• Parenthesis•

"Was a long and dark December
From the rooftops I remember
There was snow white snow

Clearly I remember
From the windows they were watching
While we froze down below."

(Violet Hill; Coldplay)

Já havia parado de nevar, a noite escura batendo no vidro de sua janela junto ao vento, sussurrando-lhe gritos e mágoas trazidos de não muito longe, vindos de São Petersburgo. (e de seu povo)

E deitado na cama, só um pouquinho encolhido, fita o pedacinho de céu que as cortinas lhe deixam ver. Não há estrela alguma olhando para (por) ele, apenas flocos de neve quase derretidos, na janela, olhando-o acusatórios, questionadores.

"Por quê?" – Eles dizem em sua cabeça, uma dor pequenininha e incômoda brinca em seu peito, ali, no lado esquerdo. Subindo para os olhos, ardendo e – finalmente – escorrendo por seu rosto pálido (pela culpa). – "Por quê choras? Onde dói?"

Aí ele lembra que está cuidadosamente enfaixado e ferimentos graves, feios, doloridos e muito, muito tristes cobrem boa parte de seu corpo, ardendo um pouco menos que seus olhos. Mais uma vez, ele (se) lembra da dor naqueles olhos todos. (de seus filhos, de seu povo) E da vontade de esquecer toda aquela carnificina, da vontade de abraçar cada um deles com força, olhá-los nos olhos e dizer que os amava. (não eram rebeldes, eram filhos pródigos, ainda amados, ainda necessários)

Quando anoitecia ele se permitia pensar naquilo tudo, o peso da culpa forçando seu corpo para baixo em um pedido de perdão, sob o olhar do Inverno, do frio, da fome, de seu povo massacrado. (por ele próprio) e os ferimentos pareciam doer menos que os olhos, molhados, sofridos. (arrependidos)

Era ali que doía, não era o dano causado a ele, não era a dor que sentia. (era a dor deles que doía mais) Era o sangue de todas aquelas pessoas ainda escorrendo por seus dedos, era o medo que seus irmãos sentiam, era a neve derretendo lá fora, tão fria quanto os vários cadáveres. (a culpa era muito pior que todos aqueles cortes)

"Está doendo muito?" – Ele ouve, mesmo sabendo ser apenas o vento contra o vidro da janela, vingativo, vindo assombrá-lo com as mágoas das pessoas que foram. (mas agora ele tem suas próprias mágoas – e lágrimas – para conter)

E realmente, está doendo muito, o coração não parece ser grande o suficiente para mantê-lo vivo, mas é capaz que amar cada uma daquelas pessoas lá fora e de se arrepender por elas. (ele não se deixaria esquecer daqueles olhares determinados e magoados)

Aquelas feridas um dia cicatrizariam, nada significavam. Mas as lembranças daquela neve vermelha, daqueles gritos, daquela culpa, tudo permaneceria vivo, assombrando-o todas as noites em que a neve e o vento batem à sua janela. (ninguém o deixaria esquecer)

Porque o que doía mais era a saudade de seus filhos pródigos.

(O que doía mais era o adeus.)

Nota da Autora:

Após desaparecer misteriosamente, renasço das cinzas com uma fanfic do Ivan. Sei lá, não é estranho? Porque a segunda fanfic que eu escrevi aqui era dele e também tinha a Revolução Russa, mesmo que eu não lembre bulhufas dessa matéria, para horror do meu ex-professor. Se bem que eu até gostei dessa daqui, mesmo o título sendo meio...Certo, totalmente, idiota. Mas a intenção é a que vale e eu havia parado de contribuir para o fandom de Hetalia. E eu consegui enrolar com qualquer coisa. BWAHAHAHAHAHAHA.

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