Aviso: Os direitos autorais do anime/mangá Saint Seiya pertencem ao seu criador e empresas licenciadas. Esta fanfic, no entanto, se utiliza dos personagens da obra e do universo da mesma, com o intuito apenas de levar o entretenimento aos fãs.
CAVALO DE TRÓIA
Por Arthemisys
Tudo ao meu redor ardia em chamas, a ponto de fazer com que meus olhos vissem imagens distorcidas, como em um imenso deserto. A estátua – outrora tão imponente – de Apolo Solar agora derretia de tal forma que em seu pedestal, se formava um minúsculo rio dourado, oriundo do que um dia eram adornos de ouro que embelezavam a representação daquele que protegeu aquela cidade que hoje se rendeu ao poder de outro reino...
Sim, Tróia estava subjugada aos gregos e dentre os helenos vencedores, eu era o maior. Nem os reis que maquinaram a trama de sangue, erguiam suas vozes contra mim, um filho dos deuses. Portanto, eu, mais do que ninguém, poderia ter tudo o que eu poderia desejar... e eu desejei... e o meu desejo estava na minha frente, naquele templo prestes a ruir.
Magnífica. Esse seria a melhor forma de sintetizar a dama à minha frente, a mulher que meus olhos não se cansavam de admirar. Sua túnica grudava no corpo pequeno, no mesmo instante em que seus longos cabelos avermelhados moldavam aquele rosto iluminado por límpidos olhos azuis... Entretanto, seu olhar demonstrava aflição. Acaso seria o medo das chamas?
Corri na ânsia de poder correr ainda mais rápido, se possível criar asas e voar em direção daquela sublime princesa. Desejei abraça-la, esconder aquele capricho de Afrodite em meus braços e leva-la para longe daquele inferno.
Porém... há um passo antes de tê-la finalmente junto a mim, ouvi o som de algo cortando o ar e antes que qualquer outro pensamento pudesse vir até a mim, me ajoelhei.
Derrotado.
O grito de desespero da minha princesa foi o som seguinte que distingui. O inimigo havia finalmente descoberto o meu fim... e eu, em meu último delírio apaixonado, balbuciei entre lágrimas o nome daquela mulher que foi, ao mesmo tempo, minha redenção e a minha condenação.
- Polixena.
A História Dentro Da História
Parte 1
- Levante.
- ... quem é você?
- Eu Sou Aquele que traz a misericórdia até você.
- A misericórdia... a mim?
- Teu destino foi o de viver gloriosamente e morrer na tenra mocidade. Agora, venho até aqui para lhe dar a chance de reescrever o seu próprio destino.
- Tua oferta é generosa a ponto de me atrever a perguntar sobre o que desejas em troca...
- O que eu desejo... essa será uma pergunta sem respostas, herói Aquiles.
...x...x...x...
- Bom dia!
- Bom dia, pequena. Os peixes foram pescados há pouco tempo. Pode escolher a vontade!
Com cuidado, a criança que já começava a aflorar para a mocidade, escolheu os peixes mais suculentos, recém pescados do mar. Após pagar ao pescador com algumas moedas de dracma1, a jovenzinha saiu da pequena colônia de pescadores, rumo ao seu atual lar. Enquanto caminhava, a menina-moça vislumbrava a praia a sua volta, onde o mar sempre tão azul e cristalino levava e trazia ondas espumantes que de vez em quando, tocavam a pele daqueles pés pequenos, sempre protegidos por sandálias feitas de couro fino e entrelaçados até a altura de seus joelhos.
Queria poder ficar mais tempo na praia e poder admirar a beleza do mar. Porém, o tempo corria e com isso, o horário para servir o jantar ao seu mestre também.
- Lithos? – uma voz indagou, fazendo com que a pequena se virasse, vislumbrando assim, uma pessoa que escondia seu corpo magro e feminino em um pesado capuz e seu rosto sob uma fria máscara cor de mármore branco.
- Senhorita Marin? O que faz por aqui?
- Nada demais. – ela respondeu pouco convicta.
- Ah! Ia me esquecendo! Hoje teremos um jantar especial em comemoração ao aniversário do Garan! A senhorita gostaria de ir?
- Lithos... – a amazona se aproximou da menina, tocando seu rosto com ternura. – Você sabe que as amazonas são impedidas de participarem de qualquer evento social por conta de suas máscaras. Portanto, eu não poderia ir jantar com vocês, pois para isso, seria necessário retirar minha máscara na frente de seu mestre e de Garan.
- E o que é que tem? – Lithos indagou com a inocência típica de sua pouca idade.
- Nenhum homem pode ver o rosto de uma amazona. Caso visse, seria... condenado a morte.
A irmã adotiva de Aiolia não deixou de tremer por conta da revelação da amazona.
- Agora, é melhor voltar para o santuário, antes que escureça.
- Tudo bem! – Lithos consentiu, mas deu meia-volta ao notar que a amazona de Águia não se aproximou dela. – A senhorita não vem comigo?
- Não. Preciso resolver um assunto antes.
- Então tá! Até amanhã senhorita!
Marin viu Lithos se afastar. Quando esta estava em uma distancia considerada, a mulher-cavaleiro virou o rosto devagar, em direção às escarpas que ficavam a cerca de quinhentos metros de distancia e que serviam de quebra-ondas para o mar.
- Se o mapa estiver correto... o templo de Tétis estará localizado em meio aquelas acidentes geográficos. – falou para si mesma.
...x...x...x...
Estranhamente, a Casa de Leão estava tomada pelo breu da noite. Temendo ter esquecido de colocar azeite nos candelabros, Garan foi, às cegas, até a copa da quinta casa zodiacal, a fim de pegar o óleo necessário para a combustão dos recipientes de fogo. Porém, ao chegar à metade do caminho que o levaria ao seu destino, um vulto o fez parar abruptamente.
- Quem está ai? – o servo de Aioria indagou, não obtendo nenhuma resposta. - Vamos, quem está ai?! – respondeu, preparando seu corpo para uma provável luta.
O vulto avançou em direção ao ex-aspirante a cavaleiro que também pulou, com o punho em riste. O que Garan não poderia imaginar, era que a poucos centímetros de onde estava, havia uma corda esticada com o propósito único de fazer com que perdesse o equilíbrio e com isso, caísse de cara no chão.
- Maldito, o que pensas que pode...
- SURPRESA!!!
As luzes instantaneamente voltaram à tona, iluminando uma sala cuja mesa de centro estava completamente abarrotada de pães, queijos, carnes e tonéis de vinho. Tecidos coloridos estampavam colunas e teto e em meio a tantas cores e aromas, Aioria, Lithos e Aldebaran de Touro começavam a cantar a tão conhecida música que festeja o natalício. Os dois primeiros cantavam em grego, enquanto Touro cantava em sua língua pátria, a portuguesa.
Enquanto se levantava, Garan não conseguia esconder o imenso rubor que tomou de conta de sua face. Tentando disfarçar ao máximo a vergonha que sentia pela homenagem, fez uma de zangado.
- Mas que balbúrdia é essa?! Pensam que estão na casa da mãe Joana?
- Aqui não é outra senão a MINHA casa e na MINHA casa eu faço o que quiser! – Aioria retorquiu ainda mais sério e ao se aproximar de Garan, arrematou. - Até mesmo festejar o aniversário do meu servo mais chato e cabeça-dura que eu tenho a obrigação de conviver!
Um abraço terno entre o cavaleiro dourado de Leão e Garan selou o começo da comemoração daquela noite.
- Meu aniversário... Nem eu me lembrava mais desta data...
- Viu? Prova de que você é um tremendo esclerosado. – Leão provocou.
- Não me provoque... Mestre. – Garan ironizou por sua vez.
- Bom, a conversa está animada, mas eu estou com fome e a pequena também. – interrompeu o outro cavaleiro. – Vão ficar de conversinha aí ou irão comer?
- Isso! – Lithos comemorou batendo palminhas.
- Está certo... – Aioria suspirou – Também estou com fome.
Garan por sua vez apenas sorriu. Internamente, agradeceu aos deuses por terem dado a ele, uma segunda chance ao lado de pessoas que realmente se importavam com a sua existência.
- Mas não é pelo fato de ser meu aniversário que o senhor irá fazer o que quiser.
- O que você quis insinuar com isso, Garan?
- Nada de vinho puro.
- De novo?!
- Se esqueceu de que...
- Eu sei, eu sei! Sou menor de idade, não posso beber, posso fazer besteiras tipo: criar uma super nova com meu poder e blá blá blá! Garan, você não se cansa de repetir a mesma ladainha todo o dia?!
Aldebaran e Lithos se olharam com pesar. Realmente, aquele aniversário prometia ser longo demais.
E de fato, foi bastante longa. Entre conversas, piadas e músicas, o festejo prolongou-se até altas horas da madrugada,
- Então não quis convidar o Shaka... Por quê? – Garan indagou, após ingerir outro gole generoso de vinho.
- Eu não queria que ele ficasse dando seus palpites inúteis na minha casa. – Aioria retorquiu, sentindo uma pontada de inveja de Garan e de sua bebida.
- E o senhor Miro? – Dessa vez, foi Lithos.
- Aquele cara? Para fazer daqui uma zona? Não obrigado.
- E a Marin? – Aldebaran perguntou como quem não queria nada. Aioria por sua vez, engasgou-se com o vinho misturado com água que bebia.
- O... o que tem a Marin?
- Por que ela não veio? – insistiu o cavaleiro da segunda casa, ainda mais "desinteressado".
- É mesmo... Por que a amazona de Águia não veio ao banquete? – Garan interveio, não menos curioso.
- Eu... eu não sei. Não a vi.
- Bom, eu a chamei, mas ela disse que não poderia vir, pois tinha que resolver alguns assuntos. – Lithos por fim, deu a real explicação.
- Assuntos? Quais?
- Pensei que o senhor fosse mais discreto. – o servo retaliou de tal forma que recebeu em troca, um olhar furioso de Aioria.
Aldebaran que ficou calado por um breve momento, respondeu à pergunta do cavaleiro de Leão:
- Eu a vi hoje de manhã, indo até a sala do Grande Mestre... sei que pelo fato de ser uma amazona e por isso, ter o seu rosto velado pela máscara, eu não tive condições de averiguar a expressão de sua face. Entretanto...
- Fala logo Aldebaran. – o irmão mais jovem de Aioros respondeu secamente.
- Entretanto, senti que seu espírito estava pesaroso... preocupado.
- Talvez isso tenha relação com o tal assunto que ela foi resolver na praia. – Lithos concatenou.
- Alguma missão, talvez. – Garan disse.
- É incomum que os demais cavaleiros de prata e bronze possam receber ordens vindas diretamente do Mestre, principalmente nesses últimos tempos. – Aldebaran acrescentou, fazendo com que Aioria se levantasse de seu divã e dissesse:
- Chega de tantas especulações! A Marin deve ter resolvido algum problema burocrático do Santuário e há essas horas ela deve está dormindo na casa dela. Agora, chega de festas e bebedeira às minhas custas e vamos dormir. Estou esgotado.
Aioria se retirou do recinto a passos firmes. Se havia alguma coisa que o tirasse do sério, com certeza essa "coisa" se chamava Marin.
...x...x...x...
Com um cuidado típico de sua sagacidade feminina, Marin vencia a escuridão com passos lentos e calculados. A cada metro que avançava, a deserta caverna parecia se tornar mais estreita e úmida, graças ao incessante respingo de água que brotava das rochas.
Seu coração batia com força e isso a incomodava. Aquela missão de vistoria tinha grau de importância dois, segundo o Grande Mestre falara. Talvez fosse por isso, a causa de tanta apreensão: Missões consideradas dentro do nível um, era executada apenas pelos cavaleiros de ouro e detinham eventos ditos como "sobrenaturais".
E ultimamente, os tais "eventos sobrenaturais" estavam começando a se tornarem, ridiculamente corriqueiros.
O som do bater de asas de um bando de morcegos fez com que a amazona de águia se assustasse, tomando posição de defesa. Após o ressoar dos mamíferos, o som lúgubre das gotas de água voltou a reinar no ambiente inóspito.
Suspirou, como se isso a fizesse ficar mais calma. Após um breve momento, recomeçou a sua caminhada, rumo à garganta da caverna. Logo, viu que o final do túnel cavernoso deu lugar a uma cristalina cascata. Caminhou mais um pouco e movida pela curiosidade, tocou o espelho d'água e viu que logo após, um paredão rochoso se levantava. Havia finalmente chegado ao final da caverna.
"Onde estaria o templo de Tétis, afinal?" – questionou-se, enquanto sentia a água bater contra seu braço, escorrendo para o resto do corpo magro.
Enquanto fazia divagações, a amazona de Águia não percebeu que uma sombra de proporções consideráveis movia por detrás de si. Ao virar-se, pronta para sair daquele lugar, percebeu que a luz oriunda da entrada da caverna não se fazia mais presente, graças à presença de alguém que dada a grande estatura física, bloqueou todas as passagens de luz.
- Quem é você?! – a amazona bradou, sentindo que o estranho emanava, mesmo que discretamente, um cosmo imensamente poderoso e porque não dizer, arcaico.
Sem receber nenhuma resposta verbal, Águia investiu um chute contra as trevas, mas foi uma tentativa de ataque inútil, uma vez que seu golpe apenas encontrou o ar. Quando ficou em pé novamente, a mulher cavaleiro sentiu uma leve brisa atrás de si e antes que se virasse, um golpe dado na altura de sua nuca fez com que seus sentidos falhassem e suas pernas enfraquecerem.
Por fim, caiu nos braços daquele que a escassa luz revelou ter penetrantes olhos azuis.
...x...x...x...
Durante aquela noite, Aioria não conseguiu desfrutar dos bons sonhos de Morfeu2. Pesadelos formados por imagens incongruentes o fizeram despertar durante toda a madrugada. O último, no entanto, foi mais intrigante: viu-se em meio a uma campanha de guerra, homens usando armaduras confeccionadas de forma arcaica, que muito lembravam os adornos existentes nas ânforas das quais Garan guardava toda a sorte de líquidos. Ainda em seu pesadelo, sentiu que era tocado por alguém. Um toque suave. Ao se virar, deu de cara com uma Marin bastante ferida e sem a máscara.
Gravou para si os olhos azuis que o fitavam, aflitos.
"Ajude-me..." – balbuciou, caindo logo em seguida na areia fofa da praia, desacordada.
"Marin?!" – gritou com toda a força que poderia, mas percebeu que sua voz não saía.
Tentou se ajoelhar para auxiliar a amazona, mas nesse momento, sentiu que suas costas ardiam com um golpe traiçoeiro que havia recebido. Tentou olhar para trás, mas não viu nada. Apenas sentiu como se milhares de adagas atravessassem suas costas.
- Não!!!
Levantou-se sobressaltado, corpo coberto de suor e olhos arregalados. Aquele pesadelo, aquele toque, o golpe que havia recebido... tudo parecia tão real! Precisou respirar fundo por alguns instantes até perceber que estava, na realidade, em sua cama, em seu quarto, na quinta casa zodiacal.
- Marin... – balbuciou o nome da amazona, enquanto se levantava, dirigindo-se até a varanda do recinto, em busca do ar puro da noite. O cavaleiro então olhou para o céu que permanecia sem nuvens e vislumbrou a constelação de Águia. Ainda não compreendia o que levou o Grande Mestre a delegar para a jovem de prata, uma missão de nível dois. Nesse instante, sentiu que seu jovem e revolto coração se apertou, temeroso do que havia acontecido à sua melhor amiga. Não... áquela altura do campeonato, Aioria não poderia mais considerar a japonesa como amiga. Apesar de jovem, o cavaleiro de ouro sabia que seus sentimentos à Marin saíram da esfera de sincera amizade e já começavam a mergulhar nas profundas e turbulentas manifestações de amor. Sim, estava apaixonado por ela e não sabia quando esse sentimento começou a aflorar em seu ser.
Cerrou os punhos, com um olhar fixo no nada. Seus pensamentos nostálgicos deram lugar ao típico sentimento de revolta que sempre deixou transparecer. Por que o Destino lhe tirava tudo o que mais amava?! Por que tirou seu irmão daquela forma?! Por que agora tinha que caminhar sob a Terra com a estigma de "irmão do traidor"?! Por que Marin, a jovem por quem se convenceu ser apaixonado, era uma amazona e, portanto, fria em relação aos sentimentos de amor?!
- Por que eu vim ao mundo...? – foi a última indagação do grego que logo em seguida procurou acalmar seu furioso cosmo que começava a se elevar assustadoramente.
Voltou para sua cama, decidido que antes que o Sol começasse a sua jornada pelos céus, iria ter com o Grande Mestre pessoalmente.
...x...x...x...
Tentou abrir os olhos, mas a vontade de permanecer com eles cerrados foi bem maior, dado o tremendo sono que sentia. Entretanto, a dor que sentia na altura da nuca não mais lhe permitia a inconsciência dos sonhos. Vagarosamente, moveu um dos braços e tocou o local que latejava e foi nesse instante que percebeu estar deitada, de bruços, sob algo macio e coberto por tecidos.
Então, como um filme, cenas rápidas passearam em sua mente atordoada: viu o Grande Mestre lhe delegar uma difícil missão, a pequena Lithos lhe convidar para um jantar, uma caverna e por fim, a sombra inimiga.
Imediatamente, se pôs em alerta e arregalou os olhos e mesmo contra a vontade de seu corpo que estranhamente se encontrava debilitado, sentou-se. Só então pode verificar que aquele lugar onde se encontrava era definitivamente diferente de tudo o que se lembrava. Dessa forma, seus olhos passearam rapidamente e então, Marin compreendeu que estava em uma espécie de quarto, uma vez que estava deitada numa ampla cama e que havia móveis que mesmo bastante velhos, eram utilizados apenas em aposentos de sono.
Definitivamente, aquele lugar não era o Templo da deusa Tétis.
- Onde eu estou...?
- No templo da sagrada Tétis.
A voz masculina e estranha chamou a atenção da amazona que vagarosamente, girou o corpo em direção à voz. O que viu a deixou sem nenhuma ação aparente.
Um homem, na altura de seus trinta anos, de pele bronzeada, cabelos loiros que caiam desordenadamente pelo rosto e ombros, dono de um porte atlético invejável e que era coberto por uma túnica que morria em seus joelhos, estava sentado num divã que ficava na frente da cama. Ele bebericava um líquido numa taça de bronze, enquanto seus fortes olhos azuis perscrutavam a mulher a sua frente de cima abaixo.
- Quem é você? – a amazona indagou, enquanto encarava o homem que apesar de estar numa situação cômoda, emanava um cosmos assustadoramente poderoso.
Ele sorriu debochado e largando o cálice em uma mesa pequena, levantou-se, rumo à cama.
- Eu era quem deveria perguntar quem seria você, uma mulher que apesar de ser extremamente bela, teve a ousadia de invadir os domínios de minha mãe.
Marin estreitou os olhos no momento em que ele se sentou na beira da cama, olhar fixo no seu.
- Eu sou uma amazona de Athena. Sou Marin da constelação de Águia! – ela falou com vigor, à medida que tentava se levantar... em vão. Sabia que o golpe que levara teve apenas o efeito de deixá-la desacordada, mas todo o corpo parecia não reagir aos seus comandos. Era como se ela estivesse completamente dopada.
- Marin... um belo nome. – ele sorriu, mostrando os dentes perfeitos. – Uma amazona de Athena? Isso é o que eu poderia chamar de "truque do Destino".
- O que está dizendo?! O que fez comigo?! – questionou com uma impaciência que não era típica a sua natureza. A resposta que teve, sobretudo, foi ainda mais impensável.
Apenas viu um braço passando por detrás de si. Logo em seguida, sentiu que seu pescoço havia sido pressionado para frente com cuidado e em seguida, os lábios úmidos daquele estranho tocavam os seus, com uma delicadeza apaixonada que depois, progrediu a uma leve sucção em seus lábios inferiores. Enquanto isso, outro braço enlaçava a sua cintura, deixando-a mais próxima de si.
Todos os sentidos da amazona ficaram em alerta: seu paladar sentia o gosto adocicado do vinho invadi-la, enquanto o tato denunciava que estava desnuda da máscara que usava, assim como da armadura e trapos que vestia.
Marin estava naquele momento, totalmente a mercê daquele homem que a acariciava de uma forma única e pioneira.
- Pare... – ela sussurrou, pedindo aos deuses que a matassem naquele instante para que a vergonha que sentia não o fizesse primeiro.
Aos poucos, seus fortes braços afrouxaram o corpo pequeno da amazona. Seus lábios, porém, ainda continuaram sob os dela, mas logo se separaram depois que os mordiscarem com leveza e luxúria.
Quando tornou a olhá-la, encontrou os olhos orientais marejados de lágrimas. Percebeu que feriu a sua honra de guerreira com aquele gesto.
- Perdoe-me, minha cara. Só os deuses sabem como a minha intenção para com você é sincera. – e vendo descrença naquele olhar, continuou sério, enquanto se levantava. – Sabedor de que você é uma amazona e que não aceitaria de bom grado ser a minha convidada, coloquei ervas junto ao incenso que arde nesse lugar, a fim de que seus movimentos se tornassem mais dóceis. Agora, peço que descanse por hoje.
Marin colocou uma das mãos na altura das têmporas, sentindo-se mais embriagada. Pensou em retrucar, mas agora as palavras não mais saiam de sua boca. O sono pareceu lhe dominar novamente e antes que desabasse de vez, ainda conseguiu escutar o misterioso homem dizer, enquanto saia daquele quarto:
- Eu sou Aquiles, filho de Peleu e de Tétis.
E o último pensamento da amazona foi doado à constatação de que aquele homem era na realidade, um deus.
Continua...
1 - Atualmente, a moeda corrente da Grécia é o Euro. Essa mudança se deu a desde 2001, quando o país passou a fazer parte da União Européia.
2 - Morfeu é o deus grego dos sonhos. Segundo algumas vertentes da mitologia, o sono também lhe é atribuido.
Notas da autora:
Olha eu de novo! Faz algum tempinho que eu não posto nada... aliás, esse é a minha primeira atualização em 2007 e sem dúvida, é bastante especial para mim, já que eu estou fazendo aniversário hoje! Olha que legal! Quero presentes viu?! Rsrsrsrs...
Bom, voltando a falar sobre essa fanfic... "Cavalo de Tróia" é um projeto mais antigo do que se possa imaginar. Eu a tenho em mente desde que eu li o volume 6 da Saga G faz mais de um ano e somente no final do ano passado é que eu pus as idéias no papel... mas como diz um velho ditado, antes tarde do que nunca!
Continuando, "Cavalo de Tróia" terá dois capítulos – o segundo já está escrito pela metade – e acredito que no máximo em duas semanas, eu terminarei de escrevê-la. Sobre esse primeiro capítulo, notem a cena meio emo do Aioria e a do beijo com a Marin... são cenas especiais para mim, pois: O Aioria está completamente emo nessa passagem! Quando eu reli, comecei a rir muito, mas não tive coragem de reescrever! XD E a da Marin... bom, foi difícil de escrever... aliás, eu já percebi que sou uma derrota para escrever cenas de beijos e amassos... ¬¬
No mais, quero terminar essa nota oferecendo essa fic para todos os fãs de Aioria e Marin e principalmente, a Thaty de Leo do Panbox que só não chuta a Marin para ficar com o Aioria, porque ela também gosta da amazona! Ehehehehe...
E então? Vocês gostaram da fic? Acham que eu estou indo no rumo certo? Se sim – ou se não – por favor, comentem e façam essa ficwriter feliz!
Até a próxima atualização!
Arthemisys
