Autor: Fla Apocalipse
Título: Olhos Negros
Sinopse: E nada a deixava mais tentada do que aqueles olhos negros dele...
Shipper: Severus/Hermione
Classificação: NC17
Gênero: Romance
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N.A.:Quero agradecer a Angelina que fez a capa perfeitosa pra mim, e dizer que essa fic só aconteceu por que li essa fic: Power Play da lis9... A fic Sev/Hermione que eu amei ler...
Olhos Negros
Era só virar o rosto e olhá-lo nos olhos, encará-lo. Era fácil encarar uma pessoa qualquer, então por que ela não conseguia encará-lo? Hermione sabia bem que ele a estava olhando, sentia os olhos negros dele colados em seu rosto, era só uma questão de virar o rosto e olhá-lo, tentar entender o por que dele estar lhe olhando. Respirou fundo passando outra camada do esmalte vermelho no dedão do pé, ajeitando a saia entre as pernas; era quase possível sentir os olhos azuis de Ron em suas pernas, outro que a encarava. Porém, desde quando ligava para tais coisas?
Não se importava para os olhares que Ron lhe dava, não ligava para os sorrisos maliciosos de Sirius, dos abraços mais apertados que Remus vinha lhe dando; o que a incomodava eram aqueles malditos olhos negros colados em si, como se ela não conseguisse senti-los. Os outros ela até entendi porque olhavam, eram homens e seus amigos, era algo natural, mas ele? Ele repudiava o que ela era, repudiava o sangue que corria com força nas veias dela; a odiava para resumir. Então, por que estava encarando?
Passou para o dedo seguinte, e respirou fundo tentando manter os olhos pregados nos próprios dedos, o esmalte vermelho contrastava muito com sua pele, mas era o único que tinha naquele momento e não tinha muito o que fazer naquela tarde de chuva. Grimmauld Place ficava silenciosa quando chovia, parecia que todas as paredes queriam escutar o barulho da chuva caindo no asfalto lá fora, a janela aberta na sala deixava aquele cheiro de chuva fraca entrar, junto com um vento que não podia ser considerado frio, mas que roçava a pele dela e a fazia arrepiar-se com certa facilidade.
Hermione apoiou as costas no encosto da cadeira e ajeitou outra vez a saia no meio das pernas, olhando as unhas do pé, vendo se estavam com camadas suficiente e com a cor uniforme. Já fazia alguns minutos que estava sentada naquela cadeira perto da janela, o pé direito apoiado em outra cadeira, e a todo momento arrumava a saia para que nenhuma das pessoas presentes vissem sua renda. Remus, Sirius e Harry estavam no canto da sala, vendo alguns mapas, Ron estava deitado no sofá, fingindo que dormia e Severus estava sentado no outro extremo da sala, e a encarava. Ela conseguia sentir aqueles olhos negros intimadores lhe encarando, observando cada movimento seu, era como se ele a tocasse com os olhos; e não era só o vento que entrava pela janela que a deixava arrepiada.
Pintou o dedo seguinte e o outro, sua mente ordenando que olhasse para o lado, que virasse a cabeça só um pouco e o perfurasse com os olhos, assim como ele estava fazendo. Mas não o faria, era ridícula sua situação, atraída por um professor; e um professor muito estranho, diga-se de passagem. Ele era anti-social, estúpido, sem graça, arrogante, orgulhoso e preconceituoso, e mesmo assim ela não conseguia deixar de sentir uma atração. Tinha dezesseis anos e ele quarenta e um, sabia bem que ele nunca a olharia com outros olhos, na verdade, sabia que ele olharia, com nojo ou com triunfo caso ela contasse sobre a atração que sentia, mas que bem faria revelar isso?
Não, era melhor pintar as unhas, comer algo e ir para seu quarto ler um livro, ou repassar certas matérias para quando – e se – voltasse para Hogwarts. Sentia saudades da escola, mas era melhor poder estar entre seus amigos, do que ficar longe deles e preocupada até o último fio de cabelo. Seus pais foram mandados para o exterior, era perigoso ficarem, e Harry até tentou convencê-la a ir, mas ela nunca o deixaria. Já haviam passado coisas demais juntos para que ficassem separados agora; não, isso ela nunca faria. Nunca o deixaria, e nunca deixaria Ron também.
Terminou de pintar as unhas de um pé e o desceu da cadeira, levantando o outro, nesse movimento sua saia escorregou, mostrando sua coxa esquerda por inteiro, bem na direção que ele estava. Por um segundo Hermione pensou em olhá-lo nesse momento, enquanto arrumava sua saia, e como quem não quer nada, deixou seus olhos castanhos vagarem até ele. Prendeu sua respiração ao ver que ele olhava direto para seus olhos, a mão que arrumava a saia parou o serviço no meio do caminho, deixando grande parte de sua perna a mostra.
Não conseguia desviar os olhos dos olhos dele e teve que fazer muito esforço para arrumar a saia e virar-se para o pé esquerdo e começar a pintá-lo, tentando esquecer a intensidade do olhar. Não era possível que ele estivesse lhe olhando com tanto afinco, como se estivesse interessado; era? Ele alguma vez na vida se interessara por alguém? Ela poderia considerá-lo um homem para dar uns amassos? Balançou a cabeça e riu de seus pensamentos, imaginar Severus Snape empurrando alguém para um canto escuro e beijando com vontade, era no mínimo para rolar de rir.
Não que ele não pudesse fazer isso, na verdade ele deveria fazer isso. Era um homem e só Merlin sabe quanto tempo esse homem ficou sem poder tocar em uma mulher daquele jeito. Não, ele deveria fazer isso sim, e Hermione não se importaria de ser tal mulher. Sorriu de seus pensamentos, eram bobos mais já fazia quase um ano que percebera a atração que sentia por ele. Pouco entendia porque dessa atração, e por um lado culpava sua mãe, ela também gostava de homens com um certo 'que' de convencido; e isso Snape tinha de sobra. Um certo dia sua mãe lhe contara que seu pai era o garoto mais popular do colégio onde estudaram juntos, e que ele era um estilo de bad boy, o que chamara sua atenção naquela época. Daquele dia em diante, Mione entendera por que começara a achar seu Professor atraente, estava em seus genes.
Não que ele fosse bonito, mas ele tinha aquele ar superior, arrogante, como se dissesse 'Sou muito bom para você.' a cada momento, e ela por razões que nem Merlin explicaria, gostava disso. Nem quando soubera que ele era um assassino deixara de sentir atração, na verdade, só ficara ainda mais atraída. E foi nesse mesmo período que os sonhos começaram; beijos, sussurros e caricias. Sorriu disso, na noite passada tivera um sonho desses, ele a segurava pelo braço quando estava saindo da sala de aula e a empurrava contra um dos balcões, jogando o material dela no chão e a beijando com força, moldando seu corpo ao dela. Deixando-a arfando e excitada.
Hermione sabia perfeitamente que isso nunca aconteceria, mas ninguém podia impedi-la de sonhar; nem de se tocar. Sentiu o rosto esquentar ao pensar nisso. Nem lembrava qual dos sonhos a acordara no meio da noite e fizera terminara sozinha o que ele havia começado em sonho. Por certo tempo sentiu-se envergonhada do que havia feito, mas depois passou a ser freqüente, e agora já não sentia vergonha alguma. Por um lado não via problema algum em se satisfazer com algo que sabia que nunca conseguiria dele, era melhor do que reprimir para sempre.
O segredo morreria com ela, e ele nunca saberia quantas noites ela se tocava imaginando que sua mão era a mão dele, imaginando o corpo forte dele contra o seu, a respiração quente e acelerada dele contra a sua, ambos gemendo e se entregando ao prazer. Sabia bem que ele nunca saberia disso, pelo menos, não pela boca dela; e como mais ninguém sabia, ele nunca descobrira pela boca de ninguém. Subiu os olhos do último dedo a ser pintado e olhou para Severus, percebendo um sorriso de triunfo em seus lábios, os olhos negros colados nos seus; Merlin, ele sabia. Ele estava dentro da mente dela vendo todos aqueles pensamentos, e agora sabia. Sabia de tudo.
Não, não tinha como. Hermione sabia muito bem fechar a mente, aprendera com rapidez junto com Harry, era preciso, e agora o fazia sem perceber. Snape não estava em sua mente, então por que estava sorrindo pelo canto da boca daquele jeito, como se soubesse de algum segredo dela? Voltou a olhar para seu próprio dedo e terminou de pintá-lo, descendo o pé e levantou-se, saindo da sala sem olhar para ele uma segunda vez. Subiu as escadas e foi até o quarto que dividia com Ginny, porém a ruiva estava com a família naquela semana; não que fosse escolha dela, Molly quase a arrastara pelos cabelos para A Toca dois dias atrás dizendo que a garota não mais ficava com a família. Entrou no quarto e guardou o esmalte na gaveta de roupas de Ginny e saiu outra vez, descendo calma até a cozinha, iria fazer um lanche e depois se trancaria em seu quarto, queria ficar em paz para poder pensar naquele maldito sorriso dele e o que poderia significar.
Entrou na cozinha, também usada como sala de reuniões e percebeu que esquecera de recolher os papéis da última reunião, que acontecera naquela manhã. Então antes de fazer seu lanche, resolveu arrumar a mesa, e deixou sua mente vagar pelos possíveis significados do sorriso dele, mas não conseguia chegar a nenhuma explicação decente. Bufou irritada, não tinha porque ele estar lhe olhando daquele jeito, era simplesmente algo que não tinha explicação; a não ser que ele estivesse a fim dela.
-Ah, claro. Ele com certeza está a fim de mim. – riu sozinha, pegando os copos vazios e levando-os até a pia, lançou um feitiço para que se lavasse sozinhos e voltou a mesa para juntar os mapas. – Morre de vontade de me jogar contra uma parede e me beijar até perder o ar.
Hermione desatou a rir de tal cena, era simplesmente impossível que ele fizesse isso, primeiro pelo fato dele ser trinta anos mais velho que ela, sabia que ele nunca a olharia, que deveria achá-la uma criança. E mesmo caçoando de si mesma, Hermione queria que ele a olhasse, assim como ela olhava para ele durante as aulas, enquanto ele estava de costas ou explicando algo e não percebia a intensidade dos olhos castanhos dela. E sentia ridícula ao desviar os olhos com rapidez quando ele a olhava, mesmo que por breves segundos.
-E por que diabos eu quero que ele me olhe? – perguntou para si mesma, puxando os papéis da mesa na sala de reuniões. – E por que ele iria olhar para a Srta. Sabe-Tudo Irritante? Larga de ser idiota, Hermione!
-Falando sozinha, Srta. Granger? – ele perguntou vendo-a se virar em um pulo, a mão no peito, assustada.
-Professor, quer me matar de susto? – ela falou não assustada por ele ter aparecido do nada, mas com o fato de que ele poderia ter escutado seu monólogo.
-Ainda não, Srta. – respondeu entrando na sala e indo até o lugar que havia ocupado na reunião, e pegou um pergaminho, dobrando-o e colocando no bolso interno do casaco.
Hermione balançou a cabeça e continuou a recolher os papéis sem olhá-lo; será que ele havia escutado o que falava? Se ele tivesse escutado, ela estaria com sérios problemas, ele iria zombar disso e a faria se arrepender de sentir tal atração.
-Cor errada. – ele disse fazendo com que ela levantasse os olhos dos papéis e o olhasse sem entender o que ele queria dizer com aquilo.
-Desculpa, professor, não entendi. – bateu os papéis na mesa arrumando-os e os deixou em um canto, empilhados.
-Cor errada para sua pele. – ele comentou olhando para as mãos dela, também pintadas de vermelho. Hermione olhou para suas próprias mãos e piscou diversas vezes ao perceber que elas tremiam levemente, tentou se conter e resolveu agir naturalmente; só tentou.
-E entende de cor de esmaltes, professor? – perguntou atravessando a cozinha e indo até a geladeira, abrindo-a e olhando o que poderia pegar para comer, ficando de costas para Snape.
-Entendo que essa cor não é a mesma de seus sonhos. – respondeu parando logo atrás dela, seus lábios a milímetros do ouvido dela, sua respiração batendo de encontro a pele dela. Hermione sentia o calor do corpo dele perto do ser e sentiu-se arrepiar por inteiro; ele tinha dito aquilo mesmo?
-Não entendi. – respondeu sem se virar, ele veria que estava vermelha por inteiro, como era possível que ele soubesse?
-Sei bem que entendeu. – dizendo isso ele saiu da cozinha e ela agora respirava com certa dificuldade, não tinha outra explicação, ele sabia. Sabia dos sonhos, sabia que ela se tocava, sabia de tudo, a morena só não conseguia entender como ele descobrira.
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Fechou o livro, estava na mesma página fazia horas e não conseguia sair da primeira linha, sua mente voltando naquele momento na cozinha, por que ele havia feito aquilo? O que ele queria provar com aquilo? Que sabia que ela sonhava com ele e que ficaria a provocá-la eternamente sem lhe dar o prazer final?
Não era nada justo brincar com ela desse jeito, na verdade, era quase cruel. Cruel porque a morena queria terminar com aquilo, se tocar, imaginá-lo ali e ter a satisfação que queria, para poder virar e dormir em paz, mas agora era diferente; ele sabia. Sabia que ela sonhava com ele, e provavelmente sabia que ela se tocava. E era tão estranho fazer aquilo sabendo que alguém em alguma parte daquela casa sabia o que ela estava fazendo.
Colocou o livro do lado da cama e se levantou indo até o banheiro e lavou o rosto, ele conseguia deixá-la vermelha e envergonhada mesmo sem estar presente. Se olhou no espelho vendo a garota que a olhava de volta, não podia negar que ao pensar que ele sabia que ela se tocava a excitava, mesmo que não devesse, era algo como um segredo entre eles, algo intimo. Sorriu para seu próprio reflexo e voltou para o quarto, decidia a deixar a vergonha de lado, ele não estava ali, não tinha como saber o que ela estava fazendo.
Deitou na cama e apagou o abajur ao seu lado, rindo de si mesma. Ficou em silêncio alguns segundos, somente escutando os sons da casa, algumas pessoas ainda estava acordadas conversando no andar debaixo, ele deveria estar lá. Deslizou a mão pela coxa esquerda, sentindo sua pele e subiu devagar, levantando a saia e fechou os olhos, deixando a boca entreaberta. Era estranho pensar que ele poderia estar nesse momento pensando nela, sabendo que ela se tocava, gemendo o nome dele.
Começou a rir sozinha, não conseguia, era estranho demais. Estava excitada, sem dúvida nenhuma, mas era estranho, era como se pudesse sentir os olhos negros dele lhe fitando de um canto escuro. Não, não tinha mais como fazer aquilo. E agora faria o que? Deixaria de se tocar para ficar somente imaginando e tentar chegar a alguma satisfação assim?
-Melhor dormir. – declarou achando que não chegaria a lugar algum daquele jeito. Levantou e se trocou, colocando uma calça verde-escura e uma baby-look branca um pouco apertada. Deitou-se e se conformou que a partir daquele dia, deveria somente sonhar.
Ele puxou seu braço, fazendo com que o olhasse nos olhos, aqueles olhos negros estranhos. Era como se estivessem ainda mais escuros, se é que isso era possível. Sentia cada batida de seu coração acelerada, enquanto o dele continuava a bater normalmente, como se aquela proximidade fosse normal entre eles. Os lábios finos dele se curvaram em um sorriso de triunfo e Mione não pode deixar de corar, sentindo cada poro de seu corpo arrepiar-se com as promessas que aquele sorriso lançava.
-Srta. Granger, não achou que eu fosse ignorante a tal ponto, achou? – perguntou Severus, curvando-se sobre ela, fazendo que ela ficasse com o corpo colado a parede do corredor de Hogwarts.
-Professor, eu não... – ela tentou falar, mas ele apertou mais ainda os dedos em seu braço, fazendo com que ela reclamasse de dor.
-Você realmente pensou que eu não soubesse de seus sonhos, garota? – ele zombou dela outra vez, pressionando um pouco mais seu corpo contra ela, apertando o braço da garota um pouco mais, ignorando a expressão de dor no rosto dela.
-Professor, eu...
-E achou que eu não tivesse plena consciência de que se toca? – disse mais baixo, aproximando os lábios do ouvido dela, sua bochecha raspando na dela. – Que eu não sabia que diz meu nome quando se satisfaz?
Dessa fez Hermione nem tentou responder, apenas ficou fitando o ombro dele, a expressão de vergonha tomando conta de sua face, ela sabia que quando ele descobrisse iria zombar dela, era só uma questão de tempo. Sentia-se pior ainda porque a proximidade do corpo dele, o hálito quente em sua pele e a voz dele baixa em seu ouvido a estavam deixando excitada; e isso era a última coisa que queria sentir naquele momento.
-Você realmente achou que eu não soubesse nada disso? – falou outra vez baixo, sentindo a garota tentar soltar o braço, apesar de saber bem que ela estava gostando da proximidade.
-Professor, o senhor está me machucando. – ela reclamou ao perceber que não era a única que estava gostado da proximidade dos corpos.
-E você imagina o que? – perguntou ainda segurando firmemente o braço dela, pressionando seu corpo contra o dela. Respirou fundo inalando o perfume dela, sentindo a pele quente dela contra a sua. – Corre a mão por sua barriga, descendo devagar imaginando que é a minha?
Ela deixou um breve gemido escapar por sua boca, fazendo ele dar um leve sorriso malicioso e pressionar ainda mais seu corpo contra o dela. Hermione tentava a todo custo não gostar do que ele estava fazendo, mas era simplesmente impossível, sempre sonhara com tal momento.
-Se toca devagar com os dedos, imaginando que são os meus e geme meu nome; é isso? Sonha comigo impulsionando meu corpo para dentro do seu com força ou como se fossemos amantes? O assassino é quem te excita, garota?
Hermione deixou outro gemido escapar por sua boca, seu corpo todo tremeu, e ele apenas falava, atiçando a imaginando da garota. Ela já não ligava para a dor do braço que ele apertava, ela parecia nem lembrar que estava prendendo-a, apenas queria brincar com a imaginação dela, deixá-la implorando por ele.
-Eu sei bem que é. Você fica excitada ao me ver com a capa de Death Eater, e de noite joga-se em sua cama, deixando que suas mãos se tornem as minhas, percorrendo seu corpo e levando você a loucura. Eu sempre soube que tipo de garota você era.
Ele afastou-se somente o suficiente e Hermione viu os olhos negros dele ainda mais escuro, um desejo não dito sendo transmitido, o sorriso antes de zombaria, agora era de malicia. Promessas de que ele a faria implorar por ele, toda vez que se vissem. Soltou-a, vendo a surpresa estampada em sua face, sorriu pelo canto da boca e se afastou, farfalhando a capa atrás de si. Hermione viu ele sumir pelo corredor e bateu com força as costas na parede, ele sabia e agora não a deixaria em paz. Fechou os olhos e escorregou até o chão, passando as mãos nos cabelos, aquilo definitivamente não deveria ter acontecido.
Hermione abriu os olhos sabendo muito bem que aquilo tinha sido um sonho, mas dessa vez não acordara feliz como das outras vezes, esse sonho havia sido diferente, real. Era como se ele estivesse manipulando sua mente, brincando com seus sonhos. Respirou fundo olhando o teto do quarto e passou a mão pela testa sentindo o suor que escorria, grudando alguns fios de cabelo. Não negaria que estava excitada, era quase impossível negar isso, mas que estava intrigada com o sonho, estava. Sentou-se, levantando os joelhos e encostou os cotovelos neles deixando os braços pendendo, e respirou fundo pela segunda vez sorrindo fracamente, ele estava enlouquecendo-a sem saber, sem estar presente, e foi então que viu, ele estava ali.
Snape estava encostado contra a porta, os braços cruzados na frente do peito os cabelos caindo ao lado do rosto, e aqueles olhos negros colados nela. Aqueles olhos que a deixavam sem forças, derrubavam as barreiras que nenhuma outra pessoa conseguia, aqueles olhos que ela não conseguia entender. Queria pedir uma explicação, mas mal conseguiu se mexer, e ele parecia que também não iria falar nem fazer nada.
Passaram vários segundos, na verdade, Hermione achou que foram horas, porque a intensidade do olhar dele a fazia perder a noção das coisas, a pergunta do sonho voltando a ecoar em sua mente: "O assassino é quem te excita, garota?". Sentiu a pele de todo o corpo arrepiar, só havia uma resposta para aquela pergunta, e era 'sem dúvida'. Percebeu que ele descruzara os braços e com um sorriso zombeteiro, abrindo a porta, e saiu, deixando Hermione ainda mais confusa. A morena passou as mãos no rosto, abaixando os joelhos e decidindo que desceria e ficaria a olhar para ele, não era possível que ele soubesse do que se passava com ela, e fosse ficar a provocar o tempo todo. E outra coisa, o que por Hades, ele estava fazendo no quarto dela, olhando-a dormindo e sonhar com ele?
Levantou-se e saiu do quarto, descalça, descendo as escadas lentamente, ouvindo atentamente as vozes que escutava na sala da lareira, procurando saber quem estava acordado ainda, escutou a voz de Ron, Harry, Remus e Severus. Na verdade, só escutou as vozes do três primeiros, Severus ela sabia que estava lá, porque estava vendo-o pela fresta da porta. Respirou fundo, e puxou a camiseta para baixo, cobrindo um pequeno pedaço de pele que ficava a mostra em sua barriga, e entrou, vendo todos os olhos se voltarem para sim.
-Achei que estivesse dormindo. – comentou Ron sorrindo fracamente para ela, e voltou a olhar para Remus.
-Eu estava, mas tive um sonho estranho que me acordou. – o comentário fez Snape olhar rapidamente de Remus para ela, e voltar para Remus, como se não tivesse escutado nada.
Hermione sentou-se em uma poltrona e olhou para Severus, enquanto o lobisomem retornava a falar, e os outros três prestavam atenção. Ele não era um homem feio, e sinceramente, não aparentava ter a idade que tinha, talvez fossem os cabelos imaculados, sem nenhum fio branco. Ou talvez o jeito que ele se exercitava toda manhã, para ganhar destreza e força, o serviço que tinha era perigoso e necessitava que fosse forte. Olhou para o bendito casaco negro que ele gostava de usar, o homem parecia só gostar daquela cor, e que tinha comprado cinco casacos do mesmo, usando-os o tempo todo. O que ele escondia por debaixo de tanta roupa? A morena se viu pensando em que gostaria muito de descobrir o que ele escondia com tanto afinco.
Ela se levantou, sentindo-se da mesma maneira que se sentia quando sonhava com ele, acordava com a pele pegando fogo, os lábios marcados por seus próprios dentes, os olhos em um castanho escuro que ninguém conhecia, foi até a cadeira onde ele estava sentado e parou em sua frente. Como Ron e Harry estavam de costas para Severus e Remus não olhava na direção dele nem por um segundo, não viram Hermione parar na frente do Mestre de Poções, olhando fundo em seus olhos. Para ela foi como cair em um abismo fundo, sem fim e totalmente escuro, e não pensou nem por um segundo em sair dali, apenas queria cair, cada vez mais fundo.
Snape olhou-a, mas não sorriu, não se mexeu, apenas encarou a garota a sua frente, percebendo que a pele dela reagia sem que a tocasse, via o fogo estampado nos olhos dela, o jeito que ela mordia o lábio inferior sem parecer perceber que o fazia. Ficaram se encarando por alguns segundos, ela parecia indecisa, ele sabia bem o que queria; brincar com a mente dela. Era engraçado ver uma aluna atraída por si, fazia bem para seu ego, e fazia ainda mais bem por ser a Srta. Irritante Sabe-Tudo, amiga de Harry Potter. Era quase bom demais para ser verdade, mas tinha provas, ela estar ali parada em sua frente, salivando, respirando rapidamente, com o lábio sendo marcado pelos dentes e o corpo arrepiado, era mais do que uma prova, era um apelo para que ele fizesse algo.
Hermione percebeu que ele não faria nada, não diria para se encontrarem mais tarde ou saírem dali naquele momento, por isso fechou os olhos e com passos firmes deixou a sala, indo até a cozinha. Encostou na mesa, abaixando a cabeça e fechando os olhos com força, tentando controlar a respiração e os pensamentos, quase pedira. Quase havia verbalizado tudo que queria que ele fizesse, e isso seria deixá-lo ganhar, deixá-lo ter o controle. Podia ver que ele queria, mas ele se fazia de desentendido, como se não soubesse de nada, mas ele sabia, sabia até demais.
continua...
Sheyla Snape e Marina Snape, essa fic é inteira pra vocês... Vcs me inspiaram.. Valeu...
Kiss
