CAPÍTULO I - Noite fria

Porto Alegre, 23 de maio de 2006, 4 horas da madrugada

Faz frio na capital gaúcha, neblina comum em meados do inverno no hemisfério sul. Avenida Teresópolis deserta, bem...não tão deserta. Na parte sul da mesma haviam gangues de jovens fumando maconha, ao invés de estarem em casa se preparando para estudar, trabalhar ou fazer alguma coisa de útil para essa sociedade. Bem, estava no meu escritório, no norte da mesma avenida, jogando paciência, e o meu auxiliar, dormindo. Me desculpem não me apresentei, melhor verem meu dossiê.

Nome: Kamus Liverault

Idade: 32 anos

Nacionalidade: Francesa

Profissão: Investigador Particular, ex-investgador da polícia civil brasileira.

História: Kamus nasceu em Fontainebleau, França. Quando jovem, ingressou num programa de intercâmbio, o qual acabou vindo para o Brasil. Logo em seguida conseguiu se estabelecer em Porto Alegre, decidiu então seguir a carreira de policial, aonde iniciou treinamento com o ex-policial renomado Shion Aires, depois de solucionar inúmeros casos, Kamus se tornou tenente e chefe do treinamento de novos investigadores. Até que sua carreira foi manchada por um envolvimento com a mulher do mafioso grego Aioria Giannakos, o que resultou na expulsão de Kamus. Agora Kamus tornara-se investigador particular, geralmente ele faz o trabalho que a polícia deveria fazer.

Agora, me apresentarei formalmente, Kamus Liverault, prazer. Continuando... Meu auxiliar, Miro, estava dormindo.

Nome: Miro Rosales

Idade: 24 anos

Nacionalidade: Brasileira

Profissão: Ex-detetive da delegacia de Kamus, treinado pelo mesmo.

História: Miro nasceu em São Miguel das Missões, descendente de família argentina, veio para Porto Alegre para poder dar jeito em sua vida, já que em sua cidade as condições de emprego eram poucas. Acabou ingressando no centro de treinamento da polícia sendo aluno de Kamus. Se mostrou hábil e virou detetive da central de Kamus. Logo se viu um policial preguiçoso que só sabia dormir em serviço e recolher poucas informações, seu azar foi cruzar o caminho do tenete Seiya Cavallera que o delatou ao delegado Saga Baroli, que decidiu supervisionar o preguiçoso detetive. Concluindo as palavras de Seiya, Saga se viu obrigado a demitir o detetive que andava perdido até Kamus o encontrar e lhe dar a oportunidade de ser seu auxiliar em investigações particulares.

Até que ouvi batidas na porta, decidi atender. Já que o imprestável ainda roncava. Abri a porta e logo me veio uma moça muito bonita, cabelos acinzentados, pele alva e de belo corpo, trajando um blazer azul petróleo, e logo atrás dela vinha um homem de cabelos castanhos claros, quase louros, trajando terno e um casaco sobre tudo.

- Boa noite. - Disse a moça. - Você é o detetive Kamus? - Notei que após a moça saudar a boa noite, meu auxiliar logo levantou a cabeça olhando para os lados, mas teve de se conter pois estava junto com aquele homem que não falara.

- Boa noite, senhorita...

- Senhora. - Interrompeu-me. - Meu nome é Hilda, Hilda Holstein e este é o meu marido Siegfried Holstein.

- Boa noite senhor. - cumprimentei o homem.

- Boa noite, investigador. - Retribuiu-me gentilmente.

- Afinal, para que procuram os meus serviços? Em que posso ajudar? - A senhora Holstein ia me dizer, mas interrompi. - Miro, por favor, traga-me um café. Aceitam?. - Hilda preferiu um chocolate quente, Siegfried aceitou o café. Nessas horas é bom ter uma máquina de café expresso.

- Viemos aqui para pedir seus serviços. Líamos muito sobre você nos jornais, e graças a uma recomendação eu lhe encontrei. Preciso saber do paradeiro da minha irmã mais nova Freya Morais. - Estendeu a mesa uma foto da moça, parei e fixei meus olhos naquela mesma imagem. Nunca vi rosto mais belo! Cabelos louros, olhos azuis, lábios carnudos e avermelhados e um sorriso enigmático, o que pode se notar a meiguice e a timidez da moça.

- Mas o que aconteceu? Há quantos dias ela desapareceu? - Perguntei.

- Freya desapareceu há uma semana, quando saía do nosso atelier.

- Atelier? - Perguntei.

- Sim, somos donos do Atelier Asgard. E Freya a nossa garota propaganda principal. - Siegfried respondeu. E eu que nunca dei bola para a publicidade. Agora pareci bastante interessado.

- Muito bem, gostaria de saber informações sobre as pessoas com quem andou recentemente, ou que a procuraram nos últimos dias.

- Bem, temos a desconfiança de que seja um dos empresários que andaram atrás dela recentemente. - Hilda falou.

- Empresários?

- Sim, um italiano e um grego. O italiano se chama Giancarlo Rossi, fez uma proposta irrecusável para Freya ir para Milão. E o grego se chamava Nikos Popoulos, apresentou nos um contrato para um desfile em Athenas no início de junho. - Hilda falou.

- Hum entendo, já ouvi falar, são dois grandes caça talentos no mundo da moda. - Falei. - Mas acho que se fosse realmente eles teriam lhes comunicado. Tem mais alguém procurando-a recentemente.

- Sim, o ex namorado dela, Hagen Vaz. - Hilda lembrou.

- E que tipo de namorado é esse Hagen?

- Conheço-o desde pequeno, e não vejo motivos para ser um suspeito. Tudo bem que Hagen seja ciumento e insistente. Mas acho que não chegaria ao ponto de raptá-la. - Siegfried decidiu defender seu amigo de infância.

- Senhores, acredito que não seja nenhum deles. Mas me interessei bastante pelo caso. Amanhã irei até a sua casa, para investigar o quarto da senhorita Freya, se vocês não se incomodarem.

- Incomodo nenhum. Lá estará o meu outro irmão, Mime, Freya mora com ele.

- Certo. Me dêem o endereço da casa de seu irmão. - Hilda rapidamente me passou um papel com o endereço. Franzi a testa ao ler o papel. - Muito bem, irei ao local, já está tarde, é melhor irem descansar, deixem tudo comigo, resolverei o caso.

- Bom, então não temos mais nada a conversar por ora. Boa noite investigador, boa noite auxiliar. - Siegfried fez questão de nos cumprimentar. Hilda apenas deu um boa noite e os dois se retiraram.

- Nossa! Que filé, hein Kamus?

- Tá falando de quem Miro?

- Claro que da moça né? Tá pensando o que? - Miro resmungou.

- Ainda bem. - ri. - Mas ela já é bem casada, garoto. Sem chance pra você.

- Mas a gata aí da foto, tá disponível. - Miro sorriu.

- Você não viu que a garota está desaparecida? Pode até estar morta. - Falei.

- Nossa! Como você é frio e pessimista.

- Já vi de tudo quando trabalhei pra polícia. Me acostumei com a realidade. Portanto, sou realista. Tudo é possível, Miro. - Falei friamente. - Mas, não estou tão preocupado, pode ir descansar em seu quarto. Eu vou pra casa. Bom descanso. Amanhã à noite vamos atrás do empresário italiano.

- Mas, quanto a casa da garota?

- Eu irei sozinho, pode deixar. Boa noite Miro.

- Boa noite chefinho.

Fui para casa, decidi então procurar pelo irmão de Freya no dia seguinte, afinal, ele morava em um apartamento na zona sul, ou melhor, no apartamento na minha frente. Bem, então eles eram novos moradores do prédio, melhor ir fazer uma visitinha como vizinho. Melhor apresentar os dossiês de Siegfried e Hilda, apesar de não terem muito sentido para a investigação.

Nome: Siegfried Holstein

Idade: 30 anos

Nacionalidade: Brasileira/Alemã (seus avós eram alemães, tem direito a passaporte europeu)

Profissão: Dono do Atelier Asgard situado no bairro Petrópolis.

História: Siegfried nasceu em São Leopoldo, descendente de alemães e tem direito a passaporte europeu. Nasceu em berço de ouro. E decidiu montar uma firma para conquistar suas metas de vida. Logo conheceu a recém formada estilista, Hilda Morais, casaram-se e montaram o Atelier Asgard, que virou uma das marcas de estilismo mais vendidas no país. Siegfried está sempre viajando ao redor do país para palestras aos aspirantes à empresários. Homem de postura fria, mas após a palavra ser dirigida a ele, se mostra um homem simpático e gentil.

Nome: Hilda Morais Holstein

Idade: 26 anos

Nacionalidade: Brasileira

Profissão: Estilista e dona do Atelier Asgard.

História: Nascida em Porto Alegre. Hilda logo mostrara a sua aptidão para o mundo da moda, sempre fora muito bonita, apesar de ter jeito para modelo, não era o que queria. Logo ingressou na faculdade para se tornar estilista. Depois de formada veio a conhecer aquele que veio a ser seu marido, Siegfried Holstein. Casaram-se onze meses após o início do namoro, e montaram o atelier. Hilda como já foi dito, é muito bela, gentil, e se veste muito bem. Tem dois irmãos, Mime e Freya, a última foi dada como desaparecida essa semana, mas não foi publicado, a familia preferiu o sigilo.

Cheguei, em casa e logo fui para a cama.

Porto Alegre, mesma data, 14 horas.

Acordei nove horas da manhã, tomei meu café da manhã e fui fazer a minha caminhada matinal até a avenida Princesa Isabel, depois voltei pra casa, até que fui parado na porta do prédio.

- Ei Kamus, você já conheceu a nova vizinha que eu lhe falei na semana passada? - Era, Dio, o vizinho tarado do segundo andar, ele está sempre na portaria xeretando a vida dos outros.

- Não Dio, não tive a oportunidade, ainda.

- Você tem que ver, que mulherão, acho eu que você já a viu, mas não pessoalmente.

- Quem sabe. Por acaso é uma celebridade?

- Melhor você descobrir por si mesmo, o que acha Zeros?

- Senhor Kamus, realmente ela é de parar o trânsito, mas não a vi ultimamente. Será que foi viajar? - Esse era Zeros, porteiro diurno do prédio, outro verme pervertido.

- Bem, é melhor vocês pararem de jogar conversa fora, e Dio, deixe o homem trabalhar.

Saí dali, nunca fui chegado a mexericos. Subi, tomei um banho e fiquei assistindo ao noticiário. Almocei e decidi ir ao apartamento em frente ao meu, o qual mora o irmão de Freya; Mime. Toquei a campainha e em instantes um homem jovem, louro de olhos castanhos claros me atendeu.

- Pois não?

- Muito boa tarde, eu sou Kamus seu vizinho. Por favor me perdoe por vir dar as boas vindas só hoje, trouxe um bolo de chocolate, espero que lhe agrade.

- Oh, perdoe a minha indiscrição, entre, por favor.

Entrei na casa, muito bem arrumada, aparelhos e mobília novos, e um quadro enorme que chama a atenção de qualquer homem que adentre àquele lar. Um retrato de Freya, com aquele mesmo olhar profundo.

- Perdão, qual o seu nome...?

- Mime, meu nome é Mime Morais.

- Mime, me diga, aquela moça do retrato é sua esposa?

- Não, não. - Mime gargalhou. - Essa moça do retrato é minha irmã mais nova, Freya. Ela mora aqui comigo, mas, ela teve de viajar.

- Me diga, vivem só vocês dois aqui?

- Sim, meus pais moram no bairro Moinhos de Vento, e minha outra irmã vive no bairro Higienópolis.

- Sua irmã, não é Hilda Holstein?

- Como você sabe? - Mime arregalou os olhos surpreso. - Por acaso é um fã de minha irmã?

- Sei por dois motivos. Primeiro, porque ela me procurou e falou sobre você. E, segundo, vi em um de seus porta retratos na estante. E se eu viesse atrás de autógrafos, teria pedido ontem para ela.

- Se não é um fã, é um homem apaixonado, pois saiba que ela é bem casada. - Mime falou em tom superprotetor.

- Errou, mais uma vez. Além de ser seu vizinho, sou investigador.

- O que!? Hilda envolveu a polícia no desaparecimento? Ela está louca! - disse um irmão deseperado.

- Relaxe, sou investigador particular, fui demitido da polícia, já fazem 2 anos. Sua irmã me procurou para que eu pudesse encontrá-la.

- E Hilda, nem me procurou para saber se eu concordava.

- Talvez, porque você seria contra envolver mais gente. Mime, mais uma vez, eu digo não se preocupe, confie em mim, eu vou solucionar esse caso, e trarei sua irmã de volta pra casa, sã e salva.

- Tudo bem, confiarei em seu trabalho. Pois bem, vá direto ao assunto, por que veio? - Disse isso depois de pensar e dar voltas em torno do mesmo lugar.

- Vim apenas para saber se acho alguma pista no quarto de sua irmã.

- Eu não permito que ninguém entre no quarto de minha irmã em sua ausência, mas abrirei a excessão pra você. Entre e investigue a vontade.

- Gostaria que me acompanhasse, você mexe nas coisas dela, quero que mexa em objetos, roupas e caixas, eu fico com o chão.

Mime atenciosamente me levou até o quarto de Freya, aonde mexeu em tudo que lhe foi dito, até que...

Nome: Mime Morais

Idade: 27 anos

Nacionalidade: Brasileira

Profissão: Psicólogo

História: Mime é o primogênito dos Morais. Irmão superprotetor e independente. É um psicólogo recém formado e está a procura de um colega para dividir um consultório. É um rapaz solteiro e está a procura da sua alma gêmea, segundo ele "Não encontrei a mulher ideal, e quando encontro uma namorada, acaba sempre virando minha paciente e o relacionamento vai pro brejo...". È um rapaz de atitudes frias, mas seus sentimentos vem à tona quando acontece algo ao seu redor. Atualmente mora no bairro Teresópolis, com a irmã caçula, Freya, desaparecida à poucos dias.

- KAMUS!! Achei algo que talvez lhe interesse. - Me mostou um pequeno papel, um bilhete. Dizendo: "Me encontre quinta feira, as 21 horas no Athenas. Te esperarei por lá."

- Hum... Interessante, irei á esse bar, para saber informações.

- Eu irei também.

- Melhor não. - Interrompi. - Não vou envolver civís nessa história. Como eu disse deixe comigo. Certo? Qualquer novidade eu lhe aviso.

- Ok. Obrigado pela visita.

Logo saí dali e decidi ir para o escritório. Cheguei lá e me encontrei com um Miro empolgado. Música alta, e o meu auxiliar fazendo a limpeza no quarto.

- Miro!

- ... Cause i'm try, and tried to forget you girl, but it's just so hard to do...- Miro cantarolava, e nem percebeu minha presença.

- Miro! Abaixe essa música!

- ...Everytime you do that thing... Ei! O que hove com o... KAMUS!?

- Miro, estou a meia hora falando com você, já que não me ouvia, desliguei o som.

- Ah, você é o rei de cortar o meu barato! Até na limpeza.

- Miro, graças à esse "rei" você está aqui. E não, voltando para o interior com uma mão na frente e outra atrás.

- Qual é?

- Mudança de planos. Teremos de ir hoje à noite à boate Athenas, aquela nova que tem no final da Farrapos.

- Oba! Isso significa que vou sair do atraso! - Miro comemorava.

- Lembre-se que você vai para me auxiliar e não para ficar transando com as prostitutas. - Adverti.

- Estraga prazeres. - Resmungou meu assistente.

- Não há nenhum caso pra resolver?

- Hum... não! Ninguém ligou.

- Maravilha, estarei no escritório. Termine e vista-se.

- Sim, senhor! - Debochava, como se fosse um recruta.