Disclaimer: Harry Potter e seus personagens não me pertencem.
Aviso: Talvez eu desconsidere alguns aspectos do livro no decorrer da história... Então não se apeguem muito a detalhes.
Até o fim de seus dias...
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Capítulo 1 -- O despertar
Gina não queria se levantar. Não que estivesse com sono, ou coisa do tipo. Apenas queria permanecer imóvel, imersa em seu reconfortante silêncio.
- Gina, acorde!
Sem nem se dar ao trabalho de abrir s, olhos ela murmurou:
- Estou acordada.
- Estou vendo – Respondeu um Ron mal-humorado entrando no quarto – Então dê um sinal de vida, pelo amor de Merlin
Não sem muito esforço a garota se pôs de pé. Infelizmente era o primeiro dia de aula depois do recesso... A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts havia entrado em um recesso de um ano devido à curta "guerra" que o ocorrera nesse espaço de tempo.
Alguns tolos preferiram chamar o incidente de "conturbações", na esperança de suavizar ocorrido, afinal, havia sido apenas um ano de luta e ataques. Ridículos. No final desse período, segundo o Ministério, tudo estava controlado, Voldemort havia sido derrotado e os Comensais presos. Fora, é claro, o saldo de centenas de mortes e a desconfiança e o medo plantados na alma dos que a vivenciaram. "Perfeito", pensou sarcástica.
Gina não tivera a oportunidade de tal construtiva experiência. Assim que seu pai soube do iminente conflito, ele a mandou para o norte junto com o resto da família, para um local seguro, de modo que há apenas alguns meses voltaram para seu antigo lar.
Ainda não havia se acostumado com a paz, que mais parecia uma promessa falsa e enganosa. Uma ilusão. Não acreditava que Voldemort havia sido derrotado tão facilmente... Em um ano? Seria ele assim tão fraco? Depois de tudo o que já havia acontecido?
Ela agora se encontrava imóvel, fitando a bela paisagem à sua frente. O sol forte entrava pela janela iluminando suas bochechas e obrigando-a a deixar os olhos semi-cerrados. A paisagem havia mudado.
Algumas árvores se mostravam visivelmente machucadas, provavelmente por algum combate que acontecera por perto... perguntava-se se alguém havia morrido...
- Ô minha filha – começou Ron sarcástico – Faça o favor de se arrumar! Eu não vou chegar atrasado por sua culpa!
Ah sim... O colégio. Não queria voltar prá lá. Tinha muitas lembranças dolorosas, além do fato de ter ouvido dizer que em seu interior houve várias batalhas. Ela odiaria ver Hogwarts, aquele oásis de recordações, danificada.
Mas... talvez o mais forte motivo seja porque ela teria que voltar a vê-lo. Não suportaria mais vê-lo...
Harry Potter, o-menino-que-sobreviveu, lutou na guerra. Durante todo o ano passado a família Wesley recebia notícias dele semanalmente, às vezes ele estava bem, muitas vezes ferido ou perdido, ocasionalmente perto da morte.
Ele foi um importante aliado da Guilemots. Esta era formada por uma aliança de países cujos interesses comuns eram o extermínio de Voldemort e a proteção do mundo bruxo. Gina ouvira dizer que ele era quase um herói de guerra, líder de um esquadrão especial da guarda bruxa. Mas tudo eram apenas especulação e boatos...
Tomou banho e terminou de se trocar, e como havia arrumado sua mala no dia anterior não havia mais nada para fazer depois de se vestir. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e se olhou no espelho.
Perguntava-se se havia mudado... Todas as pessoas que reencontravam diziam que sim, que havia crescido. Perguntava-se se também ele teria mudado...
De qualquer modo, em poucas horas ela descobriria. Harry Potter, mesmo com toda a habilidade mostrada na guerra, teria que voltar para a escola por ordem do Ministério. Não foi preciso dizer o quanto sua família ficou revoltada, embora alguns apoiassem a decisão (sua mãe foi uma delas "lugar de criança é na escola", dizia sempre). Tal decisão também a desagradou, não queria vê-lo.
Cansou-se de pensar nele, de esperar por algo que nunca aconteceria, de procurar sua atenção e não encontrá-la.
Tentou limpar a mente, quando ela estava com ele era patética, tola. Odiava ser assim, odiava gaguejar quando falava com ele, odiava corar quando ele lhe olhava, odiava se arrepiar quando ele lhe tocava. Era ridículo. Nesse ano que passara ela mudou e agora o seu mundo definitivamente não giraria em torno de Harry Potter, não mais.
Capítulo 2 - - Olhos de gelo
Estavam atrasados... Não que ela se importasse muito com isso, ultimamente se importava cada vez menos com o mundo exterior, era como se ela estivesse presa dentro de uma grande bolha... Estranho, não?
Seu irmão Rony estava doido pela perspectiva de rever Hermione. Não que ela não estivesse, na realidade, esse era um dos poucos motivos que a fizeram se levantar da cama nessa manhã. Revê-la.
Sentia saudades da amiga... Elas foram separadas pela guerra. Enquanto Gina foi para um local seguro, Hermione ficou. A amiga não conseguiu fugir a tempo. Ela e sua família permaneceram na caótica e insegura Londres.
E, embora tivessem se correspondido por cartas, estas eram escassas e com poucas informações relevantes, afinal, a coruja poderia ser interceptada pelas forças inimigas... Tiveram realmente muito pouco contato.
Mas agora estava ela, Gina, atravessando calmamente a plataforma, tentando abrir espaço na multidão de alunos, pais chorosos e aurores, para finalmente encontrá-la.
Já na entrada, havia dois aurores de guarda, "A mais nova cortesia da guerra", pensou sarcástica. Cruzou o corredor lotado à procura de uma cabine vazia, sendo seguida de seu irmão logo atrás.
Alguns alunos pareciam nervosos, observou, mas aparentemente a presença dos aurores lhes dava maior tranqüilidade. Porém, eles não acalmavam Gina. Se tudo estava sob controle, por que havia tanto deles em todos os lugares?
Foi com esses pensamentos incômodos que ela avistou um rosto familiar em uma cabine. Hermione Granger estava mudada. Não seria possível descrever aqui todas as emoções que trespassaram a alma de Vírginia Wesley ao vê-la, poderia tentar, mas perdoem-me se falhar miseravelmente.
Inicialmente, ela avistou aqueles cabelos castanhos, que agora estavam curtos e encaracolados. Sorriu, sentiu um amigável friozinho na barriga e respirou ofegante. "Era ela!" Não conseguia sair do lugar, apenas fitar o que acontecia dentro da cabine... Foi então que ela o viu.
Harry Potter surgiu do nada ao lado de Hermione... Eles pareciam conversar sobre algo importante, ela o mostrava alguns papéis... Era o mesmo Harry de sempre? Não. Quem era esse homem de olhos tão frios, tão sérios...? Aparentemente ele estivera escondido do outro lado da cabine. Um sentimento de repulsa a invadiu. E se eles estivessem juntos?
Sua boca pendeu, o choque percorria seu corpo. Ela o odiava. O odiava por fazê-la tão prepotente em sua presença. Patética.
- Ah!
Um barulho vinha das suas costas, aparentemente seu irmão já avistara os seus amiguinhos. Ron habilmente passou à sua frente e entrou sorridente na cabine. Depois de um segundo de hesitação por parte dos ocupantes da cabine, como se não soubessem como agir - pareciam um pouco constrangidos - eles finalmente trocaram abraços calorosos. Nessa etapa, Gina teria que agir, não poderia ficar o tempo todo ali parada. Tratou de se recompor de todos os choques possíveis, limpou a garganta e entrou dando um pequeno sorriso, cínica.
Hemione parecia um pouco constrangida com toda a situação, mas, ao vê-la, soltou uma exclamação e correu para abraçá-la.
- Meu Deus! Gina... Você mudou tanto! – Ela sorria, lágrimas quase desabando de seus olhos.
Gina não chorava... Ela sorria também, melancólica, desfazendo-se de sua máscara por alguns instantes. Permitiu-se abraçá-la fortemente e dizer coisas como:
- Eu senti tanto sua falta...
Suas bochechas coravam, a emoção daquele reencontro a embargava. Sentiu-se culpada pelo nojo que lhe tomou conta anteriormente, Hermione merecia ser feliz não importando com quem fosse...
Afastaram-se, permanecendo imóveis. Ambas se observavam, procurando cada detalhe conhecido, cada detalhe novo.
Foi então que sentiu aqueles olhos verdes queimando em suas costas, sentindo-se obrigada a cumprimentá-lo. Já travestida de sua máscara, abraçou-o sem muita emoção. Sentiu aquele cheiro característico dele, que antes lhe fazia tanta falta.
Fechou seus olhos.
Afastou-se dando um tapinha de leve em seu ombro. Nem se deu ao trabalho de analisá-lo ou olhá-lo nos olhos por muito tempo para saber o que havia mudado nele, não seria preciso.
Harry Potter definitivamente estava mudado, aparentemente a guerra lhe deixara uma porção de cicatrizes, o tornara mais viril, dera a ele aquele o porte atlético e esguio tão sonhado, mas não só promovera mudanças físicas, seu modo como agir estava diferente. Ele tinha um olhar mais sério, não pareia mais ser aquele garotinho inseguro do ano passado. Mas também apresentava uma estranha frieza e seriedade, um ar calado e pensativo...
Após o cumprimento desviou seu olhar para a terceira pessoa que se encontrava na cabine. Luna Lovegood. Seus longos cabelos loiros encontravam-se presos em um rabo de cavalo no topo da cabeça. Usava óculos de armações finas que lhe davam elegância e seriedade, sustentava um olhar desinteressado pela cena que se desenrolava. Tinha papéis na mão, assim como Granger também os tinha... Onde estariam aqueles papéis? Virou-se procurando-os com o olhar. Não estavam mais no seu alcance de visão, elas os guardara.
Vira-se então para a loira e sorri impassível antes de sentar-se ao seu lado.
Luna faz um pequeno cumprimento com a cabeça e continuou imersa em seus papéis e anotações. Potter e Hermione se entreolharam, aparentemente algo os aflingia.
Como Ron não notara que algo estranho ocorria, ela tratou de perguntar.
- Estamos atrapalhando algo?
Houve uma nova trocada de olhares. "Bom parece que agora nossos amigos têm alguns segredos que não podem ser compartilhados..."
- Não – soltou Potter, firmemente, fitando-a nos olhos. Seus olhos eram de um verde-esmeralda intenso.
Ele mentia.
- Bom, tendo ou não assuntos não resolvidos – ela lhes deu um sorriso cínico, desviando o olhar, desinteressada. – eu e meu irmão iremos comprar doces. Quando voltarmos vocês já os terão resolvido, certo? - Deu-lhes uma piscadela antes de puxar um Ron confuso pelo braço e saírem para o corredor.
- Mas eles disseram que não têm assuntos pendentes – Reclamou Ron indignado, ainda na porta da cabine.
- Eu sei – respondeu alto suficiente para que eles escutassem. Não se importava.
E sem dar brechas para argumentação ela o arrastou até o caminhão de doces. Adorava comprar doces com Ron. Era divertido olhar a cara de guloso que ele sempre fazia. Como nos velhos tempos.
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Gina comprou duas revistas e uma maçã. Acostumou-se com frutas e comidas trouxas, afinal vivera um ano inteiro como uma no norte, até freqüentar uma escola trouxa ela freqüentou. Não gostava de se lembrar do período que foi obrigada a estudar lá, tinha sido horrível. Ela não sabia de nada... Pelo amor de Deus, para que ela tinha que saber que o presidente dos Estados Unidos é George Bush? Caçoaram muito dela, e em um curto período de tempo teve não apenas que aprender um universo totalmente diferente do seu, mas também teve que sobreviver naquele meio. Foi preciso lutar (no termo bem literal da palavra). Fora derrubada algumas vezes (também literalmente). Não era mais aquela garotinha indefesa que Harry um dia salvara. Suspirou. Por que seus pensamentos tinham sempre que se voltar para ele?
Conversou com algumas pessoas pelo corredor, procurando matar o tempo. Ela não se sentia com raiva. Na realidade, não esperava menos, uma guerra aconteceu, ela fugiu com sua família, seus amigos ficaram e possivelmente lutaram de alguma forma. A partir daí, uma linha invisível foi traçada, dividindo-os. Aqueles que fugiram e aqueles que lutaram. Os ignorantes e aqueles que sabiam e vivenciaram coisas demais.
Era possível identificá-los pelo corredor. Os nervosos que olhavam para os lados, os sérios demais, aqueles com cicatrizes. Estes foram forçados muito cedo a entrar em uma guerra. E os despreocupados como ela, que compravam doces, liam revistas, aqueles que acreditam que tudo estava bem. Um contraste perturbador. Perguntava-se como seria se tivesse ficado, se tivesse lutado...
Foi então que alguém esbarrou com força nela, fazendo-a cair atordoada no chão. "mas que diabos..."
- Você está bem? – veio uma voz um pouco a cima dela.
Balançou a cabeça positivamente ainda sem olhá-lo, esparramada no chão, apoiando-se no antebraço. Os cabelos ruivos cobriam seus olhos, sentou-se vagarosamente ainda sem levantar a cabeça. "Nunca havia notado que o chão do trem era tão limpo..." pensou distraída. Ainda tonta, observou que havia um par de tênis à sua frente, provavelmente do apressado que a derrubara. "Será que ele participou da guerra?". Agora estava interessada. Levantou os olhos com curiosidade, retirando a franja de seu rosto.
Deus... ele era bonito.
Ele a observava com um sorriso simpático, estendeu a mão. "Como nunca o vira antes?"
- Você não é daqui – falou feito uma idiota enquanto aceitava a mão dele. Quando finalmente estava de pé, atreveu-se a erguer a cabeça para fitá-lo. Engoliu um seco, estavam bem perto. Se ele não fosse bem mais alto do que ela, certamente seus narizes se tocariam. Mas, naquele momento, ele olhava para baixo com seus olhos negros, e ela o fitava profundamente com seus olhos frios, erguendo a cabeça, de modo que a distância entre eles não era assim tão significativa.
- Não, não sou – falou como se ela tivesse feito alguma pergunta, sem desviar o olhar.
- Ah... Que interessante – disse sem jeito... "que informação útil você me deu, não?" - Bom, vou indo, obrigada – falou por fim.
- Não... – disse baixinho, puxando-a pelo braço, impedindo-a de se afastar – qual é o seu nome?
- Virgínia Weasley, mas me chamam de Gina, e o seu? – Ela olhava surpresa para o braço que ele ainda segurava, lançou-lhe um olhar duro, de reprovação.
Percebendo que ainda a segurava a soltou, nervoso.
- Sou Daniel Slatter, pode me chamar de Daniel...
- Adeus Daniel...
Disse suavemente se virando. Desviou seus olhos negros e frios para algo mais interessante, partindo como a brisa que levava as últimas folhas do outono. Ele ainda permaneceu imóvel, observando aquela garota de longos cabelos ruivos caminhando pelo corredor... Ela era fria, mas o era de um modo extremamente atraente.
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Esperava, sinceramente, que ao voltar eles já tivessem terminado a conversinha deles, porque não queria mais dar passeios por aí. Já fazia um tempo que ela perdera seu irmão de vista, ele provavelmente já tinha voltado para a cabine. "acho que ele não percebeu ainda que gosta dela... O que é uma pena, considerando que ela teve Harry por um ano, alguma coisa poderia ter acontecido..."
Após atravessar o corredor, chegou finalmente à cabine. Estava certa, ele estava lá, feliz da vida de poder finalmente conversar com ela. Era bonito de ver... Por alguns milésimos de segundos seu olhar frio se desfez e sorriu. Ron podia ser uma anta, mas era um amor de pessoa... A cara dele de bobo alegre era impagável. Sentou-se serenamente do outro lado do vagão, de frente para Potter, ao lado do seu irmão. Virou-se e pôs a contemplar as gotas de chuva que escorriam pela janela. Fazia muito isso lá no norte. Andava para a floresta e ficava sentada, contemplando o local, estudando. Fazia corrida, praticava magia.
Notou o olhar dos outros dois integrantes do grupo pousarem sobre ela. Parecia que esperavam que ela lhes fizessem perguntas. Desviou seus olhos da paisagem e grudou neles. Deu um sorriso gracioso, mas nada perguntou. Era muito interessante ver a frustração deles, não que eles denotassem isso claramente, mas ela sabia que eles esperavam perguntas já que dera uma indicação clara que sabia que eles escondiam algo. Além de que, fazia um ano que não se viam, era natural virem perguntas. Ron já havia feito uma porção delas...
Seria estranho não fazê-las. Deliciou-se mais alguns segundos com aquela situação. Por fim perguntou, tardiamente.
- Ah! Olá Harry – fala como se só tivesse o visto naquele momento, ele percebe a sutileza – como vai você? – surpreendeu-se do modo de como conseguia ser cínica.
- Melhor agora que a guerra acabou – disse distante, observando algo ao longe.
"Que conversa superficial, heim?"
- Realmente... Mas você derrotou Voldemort?
Ambos se entreolharam surpresos por ela dizer aquele nome tão facilmente.
- Não – agora ele prestava bastante atenção nela.
- Ah... Então, mesmo assim a guerra acabou? Estamos seguros? – disse calculando muito bem as palavras. Ela o alfinetava.
- Parece que sim... Mas o que você fez de sua vida nesse ano que passou? – perguntou desviando o assunto. Esse detalhe não fugiu à sua percepção. Aqueles olhos verde-esmeralda fixos insistentemente nela a incomodavam.
- Fomos pro Norte. Eu praticamente tive que virar uma trouxa por um ano, descobri coisas interessantes, sabe? Os pensamentos de Nietzsche são maravilhosos.
Luna a olhou como se ela fosse doida, sem entender nada. Harry riu.
- Me parece que você teve um ano divertido...
- Eu? Não... Pode ter certeza que não – disse com um misterioso sorriso que não escapou a nenhum dos dois – Mas... e o que vocês fizeram? Certamente algo interessante.
Nesse momento eles foram interrompidos por um garoto alto e forte, de cabelos escuros e rosto familiar. Ele tinha uma enorme cicatriz, como uma linha reta, ia da testa, passava pelo olho e terminava na bochecha. Falava com um ar sério para a trinca que lutou na guerra. Gina não escutava direito o que, aparentemente algo sobre se juntar a eles na cabine.
Foi então que o estranho a fitou por alguns instantes e exclamou seu nome, como se a conhecesse.
Ela o fitou impassível. Piscou os olhos algumas vezes e compreendeu. O choque percorreu todo o seu corpo, como se uma forte brisa batesse nela, um nome surgiu em sua mente. Neville Longbottom.
- Ne-eville? – gaguejou ainda tentando se recuperar, pasmem, ele estava muito bonito.
- Gina! – exclamou ele, o seu ar sério se dissipou. Um caloroso sorriso se abriu – meu Deus! Você está tão diferente! – disse eufórico – quanto tempo! Como você está? O que você tem feito! E... Oh! – falou ao avistar Rony – Ron! Cara, você tá a mesma coisa!
Gina não conseguiu evitar, e riu. Um enorme sorriso se abriu em seu rosto, deixando-a radiante.
- Olá Neville – disse a sorrir - meu Deus... como senti sua falta! – e o abraçou com força. Sem se importar em se conter, abraçou-o diferente do modo como abraçou Harry, ela abraçou o seu amigo com vontade.
Neville corou de leve.
- Então, conte-me as novidades! – disse ele ainda rindo.
- Você sabe que eu não tenho muita coisa a contar... – pensou um pouco – nós passamos o ano passado morando no Norte, lá pelos lados da Finlândia... Fugimos tão rápido que não foi possível levar nenhum artefato mágico, apenas nossas varinhas... Além de que era muito perigoso usar magia por lá... Poderíamos ser identificados... Seria bastante problemático se descobrissem bruxos por lá, além de que comensais poderiam nos encontrar. E... Foi um saco. Tive que virar trouxa, não fui muito bem aceita por lá. Passei o ano estudando assuntos interessantíssimos, se quer saber... Tudo que os trouxas têm que estudar, foi uma experiência bastante tediosa. E você? O que você fizeram?
- Bom, eu meio que fui obrigado a lutar na guerra... Minha casa era muito perto de uma zona de combate. Uns Comensais da Morte entraram lá no meio da noite. Queriam matar minha avó. Eu fui defendê-la e ganhei essa lembrança de um deles – disse enquanto apontava para o próprio rosto - Desde esse dia eu entrei no campo de guerra para defender meu lar e nunca mais saí. Me recrutaram e apesar de eu só fazer besteiras, melhorei bastante.
Gina estava impressionada, e de certo modo angustiada. Ela fugira. Já Neville não teve tal oportunidade.
- Você está ótimo.
- Sério? Pensei que estaria muito ruim, sabe? Acho que só estou assim por revê-los tão bem, é estranhamente reconfortante ver que Ron continua o mesmo abestalhado de sempre - sorriu tristemente - Ver que você, apesar das mudanças, continua a ser a mesma Gina alegre, porque a guerra te transforma... A guerra faz isso com você. Te amarga.
Os olhos de Gina ganharam uma estranha intensidade. "A guerra faz isso com você. Te amarga." Essa frase ecoava em seu ouvido. Nesse momento seus olhos involuntariamente se moveram para Harry Potter.
O que a guerra teria feito com ele?
