Quando a história se repete o tempo se torna escasso e borram-se as linhas entre o talento e a necessidade. No meio disso Harry luta para lembrar que suas ações têm um propósito e não são apenas frutos de sua própria tentação. No fim, o interminável ciclo se resolve em uma canção de luz e trevas.
Hero
Um sininho tocou em algum lugar ao fundo da pequena loja. Era um espaço pequeno e vazio, exceto por uma única cadeira alta e estreita. O domínio que Harry aprendeu a exercer sobre sua magia ao longo de sua vida, pareceu sumir por completo ao entrar no ambiente claustrofóbico. Os seus sentidos ficaram confusos e ele não gostou da sensação.
"Boa tarde jovem." De repente havia um velho parado diante de si. Os olhos grandes e muito claros brilhando como duas luas na penumbra da loja.
"Olá." Falou Harry sem saber ao certo como agir.
"Sim, sim. Achei que ia vê-lo em breve Harry Potter." Harry sentiu-se desconfortável diante do olhar analítico do velho a sua frente. "Você tem os olhos de sua mãe. Parece que foi ontem que ela esteve aqui, comprando a primeira varinha. Vinte e seis centímetros de comprimento, farfalhante e feita de salgueiro. Uma boa varinha para encantamentos."
O velho aproximou-se mais. Harry desejou que ele piscasse. Aqueles olhos prateados o incomodavam.
"Já o seu pai deu preferência a uma varinha de mogno. Vinte e oito centímetros e flexível. Um pouco mais de poder e excelente para transformações. Bom, digo que seu pai deu preferência, mas na realidade é a varinha que escolhe o bruxo, é claro."
O olhar do homem se tornou distante e melancólico como se tivesse lembrado de algo importante. Harry teve a impressão que sabia sobre o que o velho pensava quando o viu observando atentamente a cicatriz na sua testa.
"Eu vim em busca de uma varinha, senhor." Falou Harry.
"Sim, é claro que veio." O homem não perdeu tempo em apontar a sua própria varinha para o que parecia uma fita métrica atirada no balcão. O objeto subitamente ganhou vida e passou a circular Harry ansiosamente, aguardando as instruções do seu dono. "Agora, qual é o braço da varinha?"
"Sou ambidestro na verdade."
O homem pareceu surpreso, mas recuperou-se rapidamente abrindo um pequeno sorriso.
"Habilidade notável se me permite dizer, estique ambos os braços."
Harry não tardou a fazer o que lhe foi mandado e foi imediatamente atacado pela fita que antes flutuava calmamente ao seu redor.
O Garoto observou estupefato, as várias caixas ornamentadas espalhados pelas prateleiras, alguns com cores brilhantes e outras voando em direção a pequena mesa no centro do estabelecimento.
"Toda varinha Olivaras tem o núcleo feito de uma poderosa substância mágica, Sr. Potter." Olivaras acenava entusiasmado em direção as diferentes tipos de varinhas espalhadas pela sala. "No entanto, tudo começa pela madeira. Uma boa varinha deve começar por uma boa madeira." O homem espalhou diversas caixas de madeira pela mesa, abrindo a mais próxima a ele. "Aqui pode segurá-las, você vai saber quando encontrar a certa."
Harry fez o que lhe foi pedido. A primeira varinha que possuía um aspecto poroso e uma cor clara não parecia diferente de qualquer outro pedaço de madeira que ele já tinha visto durante sua vida, assim como a próxima, um pouco mais escura.
A terceira pareceu ligeiramente diferente das outras.
"Azevinho, você acha que é ela?" Perguntou o velho curioso, azevinho era muitas vezes associado à proteção e sacrifício.
"Eu não tenho certeza" Respondeu Harry incerto.
"Então não serve, continue você vai saber quando encontrá-la." O velho observou atentamente as reações do garoto, a próxima varinha a causar alguma mudança na expressão do jovem era feita de mogno e infelizmente foi descartada segundos depois.
Foi uma surpresa sentir a penúltima varinha estranhamente acolhedora, dada sua aparência hostil. A varinha apesar de perfeitamente reta, tinha um aspecto antigo e retorcido, mas causou-lhe uma sensação boa.
"Essa é feita de um pinheiro muito especial Sr. Potter, muito difícil de cultivar, não se adapta bem em ambientes que favorecem a vida, mas é notavelmente resistente a situações adversas." O Velho pareceu contemplar brevemente a varinha nas mãos do garoto. "Resistência e perseverança diante de situações difíceis é o que essa árvore representa, além de longevidade é claro, dizem que os poucos portadores de varinhas feitas com essa madeira atingem seu verdadeiro potencial diante de situações que a maioria não poderia suportar. Peculiar Sr. Potter, mas ainda não é a sua varinha."
O velho terminou seu monólogo distraído, e tirou a varinha das mãos do garoto. Em seguida depositou a mesma gentilmente na caixa que pertencia.
O velho acenou sua varinha displicentemente, sem olhar para o adolescente que contemplava as palavras com um olhar pensativo. Logo as varinhas que ele havia testado foram substituídas por outras, todas semelhantes a última.
"O núcleo estava errado, vamos tentar de novo."
Ao contrário das outras varinhas, que em sua maioria pareciam inertes contra os dedos, Harry podia sentir coisas emanando dessas. Da maioria delas vinham sentimentos positivos, com exceção de uma que causou um distinto sentimento de aversão.
"Núcleo de veneno de basilisco. Muito raro, mais raro ainda aqueles que têm afinidade com tal substância vil. Continue, não deixe que isso o perturbe."
Duas varinhas que por acaso estavam lado a lado provocaram reações a Harry, eram praticamente idênticas, ambas eram de uma cor clara, quase brancas e em seu comprimento haviam veias que iam desde um marrom escuro a um avermelhado.
"Qual é o problema Sr. Potter?" Olivaras tinha muitas décadas de experiência e sabia quando um cliente estava incomodado.
Harry hesitou por um momento antes de responder com um ar de derrota.
"Eu estou indeciso Senhor."
"Eu vejo, pena de fênix ou de hipogrifo ambas envoltas em pinheiro." O homem encarou o jovem a sua frente com um olhar analítico antes de voltar a falar. "A fênix representa o renascimento, a reinvenção e a criatividade. É um núcleo que faz muito sentido com essa madeira em especial."
O jovem sorriu.
"O núcleo de pena de hipogrifo por outro lado, representa nobreza, bravura e força."
O rosto do velho que antes tinha um aspecto ilegível agora parecia sério.
"Ambas tem 35 centímetros, são flexíveis. A primeira com núcleo de pena de fênix é uma ótima combinação para magia defensiva e feitiços de modo geral. A segunda Funciona melhor para magia ofensiva e transfiguração." Explicou o velho, expondo as características das duas varinhas.
Harry pensou por um momento antes de encarar as duas varinhas a sua frente.
"A escolha é sua senhor Potter. O senhor já decidiu?" Questionou o velho curioso.
A expressão séria e curiosa no rosto de Garrick Olivaras deu lugar a uma mais serena quando Harry sorriu de forma melancólica.
"Sim." Afirmou o garoto apontando para sua escolha.
"Escolha interessante senhor Potter." Sorriu o velho. "Muito interessante de fato."
Harry encarou seu entorno em confusão. Havia uma barreira de tijolos a sua frente. Largando seu carrinho o garoto caminhou lentamente em direção à parede. Claramente havia algo de estranho sobre ela.
Harry sempre soube que era diferente. Mas, foi apenas há alguns anos quando ele acidentalmente se teletransportou para o telhado de sua escola, que ele descobriu que havia algo definitivamente estranho sobre ele. Desde então, sua compreensão sobre o que ele pensava serem habilidades únicas apenas cresceu. O Garoto não estranhou que conseguisse sentir algo mágico emanando da barreira. Suas suspeitas se provaram corretas quando seu braço atravessou o tijolo sem resistência.
Ele não perdeu tempo em atravessar a barreira carregando seus pertences e sua companheira Edwiges, a coruja das neves.
Uma locomotiva vermelha a vapor estava parada na plataforma e o local estava lotado de pessoas. Um letreiro no alto informava: Expresso de Hogwarts, saída as onze horas. O garoto olhou para trás e viu um arco de ferro forjado no lugar onde estivera o coletor de bilhetes com os dizeres: Plataforma nove e meia.
Não foi possível deixar de se perguntar o que seu tio teria pensado disso. Provavelmente morreria engasgado.
A fumaça da locomotiva se dispersava sobre as cabeças das pessoas que conversavam, enquanto gatos de todas as cores trançavam por entre as pernas delas. Corujas piavam umas para as outras, descontentes, sobrepondo-se as vozes e ao barulho das malas pesadas que eram arrastadas.
Os primeiros vagões já estavam cheios de estudantes, uns debruçados às janelas conversando com suas famílias, e outros brigando por causa dos lugares. Harry empurrou o carrinho pela plataforma procurando um lugar vago. Passou por algumas crianças esquisitas e alguém discutindo sobre um sapo perdido.
Andou pela multidão barulhenta até encontrar um compartimento vago no final do trem. Pôs a gaiola de sua coruja para dentro sem grandes dificuldades e após isso percebeu que não conseguiria empurrar sua mala, olhou pros lados e percebeu que as pessoas estavam muito ocupadas despedindo-se de suas famílias, provavelmente ninguém notaria o que ele estava prestes a fazer.
Harry sabia que não podia usar sua varinha aqui, e provavelmente não teria ajudado muito considerando seu desconhecimento de qualquer feitiço. Com mais uma olhada de relance para a multidão, Harry concentrou-se na mala enquanto reunia os sentimentos familiares de raiva, rejeição e principalmente necessidade. Com a voz entrecortada sussurrou sua intenção e assim o objeto pesado obedeceu.
Harry não teve dificuldades para erguer a grande mala agora muito mais leve. Ele não se preocupou em tentar desfazer o que tinha feito, era um esforço inútil segundo sua experiência. Ele não tinha ideia de como voltar o objeto para sua condição original e sabia que ele voltaria automaticamente em poucos segundos.
Sentou-se no assento mais próximo da janela observando uma família grande de ruivos realizando suas últimas despedidas. Logo perdeu o interesse procurando coisas mais interessantes na multidão, seus esforços mostraram-se inúteis quando o trem começou a andar.
O garoto sentia-se feliz, ele não sabia o que esperar de Hogwarts, mas qualquer coisa era melhor do que sua prisão domiciliar.
A porta se abriu tirando Harry de suas reflexões. Parado na porta havia um menino de aspecto gorducho e ar tímido. Ele segurava um sapo que parecia querer estar em qualquer lugar menos ali.
"Eu posso sentar aqui? Perdi muito tempo procurando meu sapo e o trem acabou lotando."
"Sem problemas." Falou Harry sorrindo, ele reconheceu a voz que escutou na estação, discutindo com uma velha sobre um sapo chamado trevo.
"Eu sou Neville a propósito. Neville Longbottom."
Harry apertou a mão estendida do garoto antes de falar seu nome.
"Harry, Harry Potter."
Os olhos do menino vagaram brevemente a sua cicatriz antes de dar de ombros e voltar a seu rosto.
Harry pensou que devia sentir-se incomodado, mas após todo o assédio no beco diagonal isso não o afetou tanto.
O resto da viagem foi gasto em conversa fiada, Neville era um garoto tímido, mas não perdeu tempo em tentar ajudar Harry a começar a construir seu conhecimento sobre o mundo mágico.
"Então, me fale sobre as casas de Hogwarts, eu li sobre elas em um livro grande e chato, mas confesso que não entendi muito bem o conceito por trás da coisa."
Neville pareceu ponderar por onde começar a falar enquanto mastigava um ou dois feijõezinhos.
"Certo, existem quatro delas, Grifinória a casa de Godric, Lufa-Lufa a casa de Helga, Corvinal a casa de Rowena e por fim Sonserina a casa de Salazar, aparentemente há uma prova de seleção, ela se baseia em suas qualidades eu acho, os corajosos vão para Grifinória, era a casa dos meus pais e eu espero acabar lá também, mas não tenho certeza se vou." Neville fez uma pausa e seus olhos mostraram incerteza antes de ele voltar a falar. "Os leais acabam na Lufa-Lufa, os inteligentes supostamente acabam em Corvinal, e por fim Sonserina lar dos ambiciosos."
Essa definição não foi muito diferente da que Harry leu no maldito livro, mas ele supôs que não podia esperar muito mais que aquilo, a seleção de Hogwarts era um segredo aparentemente.
A porta foi novamente aberta, dessa vez três garotos com sorrisos zombeteiros se encontravam de pé no corredor, Harry reconheceu o do meio de um breve encontro em uma das lojas de roupas do beco diagonal.
"Então é você, estão dizendo por ai que Harry Potter estava nessa cabine, mas eu não esperava que fosse você." O garoto loiro encarou o outro ocupante da cabine que se encolhia em um canto, e voltou seu olhar para Harry sem tecer nenhum comentário. Harry apenas olhou curioso para a mão estendida a sua frente antes de balançá-la. "Sou Draco, Draco Malfoy."
"Harry Potter, mas você já sabe disso." Harry observou curioso o sorriso de Malfoy crescer.
"Naturalmente, acho que devia convidá-lo para minha cabine, meus companheiros estão ansiosos para conhecê-lo." Harry não teve tempo de responder antes de Draco voltar a falar. "Você pode levar Longbottom se quiser." Apesar disso Malfoy tinha um olhar perto de desprezo para o segundo ocupante da cabine, era sutil, Harry não notaria se não tivesse sido submetido ao mesmo tipo de olhar muitas vezes em sua vida.
Ocorreu-lhe de repente que Neville devia conhecer essa pessoa, e Harry provavelmente se encontrava preso em uma situação da qual não tinha a mínima ideia de como agir.
"Acho que eu devo agradecer Malfoy, tenho certeza que teremos outras oportunidades para nos conhecermos melhor."
Os olhos do garoto loiro se estreitaram, mas ele deu de ombros.
"Você que sabe, nós nos vemos por ai Potter, Longbottom." O loiro fechou a cabine e foi embora com seus dois gorilas de estimação.
"Você o conhece?" Perguntou Harry curioso apontado para a porta.
"É, conheço. Estivemos em alguns eventos importantes, eu acompanhando minha avó e ele acompanhando seu pai, nossas famílias não se dão muito bem para falar a verdade."
"Entendo." Respondeu Harry ainda tentando entender a dinâmica por trás de toda a situação.
O resto da viagem correu rápido, Harry sabia que havia mais a ser dito sobre Malfoy, mas resolver deixar para lá por enquanto.
Chegar a Hogwarts pela primeira vez foi um espetáculo ainda maior do que pisar no Beco Diagonal. A viagem de barco foi interessante, mas a boca escancarada de Harry era indicador o suficiente de que ele não estava preparado para a visão da escola.
O enorme castelo medieval com suas janelas iluminadas no início de noite, e a sensação distinta ao pisar em suas terras, Harry quase podia sentir o ar estalar a sua volta, sentiu seu corpo ser instantaneamente revigorado do cansaço da viagem. Só havia uma frase para descrever o momento.
"Eu amo magia."
A porta abriu-se de repente. Por ela apareceu uma bruxa alta de cabelos negros e veste verde-esmeralda. Tinha o rosto muito severo e o primeiro pensamento de Harry foi que era uma pessoa a quem não se devia aborrecer.
"Alunos do primeiro ano, Professora Minerva McGonagall." Informou Hagrid.
"Obrigada, Hagrid. Eu cuido deles daqui em diante."
Ela abriu a porta. O saguão era tão grande que teria cabido a casa dos Dursley inteira dentro. As paredes de pedra estavam iluminadas com luminárias flamejantes e o teto era alto demais para se ver. Um a um, as crianças subiram a imponente escada de mármore em frente que levava aos andares superiores.
Eles acompanharam a Professora Minerva pelo piso de lajotas de pedra. Harry ouviu o murmúrio de centenas de vozes que vinham de uma porta à direita, o restante da escola já devia estar reunido.
Mas a Professora os levou a uma sala vazia ao lado do saguão. Eles se agruparam lá dentro, um pouco mais apertados do que o normal, todos pareciam observar os arredores com nervosismo.
Houve um discurso breve de instrução dado pela professora, Harry não podia dizer que havia prestado atenção. A sensação de tanta magia ao seu redor inebriava seus sentidos, ele nunca havia sentido nada parecido, pouco a pouco ele começava a recuperar sua capacidade de pensamento, a sensação anterior estava ali, Harry ainda podia senti-la roçando a sua pele, ele sabia que com um simples instante de concentração, ele poderia sentir novamente aquele turbilhão de sensações, isso o deixava feliz.
O sorriso de Harry não diminuiu mesmo quando Minerva saiu da sala deixando as crianças nervosas sussurrando furiosamente entre si, felizmente Neville parecia muito nervoso para conversar o que deixava Harry sozinho com suas impressões do castelo e da magia que permeava por ele.
Algumas discussões entre fantasmas depois e a porta novamente se abriu. Eles foram instruídos a entrar por ela. Harry sentiu a sensação distintamente mágica tomar conta dele outra vez quando entrou no salão, dessa vez não se entregou a ela, pois estava preocupado com o que viria a seguir. Nada poderia prepará-lo para um chapéu de aspecto velho cantando uma canção.
O salão inteiro prorrompeu em aplausos quando o chapéu finalizou a canção. Ele fez uma reverência para cada uma das quatro mesas e em seguida ficou muito quieto, outra vez.
A Professora Minerva então se adiantou segurando um longo rolo de pergaminho.
"Quando eu chamar seus nomes, vocês colocaram o chapéu e se sentarão no banquinho para a seleção. Hannah Abbott!"
Um a um os alunos foram selecionados, nem um tomou a atenção de Harry de forma especial, às vezes o chapéu escolhia a casa de forma rápida, às vezes demorava alguns segundos.
Neville acabou na Grifinória como queria e logo foi a vez de Harry.
Ele não pode deixar de sentir-se ridículo com um chapéu cobrindo toda sua cabeça, mas estava mais concentrado na sensação única que o objeto animado causou quando fez contato com sua pele.
"Dom interessante você tem ai rapaz." Harry surpreendeu-se com ao ouvir a voz desconhecida na sua cabeça.
"Do que você está falando?" Pensou Harry sem saber direito como estabelecer uma comunicação.
"Você não sabe? Interessante, muito interessante. Não é minha função contar." Harry não podia deixar de sentir-se levemente irritado com tal forma enigmática de falar. "Vejamos, isso é um caso raro, há bastante coragem escondida por aqui, uma sede de se provar, bastante inteligente também." Harry não entendia muito bem onde o maldito objeto queria chegar. "Hum, uma dose razoável de lealdade, porém ofuscada pelos seus outros talentos, a casa de Helga não é o lugar mais adequado para você." Harry não gostava particularmente de amarelo mesmo. "Se daria bem em Corvinal, mas talvez seus colegas não consigam entender seus outros… Impulsos. Você seria grande na Sonserina, pode enfrentar problemas lá, no entanto. Sim a casa de Salazar o faria bem. Mas será que valeria o risco?"
"Eu aguento, me coloque onde eu farei melhor" Disse Harry corajosamente.
O chapéu riu.
"Corajoso ao ponto da imprudência, Godric estaria satisfeito."
"Grifinória!" Gritou o chapéu para o salão inteiro ouvir.
Harry não prestou atenção nos aplausos e gritos vindos da mesa dos leões, enquanto sentava ao lado de Neville. Ele estava mais preocupado com as palavras enigmáticas do chapéu.
Alvo Dumbledore se levantou. Sorria radiante para os estudantes, os braços bem abertos, como se nada no mundo pudesse ter-lhe agradado mais do que vê-los todos reunidos ali.
"Sejam bem-vindos!" Disse. "Sejam bem-vindos para um novo ano em Hogwarts! Antes de começarmos nosso banquete, eu gostaria de dizer umas palavrinhas: Pateta! Chorão! Desbocado! Beliscão! Obrigado."
Todos bateram palmas e deram vivas. Harry não sabia se ria ou não.
"Ele é um pouco excêntrico, não?" perguntou a uma menina loira sentada ao seu lado.
A menina sorriu. Era bela.
"Alguns dizem que ele é maluco, eu não sei ao certo" Deu de ombros.
E então Harry comeu. Banqueteou-se como nunca havia na vida, fora a interrupção nada oportuna de um fantasma que parecia ter sido meio decapitado, Harry teve uma noite ótima.
No fim do jantar, uma olhada de relance para a mesa dos professores trouxe uma sensação estranha, no começo parecia com todos os outros sentimentos que a magia trazia. Mas a dor em sua cicatriz o convenceu rapidamente que isso era algo diferente.
A sensação foi embora tão rápido quanto chegou, e após uma boa dose de conversa fiada e uma interpretação horrenda do suposto hino da escola Harry se encontrou em seu caminho para o dormitório.
Ao deitar em sua cama naquele fim de noite com as cortinas fechadas em volta de si, Harry não pode evitar entregar-se mais uma vez as sensações que aquele lugar trazia, e assim adormeceu envolto no desconhecido.
