Estava plenamente convencido que Hermione Granger deveria ter sido colocada nos Ravenclaw, não nos Gryffindor. Apesar de ser uma sangue de lama eu tinha de admitir que a amiga do Potter não era desprovida de inteligência. Mas então por que motivo o chapéu seleccionador a colocara nos Gryffindor? Onde estava a coragem dela?

A resposta para a minha questão foi encontrada naquela maldita noite. Granger tinha sido apanhada como isco pelos devoradores da morte e eu tinha sido destacado para essa missão. Ela era a maneira do Senhor das Trevas chegar ao Potter. Afinal, o que não faria o Santo Potter e o pobretão Weasley para ajudarem a sangue de lama? Se Voldemort a tivesse como refém, eles fariam de tudo para a salvarem. Claro que eu tinha sido destacado para essa missão, eu estudava em Hogwarts e eles precisavam de conseguir lá entrar.

Demorei cerca de dois meses para arranjar uma solução para o problema. Enquanto isso espiava a Granger. No começo senti repulsa por estar a fazê-lo, mas não podia permitir que isso me estragasse os planos. Eu precisava de espiá-la para conseguir delinear um plano. Todos os dias depois do almoço – naquele intervalo de cerca de uma hora antes da primeira aula da tarde – Hermione Granger dirigia-se à biblioteca. Certa vez, cheguei mesmo a entrar na biblioteca. Precisava de observá-la de mais perto, não propriamente para fins do meu plano. Mas alguma coisa me dizia que eu deveria espiá-la de perto. Granger pareceu perceber que eu estava atrás dela, embora eu fosse muito bom a disfarçar nesse momento fiquei estático. Os olhos cor de mel de Hermione Granger fitavam-me, curiosos.

- O que é que tu estás a fazer aqui? – a voz doce dela contrastava com o tom azedo que usara.

- Como ousas falar comigo? – desafiei, tentando desprezá-la. – Além disso, a biblioteca não é só tua.

Hermione riu sem vontade.

- Há dias que andas muito estranho, Malfoy. – mas afinal o que é que ela queria dizer com aquilo?

Devolvi uma gargalhada sarcástica.

- Deves ter muito a ver com isso, Granger. Deixa de ser patética uma vez na vida…

A morena lançou os cachos perfeitos para trás que dançaram com o movimento. Estreitou o olhar na minha direcção como se quisesse dizer "Vou estar de olho em ti, Malfoy!". Apesar de ter o meu coração a saltar a mil à hora, não perdi a expressão sarcástica. Abandonei o local, onde eu sabia que ela ficaria a pensar até à próxima aula.

Nos dias que se seguiram evitei olhar para Hermione. Por duas ou três vezes os nossos olhares cruzaram-se e eu senti-me gelar. A expressão dela era dura e desconfiada. Seria possível que Hermione Granger fosse mais desconfiada do que eu? À medida que os dias iam passando eu tinha vontade de ir falar com ela, de provocá-la e espezinhá-la. Era isso que me dava um gozo tremendo: irritá-la. Aproveitei um momento a sós após o recolher de todos os alunos. Granger fazia monitoria e eu também. O castelo era grande de mais para que nós nos pudéssemos cruzar, mas eu arranjaria maneira para que isso acontecesse. A vozinha da minha consciência recriminava-me, alertando-me que eu não precisava de ter tanto contacto com ela. Ela era suja e eu era puro.

Estava escuro e apenas se podia distinguir um vulto escuro ao longe. Mas eu sabia que era ela. Após tantos meses de espia eu conseguia distinguir a Granger de qualquer outra pessoa. O som dos passos de Hermione mais perto de mim fez um esgar desenhar-se no canto dos meus lábios.

- Ora bem… - Granger começou e eu sabia que ela estava a sentir-se bem por poder finalmente repreender alguém. Mas logo esse sentimento se afastou quando ela já conseguia distinguir a minha face à luz do pequeno candelabro suspenso no ar. – Malfoy?

- Ora Granger… o que vais fazer agora? – perguntei, fitando o olhar frio dela.

- Estás na minha área de monitoria. Portanto, suponho que não esteja ninguém a fazer a monitoria na área que tu deverias estar, certo?

Bati palmas com um sorriso irónico nos lábios.

- É realmente preciso ser muito inteligente para saber isso, Granger.

- É preciso seres muito idiota para te cruzares no meu caminho, Malfoy! – Hermione apontou com a varinha no meu peito com o patético objectivo de me assustar.

- Baixa isso, Granger. – ordenei por entre os dentes cerrados.

Aquela mania de que enfrentava tudo e todos que ela tinha começava a irritar-me seriamente. Hermione continuou com a varinha erguida e com a expressão dura.

- Sabes que nem deverias ter o direito de utilizar uma varinha? – desafiei, dando dois passos em frente para que a varinha finalmente tocasse no meu peito. – E sabes porquê?

Como era de esperar Hermione Granger não respondeu. Tinha a respiração ligeiramente acelerada e eu conclui que se devia à minha proximidade. Os lábios carnudos da Gryffindor estavam rígidos numa linha recta. O nervosismo dela só me atiçou ainda mais para provocá-la.

- Sabes? – disse com a voz rouca perto do ouvido dela.

Senti o corpo dela estremecer. Medo? Desejo?

- Por que não passas de uma insignificante com o sangue afectado. Sangue de lama! – os meus lábios roçaram na orelha dela e ela fechou os olhos com força, ainda com a varinha erguida apontada para o vazio.

- Eu odeio-te, Malfoy. – sussurrou.

Por um instinto momentâneo agarrei-lhe no pulso com força a mais.

- És ridícula. Nojenta. Idiota. Patética. – disse, deixando as palavras saírem da minha boca com um gozo exagerado. – Fraca. – completei quando a ouvi gemer de dores.

- Estás-me a magoar... – disse-me, olhando-me com ódio.

- E agora, Granger? Estou-te a magoar? – perguntei, agarrando-lhe com a minha mão livre aquilo que ela chamava de cabelo.

- Malfoy… por favor… - implorou com as lágrimas formadas nos olhos, desfocando-lhe a visão.

- Onde está o Santo Potter quando precisas dele? E o idiota do Weasley?

Aproximei demasiado os nossos rostos, sentindo as nossas testas coladas. O olhar de Hermione suplicava-me para que eu parasse. Eu sabia que a estava a magoar, exercia uma força exagerada. O que é que eu estava a fazer? Larguei-lhe os cabelos mas continuei a agarrar com firmeza o pulso dela. Os meus olhos continuavam grudados nos dela, tentando entendê-la.

- O que é que eu te fiz, Malfoy? Diz-me! – a voz dela queria exigir, mas apenas saiu num murmúrio que eu apenas consegui perceber por estar demasiado próximo.

- És a Hermione Granger… amiga daqueles dois anormais… tens esse sangue poluído… - respondi friamente.

- E se eu não fosse… filha de muggles...

- Ainda serias amiga do Potter… - conclui, largando o pulso dela.

Hermione passou a mão no pulso que estava vermelho. Por algum motivo, senti-me mal por vê-la naquele estado. Frágil e vulnerável. Eu tinha exagerado e já não podia voltar atrás. No fundo eu queria me ter cruzado com ela - não só pelo facto de gostar de irritá-la – para vê-la mais uma vez antes de ela ser raptada. Mas eu nunca desejara ter sido tão bruto com ela. Recriminei-me por estar a recriminar-me pelo que tinha feito. A minha mente estava confusa e cheia de questões… todas elas relacionadas com a Granger.

Durante dias seguidos os nossos olhares não se voltaram a cruzar. E eu já sentia a falta de ver aqueles olhos cor de mel fitarem-me expressivamente. Sem dúvidas que Hermione era demasiado expressiva e isso fazia com que eu procurasse quase desesperadamente por aquele olhar. Todavia, ela não me encarava mais, não me procurava assim como eu a procurava. E a culpa disso era toda minha, pois tinha sido extremamente bruto e desagradável com uma rapariga, ainda que ela fosse apenas uma sangue de lama estúpida.

Uma semana depois consegui trazer para dentro de Hogwarts dois devoradores da morte que me ajudariam a raptar a Hermione e levá-la para a Mansão. Eu sabia perfeitamente que a partir desse dia a minha vida jamais seria a mesma coisa. Não voltaria a pôr os pés em Hogwarts e seria declarado oficialmente como seguidor de Voldemort, embora isso me dissesse pouco ou nada. Não queria segui-lo propriamente e muito menos queria servi-lo, mas era tarde de mais quando percebi que já o estava a fazer ao cumprir a ordem de raptar a Granger.

- Onde ela costuma ir? – perguntou um dos devoradores, Travers, o mais alto e mais magro.

- Provavelmente estará a fazer a ronda no segundo piso. – informei com alguma relutância.

- Provavelmente? – a voz áspera de Selwyn cortou o vento. – Não me digas que vais sair tão inútil como o teu pai, Draco.

A ansiedade que sentia no peito acentuou-se. Já estava demasiado desinteressado em continuar nesta missão patética.

- Eu sei que ela está lá. – disse, seguindo em direcção ao local onde estaria de certeza a Granger.

Travers e Selwyn seguiram-me na escuridão até entrarmos no castelo. Assim que viu os candelabros iluminarem o caminho, Travers apontou para eles e fez com que se apagassem e voltados a mergulhar na escuridão. Conhecia Hogwarts demasiado bem para me enganar no caminho. Quando estávamos na esquina do corredor ouvi Granger cantarolar uma música que eu desconhecia. A voz doce dela fez com que a dor que eu sentia no peito quase explodisse comigo. O que é que eu estava prestes a fazer? Dar a Hermione Granger como isco? Abanei a cabeça, ainda sem acreditar no que eu estava a fazer.

- Vai encurralá-la. Desarma-a. – ordenou Selwyn em voz baixa.

E embora eu detestasse cumprir ordens, segui em direcção à Granger que parou de cantar quando se deparou comigo diante dela.

- Malfoy, andas a brincar com o fogo… - disse, cruzando os braços à minha frente.

Ri sem vontade. Se ela soubesse que estava prestes a ser raptada, continuaria a ser ousada?

- Deixa-me adivinhar… vais voltar a magoar-me para te sentires realizado?

- Não. – disse simplesmente.

Hermione susteve a respiração. Estava assustada com a proximidade entre nós. Sem perceber eu já tinha dado dois passos para estar a apenas centímetros da Gryffindor.

- Da última vez não queria ter-te magoado. – admiti em voz baixa para que os meus companheiros não me conseguissem ouvir.

Fitá-la nos olhos fez-me entender o que ela estava a sentir por mim. O meu quase pedido de desculpas na frase anterior tinha deixado Granger com vontade de me conhecer melhor. Mas mesmo assim, deu um passo para trás, estando a uma distância segura de mim.

- Não te vou fazer mal… - disse, arqueando uma sobrancelha.

Hermione continuou com o olhar preso no meu. Um sorriso formou-se nos lábios dela e eu lamentei por ser tarde demais para recuar. Deixei um meio sorriso formar-se também nos meus lábios, como se fosse um pedido de desculpas pelo que ia acontecer a seguir. Hermione suspirou e deu um passo em frente. Os nossos corpos estavam quase colados e eu podia sentir a respiração dela.

- Tu fazes-me sentir qualquer coisa… eu… não tenho a certeza… mas nunca senti isto antes. – os lábios dela moviam-se em perfeição e eu não consegui desviar o olhar deles.

- Que linda cena que aqui vai! – interrompeu a voz de Travers.

Fechei os olhos e segundos depois ganhei coragem para fitar Hermione. Estava com a varinha apontada para Travers e Selwyn apontava a varinha dela para ela.

- Se eu não soubesse que tinhas sido tu a trazer a sangue de lama até nós… eu diria que estavam apaixonados! – disse, divertido.

- Não! – gemeu Hermione, fitando-me desiludida. – Por momentos acreditei que existisse alguma coisa que se aproveitasse em ti… mas eu enganei-me. – as lágrimas desfocavam-lhe a visão.

Queria colocar um ar divertido ou até mesmo uma expressão de gozo, mas tudo o que eu podia sentir era arrependimento que eu julgava estar estampado na minha face. Queria-me rir e chamá-la de estúpida, mas sentia um nó na garganta que não permitia que o escárnio se apoderasse de mim.

- Expelliarmus! – disse Selwyn, desarmando Hermione.

De seguida aproximou-se dela e puxou-a pelo braço, usando força a mais. Segurou-a pelos cabelos, fazendo-a reprimir um grito de dor. Eu continuava a olhá-la, sentindo o peito doer fortemente. Não havia nada agora que eu pudesse fazer…

- Sangue de lama… só vais ser útil numa coisa. – um sorriso demoníaco dançou nos lábios de Selwyn.

Travers fez-me sinal com a cabeça e eu toquei-lhe para que nos desmaterializássemos na mansão. Hermione foi atirada para o chão, batendo com a cabeça no chão. Não conseguia parar de olhar para ela. As lágrimas corriam-lhe pela face, mas ela não chorava sufocadamente. Simplesmente não parecia interessada em limpar as lágrimas, permitindo que elas deixassem marcas na sua cara.

- Draco, toma conta deste parasita. Eu e o Selwyn vamos convocar o Senhor das Trevas.

Apavorou-me a ideia de ficar a sós com a Granger. Não que eu estivesse com medo dela, pois ela estava frágil, vulnerável e sem varinha. Assustou-me o facto de voltar a encará-la e poder dizer o que estava a pensar.

- Eu odeio-te, Malfoy. – disse, sem conseguir controlar o choro que começava a ser sufocante.

Tentei colocar uma máscara para lhe dizer que o sentimento era recíproco, mas tudo o que saiu foi um suspiro. Era terrível a ideia de estar a magoá-la e de saber que tudo o que estava a acontecer era culpa minha.

- Sabes, eu tinha a certeza que estavas a tramar alguma coisa… - disse, controlando um pouco o choro. – O Harry alertou-me… disse-me que achava que eras um deles.

- Mas eu não sou! – gritei e ela estremeceu.

Passei a mão nos cabelos e andei de um lado para o outro naquela pequena cela. E como se desesperasse para que ela acreditasse em mim, aproximei-me dela e baixei-m ao seu nível. Arregacei as mangas da camisa e mostrei o meu braço pálido e limpo, sem marca negra.

Hermione arregalou ligeiramente os olhos e, hesitante, esticou a mão para me tocar. Senti a mão quente dela roçar no meu braço e ela levantou a cabeça para me fitar. Os meus olhos cinzentos transpareciam claramente confusão. Tudo estava uma completa confusão, pensamentos e emoções. A culpa de tudo era dela e daqueles olhos cor de mel.

O meu corpo foi projectado para trás, involuntariamente, quando Voldemort entrou na cela. Não percebia como é que Voldemort não tinha pedido para ela ser levada até ele. Não percebia como ele, justo ele, se movia até aquele lugar tão indigno.

Hermione encarou o Voldemort como ninguém – nem os servos mais íntimos – se dignavam a fazê-lo. Eu estava à frente de Travers e Selwyn. Voldemort deixou uma risada sarcástica fluir e o meu corpo estremeceu de receio, por ela. Eu sabia que Voldemort não estava a gostar da maneira que ela o olhava como se de um ser insignificante ele se tratasse.

- Deixem-me cá ver o que temos aqui! – a voz de Voldemort era de amedrontar qualquer ser. Mas Granger manteve-se firme, fechando o olhar na direcção do Senhor das Trevas. – Não sei como te atreves a olhar-me dessa maneira, sangue de lama. Tens noção de que poderia matar-te agora?

- Isso seria uma tolice. – Hermione falou em voz alta, um pouco tremida.

- Como ousas…?

- Sabe tão bem quanto eu que sou bem mais útil viva do que morta.

Voldemort voou até à Granger, puxando-lhe os cabelos para que se levantasse.

- Como te atreves a falar comigo assim? És insignificante! E tenho a certeza que o Potter me procuraria na mesma se já estivesses morta. Sede de vingança!

Hermione estreitou ainda mais o olhar e eu vi o peito dela subir e descer devido à respiração acelerada. Voldemort estava tão perto de Hermione que com certeza sentia o hálito quente e doce da morena. Só de pensar deixava-me com a pele arrepiada. Voldemort afastou-a com um empurrão, fazendo-a cair no chão com brusquidão. Hermione gemeu de dores e inclinou o corpo de modo a conseguir observar-me. Os olhos dela estavam frios e distantes, culpabilizando-me pelo que lhe estava a acontecer. Mas eu tinha de manter a minha máscara, pois não podia simplesmente baixar-me e pedir-lhe desculpas. Não tínhamos como fugir dali seguros.

- Crucius!

O corpo de Hermione Granger contorceu-se. As pernas debatiam-se e as mãos tentavam segurar o chão frio. Os gritos agudos e sufocantes de Hermione torturavam-me quase tanto como ela estava a sê-lo. Doía-me o coração por tê-la trazido para aquele lugar.

- É doloroso, não é? – a voz de Voldemort soou-me tresloucada.

Eu podia não ser a melhor pessoa à face da terra, mas jamais seria capaz de torturar alguém daquela maneira. E se há meses atrás julgava ser capaz de fazê-lo, agora redimia-me. Eu já não odiava a Hermione e eu sabia disso não só pelo sentimento de culpa como também pelo desejo de protegê-la.

- Posso parar de fazê-lo se me disseres o que pretendo saber.

- Nunca! – gritou com a voz rouca.

Voldemort pareceu divertir-se com a resposta da Hermione, pois deixou escapar gargalhadas desconcertantes. Hermione gritou ainda mais com a dor e eu pude ver que ela estava a chorar. O choro abafou as gargalhadas de Voldemort, mas ele continuava com um sorriso patético naquilo que ele chamava de rosto.

- Era tudo tão mais fácil se me dissesses os pontos fracos do Potter. – Voldemort vociferou furioso.

- Não! – gritou por entre o choro descontrolado. – Nunca lhe vou dar o Harry para as mãos. – apesar de fraca, a voz da Hermione soou cheia de força.

Voldemort comentou qualquer coisa com um dos devoradores da morte que o seguiu de imediato, mas não sem antes me alertar:

- O Senhor das Trevas quer que ela viva… - disse, voltando os olhos para Hermione que estava estendida no chão - Por enquanto… - acrescentou e saiu rapidamente.

Não sabia bem o que fazer. O choro da Hermione estava-me a enlouquecer e eu estava a andar de um lado para o outro, dando pontapés em objectos inúteis que me surgiam à frente. Hermione arrastou o corpo fraco até ao canto da sala e envolveu os braços à volta dos joelhos. Os olhos cor de mel encaravam-me… com medo. Hermione estava com medo de mim e isso fazia-me doer literalmente todo o meu carácter. Parecia que aquele olhar me arrancava pedaços de dentro de mim, espezinhava o meu ser. Não havia dúvidas que eu era uma péssima pessoa. Senti vontade de me aproximar e abraçá-la, protegê-la. Mas tive medo que essa atitude apenas a assustasse ainda mais.

Voldemort regressou e iniciou mais uma sessão de tortura. Uma longa sessão de tortura. Hermione parecia já nem ter forças para gritar ou até mesmo chorar. Apenas contorcia o corpo e soltava gemidos quase inaudíveis. A respiração estava fraca e os olhos tendiam a fechar-se. Contudo, Hermione abria-os teimosamente para poder encarar Voldemort com ódio e dizer-lhe na cara que não lhe diria nada sobre Harry Potter.

- Vais morrer, Granger! Se não me disseres… vais morrer. – a voz de Voldemort era assustadora e ouvi um dos devoradores que estava presente gemer de medo.

- Então, mate-me!

- Não sabes como essa audácia e medíocre coragem me fazem odiar-vos! Crucius! – gritou Voldemort e Hermione encheu os pulmões de ar e soltou um grito ensurdecedor.

Agora eu já não tinha dúvidas. Ela estava a sofrer às mãos de Voldemort e tudo o que precisava de fazer para se safar era contar os pontos fracos do Potter. E eu sabia que ela os conhecia como se fossem as suas próprias fraquezas, pois eles eram melhores amigos, quase irmãos. De facto, era necessário ser-se corajoso para aguentar toda a pressão e tortura a que ela estava exposta nas mãos de Voldemort. Hermione Granger preferia morrer a contar os podres do Potter. Isso soava-me ridículo, mas era apenas a coragem Gryffindor. Por mais inteligente que Granger fosse, a coragem era ainda mais perceptível agora. As dúvidas que eu poderia ter em relação a isso dissiparam-se com o último suspiro de Hermione.


N/A: Olá a todos! Desculpem, não tive tempo para reler esta shortfic, mas prometo que irei fazê-lo. Por isso, desculpem qualquer erro presente :P

Não sei bem como surgiu a fic e também ainda não sei se gosto dela, pois vou precisar de relê-la para saber. mas gostei muito de escrevê-la.

Beijinhos***

Sara Mendes

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