com fúria. Sorriu com vivacidade e se esparramou na cadeira, de repente se sacudindo todo de alegria.
Finalmente encontrara uma saída alternativa para quando estivesse entediado: irritar John Watson.
N./A.: Após o longo momento de alegria ao ver o Martin Freeman no papel do Watson, eu comecei a questionar sobre a estranha cor de cabelo dele. Até hoje ainda me vejo encarando o cabelo dele (eu o vejo grisalho, mas já acostumei também a chamá-lo de, loiro). E como estamos neste momento tenso, roendo as unhas e esperando que 2012 passe voando para assistirmos à terceira temporada; resolvi escrever algo menos... sério.
Até que eu gostei do resultado, espero que gostem também.
