FAZIA algumas semanas que aquele sentimento avassalador parecia ter se tornado mais berrante, ele parecia gritar dentro do seu peito, sentiu-se sufocado e ao mesmo tempo, estressado. Uma raiva crescente parecia dilatar suas veias, enquanto que a dúvida se instalava trazendo o temor da perda...

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SAUDADES

por: jlucas

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SUA mente parecia estar sendo tomada lentamente. A água da cachoeira desabava sobre seus ombros, inundando seus cabelos ruivos e molhando suas roupas de treinamento. Mesmo assim, no breu do seu olhar ele podia vê-la, ela sorria ternamente, podia sentir seu aroma suave e ouvir sua voz doce, seu coração pululava, porque aquilo? Parecia inevitável, a imagem dela permanecia imutável na sua mente!

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- Bom dia,Honda-san – sorriu Yuki Sohma, enquanto entrava na cozinha com seu habitual ar gentil.

- Sohma-kun! – sorriu Tohru, enquanto fritava algumas omeletes.

- Está triste Honda-san? – interrogou o rato, apoiando-se na pia e fitando o semblante da única moradora mulher da casa de Shigure.

- Não, não. – sorriu ela, agitando os braços freneticamente e, rapidamente, voltando sua atenção para as omeletes.-

Mas quem Tohru Honda queria enganar, um sentimento de falta parecia ter se alojado quando ele se foi, ela se lembrava, era uma tarde de outono...

As folhas secas caiam das árvores com o mais leve toque do vento, Shigure estava na varanda, enquanto que ele colocava a mochila nas costas e amarrava os cadarços!

"Será que coloquei bolinhos suficientes?" Pensava Tohru, ao vê-lo fazendo os últimos preparativos.

Yuki havia ficado no seu quarto, ele realmente não gostava muito de Kyo, mesmo Tohru lutando para que algum dia os dois pudessem, pelo menos, conviver pacificamente e concordarem um com o outro!

- Bem, não sei quanto tempo vou passar fora! Meu sensei vai cuidar de tudo! Adeus Shigure – despedia-se, levantando e acenando – Adeus Tohru.

A incerteza era a única certeza naquele momento, a brisa fria do outono invadia a sala da propriedade, enquanto o gato se despedia! Por um instante ela quis gritar "KYO!", mas algo maior e inexplicável a conteve, deixando-a somente vê-lo ir e contentando-a com um mero "Adeus Tohru!"

- Senhorita Honda – chamou Yuki – Honda-san, as omeletes estão...

- WAAAAAAAAH!!! – gritou Tohru, acordando repentinamente de seu devaneio.

Uma fumaça cinza brotava da panela de omelete, que lembravam um bolo de chocolate com pontinhos amarelos.

- Mas o que diabos é isso? – perguntou Shigure – Deixaram o Yuki cozinhar foi? – riu o cachorro, enquanto abanava a fumaça com a própria mão e adentrava no recinto.

(alguns minutos depois)

- Perdão! Perdão! – desculpava-se Tohru, inclinando a cabeça repetitivamente.

- Que é isso – sorriu Shigure, erguendo o queixo da garota com o polegar e aproximando sua face do rosto de Tohru, fazendo-a corar – acidentes acontec... AAAH!!!

- Seu pervertido – resmungou Yuki, socando o escritor – Honda-san, está bem? – indagou, voltando ao seu tom amável.

- Está tudo bem, mas... Terei que fazer mais omeletes! – lamentou-se a garota, voltando a sorrir mesmo assim.

- Senhorita Honda, não quer que eu faça o café? – disponibilizou-se Yuki.

- Nossa Yuki! Está doendo! – comentou Shigure.

- Não precisa – sorriu Tohru.

- Mas... – argumentou o rato.

- Não! Sohma-kun e Shigure-san devem esperar na sala! Logo, logo, o café estará pronto... espero – as últimas palavra de Tohru foram quase um sussurro para si mesma.

Ela olhou para o horizonte, pela a janela da cozinha, na esperança de vê-lo novamente. Mas, em vão...

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Ele olhou para aqueles bolinhos, todos feitos delicadamente por aquelas mãos tão delicadas, sentiu a face ruborizar com a memória, a qual adorava revisitar observando aqueles deliciosos bolinhos, que ele não ousara tocar.

- Kyo – chamou Tohru.

Sua partida estava próxima, ele sentia que seria difícil deixá-la ali, sozinha, com aquela ratazana, no fundo ele queria poder ficar próximo dela, mas sabia que algo maior os impediria de ficar juntos, aquela maldição, que transcendia seu corpo e também espalhava a infelicidade para todos ao seu redor. Ele realmente não queria vê-la sofrer, temia machucá-la e, a última coisa que queria, era que o sorriso que ela sempre carrega consigo se apagasse, por sua culpa.

Lá estava ela, na cozinha, sorriu ao vê-lo entrar e mostrou os bolinhos, feitos com todo o seu terno carinho, que ele tanto desejava poder tê-lo.

- É pra você levar na viagem, talvez precise! – dizia, enquanto embrulhava os inúmeros bolinhos de arroz com papel-refil.

Foi duro deixá-la, dizer somente um mero "Adeus Tohru", sem olhar para trás. No fundo, ele queria esquecê-la, para não perdê-la para sempre!

- Kyo – chamou Kazuma.-

O gato guardou cuidadosamente os bolinhos dentro de sua mochila, deu uma última olhadela para ver se estavam seguros.

- Kyo – falou seu sensei, entrando no seu quarto, ele tinha um ar sério – precisamos conversar – disse, sentando-se no tatame do quarto e fitando seu pupilo – você não pode continuar aqui Kyo, ou, ao menos, do jeito que está!

- Sensei... – surpreendeu-se Kyo – eu precisa ficar! – rebateu, socando o chão do aposento.

- Kyo – falou Kazuma, erguendo o timbre e mantendo seu olhar sério, que parecia acanhar o gato – o treinamento não foi feito para você esquecer a realidade. Você está ficando fraco Kyo!

- Mas... Mestre, eu... – ele parecia querer argumentar.

- Você não pode fugir da realidade! – bradou Kazuma – Kyo... – amansou o mestre – a verdadeira força é aquela que vem de dentro – e, com essas últimas palavras, ele se retirou.

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O sol já despontava no horizonte, o céu tingia-se de carmim, enquanto que a brisa fria outonal tratava de carregar consigo as últimas folhas secas. Na varanda, como em todas as tardes desde a partida, estava Tohru, olhando soturnamente o horizonte.

- Tohru-san – falou Shigure, passeando pela varanda com um livreto aberto nas mãos e os óculos de leitura na ponta do nariz, sua voz parecia mansa e aconselhadora – ele vai voltar, ele sempre volta... – falou o cão, voltando a entrar na sua casa e desaparecendo.

A esperança de Tohru parecia desaparecer, o céu começava a se tornar rosa, roxo e violeta e a lua tomava suas formas na abóbada celeste do crepúsculo...

"Seria..." uma pequena ponta de esperança parecia avançar no horizonte, numa silhueta que vinha em direção à casa dos Sohma. Ela correu, mesmo que fosse um estranho, mas a incerteza agora era pretérito... PLOFT!!!

(enquanto isso, na casa dos Sohma)

- Shigure – falou Yuki – cadê a senhorita Honda?

Shigure interrompeu momentaneamente sua leitura, levantou o rosto e respondeu.

- Está na varanda, por favor, Yuki, não me interrompa! – reclamou o cão, voltando sua atenção a leitura.

A porta da sala abriu repentinamente, revelando uma garota de cabelos castanhos, com uma mochila nas costas, uma roupa nos ombros e um gato alaranjado nos braços.

- Honda-san... – acolheu Yuki, tirando a mochila pesada das costas da garota.

- Olha só que retornou ao lar, se não é nosso querido Kyo! – comentou Shigure, colocando o livro sobre a mesa no centro da sala...

PLOFT

O ar da sala se encheu de uma fumaça cor de rosa, enquanto que Tohru pareceu correr para longe do centro da fumaça... Kyo!

(minutos depois, com todos devidamente vestidos)

- Gomenasai Kyo-kun – desculpava-se Tohru, corada com tudo aquilo.

- Kyo estava tirando uma casquinha da Tohru-san!!! – debochou Shigure, caindo na gargalhada.

- Cala a boca seu cão sarnento – birrou o gato, corando levemente.

- Então... Por que voltou? – perguntou Yuki, num tom pouco amigável.

- Eu... – Kyo pareceu procurar uma desculpa, contudo nenhuma parecia vir à mente na ocasião – o mestre achou melhor que eu voltasse por causa da escola! – comentou o gato, ainda birrado – vou subir!!! – disse o bichano, subliminarmente querendo dizer "não me perturbem".

- Olha só a hora... Tenho que preparar o jantar! – sorriu Tohru, uma felicidade inexplicável parecia ter agitado totalmente seu ego.

- Aquele bichano maldito! Neko idiota – irritou-se Yuki.

- Yuki, Yuki! Ciúmes não combinam com você! – sorriu maliciosamente Shigure, que parecia estar se divertindo ao ver o triangulo novamente na ativa.

- O QUÊ!!! – berrou o rato, irritado, jogando o controle.

- O Yuki está um pouco estranho hoje... – comentou Shigure para si mesmo.

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A lua parecia tão meiga em sua plenitude no céu, lembrando a ternura dela. Sentiu sua face avermelhar com a simples lembrança de ser abraçado por ela, poder sentir seu aroma tão próximo, que lembrava as mais belas flores do campo, poder sentir seu corpo junto ao dela e...

- Kyo...

- AAAAAAAAHHH!!! – berrou o bichano, saltando alguns metros.

- Gomen, gomen! – desculpava-se Tohru – Não queria te assustar, é só que...

- Não – corou Kyo, ajudando a garota a subir no telhado – às vezes eu fico tão pensativo, que acabo esquecendo a realidade!

Só a presença dela ali, parecia amansar toda a fera ferida que havia dentro de Kyo, parecia afastar todo pensamento ruim e trazer consigo uma calmaria que nem nas montanhas o bichano pode encontrar.

- Pensei em trazer um pouco de comida pra você... – falou a garota, sentando-se junto do gato – Nossa! A lua está tão linda – sorriu.

Toda aquela tristeza pareceu desaparecer, aquela solidão sumiu somente quando ela pode abraçá-lo novamente. Queria poder se reconfortar nos seus braços, mesmo sabendo ser impossível.

On a Monday, I am waiting
Tuesday, I am fading
And by Wednesday, I can't sleep
Then the phone rings, I hear you
In the darkness is a clear view
Cause you've come to rescue me

Ela curvou a cabeça para o lado, confortando-a em seus ombros e fechou os olhos...

Fall, With you I fall so fast
I can hardly catch my breath, I hope it lasts

Não havia melhor momento do que aquele...

Ohhhhh
It seems like I can finally rest my head on something real
I like the way that feels
Ohhhhh
It's as if you know me better than I ever knew myself
I love how you can tell
All the pieces, pieces, pieces of me

E por mais que ele fosse assim, ela o amava...

I am moody, messy
I get restless, and it's senseless
And you never seem to care
When I'm angry, you listen
Make me happy is a mission
And you won't stop til I'm ther

Só ela conseguia, amansar a fera do seu coração...

Fall, Sometimes I fall so fast
When I hit that bottom
Crash, you're all I have

Ohhhhh
It seems like I can finally rest my head on something real
I like the way that feels
Ohhhhh
It's as if you known me better than I ever knew myself
I love how you can tell
All the pieces, pieces, pieces of me

Eles sabiam, que aquele momento era real e só queriam...

How do you know everything I'm about to say?
Am I that obvious?
If it's written on my face...
I hope it never goes away... yeah

Que aquele momento fosse...


On a Monday, I am waiting
And by Tuesday, I am fading into your arms...
So I can't breathe

Ohhhhh
It seems like I can finally rest my head on something real
I like the way that feels
Ohhhhh
It's as if you've know me better than I ever knew myself
I love how you can tell
Ohhhhh
I love how you can tell
Ohhhhh
I love how you can tell
All the pieces, pieces, pieces of me...

ETERNO!

FIM

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Aviso: Os personagens da fanfic que vocês acabaram de ler não me pertencem, mas agradeço a mente brilhante que os invetou para que eu pudesse utilizá-los nesse pequeno devaneio. A música acima, também, não é minha, ela pertence a Ashlee Simpson – "Pieces of me".

N.A.: A fic foi bem simples, surgiu de uma contrapartida à fic da Bra-sama, "Bem me quer... Mal me quer" onde o casal é Yuki x Tohru, então quis revidar e fiz um Kyo x Tohru! Agradeço a Bra-sama por me suportar, ler a fic e tirar o grosso dela!!! Obrigado a todos que leram e os que gostaram, deixem o comentário...