Do Mar e da Solidão


De tudo no mundo, a única coisa da qual ela tinha medo era a solidão. Sentimento profundo e silencioso. Lento. Sensação que invade os pensamentos aos poucos, se tornando real à medida que já não encontra um olhar conhecido e reconfortante.

De todos os seus sonhos, o único que parecia fazer sentido era o de ser o mundo para alguém. Ela me dizia que assim nunca estaria só, que haveria quem olhasse por ela e nunca mais precisaria conviver com os fantasmas do seu medo.

Esse foi o seu primeiro sonho que transformei em meu.

Para ela, a solidão era como estar diante de um abismo diante do mar: você pode ouvir as sereias cantando, mas jamais conseguirá tocá-las. Tenta vislumbrar o que existe além do horizonte, sem nunca poder ver. Deseja saltar das pedras, mas sem a certeza de que conseguirá voar.

Pansy veio lentamente: primeiro era apenas um nome, em seguida uma amiga, mais um passo e ela era o meu mundo, que rapidamente foi tirado de mim.

Com ela aprendi a não ficar sozinho, e com seu sorriso fui apresentado ao medo de perder alguém.
Com sua falta entendi o medo pelo mar e suas sereias, pois através dela eu conheci o abismo profundo e silencioso da solidão.

Ela se foi e eu estou só, em um mundo feito das recordações de suas doces palavras que me ensinaram a velar a visão de um mundo frio. Palavras feitas de silêncio e da sua memória. A lembrança onde jaz a beleza do meu mundo; o meu próprio paraíso que visito apenas nos meus sonhos. Relutante em deixá-la partir, pois das coisas que amei, de tudo o que odiei. Do mar e da solidão, do veludo negro do oceano e do horizonte, Pansy ainda é a minha constante. O meu contraste.

Justamente ela, que sempre temeu a solidão e nunca gostou do mar.


N/A.: Agradecimentos ao Leuh e ao shade que foram os primeiros a ler essa fic e, Leuh também fez a capa. Essa fic foi escrita para o XVII Challenge Relâmpago do 6 Vassouras. Comentários me deixam feliz ^^