Nota da Moon: E aí temos o prólogo da nossa long para o projeto Long Time No See, da seção RHr do 6v. YAY! Queria dizer que é muito mara escrever com a Fê porque a gente sempre pensa igual, então nunca tem briga HAHAHA. E queria agradecer a ela por ter aceitado essa ideia louca de escrever em conjunto. =) Agradeço à Yah(.)Bout (tá assim porque o fanfiction é chato) por ter betado e também à seção sidekicks, sempre linda, que me faz escrever. Amor eterno a vocês, seus lindos!
Nota da Nanda: haha, primeiro de tudo eu sou obrigada a fazer um [2] na nota da Moon, porque eu ainda estou impressionada com a nossa sincronia! Fora que é ótimo ter alguém que se entende tão melhor do que eu com a Hermione =) E também gostaria de agradecer à seção, porque são todos lindos e maravilhosos e me fazem até escrever longs, e isso é uma proeza das grandes! 8D Vou ser brega e dizer que vocês estão no meu coração xD
(ps - O link pro perfil da Moon tá no meu perfil :)
The Sun Also Rises
Prólogo – Is this fine? I'm not fine.
Ron olhou ao redor d'A Toca como se não a reconhecesse. Parecia haver anos desde que pisara ali pela última vez, no casamento de Bill. Mas o que o fazia estranhar sua própria casa não era o tempo que ficara afastado, ou mesmo a quantidade razoável de coisas parcialmente destruídas que ela agora abrigava - provavelmente fruto de uma visita de Comensais da Morte procurando pela sua família após sua fuga da mansão dos Malfoy com Harry e Hermione. O que estava diferente, acima de qualquer estado físico em que a casa se encontrava, era o clima. Embora houvesse quase dez pessoas amontoadas na sala e todas elas contribuíssem com sua parcela de ruídos, o cômodo parecia extremamente vazio e silencioso.
A ausência de Fred era gritante. Era difícil olhar para George, largado sobre uma poltrona com os olhos fixos em algum ponto do chão, e não encontrar o gêmeo ao seu lado, puxando alguma piada ou brincadeira que faria sua mãe ralhar com os dois ao final – e, ainda assim, era impossível não olhar. Era como se a cena contrariasse a coerência e até mesmo a decência de uma forma tão devastadora que ele se obrigava a olhar repetidamente, só para ter certeza de que não era sua imaginação. A ausência das risadas dos gêmeos era ensurdecedora; ver apenas um, e não dois, doía quase fisicamente. Então Ron percebeu que o que ele sentia não devia ser quase nada comparado ao que George sentia. Ele podia estar quebrado, mas o irmão estava destruído.E o coração de Ron vacilou uma batida quando percebeu que George nunca mais seria o mesmo.
Quase tão doloroso quanto encarar aquela cena incompleta, era encarar sua mãe. Enquanto George parecia devastado só com um olhar inexpressivo, Molly exibia todos os sinais do quão destruída estava. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, Ron sabia que ela só não chorava porque não conseguia mais. Seu pai tentava ampará-la, abraçando-a desajeitadamente, mas suas olheiras profundas indicavam que ele não estava muito melhor que a esposa.
Ninguém na sala parecia capaz de falar. Bill apenas abraçava Fleur, sem dizer ou fazer nada, ora ou outra lançando um olhar preocupado à mãe. Charlie não estava ali. Tão logo haviam chegado, ele se precipitara para o quintal, chutando uma cadeira ao passar. Durante uns dois minutos, foi possível ouvir barulhos bruscos vindos do jardim, e então, de repente, tudo silenciou. Percebendo o quão incômoda era aquela falta de atividade sonora, Ron começou a desejar que Charlie voltasse a destruir coisas. Percy também não estava ali. Ficara apenas andando pela sala, por breves instantes, sussurrando palavras ininteligíveis e lançando olhares exasperados ao redor; por fim, em silêncio, ele desaparecera escada acima.
Ginny, por sua vez, encarava a lareira sem piscar. Não parecia notar nada ao redor, nem mesmo Harry, sentado desconfortavelmente ao seu lado. Ron conteve um suspiro triste, pensando que não era necessário ainda mais tristeza naquele cômodo. Ginny sempre fora mais próxima dos gêmeos do que ele. Na realidade, agora que pensava a respeito, Harry se tornara muito mais irmão dele do que a própria família nos últimos anos.
Sem perceber, buscou pelo olhar da nona ocupante da sala. Hermione estava meio afastada, encolhida em uma cadeira. Ela parecia meio deslocada, e Ron não pôde deixar de se perguntar o que naquela cena não parecia fora de lugar. Definitivamente, se é que havia algo de certo ali, eram provavelmente as presenças de Harry e Hermione.
Como se soubesse que ele procurava por seus olhos, Hermione ergueu a cabeça. Ron se permitiu perder o fôlego por um instante, e então respirou fundo, não sabendo exatamente o porquê de querer encará-la, agora que ela retribuía seu olhar – mas não conseguia desviar também. Mesmo sem querer, com aquele gesto ela parecia trazer-lhe uma paz que ele não experimentava havia mais de um ano. Então Ron apenas a encarou de volta, sem nada dizer ou fazer.
Hermione encarou os profundos olhos azuis de Ron, sentindo o seu coração apertar ainda mais. Ron. Seus cabelos ruivos caíam sobre sua testa franzida, e sua expressão de mais completo desalento era torturante. Ron. Não conseguia parar de olhá-lo. Mesmo com toda aquela dor, era de alguma forma estranhamente reconfortante tê-lo ali. Ron. A única coisa que a mantinha sã naquele momento. Apenas Ron.
Com muito esforço, desviou os olhos dele. Sabia que tinha que fazê-lo. Não podia ficar ali; não agora. Tinha de partir, e por mais doloroso que fosse, tinha de ficar longe dos olhos azuis que tanto amava. Seus pais a esperavam, mesmo que não o soubessem, e ficar ali, entre os Weasleys reunidos e dividindo aquela dor - que também era dela, mas de alguma forma não a pertencia - a angustiava profundamente. Era egoísta e absurdo, mas ela tinha uma certa inveja de Ron. Apesar de estar ali, chorando a morte do irmão, ao menos ele tinha a sua família, alguém para compartilhar seu sofrimento. Hermione sabia que eles a tratavam como um membro dos Weasley, mas ela não podia evitar se sentir extremamente deslocada. Sentia que, naquele momento, ali não era o seu lugar. Precisava apenas de coragem para partir, e a presença de Ron tornava isso quase impossível.
Olhou para Harry e Ginny e a inveja novamente a invadiu. Queria ter Ron assim, próximo, aquecendo-a, e poderia tê-lo, se não tivesse se isolado intencionalmente. Era necessário, pensou mais uma vez, tentando se convencer do fato. Se tivesse os braços do ruivo em volta dela, nunca mais iria querer soltá-lo. Eu preciso ir, disse, mordendo o lábio, enquanto lançava um olhar de soslaio para o garoto que amava. Agora ele encarava o chão, desolado, e Hermione teve de resistir bravamente para não andar até ele e abraçá-lo. Ela precisava ser forte.
Com esse pensamento fixo em sua mente, levantou-se. O movimento atraiu o olhar imediato de Ron, mas ela não se atreveu a encará-lo. Engolindo em seco, atravessou a sala silenciosamente em direção às escadas sem olhar para trás. Sentia os olhos do ruivo perfurando-a e suspirou. Ele não podia ser insensível agora para eles brigarem e tornar sua partida mais fácil? Ele podia não olhá-la com aqueles olhos deprimidos, cortando o seu coração com cada nuance de suas íris? Ela podia simplesmente não amá-lo tanto por alguns segundos?
Não, não posso, concluiu com mais um suspiro, subindo os degraus depressa. Nunca pude. Alcançou o andar do quarto de Ginny, onde guardava seus pertences, e rapidamente enfeitiçou todos eles, que fluturaram em direção à sua mala aberta. Exceto por dois, que ela trouxe às suas mãos: duas fotos, uma imóvel e uma mágica - seus dois mundos. Na primeira havia seu pai e sua mãe abraçando-a em suas vestes novas para Hogwarts, no dia em que compraram seus primeiros artefatos mágicos para a escola, há seis anos. Com os olhos lacrimejantes, fitou a segunda foto. Nela estavam ela, Ron e Harry durante a festa da vitória do Campeonato de Quadribol no quinto ano. Riu chorosa, fitando o cômico ruivo que carregava uma coroa conjurada pelos gêmeos em sua cabeça na qual podia-se ler "Weasley é nosso rei". Limpou as lágrimas, guardando as fotos no bolso interno do casaco; próximo ao coração, onde eles sempre estariam. Mal tirou a mão de suas vestes, porém, e sentiu-a ser agarrada por dedos compridos e quentes que conhecia muito bem.
Ron segurou gentilmente a mão de Hermione, conduziu-os sem pressa alguma até a cama de Ginny e se sentou, observando-a fazer o mesmo. Novamente havia procurado por ela sem nem perceber direito, e antes que pudesse notar já havia atravessado a sala e subido as escadas atrás da garota. E mais uma vez, agora que tinha as íris castanhas pregadas as suas, Ron não soube o que fazer. Sentia-se ligeiramente hipnotizado por aquele olhar, e naquele momento o que ele mais queria era ficar em transe, simplesmente não pensar por alguns instantes que fossem. Continuou a apenas encará-la, como se sua vida dependesse daquilo, e outra vez foi ela quem quebrou o contato, parecendo meio relutante. Hermione delicadamente desvencilhou sua mão e levou-a ao colo, apertando-a nervosamente. Ron acompanhou seus movimentos em silêncio.
- Ron – começou, voltando a encará-lo, e sua voz era apenas um sussurro. Ela parecia estar usando cada célula de seu corpo para juntar forças para falar. – Eu tenho que ir – falou de uma vez. Seu lábio inferior tremeu ligeiramente, mas ele continuou a apenas a encará-la. Ainda estava absorvendo aquelas palavras. – Meus pais – ela continuou, agora com os olhos fixos em algum ponto da parede atrás dele -, tenho que ir procurá-los.
Ron precisou de mais alguns instantes para perceber que aquilo queria dizer que ela ia embora. Por um momento, sentiu uma onda de pânico arrebatá-lo e teve o ímpeto de pedir que ela ficasse ali com ele. Conseguiu refrear-se no último segundo, e então, depois de algum tempo em silêncio, ele apenas assentiu, sem saber com certeza se conseguiria falar.
Não queria que ela fosse – queria que, se possível, ela ficasse ali para sempre. Gostaria de poder continuar a procurar por seu olhar quando sentisse aquele abismo se formar sobre seus pés, sabendo que aquele olhar seria o suficiente para que não desabasse. Mas não tinha o direito de pedir para ela ficar. Não podia simplesmente esperar que ela ignorasse os pais e esquecesse toda preocupação que sentia em relação a eles. Ron não tinha o direito de ser tão egoísta.
- Mas você vai... – falou antes que pudesse se refrear. Sua voz estava fraca pela falta de uso e parecia pertencer a outra pessoa. – Você vai... voltar, não é?
O lábio inferior dela tremeu mais um vez, e Hermione mordeu-o levemente antes de assentir. Permaneceram se encarando em silêncio por mais alguns breves instantes, e então ela pegou sua mala e se dirigiu para a porta do quarto. Ron quase não conseguiu conter a vontade de correr até ela e impedi-la – mas ficou apenas sentado e a viu desaparecer na curva do corredor.
