Honra
DEAN'S P.O.V.
Carregar. Preparar. Apontar. Fogo!
Eu conseguia sentir o calor das balas que passavam perto de meu rosto, quase tirando a vida de meus braços, quase arrancando a esperança de meu peito... Mas há uma única coisa que eles não podem levar de mim.
Minha honra.
Minhas mãos, costas e peito estavam doendo. Malditos rebeldes! Como podem agir assim contra o próprio país? Somos de uma mesma nação, alguns de uma mesma família. Travar uma guerra civil porque está descontente com algumas coisas é loucura!
Carregar. Preparar. Apontar. Fogo!
E se fossem os civis que estivessem atirando em nós... Eu até poderia entender. Coisas assim acontecem o tempo todo. Mas nunca imaginei que a nossa própria força armada, os nossos próprios soldados, os nossos próprios amigos e irmãos e estariam do outro lado do campo de batalha.
- Dean! – Ouvi alguém gritar, tentando falar comigo pelo rádio.
- Senhor! – Respondi, enquanto amarrava um pedaço de corda na perna de um dos soldados. Acho que seu nome era James, ou Jimmy... Apenas 19 anos. Pobre garoto.
- Quantas mortes?
- Até agora contei 13 soldados mortos, senhor! Mas não cobri todo o perímetro ainda! – Gritei de volta, sentindo meu peito doer ao dizer os números.
- Você está ferido, General? – A voz de John na outra linha parecia preocupada agora. Claro que ele estava preocupado. Era meu pai.
- Não, senhor – Menti. Mas era só um arranhão... Nada de importante.
- Então cubra seu perímetro, Winchester! – Sua voz voltou a ser imperativa e profissional.
- Sim, senhor Marechal! – Eu disse e terminei de cuidar do garoto que gritava de dor por causa da perna.
- Calma, Jim – Pude ver seu nome em sua dog tag.
- Sim, senhor – Ele disse, segurando o choro.
- Vou mandar o Mitchel vir te buscar – Tentei me levantar, mas uma mão me puxou para baixo.
- Não, senhor. Acho que meu tempo aqui acabou, deixe Mitchel cuidando dos outros – Ele tentou sorrir.
- Vamos, foi só um tiro na perna, você não vai morrer agora. Não desista!
- Não foi só na perna, General – Ele tossiu e um líquido vermelho sujou minhas mãos que estavam próximas de seu rosto.
Jim abriu o uniforme me mostrando o buraco de bala ensanguentado que havia abaixo de suas costelas.
- Ai meu Deus...
- Vá, senhor! Eu vou ficar bem logo, logo – Ele apertou minha mão e olhou em meus olhos. Eu não tinha outra escolha, teria que deixá-lo ali. Há muito mais nessa guerra do que apenas um soldado ferido.
- Feche os olhos, vai estar acabado antes que você perceba – Senti as lágrimas enchendo os meus olhos, mas não permiti que escorressem por meu rosto.
- Adeus, Dean – Ele fechou os olhos.
Estava acabado.
Fogo! Fogo! Fogo!
Estava acabado para ele.
Olhei para o céu, rezando para um Deus que eu nem acreditava que existisse e segurando as lágrimas que insistiam em lutar para conseguirem sair de meus olhos.
Correr. Era a única coisa que eu poderia fazer.
Fogo! Droga! Fogo! Vai! Vai! Vai!
Meus pés passeavam rápidos e ágeis pelo perímetro do campo de batalha.
Catorze. Dezessete. Dezoito. Vinte. Vinte e um. Vinte e dois. Vinte e cinco. Vinte e seis. Pronto. Meu perímetro estava coberto.
Vinte e seis homens mortos. Vinte e seis filhos, pais, irmãos... Aqueles rebeldes imbecis vão pagar por essas vidas roubadas. Isso eu prometo.
- W A R -
SAM'S P.O.V.
- General? Você está bem?
- Sim, estou bem.
- Você sabe que não consegue mentir para mim, Sam – Cas disse, me olhando nos olhos.
E ele estava certo.
- Eu não estou bem.
- Eu sei. O que houve? Já conseguiu os números? –Ele parecia preocupado.
- Vinte e seis e ainda contando.
- Más notícias, não é?
- Péssimas – Respirei fundo.
- Essa é só mais uma prova, Sam. Eu sei que é ruim, mas não é nossa culpa. Não realmente.
- Eu sei – Olhei em seus olhos azuis
- Alguns soldados não têm mais tanta certeza disso, Sam.
- Eles não acham que o que estamos fazendo aqui é o certo?
- Estou dizendo só o que eu soube. Estão cogitando a idéia de dar um passo para trás por um tempo. Dizem que a nossa causa, por melhor e mais correta que seja, está criando essa guerra. E que talvez, só talvez, o governo seja mais forte – Eles não poderiam pensar desse jeito. Seria a morte de todos nós.
- Eles não são! Nossa causa é maior do a deles! Estamos tentando arrumar essa bagunça!
- Eu sei.
- Eles diriam que não há nada para arrumar. Bando de baratas! O governo é tão podre que eu nem sei explicar o quão falho é o seu sistema. E como nossos soldados podem pensar que talvez eles tenham a razão aqui?
- Acalme-se, Sam – Ele me alertou, colocando uma mão em meu ombro.
Respirei fundo.
- Me desculpe, Cas. Estou tão estressado.
- Eu sei, mas estou aqui, ok? Até o final.
- Obrigado, Cas.
- Disponha – Ele sorriu para mim e fiquei ainda mais preocupado.
Já perdi muito nessa guerra. Não posso perdê-lo também.
Continua...
