Disclaimer:
1. OUAT não me pertence. Se pertencesse SwanQueen seria canon.
2. Essa fanfic é Morrilla. FANFIC. FICÇÃO. NÃO REAL.
3. Shippo Morrilla como amizade, MAS como conheço muita gente que não, resolvi escrever essa fic como forma de deixa-las felizes já que nem selfie tem.
4. Não sei com qual frequência vou atualizar.
5. Estou repostando a fic revisada e com leves mudanças.

Espero que gostem e - por favor - mandem reviews que é o que me motiva a escrever. Podem me chamar no Twitter, também.
Beijos, é isso.

Berry.


Jennifer estava sentada em frente a um copo de café da Starbucks em sua casa. Usava meias, uma calça e uma blusa de moletom qualquer que tinha pego no guarda-roupa assim que chegou, cinco horas antes. O clima em Los Angeles estava extremamente frio, o que não a incomodava de maneira alguma.

Se existia uma coisa que JMo adorava, era ficar em casa, usando qualquer roupa que fosse confortável e tomando café num clima frio. Sua cabeça geralmente se mantinha ocupada enquanto ela lia um livro, ouvia música, pensava em projetos futuros ou simplesmente assistia alguma série que não fosse Once Upon a Time.

Ela não suportava mais se ver na televisão.

Dessa vez, porém, passou por cima da aversão que começou a sentir no momento em que sua personagem começou um romance completamente forçado com Hook, e abriu a Netflix, soltando um suspiro a digitar o nome da série que fazia parte.

Ela riu nervosamente quando leu a sinopse do episódio que estava prestes a assistir, e seu coração apertou ao lembrar que só voltaria a gravar após dois meses.

Sua mente logo viajou até o set de filmagem, e consequentemente, até ela: a pessoa que vinha tirando seu sono e a fazendo assistir os episódios que tanto a irritavam.

A pessoa dona do sorriso mais lindo e dentes mais brancos que Jen já tinha visto, dona da voz mais aveludada que ela já havia ouvido.

Lana Parrilla.

Ela não sabia exatamente quando começou a sentir algo bom pela morena, visto que no começo da série ela simplesmente não suportava Lana, mas isso não importava. O que a consumia e a deixava incomodada de uma forma inexplicável era o mero fato do sentimento existir.

No começo, Jennifer se irritava com a forma que Lana parecia estar excessivamente feliz.

O tempo todo.

Ela achava forçado e se sentia incomodada. Todos cercavam Lana como se ela fosse um tipo de ser superior.

Jennifer não sentia inveja, apenas uma pontada de irritação.

Mas o tempo passou e ela começou a se sentir atraída. Primeiro pela beleza da latina: ela era sensacional. Depois por seu humor e inteligência, e então, sem aviso prévio, pelo conjunto completo.

Ela nunca havia se sentido daquela forma. Nem por homem, nem por mulher.

A sensação de borboletas no estômago era algo que apenas Lana tinha sido capaz de ocasionar em Jennifer, mesmo que a mesma não fizesse a mínima ideia disso.

"E vai continuar sem saber", Jen resmungou consigo mesma. "Se elas deixarem".

Com elas, ela se referia àquelas pessoas insuportáveis que a faziam se perguntar onde ela havia errado.

"Shippers".

O termo era novidade pra ela, e seu significado beirava a insanidade: pessoas que torcem por um casal. Quando Jennifer ficou sabendo que existiam pessoas que shippavam Swan Queen, ela riu. Muito. Como era possível alguém torcer para Emma e Regina ficarem juntas? O que ela não contava, porém, é que aquele grupo de pessoas cresceria de forma irrefreável e se tornaria o maior fandom da série. O que ela não contava, também, é que aquilo de alguma forma se estenderia pra fora da série, e as pessoas começariam a shippar Morrilla.

Jennifer Morrison e Lana Parrilla.

Eram as consequências de ser famosa, Jennifer pensou, mas aquilo começou a perturba-la ainda mais. Claro que haviam outros ships que haviam ultrapassado as barreiras da televisão, como por exemplo, Colifer. Existiam pessoas que queriam que ela ficasse com Colin O'donoghue fora das telas, mesmo sabendo que ele era casado. Só que ela não se importava. Ela era uma grande amiga de Colin e sua esposa, Helen, e não sentia nem um pouco de incômodo ao pensar que existiam pessoas que torciam por um romance entre os dois.

Não iria acontecer, ponto.

Mas, mesmo sendo a mais pura ficção, parecia bem mais grave que Morrilla, não? Afinal, Lana era noiva, e não casada. Ela estava comprometida com alguém, mas não num grau tão avançado quanto casamento.

Mas, se aquilo era loucura das pessoas e nada mais que a manifestação do fanatismo, por que a perturbava tanto, e de forma tão profunda?

A resposta era óbvia.

Ela também queria que aquilo fosse real.

Simplesmente porque ela estava completamente apaixonada por Lana Parrilla, e desde que percebeu seus sentimentos, começou uma guerra interna onde tudo parecia encaminha-la para a auto destruição:

"Lana é heterossexual."

"Lana é noiva."

"Você não sabe sua própria orientação sexual."

E claro, ela ainda convivia com o medo de demonstrar algum dos seus sentimentos - mesmo que involuntariamente - o que justificaria o número excessivamente grande de pessoas que acreditavam que ela e Lana estavam apaixonadas tanto na série como fora delas, e de um jeito ou de outro, queriam elas vivendo esse romance.

Não, não era aquilo. Ela não podia. Ela não estava demonstrando absolutamente nada, tinha certeza Mas então... por que?

Jennifer não era uma pessoa de demonstrar sentimentos assim. Todos a conheciam por ser discreta, embora engraçada e à vontade com seus amigos, mas no quesito relacionamento, ninguém fazia ideia do que se passava dentro de sua mente.

Às vezes nem ela.

Bem, aquilo não importava. Ela só precisava continuar agindo da forma que vinha fazendo nos últimos meses: cumprir seu trabalho da forma mais profissional possível, manter-se discreta nas redes sociais, deixar que as pessoas falassem e mostrar imparcialidade.

Jennifer precisava agir assim.

A loira tinha duas certezas: ela precisava parar com aquilo. E até conseguir, ela não podia deixar Lana saber.

Não existia nenhuma versão daquela história onde algo de bom pudesse acontecer, e tudo que ela não queria, eram problemas. Ou virar notícia por algo que não fosse seu bom desempenho na série.

Na indústria da mídia, se você se assume gay, você vira notícia.

Se você assume um relacionamento com um ou uma colega de trabalho, você vira notícia.

Se você assume um relacionamento gay com um ou uma colega de trabalho, você estampa quase todas as manchetes. Sem contar os problemas com seus pais.

Agora se você dá a entender que é gay e está apaixonada por sua colega de trabalho hetero e noiva, você pode se preparar para estampar algo bem pior que manchetes: o Twitter.

Aquela maldita rede social era o berço da maioria dos seus problemas.

Ela gostava de se aproximar dos seus fãs, mas sua vontade de manter contato diminuía cada vez que entrava em suas mentions e tudo que via eram montagens e desenhos dela e da Lana.

Ou no caso, deaEmma e Regina.

O que as pessoas não entendiam - e nem nunca entenderiam - era o quanto aquilo a machucava. E ela escondia aquela dor com agressividade.

Um dia a haviam mandado uma mensagem exaltando o fato de que seu segundo nome é Marie enquanto o de Lana é Maria. Embora seu sorriso tenha ameaçado abrir ao perceber a coincidência, o seu lado rude venceu ao lembrar que ela estava tentando fugir de um sentimento e todos os dias alguém fazia questão de lembra-la.

E agora ela estava ali, lembrando a si mesma.

O episódio, Going Home, estava na parte em que Regina oferecia à Emma um final feliz, segurando sua mão. Lana usava luvas no dia, mas Jennifer podia lembrar claramente de como se sentiu naquele momento.

Completa.

O calor das mãos de Lana encontraram-se com Jennifer independente dos limites físicos.

E lembrando do calor que sentiu naquele dia, Jennifer sentiu seu próprio corpo esquentar, sem precisar do efeito do moletom que vestia ou do café que tomava.

O episódio acabou com Hook indo atrás de Emma, e Jen bufou. Ela odiava o que estavam fazendo com a série - o que causava outra controvérsia em seu ser.

Ela, embora no começo achasse loucura, com o tempo começou a acreditar que o que mais faria sentido, era SwanQueen. A história das duas se desenvolveu ao longo das temporadas de uma forma sobre-humana, e aquilo a desgastava.

Seu coração dizia que Emma e Regina deviam ficar juntas, aquilo era o óbvio, aquilo era o aceitável. Dane-se o que as famílias tradicionais vão pensar. É uma porra de um casal gay de contos de fada tendo seu final feliz! Não existia outro fim. Simplesmente não existia.

Mas, sua mente - e a parte que ela lutava pra fazer mais forte - dizia que o que precisava se danar era o que seu coração achava. Ela não devia se envolver com a personagem. Ela não devia ficar lendo o que suas fãs loucas mandavam, ou procurando a tag SwanQueen no Tumblr. Ela não devia desejar que Emma e Regina fossem um casal porque aquilo implicaria estar mais próxima de Lana, e essa aproximação era basicamente tudo que ela não precisava.

E não queria ao mesmo tempo que queria.

Droga, sua cabeça estava uma bagunça.

Ela tentou vez ou outra conversar com Adam e Edward - os escritores da série - para saber dos rumos que iriam tomar, mas mesmo fazendo parte do elenco principal, não estava salva da política de "no spoilers", que eles haviam adotado.

Ou seja: não importava o que eles planejassem, ela iria fazer e pronto, independente do que achava ou sentia. Fazia parte do seu trabalho, e ela não ia colocar em jogo sua carreira por conta de um amor platônico bobo.

Jen tomou mais um gole do seu café - o último - e suspirou, fechando a tela do Notebook e se espreguiçando no sofá enquanto Ava pulava do chão diretamente para seu colo.

O animal de estimação lambeu a mão de Jennifer, que afagou suas orelhas.

"Às vezes eu queria que você falasse. Tenho certeza que me daria um conselho útil a respeito do que fazer, Ava", Jennifer disse, pesarosamente.

Ela tinha mania de conversar com Ava.

"Não é mesmo, meu amor?", ela perguntou, sem perceber que estava fazendo uma voz estranha pra falar com a cadela. "Você me ajudaria a tomar a decisão certa, não é mesmo?", ela continuou, fazendo uma voz ridícula - aquela que se usa para falar com cachorros e bebês -, até que sua festinha com Ava foi interrompida por um barulho.

Ao olhar para a fonte do barulho - seu celular - percebeu uma notificação de mensagem no Facetime.

Quando pegou seu iPhone e o desbloqueou, não soube se sorria ou chorava ao encarar a mensagem que estava exibida na tela.

Era Lana, e a mensagem dizia: "Olha o que acabei de encontrar! Lembrei de você ;)".

Abaixo da mensagem, uma imagem: um sweater preto com a figura de um cisne usando coroa.

Jennifer arfou.

SwanQueen.