Yellow.

By: Jubs.


Old days.

Estava deitada de bruços, um sorriso adorável em seu rosto. Ouvir ele falar daquele futuro tão possível, tão palpável. Não se imaginava tão feliz quanto naquele simples momento, com o braço dele em sua cintura e os beijos calmos em seus ombros. E mesmo observando o belíssimo céu ilustrado por sua janela, não podia deixar de se sentir como num pequeno de fadas, onde o final feliz estava a pequenos passos de distancia.

- Bankotsu! – Esbravejou ao ouvi-lo fazer uma piada qualquer.

Ouviu o moreno rir e, cativada pelo sorriso do mesmo, o beijou de forma singela. Já havia se tornado um habito naquelas noites calmas de fim de semana.

- Não posso mais comentar o quanto te fará bem morar com uma pessoa tão maravilhosa quanto eu? E, convenhamos, viver com o namorado em tempos de faculdade é uma experiência única... – Continuava ele em seu tom charmoso e brincalhão.

A jovem se deixou cair sobre os braços dele, rindo e o beijando apaixonadamente. Era uma vida feliz, o que mais poderia querer? Após alguns minutos em devaneios, se pegou o olhando de forma doce, enquanto acariciava os cabelos do homem ao seu lado, quase adormecido.

- Planeja não dormir esta noite, Rin? – Ele questionou calmamente, sem abrir os olhos. Já esperava um suspiro longo da mulher ao seu lado.

- Amanhã é domingo... e é o dia de visitar o cemitério. Não consigo dormir nesses dias... – Respondeu baixamente, encostando sua testa na dele.

- Quer que eu te faça companhia?

Ela sorriu. Ele trabalhava a semana inteira para conseguir bancar um apartamento sozinho, longe de uma família problemática e ainda abrigava a namorada em fins de semana por lá, ele merecia um descanso.

- Apenas durma. Ter você perto de mim já é companhia o suficiente.

O rapaz apenas concordou levemente, deixando-se adormecer lentamente sobre o olhar sereno da morena. Ele também estava feliz. O silencio se instalou na cidade, como se a mesma finalmente dormisse junto ao homem ao seu lado. Era uma vida tranquila e comum, como muitas espalhadas pelo mundo. Com questionamentos e duvidas, como qualquer outra. Mas a certeza que tinha sobre inúmeros fatos e sonhos, isso era pouco e o que faltava em tantas vidas e relacionamentos. Se soubesse que isso chegava ao final, teria aproveitado melhor?

Se pegou pensando em sua mãe novamente. Teria ficado mais ao lado dela, a deixado mais feliz se soubesse? Pediria desculpas por todas as pequenas brigas e diria que ela era a melhor mãe do mundo, todos os dias? Mas esse era o engraçado da vida, tudo acontece quando menos esperamos e aquele belo sorriso foi apagado com o bailar do vento. Tudo tão poético e doloroso. Ao menos aquele ano não chorou na véspera, afinal, deixar seu irmão e padrasto verem suas lágrimas no momento era deixar seu orgulho morrer.

Era ser fraca.


Era próximo às dez horas da manhã quando Bankotsu acordou com o delicioso cheiro do café da manhã que Rin preparava. Ela, sem perceber, cantarolava uma música infantil enquanto ajeitava alguns "lanches" dentro de uma cesta. Iria com a família para visitar sua mãe e sabia que seu padrasto não teria se alimentado praticamente a semana inteira. Talvez fosse ele quem mais sofresse com a morte daquela belíssima mulher.

Sorriu ao sentir os braços do moreno em sua cintura, assim como o beijo carinhoso em seu pescoço. Como ele conseguia tornar tudo tão simples e indolor? Queria que sua mãe estivesse viva para conhecer aquele a quem tinha orgulho em chamar de namorado, amigo e companheiro. Queria que ela a visse realmente feliz.

- Tem certeza que não quer que eu a acompanhe? – Ele perguntou num curto sussurro preocupado.

- Sim... Otousan e Inu-kun estarão lá. – Falou calmamente, enquanto terminava de ajeitar a comida.

Se virou para ele com um calmo sorriso e depositando um beijo nos lábios do moreno, saiu dos braços do mesmo.

- Vou chegar mais cedo para arrumar o tumulo dela. – Falou enquanto saia da pequenina cozinha.

- Ah... sim... – Ele concordou num murmuro inaudível. – Você ira para a casa de Taishou logo em seguida?

Perguntou calmo enquanto a observava pegar a bolsa preta sobre a poltrona na sala.

- É melhor. Sempre jantamos juntos nesse dia e amanhã eu tenho que acordar cedo. – A voz dela parecia ficar mais baixa à medida que os segundos passavam.

Era como se a felicidade fosse sugada cada vez mais naquele dia, ofuscada pela perda inevitável.

- Descanse bastante hoje. – Ela terminou de se arrumar e novamente selou os lábios dele, como se fosse um antigo habito.

E saiu.

Pela ultima vez arrumou o vaso de flores no local. Não sabia onde seria melhor ou qual local era mais bonito. Talvez as flores que não combinasse. Suspirou pesadamente pela milésima vez naquele dia. Talvez se tivesse levado Bankotsu consigo não teria tanto problema... não... era uma reunião de família ali. E por mais que tivesse se afastado de todos naquele ano, eles ainda assim eram a sua única família. Ouviu passos atrás de si e, sorrindo, virou-se para recepcionar os recém-chegados.

- Otousan... Inu-kun... – Falou ela calmamente, mantendo o sorriso em sua pálida face.

Ambos reverenciaram o tumulo solenemente, mas depois abraçar a pequenina menina... tão diferente. Ela mais parecia um intruso naquela família. Era baixa, curtos cabelos negros e os olhos de chocolate, enquanto seu padrasto e irmão tinham os cabelos prateados e longos, olhos cor de âmbar e eram altos e fortes. O mais velho tinha sempre uma expressão serena enquanto o outro, com estranhas orelhas no topo da cabeça, parecia sempre emburrado. A não ser naquela situação.

- Acredito que Otousan não tenha se alimentado muito bem, por isso trouxe alguns lanches. – Falou ela ao se sentar em meio aos dois homens e abrir a cesta.

- Acredito que Rin-chan não tenha dormido muito, infelizmente não tenho nada para lhe oferecer. – Falou o mais velho.

Sentiu as mãos do mesmo acariciarem seus cabelos, fazendo com que ela se apoiasse em seu ombro. Conversaram sobre o que aconteciam em suas vidas, como se contassem para a mulher no tumulo o que tinha acontecido nesse ultimo ano. Taishou contava o quanto a empresa crescia e que seu filho mais velho continuava a viajar, trabalhando incansavelmente pela empresa. Inuyasha contava com orgulho que havia passado em uma das maiores faculdade e em uma colocação invejável. Rin contava o quanto estava feliz e o quanto sentia falta dela, que trabalhava na pequena doceria e que tinha um namorado fantástico.

Apenas queriam vê-la novamente. Admirar o doce sorriso de Izayoi. E mesmo sem tê-la, tentavam se manter como uma família, tentavam se aproximar mais, mesmo que isso acabasse sendo extremamente doloroso. Tinham medo de acabar conhecendo que era aquela bela mulher que os ligava. Mas naquele dia tudo parecia se desvanecer. Conversavam e riam, para provar a si mesmos que estavam felizes e que tinham orgulho de terem tido tão maravilhosa pessoa em suas vidas. Não percebia que não precisavam de provas. Apenas precisavam estar juntos.

O sol se pôs.


Na saída de um certo cemitério, uma pequenina menina tentava se apoiar no pescoço de dois homens altíssimos, sem sucesso. Os três pareciam sorrir felizmente, pois mesmo com uma devastadora tristeza, ainda tinham um ao outro, certo? E também, já haviam se passado 5 anos, as coisas mudavam... assim como os sentimentos.

- É tão estranho ver o Inu-kun sorrindo assim... chega até ser assustador sem sua cara emburrada. – Se pronunciou a morena divertida.

- Tenho que concordar Rin-chan... É realmente assustador. – Prosseguiu o mais velho.

Ambos pararam no caminho, analisando a feição emburrada do mais novo. Divertido.

- Assim é bem melhor, Inuyasha. – Taishou continuou com um tom sério, porém divertido. E, pegando a pequenina nos braços, se afastaram rindo.

- Vocês não prestam. – Sussurrou Inuyasha emburrado.

E nessa pura simplicidade, perceberam que seus medos eram infundados. Realmente eram felizes. Entraram no carro e Rin, sobre protestos de Inuyasha, sentou-se no banco da frente.

- Porque que você ta sentada ai? – Questionava ele cada vez mais irritadiço.

- Por que, meu querido, eu sou a mais velha. – Respondeu ela com um enigmático sorriso.

- Nem da pra notar, parece mais uma pré adolescente em desenvolvimento... – Respondeu grosseiramente.

Não conseguiu se esquivar da série de tapas que seguiu a tal comentário.

- Vocês dois parecem crianças ainda... – O sorriso na cara de Taishou acalmou os ânimos de Rin e Inuyasha.

Rin virou-se novamente para trás, encarando o irmão de forma sutil.

- Vai mesmo se mudar para fazer faculdade em outra cidade? – Não conseguiu maquiar o triste tom em sua voz.

- Eu ainda não sei... passei em uma boa faculdade daqui, mas seria uma experiência única morar sozinho em uma cidade tão grande. – Ele falou pensativo e, naquele único dia, que o rapaz era acessível e respondia de forma calma e sincera.

- A casa vai ficar muito sozinha sem você por lá... não é Otou-san? – Perguntou a jovem se ajeitando no banco.

- A casa já esta vazia sem você, Rin-chan, imagina sem o gênio explosivo de Inuyasha...

- Mas eu ainda moro lá! – Interrompeu bruscamente.

- Pode até morar, mas aos fins de semana você nunca está lá... – Respondeu o rapaz no banco dos fundos.

- Ah... é que é o único período de tempo que posso ficar com Bankotsu... – Baixou a cabeça.

Não era sua vontade passar mais tempo com o namorado do que com a família, mas esse ultimo ano tinha sido tão estranho... Não sabia o por que de tantos questionamentos em relação a sua vida. A muito tempo não se perguntava quem ela realmente era, havia passado por uma profunda depressão e, por sorte, não se envolveu com drogas... até que conheceu Bankotsu. Ele tinha lhe resgatado e a entendia como seus familiares não conseguiam. Porém nada disso podia explicar o seu afastamento.

- Nós entendemos, querida. Apenas poderia passar um tempo com ele em nossa casa também... – O homem falou sem desviar sua atenção do transito.

- Ah sim, seria realmente um divertimento ver ele e Inuyasha brigando... – Ela levantou a face, abrindo um sorriso divertido.

- Seria tão mais fácil se Inuyasha criasse vergonha na cara e chamasse Kagome para sair...

- Ah, ele nunca vai acordar pra isso... está tão entretido com Kikyou que não percebe o quanto ela pode fazer mal pra ele...

- Oy... eu to aqui...- Inuyasha tentava mostrar sua presença, mas era visivelmente ignorado.

- Kikyou é uma pessoa ruim? – Perguntou Taishou surpreso.

- Não é que ela seja ruim, mas é mimada, de certa forma... faz Inuyasha gastar quase sua mesada inteira em jantar e presentes desnecessários...

- Parem de falar como se eu não estivesse aqui!

- E eu simplesmente não duvido que ela faça qualquer coisa pra prendê-lo por aqui... Tão diferente de Kagome... – Rin continuou. Seu olhar parecia distante.

- Parem com isso! – Esbravejou o rapaz visivelmente nervoso.

- Ah Inuyasha! Esqueci que estava ai atrás! – Taishou não pode deixar de segurar o tom brincalhão.

O que fez Rin se segurar inutilmente para não rir, enquanto Inuyasha apenas se recostava no banco e cruzava os braços. Olhou para um lado qualquer, tentando lutar contra a vontade de contar que queria terminar com a garota, mas sempre que estava prestes a realizar o ato, algo o segurava. Eram, enfim, uma família normal.

Seguiram com a tradição.

Sentaram-se na sala e ouviram a mágica história de como Taishou conheceu Izayoi e como se apaixonou perdidamente por ela. E como se passaram dois anos de conquista e romance até a mulher se mudar para a casa dele com sua filha pequena, sendo esta uma ótima companhia para seu filho um tanto solitário. Mesmo não ligados por sangue, contava em como Rin criou uma admiração por Sesshoumaru, que acabou por deixá-los para morar com a mãe poucos anos depois. Contou emocionado que nesse meio tempo Inuyasha nasceu, ligando finalmente laços entre todos da família.

Era o conto de fadas favorito deles. E, conversando, acabaram por adormecer na sala. Fazia algum tempo que não ficavam juntos daquela forma. Tão unidos. Sem sentir, a noite foi avançando lentamente, até a porta de entrada se abrir calmamente. Por ser um youkai e meio-youkai, Taishou e Inuyasha acordaram, se deparando com a majestosa visão de Sesshoumaru, encoberto pela noite. Aquele olhar frio e penetrante analisou os dois homens de pé, que parecia surpresos.

- Não imaginei que voltaria nessa época. – Finalmente o mais velho se pronunciou. Tão sério, tão diferente de horas atrás.

- Já estava na hora. – O recém-chegado respondeu com aquele timbre tão indiferente. – Acabei por ir ao cemitério para visitá-la, mas apenas ao anoitecer.

A cena parecia sombria, distorcida, dotada de tanta complexidade. Inuyasha pegou Rin em seus braços e, virando-se uma ultima vez para o irmão mais velho, sussurrou, o que naquele silencio se projetava como um tom de voz normal.

- Pelo menos ainda tem respeito pelas pessoas de nossa família. – Tão seco.

E sem esperar respostas, saiu para colocar Rin em seu quarto.

- Depois de anos sem nos visitar é assim que espera regressar? Sem cartas ou telefonemas? Afinal, a única coisa que nos liga é o trabalho. – Taishou nunca pareceu tão frio como naquele momento. – Seu quarto não foi modificado, pode ficar pelo tempo que quiser.

Assim como Inuyasha, saiu sem esperar qualquer tipo de reação do jovem a sua frente. Não percebeu o mesmo fechar a porta e se deixar cair no sofá. Sabia que alguma hora teria que voltar e não esperava tratamento diferente daquele, afinal, mais pareciam um estranho ali. Foi quando notou o quanto Inuyasha havia crescido e que aquela moça em seus braços era Rin. Continuava adorável. E o que nele mudara? Tudo. Se tornou tão impessoal, que mal reconhecia seu passado alegre naquela casa, até mesmo pelo pouco tempo que foi. Mas já estava tarde e, se queria trabalhar pela manhã, era melhor descansar.

Adormeceu.


Escrevi 7 páginas às três da manhã de domingo para segunda. Não sei se ficou bom, mas eu gostei muito de escrever. E não aguentei postar depois do "A Melhor Forma"... por que se não eu poderia alterar alguma coisa e não ficar sincero como ficou.

As explicações: Quando Izayoi se juntou com Taishou , ela já tinha Rin e ele já tinha Sesshoumaru, então eles não tem nenhuma ligação de sangue, tornando esse romance aceitável. E eu não quis usar o Kohaku como namorado de Rin, não sei por que mas me deu na cabeça de ser o Bankotsu então é ele. E eu sou teimosa, okay? xD

Eu realmente espero que vocês gostem por que foi bem sincero. E eu gostaria de dedicar essa fic pras minhas fieis e queridas leitoras: Pamela (que ta sempre lá, juntinha comigo!), Kuchiki Rin, Rukia-Hime, Rin Taisho Sama, Meyllin, Nami-chan Vampire... entre outras, se eu esqueci de alguém é por que eu to morta da faculdade (fazendo monitoria na semana da psicologia, dp's e aulas em prédios diferentes.

Bom, mesmo que alguém não leia, ou simplesmente se esqueceu de mim (momento emo/drama) eu realmente fiz pra vocês. Afinal, é por causa de vocês que eu continuo escrevendo e postando aqui as minhas fics, mesmo que demoradas ou estranhas.

Obrigada.