N/A: Eu estava relendo uma fic minha antiga, que eu escrevi quando tinha uns 12 anos com meu outro profile (hoje eu tenho 20), e me veio uma idéia bizarra de reescrevê-la. Bom, aqui estou eu, reescrevendo a fic, com um novo casal. A base da história é a mesma, mas só a base, pois tudo está mudado. Quem quiser ver a original, se é que eu não vou apagar por vergonha, veja minhas informações de perfil, lá tem o antigo com as fics!
Bommm, espero que gostem e reviews são sempre um ÓTIMO incentivo para uma pessoa sem tempo como eu...Bjs
Capítulo Um
O CARA MISTERIOSO
Já passava das oito da noite e Hermione voltava à pé do supermercado. Apesar de ser início de novembro parecia que já estavam em janeiro, pois o frio que fazia era devastador. Um vento gelado cortou o ar e a fez se agarrar mais aos dois sacos de papelão que continham as compras. Fechou os olhos por um momento e se deixou levar pelas lembranças que a sensação trazida pelo vento lhe remetiam. Lembrou-se de seu terceiro ano em Hogwarts e da primeira visita à Hogsmead; lembrou-se de Ron e do riso fácil que a acompanhava sempre que estava com ele. Lembrou-se das provocações, das brigas, das brincadeiras... e então, tão subitamente quanto fechou os olhos, abriu-os novamente. Precisava seguir andando, precisava seguir sua vida, havia feito uma escolha, decidira aceitar a bolsa para se especializar em Runas antigas e outros símbolos na Jordânia, afinal, lá era a melhor Academia de Especialização em Símbolos para Bruxos que existia. Era isso o que repetia a si mesma havia dois anos já, mais precisamente, dois anos e 20 dias.
Estava formada havia 20 dias e voltara então para Londres. Desde que voltara apenas tinha ido visitar Harry e Ginny, ninguém mais, e uma única vez. Dava sempre a desculpa de que estava cansada, ou de que tinha um compromisso, ou mesmo de que tinha que terminar de arrumar sua casa, afinal, depois de terminada a guerra, ficara alguns dias na Toca e depois já partira, então, eram coisas acumuladas de dois longos anos em um terra distante, em um dormitório provisório. Molly havia lhe escrito tantas vezes pedindo que lhe visitasse assim que chegasse à Inglaterra novamente, mas Hermione simplesmente não tinha coragem de ver Molly. Não sabia se essa falta de coragem se dava ao fato de rever a Toca e conseqüentemente ter que lidar com todas as lembranças que essa lhe trazia, ou se lhe faltava coragem para lidar com a culpa que lhe invadiria se visse os olhos tristes de Molly e do Sr. Weasley. Lembrou-se então da conversa que tivera brevemente com Ginny na varanda da casa da amiga, dias antes:
"E então Ginny, alguma notícia do Ronald?" perguntou como quem não quer nada
"Não, Herm, a mesma coisa. Você sabe, quando acabou a guerra meu irmão já não estava em seu estado mental normal. Quando você partiu, ele começou a sair e voltar de manhã todos os dias, depois passou a ser dias fora de casa. No início ele ficava dois ou três dias fora de casa e voltava sozinho, conforme o tempo passava, sua ausência aumentava, até que a penúltima vez Ron ficou 15 dias fora e papai teve que encontrá-lo. Alguns dias depois, enquanto papai e mamãe dormiam, ele saiu de casa de vez, e desde então nós nunca mais o encontramos. Isso já faz..."
"Um ano e três meses." Completou Hermione rapidamente "Seu irmão perdeu o juízo de vez, Gin"
"Temo que sim, Hermione."
Ninguém tinha noção do quanto Hermione se culpava todos os dias pelo sumiço de Ron. Talvez ele tivesse certo, talvez ela tivesse sido egoísta demais ao ir embora, afinal, ela sabia que ele não estava mentalmente bem. Ela sabia que deixá-lo seria extremamente perigoso e que ele poderia fazer uma besteira, o que de fato ele fez. Ron havia sumido e era tudo culpa sua. Uma lágrima quente rolou em seu rosto frio ao mesmo tempo em que ela tropeçou em alguma coisa grande o bastante para fazê-la cair estatelada no chão, as compras espalhadas por todos os cantos.
"Merda!" Praguejou ela se levantando e já pegando sua varinha para colocar novamente as compras no saco de papelão, porém, foi inevitável soltar uma exclamação assustada ao deparar-se com o objeto culpado por sua queda, que na realidade não se tratava de um objeto, mas sim de alguém. Abaixou-se novamente, com a varinha em punhos para examinar melhor o estranho que ali se encontrava, apesar do fim da guerra, ainda existiam alguns poucos loucos que continuavam acreditando em uma possível volta de Voldemort e não seria a primeira vez que um desses cruzava o caminho de um dos antigos partidários da 2ª leva da Ordem da Fênix. Harry mesmo já havia lhe contado sobre um lunático que perseguira a ele e Ginny em uma viagem que o casal havia feito a Paris. No entanto, encontrou apenas um homem com os cabelos castanhos, muito pálido, vestido em trajes surrados e que não condiziam com o frio que fazia em Londres àquela época. Era muito magro, parecia estar desacordo há um bom tempo e tinha a boca tingida em uma tonalidade azulada, provavelmente por causa do frio. Hermione compadeceu-se do homem, procurou em seus bolsos para ver se ele carregava alguma varinha ou mesmo uma arma, mas não encontrou nada, apenas um cantil, o qual chacoalhou e viu que parecia estar quase vazio. Não pensou duas vezes então e, com um aceno de varinha fez as compras e o homem levitarem até a porta de sua casa, que não estava muito longe. Deixou o homem no sofá e com mais um aceno de varinha guardou as compras. Correu para o quarto de hóspedes para arrumar a cama para o homem antes de traze-lo, novamente com a ajuda da varinha, até a cama para deitá-lo apropriadamente. Ligou o aquecedor, conjurou panos e uma bacia de água quente e pôs-se a tirar as vestes do homem. Não sabia dizer exatamente por que, talvez fosse por ter ficado tanto tempo sem um contanto daqueles, mas a questão é que o contato com aquele homem, mesmo ele não sendo atraente, despertava em Hermione uma sensação estranha, peculiar, que fazia sua garganta queimar e se espalhava por sua corrente sanguínea, uma sensação que só havia sentido quando...
"Não importa!" disse em voz alta, como que querendo espantar pensamentos que não eram bem vindos.
Terminou de abrir a camisa do homem para então perceber diversos machucados, arranhões cobertos com sangue-seco ao longo do peito do homem, do pescoço e também do rosto dele. Como não havia percebido esses machucados antes? Talvez fosse pelo choque inicial, ou mesmo por estar escuro, não importava, o que importava é que tinha um desconhecido ferido em sua casa, e, por mais idiota que pudesse soar essa idéia, era um fato e seu coração não permitiria que descansasse enquanto não cuidasse do homem que se encontrava a sua frente. Mergulhou um dos panos na água quente e começou a limpar o sangue seco que cobria algumas das feridas. Depois de limpas, Hermione derramou em cada uma delas uma poção curativa e cicatrizante. Checou a temperatura do homem e percebeu que ele estava com febre, a qual foi aumentado ao longo do tempo. Ele suava e se debatia o máximo que seu corpo fraco lhe permitia. Hermione mergulhava um pano em outra bacia de água, dessa vez água fria, que havia conjurado e o depositava na testa dele, esperando que a febre cessasse. Quando foi por volta de uma hora das 11 e meia da noite ela percebeu que a febre estava baixando e se permitiu relaxar por um momento, que foi o bastante para perceber o quão cansada estava. Pelo visto o homem não iria acordar tão cedo e por isso, podia dar-se ao luxo de dormir por algumas horas. Cobriu o estranho com uma coberta, ajustou o aquecedor e foi para seu quarto dormir. Antes de fazê-lo, cobriu a porta de feitiços protetores, vestiu uma calça de flanela, uma blusa de mangas compridas e só então deitou-se na cama. Quando o fez, porém, fechou os olhos quase que imediatamente e caiu em sono profundo.
A toca, duas semanas após o fim da batalha final...
"Hermione, você não pode fazer isso comigo!"
"Ron, eu recebi uma oferta irrecusável! A AESB ficou sabendo do meu desempenho durante a guerra e me ofereceu essa especialização de graça, ou melhor, eles irão me pagar ainda mensalmente para eu estudar lá."
"Herm, isso é muito injusto, você não pode fazer isso comigo. Eu não to legal, o que eu vou fazer se você estiver longe?" perguntou um Ron desesperado "Por favor, fica aqui comigo!" ele pediu, abraçando Hermione tão forte que quase chegou a machucá-la
"Ronald, eu não posso! Eu não tenho mais ninguém, meus pais morreram, todo o dinheiro que eu tinha se foi na guerra e essa é uma oportunidade única. Eles me aceitaram mesmo eu não tendo finalizado Hogwarts, e além disso ainda vão pagar minha estadia e um salário mensal, é uma oportunidade de ouro, não posso perder!"
"Eu cuido de você, eu sustento você! Você pode morar aqui na Toca, mamãe não vai se importar..." ele suplicou
"Ron, sua mãe já tem problemas demais, ela não pode assumir mais uma responsabilidade, não quero incomodá-la. E você, Ronald, você não tem condições nem de se sustentar em pé, quanto menos a mim e a você financeiramente! Além do mais, eu NUNCA aceitaria ser sustentada por ninguém!"
"Hermione, joga esse orgulho fora, fica comigo...Eu te amo!"
"Eu também te amo...então por que você não vem comigo?" perguntou ela colocando os braços ao redor do pescoço dele, porém, o pedido feito por Hermione o fez soltar-se do abraço.
"Eu não posso...voce sabe que eu não posso deixar a mamãe, não agora."
"Então eu sinto muito, Ron, eu sinto mesmo, mas eu vou ter que ir. Mas você pode me visitar sempre, meu amor, e eu também vou poder te visitar..."
"Hermione, eles não permitem que ninguém aparate lá, como você acha que eu vou fazer para te visitar semrpe ou pra você vir me ver?" interrompeu um Ron nervoso.
"Não sei, mas a gente dá um jeito!" respondeu Hermione segurando o rosto dele em suas mãos.
Ron tirou as mãos dela de seu rosto, olhou no fundo de seus olhos, com os próprios cheios de lágrimas e deu sua sentença final: "Não Hermione, você fez sua escolha. Você resolver ir, então pode ir...mas não me procure nunca mais, porque eu não quero a companhia de alguém que me abandonou quando eu mais precisei!" Dizendo isso ele saiu do quarto batendo a porta e deixando uma Hermione chorando desesperadamente.
Hermione acordou do sonho ofegante, suando e com os olhos cheios de lágrimas, como acontecia toda vez que sonhava com a última vez em que vira Ron. Olhou o relógio que ficava no criado mudo ao lado de sua cama, ainda eram 4 e meia da manhã, mas estava completamente sem sono. Tentou dormir novamente, em vão; ficou rolando de um lado para o outro na cama por 40 minutos, quando finalmente decidiu levantar-se e checar como estava o estranho que dormia no quarto ao lado.
Levantou-se, colocou o roupão e dirigiu-se ao quarto de hóspedes. Abriu a porta devagar para não acordá-lo, mas a luz que intervinha do corredor, misturada à luz da lua não restaram dúvidas quando ela olhou para o suposto estranho deitado em sua cama, e a fizeram soltar um grito de terror...
