Capitulo I – Desobediência.
- Eu já disse que não.
- Eu já sei me cuidar!
Uchiha Itachi revirou os olhos. Maldito irmãozinho teimoso, aquele seu.
- Não você não sabe Sasuke. Eles vão acabar destroçando você, e eu não estou disposto a perder mais ninguém.
- Nenhum vampiro maldito vai nem sequer encostar em mim, Itachi. – Ele sorriu, confiante. – Desde os meu oito anos eu treino pra matar esses desgraçados! Eu sou bom o suficiente, você sabe disso.
- Não o suficiente pra ir sozinho.
Itachi sentou-se na cama, sentindo o ferimento de seu abdômen latejar. A dor era tanta, que precisou fechar seus olhos e respirar fundo, mas não pareceu adiantar muita coisa. Ele desistiu de se sentar, e deitou novamente na cama.
- Nem te dar um peteleco na testa eu consigo – resmungou, passando a mão no local do ferimento – Eu não imaginei que aquela maldita poderia fazer um estrago desses.
A maldita a qual ele se referia se chamava Sakura, e era uma vampira melosa e sádica, com estranhos cabelos rosados. Em uma emboscada uma semana atrás, ela e dois outros vampiros completamente desconhecidos para o Uchiha, haviam o ferido gravemente. Ele conseguiu escapar, mas tinha perdido muito sangue, e por pouco não morreu.
Esse era o principal motivo para Itachi não permitir que Sasuke, e nem nenhum dos outros caçadores, saíssem sozinhos a noite; aqueles malditos mortos estavam preparando armadilhas, tentando acabar com o maior número possível de caçadores. As coisas estavam invertidas, vampiros caçando os caçadores.
- Se eu encontrar aquela piranha de novo, vou mandar ela de volta pro inferno com gosto. – gemeu ele, sentindo o corte latejar.
- Mas você não vai fazer isso tão cedo, hein. – a voz estridente de Ino invadiu o quarto, junto com sua beleza arrebatadora, e sua caixa de primeiros socorros – Sasuke-kun, Naruto-kun pediu pra avisar que o jantar está pronto.
Sasuke gemeu.
- Oh não. Esqueci que hoje é o dia do Naruto cozinhar.
- Bem, ao menos já sabemos porque o cheiro de queimado. – Itachi fez uma careta. – Melhor você ir ver se ele não colocou fogo na cozinha.
Sasuke saiu do quarto, enquanto Ino abria os botões do pijama de Itachi, e com cuidado desfazia o curativo. Ela era enfermeira, e sempre cuidava dos ferimentos dos garotos quando eles se machucavam. Os pais de Ino eram bom caçadores, e haviam sido assasinados quando Ino contava 4 anos. Desde então havia morado junto com a família Uchiha, mas dois anos depois de ter se juntado a eles, Mikoto e Fugaku foram mortos também.
- Você não deveria ficar voltando do hospital sozinha, Ino-chan. – Itachi gemeu, enquanto ela limpava os pontos. – Na verdade você não precisava nem ir praquele hospital todo dia; nós temos dinheiro, você não precisa trabalhar.
- Eu sei disso, mas eu gosto de trabalhar. E outra coisa, o hospital não é longe. – ela sorriu, enquanto posicionava a gaze em cima do corte. – Cinco minutos e já estou em casa.
- Eles podem te achar, e te matar em menos de cinco minutos.
-Eu estou andando com meu spray de água-benta, fique tranqüilo. – ela piscou, confiante.
Itachi riu. As invenções de Shikamaru eram sempre levemente estranhas, mas muito úteis.
-Prontinho! – Ino terminou o novo curativo, e tirou duas pílulas roxas da bolsa – Isso é para aliviar a dor.
O Uchiha engoliu as pílulas sem água, e se engasgou. A loira se apressou a dar palmadinhas nas suas costas, e a xingá-lo por não ter esperado ela pela água. Itachi desengasgou, e Ino fechou sua caixa de primeiros socorros.
- Vou trazer uma sopa pra você. – Disse, antes de deixar o quarto.
- Oh não.
Se existia algo ainda pior do que a comida de Naruto, era com certeza a comida de Ino.
- Você vai perder! Vai perder!
Naruto apertava desesperado os botõezinhos do controle.
- Não não vou! Quem vai perder é você! – Kiba rebateu entusiasmado, tão entretido com o jogo quanto o loiro.
Estavam os dois sentados na frente da enorme televisão de plasma, jogando um jogo qualquer de luta no Playstation 3. Shikamaru estava atrás deles, os olhos grudados na computador, enquanto Chouji comia a gororoba queimada que Naruto havia feito (Macarrão a lá Naruto), e Ino fazia uma sopa de pacotinho para Itachi. Mesmo não morando junto com eles, Shikamaru e Chouji estavam todo dia lá, ajudando e treinando para combater os malditos vampiros. A maioria deles, tinham tido alguém importante morto pela sede de algum vampiro.
- Vocês não deveriam parar de jogar essa porcaria e fazer alguma coisa mais útil? – sugeriu a Yamanaka, com uma veia saltando da testa.
- Não – respoderam em coro os dois.
O luxuoso triplex dos Uchiha, era localizado na cobertura de um prédio de 15 andares. Possuía sete quartos, quatro banheiros, duas salas, uma cozinha, uma área de treino no último andar (junto com a piscina, a mesa de sinuca de Itachi, e a hidromassagem), e mais departamentos. Tudo era devidamente camuflado, e ninguém jamais os acharia. Por fora, o prédio parecia estar caindo as pedaços, mas por dentro era puro luxo e requinte. Os irmãos Uchiha eram herdeiros de uma fortuna milionária, não que eles realmente se importassem com isso.
- Onde está o Sasuke? – Kakashi surgiu sem camisa e completamente suado vindo da área de treinamento.
- Ele está na... – Ino parou estaticamente. – Naruto, onde está o Sasuke?
O jogo foi pausado, enquanto um Naruto preocupado dizia não ter visto Sasuke, e Ino e Kiba saiam procurando pela casa. Cinco minutos depois eles chegaram a conclusão de que Sasuke não estava em casa, e dois minutos após isso, em duplas, estavam na rua procurando por ele.
Era perto da meia-noite.
O corpo dele tremia, mas não de medo; pelo contrário. Ele estava ansioso, entusiasmado. Nunca tinha saído para caçar sozinho mas ele sabia que era capaz, afinal, havia dedicado sua vida ao treino para acabar com aqueles aimais.
Sasuke sofreu de insônia durante quase um ano, após a morte dos pais. Jamais havia esquecido a sensação de impotência, quando aquele monstro de olhos vermelhos havia lentamente quebrado o pescoço de sua mãe na sua frente. Seu pai tentou o proteger, tentou protegê-la, mas foi em vão. O homem de pele pálida, e dentes afiados era forte demais. Atravessou o peito do pai com sua própria mão, e Sasuke pode ver o dedos compridos e finos do monstro saindo nas costas do pai. Viu a boca do pai se abrindo e sangue escorrendo por ela, enquanto o monstro gargalhava e Itachi chegava em casa de repente, assustado, disparando tiros na direção daquela coisa com sua pistola automática, que recém tinha aprendido a usar. Mas ele, o maldito vampiro, nem se deu o trabalho de ficar ali; com um estalo ele desapareceu, sua gargalhada ecoando pelo ar, e tudo que restou na sala de estar da mansão Uchiha, foi as lágrimas dos irmãos, e o sangue de seus pais.
Sasuke tinha pesadelos, com aqueles olhos. Até aquele dia, ele achava que vampiros eram apenas histórias, achava que eram apenas monstros de filmes de terror. Foi um choque saber o quanto estava enganado.
Antes de tudo aquilo acontecer com seus pais, tinha acontecido com os de Ino. O mesmo vampiro, e igualmente, na frente dela. Ele lembrava-se de a dois anos atrás acordar e ouvi-la chorando, e então ver sua mãe pegá-la no colo, acalmá-la, niná-la, esperando que ela dormisse novamente, que tivesse sonhos bons, que esquecesse a dor. Ele lembrava-se do ciúme; ele já tinha que dividir a mãe com Itachi, e agora ainda precisava dividi-la com Ino? Pra ele, aquilo era completamente inaceitável, e Sasuke chegou a odiar a pequena intrusa de cabelos loiros, quando ela foi morar em sua casa.
Na primeira noite após a morte de seus pais, ele não dormiu. Ino invadiu seu quarto usando seu pijama de porquinhos, e sentou na cama dele. Suas pequenas mãos tocaram o rosto do menino, "Sinto muito Sasuke-kun" ela sussurrou. Nela doía também; estava perdendo sua família, sua nova família, e a ferida de perder a outra nem ao menos tinha cicatrizado ainda. Mas Ino, agora, conseguia lidar melhor com aquilo. Sasuke não.
A loirinha pegou na mão do pequeno Sasuke, que derramava silenciosas lágrimas, e o levou para o quarto dela. Arrumou sua cama o melhor que pode e o fez deitar nela, e então tentou sem muito sucesso fazer um chocolate quente pra ele. Demorou alguns minutos na cozinha, e quando voltou para o quarto, segurando com as duas mãos o copo com o chocolate quente, encontrou não um, mas dois Uchihas chorando na sua cama com lençóis da Barbie. Automaticamente, ela voltou pra cozinha e fez mais, então voltou para o quarto, entregou o outro copo para Itachi, deitou-se ao seu lado, e ficaram eles, os três órfãos, a noite inteira vendo antigos episódios do Barney¹.
Algumas semanas depois, Kakashi, amigo íntimo da família, assumiu a guarda dos três.
Desde aquela noite, a única coisa que Sasuke queria era encontrar aquele vampiro. Não sabia seu nome, e nunca mais havia o visto; a única coisa que sabia, é que ele era o líder de todos os vampiros de Konoha, e sabia também, que a tal Sakura, tinha uma ligação com ele, o líder, o maldito que havia matado sua família e a de Ino.
Seus passos cortavam a noite com velocidade, e ele continuava andando, sem saber exatamente para onde ir. Ele tinha certeza, que eles o achariam; o boato era que em Konoha havia uma gangue matando as pessoas durante a noite, afinal o resto da população não sabia sobre a existência maligna daqueles seres. De repente ele se viu andando em uma rua escura, e sem iluminação nenhuma.
- Ora, ora, se não é o famoso Uchiha Sasuke! Eu devo realmente estar com muita sorte hoje.
Ele se virou, e viu uma garota encostada no poste atrás de si. Ela usava um vestido tomara-que-caia preto e curto, em uma espécie de couro, e seus cabelos rosas e compridos adornavam o rosto, que possuía uma beleza devastadora. Ela sorriu; seus dentes eram brancos e brilhantes, e os caninos afiados como uma faca. Ele não precisava de mais nada para saber que ela era uma vampira, e que era a tal Sakura.
- Sasuke querido, eu e você vamos dar uma voltinha.
E antes que ele percebesse, ou até mesmo falasse algo, ela já tinha o atingido.
- Você é meu agora.
Foi o que ele escutou antes de desmaiar.
Continua...
¹ Barney: Sim, ele mesmo, nosso querido dinossauro roxo!
