Sumário: Era uma comparação medíocre, falsa e pouco poética. O coração de Ginny bateu mais forte.

Harry Potter não me pertence.

Essa fanfic não foi betada, então perdoe os erros, se houverem.


Fake Diamond


I'm like a child,
Who belongs to nobody,
So I wear you like my clothes,
Hold you close to my body,
Because you hurt so good,
Feel so bad, honey, I just,
Want you to want me,
Want you to want me.

Lana Del Rey, "Fake Diamond"


Seu cabelo é bonito apareceu de repente no diário, como se o vento trouxesse as palavras para dentro da folha. E talvez fosse isso mesmo, porque o significado da frase não fez sentido nenhum a Ginny; ela leu, piscou uma, duas, três vezes e então ficou sem entender o que estava acontecendo — mesmo assim, suas bochechas se tingiram de rubro, como sempre acontece quando alguém que você admira muito te elogia.

Isso não faz sentido., ela escreveu, porque não fazia o menor sentido mesmo, Você nunca viu meu cabelo.

O diário se silenciou por um momento, como só um diário mágico faria, e foi nesse pequeno instante que Ginny julgou-se louca pela primeira vez em sua vida. Conversar com um diário, fechando-se para o mundo porque nenhum amigo poderia superar aquele que sabia de todos os seus segredos e não pedia nada em troca era uma verdadeira loucura. Uma pena que essa insanidade mal estava começando.

Seus pensamentos logo sumiram quando a letra caprichada de Tom imergiu de dentro da folha de papel: Você não me disse que seu cabelo é vermelho? Você não o descreveu para mim?

Bem, sim, ela respondeu, sem pensar. Mas eu não acho que isso conta.

Você me disse que seu cabelo é vermelho, de cor meio enferrujada, certo? Ginny fez menção de responder, mas foi cortada pelas diversas palavras que se sucederam. E quando elas apareceram para uma menina de onze anos que não sabia o que era viver, a vontade de responder Tom se foi. Isso foi o suficiente para pensar que ele talvez seja, quando no sol, vermelho como o outono ou rubro como o sangue, quando em luzes mais fracas, como a da lua. Para mim, seus cabelos são muito bonitos.

Era uma comparação medíocre, falsa e pouco poética.

O coração de Ginny bateu mais forte.

X

Como alguém que tentaria matá-la, meses mais tarde, poderia dizer algo tão bonito?

X

"Harry, você gosta do meu cabelo?"

"Bem, sim, são macios."

"Não, da cor dele."

"Ah. Bem. Uh, ele me lembra um pouco o cabelo de Ron."

"Isso é um sim ou um não?"

"Uh— Bem, isso é um meio termo. A cor é bonita, mas..."

"Mas...?"

"Mas eu não gosto tanto quanto eu gostaria. Digo, a cor é realmente linda, mais ou menos como você, só que me lembra Ron e eu me sinto culpado. Você é a irmã dele, afinal, e ele não gosta que nós—woah. Não que eu me importe, mas para quê o abraço tão repentino que quase me fez cair no chão?"

"Obrigada."

"Pelo quê?"

"Por ser diferente."

X

Anos mais tarde, quando Harry Potter estivesse morto, em sua frente, e Voldemort lhe sorrisse mostrando os dentes, Ginny perceberia que talvez já estivesse condenada. A luta não estava acabada — nunca estaria —, mas o calor do inferno já a queimava, começando pelos cabelos; uma marca de seus pecados ao morder uma maçã que um dia chamou de amizade.

Seus cabelos são bonitos., estava escrito naquele dia. Cabelos vermelhos enferrujados, que brilhavam tanto no sol quanto na lua — às vezes revelando o vermelho outono e, outras, o rubro do sangue —, exatamente como os olhos de Voldemort. A similaridade nos tons de vermelho era tanta que assustou Ginny o suficiente para que ela desviasse o olhar para o corpo de Harry, morto e derrotado, mas um conforto terrível e uma dor necessária para seu coração julgado culpado desde os onze anos.

Talvez aquilo tudo fosse sua culpa. Talvez, talvez, tivesse esquecido um pedaço de sua alma nos olhos de Tom.


N/A.: Eu realmente não sei o que é isso, mas essa é foi a minha fanfic mais recente de Harry Potter e eu decidi publicá-la. Só para dizer que estou voltando aos pouquinhos e que não abandonei este mundo, nem este fandom.

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