Mais um Rin x Sess saindo. ;) Espero que gostem deste meu novo projeto.


Eu sempre me perguntei se o céu existia. E se ele, de fato, fosse algo rbom, como todas as pessoas costumam dizer. Acho isso contraditório, não? Como você pode defender algo com tanto afinco se nem ao menos conhece? Se nem ao menos viu? Se nem ao menos sabe que existe?
Quando eu era criança, eu não sabia o que era o céu. Até o dia quando minha mãe, antes de morrer, segurou minha mão e disse que ia embora. Lembro-me de chorar, abraçá-la e perguntar para onde ela iria, se ela voltaria logo. Ela apenas sorriu, tentando segurar as lágrimas e disse:

"Para o céu."

"E-e... O-onde é isso?" Gaguejei.

"Um lugar lindo, cheio de flores... onde os anjos moram."

Um lugar lindo, cheio de flores, com anjos. Quando minha mãe me respondeu, senti-me melhor e feliz.

Ela não estaria sozinha no céu, afinal. Era um lugar bom.

Quando ela teve seus últimos momentos, pediu que não lhe dessem mais remédios. "Quero viver meus últimos momentos sã."

Por isso, nos seus últimos momentos de vida, só pude escutar seus gritos de dor. Minha irmã, Kikyou, me segurava para que eu não entrasse no quarto de mamãe. Eu tentava a qualquer custo. Quando percebi que não consegueria, agarrei a minha irmã, com lágrimas nos olhos. "Ela está gritando! Ela não quer ir pro céu! Não quer, não quer..."

Essas foram as últimas recordações que tive da minha mãe. Agonizando.

Céu. Que merda era aquela? Onde estavam os anjos e as flores?

Cresci sem a minha mãe. Quase nunca via meu pai, sempre trabalhando, ocupando a sua cabeça com algo menos chato que a sua filha menor. Kikyou também se trancou em seu próprio mundo.

Fiquei só. Passei minha infância só, minha adolescencia só. Sem alguém para me escutar, para me aconselhar, para me abraçar, para me amar. Do quarto para a escola, da escola para o quarto. Trancada, ouvindo música, dentro do meu mundo imaginário.

Chegou um momento em que eu percebi que nada daquilo me fazia falta. Eu estava viva, afinal. Tinha a mim mesma e à música.

Aos dezoito, saí de casa. Aos dezoito, arranjei emprego de balconista numa loja qualquer. Aos dezoito, morava numa kitnet.

Aos dezenove, perdi a virgindade. Aos dezenove, dei o primeiro fora. Aos dezenove, decidi não entrar para uma faculdade. Aos dezenove, decidi começar a lutar pelo meu sonho.

Aos vinte, comecei uma banda. Aos vinte, comecei a viver.

Aos vinte e um, lançamos a nossa primeira música e gravamos nosso primeiro cd.

Aos vinte e dois, descobri as drogas, as bebidas e a sensação de aconchego que elas me traziam.

Aos vinte e três, senti como era ter uma banda conhecida pelo mundo inteiro.

Aos vinte e quatro, me apaixonei pela primeira vez. Aos vinte e quatro, comecei a namorar sério. Aos vinte e quatro, cogitei pela primeira vez que o amor existia. Aos vinte e quatro, nós terminamos - mais precisamente ele terminou.

Aos vinte e cinco, tentei me matar.

Aos vinte e seis, me internei numa clínica de reablitação.

Aos vinte e nove, saí da clínica, com a incrível sensação de estar curada. Ou seria uma ilusão?

E agora, aos trinta, lanço a minha biografia.


Bem, está aí. Reviews são muito bem-vindas, como sempre. E, aproveitando: para quem acompanha minhas outras fanfics ou para quem gosta do gênero "comédia", o capítulo IV de 'Conversas Pela Internet' está disponível. Faz algum tempinho já, mas só estou aproveitando a oportunidade.

Até o próximo capítulo, pessoal.