Autor: Lady Bogard
Título: Close to you
Sinopse: Um guitarrista, um ator, um tatuador e um estudante universitário. Pessoas tão diferentes, com um ponto em comum: o sonho de liberdade.
Banda: the GazettE, Miyavi, outros
Ship: MxK, AxU
Orientação: yaoi
Classificação:18 anos (só porque é yaoi)
Gênero: comédia romântica, drama (leve)
Observação: Universo Alternativo, plot baseado no filme "Eurotrip", mas não é tão non sense quanto o filme, título inspirado em uma Love Song da banda The Carpenters (a princípio, não sei se vou integrá-la à fic)
Close to you
Lady Bogard
Parte I
Jogando tudo pro alto
Aquele era, indiscutivelmente, o seu mundo. Era ali que se sentia livre, verdadeiro, autêntico. Era naquele momento mágico, quando fingia ser quem não era e dava vida a variados personagens, que entendia o profundo sentido de sua existência. Nascera pra fazer aquilo. Seu destino era interpretar.
Cada palavra sua, decorada, porém recitada com naturalidade, com fluência, era uma prova do seu talento. As expressões que variavam continuamente apenas afirmavam o quanto era bom.
Sua perfeição era tanta, que os assistentes e profissionais que assistiam o teste haviam parado com suas atividades, apenas para acompanhar embevecidos, o desenrolar da cena imaginária.
Quando jovem ator terminou sua interpretação, foi saudado com palmas emocionadas e sinceras. Um auxiliar aproximou-se sorrindo e estendeu a mão, cumprimentando a performance tão perfeitamente executada.
– Takashima sama! Omedetou!
O ator loiro aceitou o cumprimento e agradeceu com um sorriso satisfeito:
– Arigatou, Nao kun.
Saiu do palco tentando segurar o suspiro. As coisas não iam bem. Nem um pouco bem, e ele precisava muito daquele trabalho. Assim que o rapaz saiu da sala de apresentações, Nao apertou a prancheta, parecendo chateado.
– Ele teria chance... – olhou a lista, conferindo o próximo nome da lista – Se Saga não fosse fazer esse teste...
oOo
– PUTAQUEPARIU! ISSO TA DOENDO PRA CARALHOOOOO!
Aoi ouviu a reclamação e fez o que estava acostumado: ignorou.
– ESSA É A ÚLTIMA VEZ! – a voz irritada não assustou o rapaz de cabelos negros. Pelo contrário. Yuu acabou rindo, um tantinho debochado.
– EU TO FALANDO SÉRIO, AOI! ACABA LOGO COM ISSO!
O moreno rolou os olhos e estalou a língua. Desligou a pistola e recostou-se na cadeira, relaxando o corpo.
– Miyavi, você sempre diz que vai parar com as tatuagens. Eu ouço isso há... o que? Umas três seções? – sorriu – Mas você volta e pede outra.
Apontou o kanji que detalhava no braço magro do rapaz de cabelos tingidos de azul. Miyavi era um dos melhores clientes que tinha, surgindo a cada vez com uma idéia nova para tatuar em seu corpo. Já tinha tantas que em pouco tempo seria rotulado de Livro de Desenhar Ambulante.
Além de cliente, o doido era um de seus melhores amigos. Por isso tanta intimidade era compartilhada entre ambos.
– Sei! – fez um bico amuado – Você está perdendo a perícia! Antes não doía tanto...
Aoi respirou fundo: – Você anda tão dolorido ultimamente... pode me contar o que está acontecendo?
Miyavi torceu os lábios e inclinou a cabeça, tentando ver o que Aoi já tinha tatuado em seu braço. Faltava pouco.
– Não ta acontecendo nada. – afirmou meio distraído – Termina isso logo. Ainda tenho que ir pra casa me arrumar! Hoje é noite de sexta e eu quero a tatto completa pra exibir!
– Pra exibir pro Kai?
– Talvez... – o rapaz de cabelos azuis mostrou a língua pro amigo – Mas não é da sua conta!
Yuu deu de ombros e ligou a pistola outra vez, fazendo o barulho do motor causar arrepios em Miyavi. Acabou exibindo um sorriso sádico: – Dessa vez vai doer mesmo.
Miyavi arregalou os olhos e engoliu em seco. Às vezes Aoi parecia um tanto... louco!
oOo
O clima entre os três não era estranho, mas também não era o clima agradável de sempre. Aoi e Miyavi se entreolharam, depois olharam para Uruha. O loiro estava melancólico, desanimado...
E ambos sabiam que ele tinha feito um teste pra um filme naquela mesma tarde. Se parecia tão aborrecido, algo bom não podia ser.
Miyavi fez um sinal para Aoi, indicando que ele devia perguntar. Resignado, Yuu cedeu:
– O que foi, Uruha? Má notícia?
O interrogado olhou para Aoi e fez menção de responder, mas o quarto integrante do grupo o impediu com sua chegada. Kai se aproximou carregando uma pilha de livros e apostilas e jogou-se na cadeira vaga.
– Ne! Gomen, gomen! Ganhei uma carona de moto até aqui, tive que trazer os livros!
– Você não ia matar as últimas aulas? – Aoi perguntou dando um gole na cerveja.
Miyavi aprumou-se na cadeira e mexeu o braço, querendo que o moreno recém chegado notasse logo sua nova tatuagem, que fora terminada apesar de seu escândalo e das ameaças de tortura, e estava coberta de pomada cicatrizante. Mas Kai não notou... era um distraído.
– Não deu. Eram matérias importantes... – foi um tanto reticente.
Depois disso acabaram silenciando outra vez. Aoi notou que o desanimo não era apenas por parte de Uruha. Kai parecia bem chateado também. Ele não gostava de ver seus amigos assim. Deu uma olhada rápida em Miyavi, que tentava se exibir a todo custo, e respirou fundo:
– O que houve com vocês? Onde dói? – brincou um pouco.
Uruha ergueu o copo com vodca pura e tentou sorrir:
– Um brinde ao Saga. E ao quinto papel que ele me rouba. – virou a bebida e tragou de um gole só.
Miyavi recostou-se na cadeira e fez uma careta. Aoi fez uma cara de "saquei tudo" e Kai deixou um suave lamento escapar:
– Oh... sinto tanto! – foi muito sincero.
Não era segredo entre os quatro a relação de rancor que havia entre Takashima e seu eterno rival. Saga não podia perdoá-lo por ser um ator melhor, e trapaceava todas às vezes, da maneira mais sórdida.
– Levante a cabeça, Uruha! – Aoi falou firme – Sabe que ele só ficou com o papel por que, com toda certeza, levou o diretor pra cama.
– Não. Levou o produtor. – o loiro informou simplista. – É tão injusto! Só por que não deixo esses caras me comerem, não consigo realizar meu sonho!
Aborrecido sinalizou pro garçom trazer uma garrafa de vodca. Os amigos sacaram que seria uma noite de bebedeira. Era uma das formas de consolo que o jovem ator arrumara. Sempre que perdia um papel pra Saga, que usava o sexo pra subir na vida, Uruha ficava arrasado, e bebia até se esquecer das mágoas. O que era muito.
Yuu jogou um maço de cigarros sobre a mesa, ofertando-o para Uruha que aceitou emocionado. Tabaco também o ajudava a relaxar.
– As coisas vão melhorar. – Miyavi sorriu. Ele entendia bem daquilo. Tentava há anos, fazer sucesso. Já tocara em três bandas diferentes, e não conseguira nem mesmo alcançar o cenário indie. Por mais que se esforçasse, mesmo que desse tudo de si, parecia fadado ao fracasso.
– Arigatou.
– Se precisar de um lugar pra ficar... – Aoi ofereceu.
– Pode dar um tempo em casa também. – Kai somou sua oferta.
– O meu barraco também ta disponível. – Miyavi serviu-se de uma dose de vodca – Só não repara na bagunça.
O loiro acabou rindo: – O aluguel ta pago adiantado. Arigatou! Ainda não sou um indigente. E não vou precisar mexer na Verba de Emergência. – referia-se ao dinheiro que conseguira juntar trabalhando em um petshop.
Diante da descontração, os outros três também relaxaram. Takashima era um lutador que jamais desistiria, por mais difíceis que fossem os obstáculos.
Resolvendo metade do problema, Aoi virou-se pra Kai:
– E você? Onde dói?
Miyavi inclinou-se pra frente e apoiou-se na mesa fitando Kai de modo quase predatório. Só mesmo Yutaka pra não notar o interesse do amigo tatuado.
– Nan... nandemo nai! – acabou desconversando. Diante do que Uruha passava, Kai achava que nem tinha nada de errado. – Hontou!
Pegou o copo com whisky, que seus amigos já haviam pedido antes mesmo que chegasse e tentou dar um gole. Antes que conseguisse, Miyavi esticou o braço e beliscou-lhe uma bochecha:
– Ne, Kai chan... conta pra gente o que foi...
O moreninho corou de leve e acabou cedendo. Colocou a mão dentro do bolso da calça e retirou um papel amassado: – Recebi uma carta do Reita! – exclamou.
Miyavi amuou como por mágica. Realmente não gostava daquele tal de Reita. Na verdade, morria de ciúmes dele.
– Chegou quando? – Uruha se interessou.
– Hoje pela manhã. – respondeu sem sorrir, fato que foi notado pelos outros. Geralmente as cartas de Akira deixavam Yutaka alegre. Aquele era um rapaz que só conhecia das cartas e e-mails, mas que nunca conhecera pessoalmente. – Mas... é estranha...
– Deixe-me ver. – Aoi pediu, recolhendo o papel quando Yutaka lhe estendeu. – Posso ler em voz alta?
– Claro. – apesar da resposta rápida o moreninho pareceu sem jeito. – Mas é o último parágrafo...
Yuu entendeu a indireta e pulou direto para a parte que interessava:
– "Desde então não tenho conseguido parar de pensar nisso. Graças a você Yutaka, pude descobrir esse sentimento, e encontrei coragem para assumir, pelo menos pra mim mesmo. Não é algo que possa lhe contar, pois temo sua reação. Não perderia sua amizade por nada desse mundo. Desculpe tanto mistério. Espero notícias suas. Seu amigo, Reita."
Ao fim da leitura, Aoi calou-se. Era impossível Miyavi estar mais irritado. Uruha, desconfortável, falou em voz alta o que todos haviam subentendido:
– Kai... isso é quase uma declaração! – arregalou os olhos – Ele fala de sentimentos e de temer sua reação!
– Aa... – foi tudo que o moreninho pôde dizer.
– E você, Yutaka? – Miyavi queria ter sido menos seco, mas não conseguiu. Morria de ciúmes, e medo da resposta – Como se sente...?
Kai não respondeu. Apenas desviou os olhos e tomou um gole da bebida. Uruha riu animado:
– Acho que nosso Kai gostou da hipótese.
– Mas não é como se fosse uma opção... – Yutaka suspirou, subitamente triste – Reita mora no Brasil. Talvez nunca nos encontremos.
Kai conhecera Reita através de um site de relacionamentos, quando buscara ajuda com um trabalho pro colégio. Reita era um japonês que mudara com a família para o país tão distante ainda criança, e dominava os dois idiomas com perfeição. Graças à troca de correspondências, Kai se saíra bem na apresentação. Depois disso continuaram trocando cartas e e-mails, e de vez em quando, telefonemas. Agora se consideravam bons amigos. Ou melhor, até agora...
Aoi não disse nada. Apenas observou a reação de Miyavi. O amigo parecia ter murchado e perdido sua vitalidade. Apesar de todas as suas indiretas e tentativas, Kai o via como amigo e nada mais. Levara um golpe e tanto com aquela carta.
Miyavi, por seu turno, sentia o olhar de Yuu sobre si, mas o ignorava. Só tinha olhos para Kai, que era todo tristeza. Todo desilusão. Provavelmente se apaixonara pelo cara que morava do outro lado do mundo. E sofria com isso.
Respirando fundo, o rapaz das tatuagens reuniu coragem e disse as palavras mais dolorosas de toda a sua vida:
– Vá se encontrar com ele.
Kai ficou lívido. Aoi quase praguejou. Uruha franziu as sobrancelhas.
– O que? – foi Aoi quem perguntou, estranhando o conselho de seu amigo.
– Ir pro Brasil...? – Yutaka falou baixinho.
Miyavi esticou os braços sobre a mesa redonda e tomou as mãos de Kai entre as suas:
– Yutaka, eu gosto muito de você. Quero que seja feliz, mesmo se for com Reita.
O moreninho ficou emocionado com a declaração: – Arigatou! Eu nunca vou encontrar um amigo como você.
Sentindo um aperto na garganta, Miyavi apenas acenou com a cabeça, impressionando Aoi com sua atitude. Ele sabia o quanto o amigo gostava de Kai, mesmo não tendo dito. Era mais que óbvio nos olhares, nos gestos, em todo cuidado que tinha com Yutaka. Pena que o moreninho não percebera...
– Mas não posso ir ao Brasil. Estou no meio do curso. A faculdade...
– Faculdade que você odeia. – Miyavi cortou – Você não queria fazer Administração e você não quer assumir a empresa de seu pai. – conhecia Kai muito bem – É uma chance de fazer algo que realmente vale a pena, Yutaka. Algo pra não se arrepender depois.
– Mas... mas...
– E eu te levo até lá. – afirmou simplista fazendo Aoi engasgar com o gim tônica. – Só pra ter certeza que não pegou o avião errado, sendo tão distraído. – terminou a frase com uma piscada marota.
Kai riu descontraído, enquanto Yuu tentava recuperar o ar. O tatuador sacou tudo: Miyavi não desistira! Era outro lutador, que aproveitaria a viagem para, quem sabe, conquistar os sentimentos de Yutaka. Grande, Miyavi!
– Miyavi! Você... – Kai começou, só pra ser novamente cortado:
– Será divertido! – o rapaz de cabelos azuis já se empolgava com uma inesperada idéia que desabrochava em sua mente. Yuu acertara: não pretendia desistir do garoto que amava – Ele mora em são Paulo, não é? O que terá de bom pra ver por lá...?
– Ne... Kai...? – Uruha chamou baixinho.
– Hn?
– Tudo bem se eu for também? – o loiro perguntou humilde. De repente viajar com os amigos e deixar os problemas pra trás parecia uma boa solução. Ele ainda tinha a Verba de Emergência... podia usar na viagem, e quando voltassem, se preocuparia com seu futuro. Talvez assim Saga lhe esquecesse, e sua maré de azar tirasse férias!
Ao ouvir a pergunta, Aoi sentiu seu rosto esquentar de leve. Imediatamente sentiu o olhar de certo tatuado pesar sobre si, mas ignorou da mesma forma como tinha sido ignorado. Sabia que seus sentimentos por Takashima estavam bem camuflados e Miyavi percebera apenas porque lhe conhecia profundamente.
Moveu-se desconfortável na cadeira. Calculou mentalmente se poderia fechar o estúdio de piercings por um tempo. Chegou à conclusão que podia. E porque não? Se Miyavi estava apostando nessa viagem, ele também apostaria. E quem sabe não arrumaria coragem para se declarar para o amigo loiro?
Milagres acontecem... a viagem parecia um convite para a aventura!
– Também vou. – Yuu afirmou resoluto, fitando Uruha que lhe sorriu de volta.
– Oh! – Yutaka estava emocionado demais para agradecer. Seus amigos eram tão maravilhosos! Nunca poderia retribuir o que estavam fazendo. Só podia aceitar a oferta: pela primeira vez na vida agiria de acordo com seu coração. Deixaria a faculdade e iria até o Brasil, apenas para encontrar Reita!
Miyavi percebeu o brilho nos olhos de Yutaka. Porém não deixou que a emoção do moreninho vertesse em lágrimas. Ergueu o próprio copo e propôs um brinde:
– Que todos encontrem o amor nessa viagem.
Kai e Uruha responderam erguendo os próprios copos. Aoi demorou apenas dois segundos para imitá-los. Dois segundos em que se permitira admirar a face linda de Takashima:
– Que os céus te ouçam, Miyavi!
O brinde dos quatro amigos selou o começo de uma longa e emocionante aventura. Eles ainda não sabiam que os céus ouviriam e atenderiam o pedido. Mas nada seria tão fácil quanto parecia...
Continua...
Taí. ¬¬ Eu to com essa droga de plot me travando as idéias. Enquanto não digitei, não consegui fazer "Die for me" fluir. Que coisa!
Enfim, gostaria de dar essa fic pra minha querida amiga Lady Anúbis. Sei que ela não gosta do fandom, e talvez nem leia isso... mas to na fase de escrever só de Visual...
Tamy, vai o presente, de coração! Por que Kaline Bogard nunca te deu uma fic... até agora!
Capa dessa fic disponível no meu profile.
