Esta é a minha 1º fanfic relacionada com o mundo de Harry Potter. E também, é a primeira vez que crio uma OC!
Espero que gostem!
Disclaimer: Todo o elenco e personagens da Saga de Harry Potter pertencem, exclusivamente, à J.! Tirando eles, o resto é tudo meu! *insert evil laugh*
Nunca as gotas de chuva pareceram tão interessantes. As corridas que faziam nos vidros das janelas eram entretenimento para a jovem que estava sentada junto à janela do quarto. Fixava as gotas de chuva que batiam fortemente no vidro. No andar de baixo, conseguia ouvir o seu pai a ressonar. Devia ter adormecido enquanto lia o jornal. Deu um pequeno sorriso.
Ali estava ela. Gwen, a única e a própria. Os cabelos ondulados, meio acastanhados, meio loiros, caiam-lhe até ao meio das costas, a franja estava presa num gancho simples do lado direito da cabeça; os olhos aveludados, numa mistura estranha de verde e castanho, pareciam perdidos no nevoeiro; o rosto apoiado nas duas mãos.
Estava aborrecida. Não podia utilizar a vassoura nem a magia fora de Hogwarts; já tinha lido e relido milhares de vezes os seus livros de anos anteriores e deste ano, numa tentativa de superar o aborrecimento; também já tinha escrito várias vezes aos seus amigos, mas quase sempre sem resposta.
'Pergunto-me como será este ano lá?', pensou ela.
Gwen estava no seu sexto ano na escola de magia e feitiçaria de Hogwarts, a escola mais privilegiada de todos os tempos. Não ficou admirada por ter sido seleccionada para os Ravenclaw no seu primeiro ano, já era coisa de família. A sua mãe também tinha sido seleccionada para a mesma casa e a sua avó também, e por aí adiante na linha feminina. Mas por outro lado, o seu pai passou os seus sete anos de aprendizagem nos Gryffindor.
'Como seria se eu tivesse entrado nos Gryffindor e não nos Ravenclaw?', esboçou outro pequeno sorriso.
Ela adorava os seus companheiros, nunca iria pôr isso em causa. A sua melhor amiga, Annabelle, também estava na mesma casa. Mas como seriam as coisas se ela tivesse sido diferente?
Voltou a pensar em como seria este ano. Tinha a certeza que Harry Potter e os seus, mirabolantes, amigos conseguiriam meter-se em outra enrascada como os anos anteriores. Apesar de nunca ter falado com o Potter, sabia que ele era uma pessoa de bem, tal como os seus companheiros. Ela sempre conseguia ver o melhor das pessoas, mesmo que os outros não o conseguissem. Mais uma vez, perguntou-se o que estava a fazer nos Ravenclaw. Tinha herdado o feitio e alguns traços físicos da mãe.
O relógio digital marcou as três da manhã. Deveria dormir um bocado. Daqui a pouco tempo iria apanhar o Expresso de Hogwarts, às onze horas da manhã em ponto. Mas o problema é que não conseguia dormir. Estava demasiado aborrecida e ansiosa para o fazer, uma combinação estranha.
A sua atenção desprendeu-se das gotas de chuva na sua janela. Levantou-se e caminhou até à porta do seu quarto, pegando num casaco. Quem é que pensaria que estaria assim tanto frio no primeiro dia de Setembro? Raios ao tempo londrino!
- Pai, estás a dormir? – Perguntou ela, na esperança que o seu pai respondesse.
E ele, respondeu! Com um grunhido, mas respondeu!
Ela não conteve a pequena gargalhada. O seu pai trabalhava no Ministério da Magia, como secretário de um Ministro qualquer, era um pouco complicado decorar nomes difíceis de prenunciar. Chegava a casa sempre cansado, mas sempre com um sorriso nos lábios e, Gwen, admirava-o por isso.
- Pai, é melhor ires deitar-te na cama. Daqui a pouco, acordas e ficas com dores nas costas. – Desceu as escadas sem fazer barulho e parou quando chegou junto ao pai, deitado no sofá bege. – E tu sabes como ficas quando tens dores de costas.
- Já vou… vai andando, Agnes…
Gwen sentou-se no chão, de pernas cruzadas, a fixar o pai. Ela não podia negar que o seu pai não era atraente, porque o era. O cabelo loiro, a cair-lhe pela testa, uma vez acordado, tapar-lhe-ia os olhos verdes. Como a maioria dos homens nas casas dos quarenta, ele deveria já possuir uma barriga que impusesse respeito, mas ele era uma excepção. Os sapatos postos, cuidadosamente, ao lado do sofá, juntamente com a pasta castanha escura. A capa dourada repousava numa poltrona, juntamente com a gravata e o chapéu.
- Não é a mãe. Sou eu, a Gwen. – Passou os dedos finos e suaves pela pele alva do pai. – E tens mesmo de te ir deitar. Eu ajudo-te.
A contra vontade, o senhor lá teve que ir para o quarto, com a ajuda da filha.
Depois de o ter aconchegado e verificado que estava tudo em ordem, confirmou que ainda não tinha sono nenhum. Bem…
'Se calhar, é melhor limpar um pouco a casa e deixar alguma coisa já preparada para o jantar de amanhã.', pensara ela.
Desceu novamente as escadas para o hall de entrada e depois foi para a cozinha, a divisão mais fria da casa. Começou por tirar algumas coisas das prateleiras e a acender o fogão. Se fosse outra pessoa, usaria a magia para fazer tudo isto, mas como a sua mãe lhe ensinara quando era nova 'nunca uses a magia para coisas que tu consegues fazer' e ela seguia o conselho da mãe.
Preparou alguns ovos e bacon, para a manhã, que se aproximava. Depois começou a preparar um refogado que serviria de base para o jantar do pai.
- Agora, só deixar um bocadinho e depois conservar… - Ela falava consigo mesma.
Após um bom tempo entre tachos e panelas, Gwen, viu que já era quase de madrugada. E continuava sem sono. Dormiria que nem uma pedra no comboio. Ao acabar de organizar tudo, pegou nas coisas que o pai tinha deixado na poltrona e pendurou-as no vestiário. Vasculhou uma prateleira cheia de álbuns antigos, cheios de memórias, até que tirou um com uma capa carmesim, com retoques dourados.
'Talvez assim consiga ganhar algum sono…'
Acomodou-se na poltrona e abriu o álbum, parando logo na primeira página.
Na imagem, estavam três pessoas que se movimentavam cheias de ânimo e felicidade. O pai, ela e a mãe. O seu pai tinha o mesmo aspecto que tem hoje em dia, talvez com um bocadinho menos de rugas, os cabelos brancos conseguiam ser disfarçados pelos cabelos loiros que brilhavam. Usava um pólo azul-escuro e umas calças jeans, tinha um ar informal, ao contrário do actual. Gwen deveria ter os seus três anos de idade, quando a foto tinha sido tirada. Com o sorriso que uma criança tem, mirava atentamente os pais. Com um vestido de verão e umas sandálias, o seu dia estava feito. Agora…a sua mãe. Como era complicado ver imagens da mãe.
'Tu não sabes como tenho saudades tuas, mãe…tudo teria sido mais fácil, contigo aqui.'
Uma senhora com os seus trinta e pouquíssimos anos de idade, acenava alegremente para ela. A camisa amarela clara, contrastava com os seus traços, e as calças de ganga as suas pernas. Os cabelos castanho claros e quase lisos, com algumas ondulações, brincavam com o vento. O sorriso perfeito, que mantinha na foto…
Gwen retribuiu o sorriso, por mais difícil que tivesse sido. A sua mãe tinha morrido devido a uma maldição lançada sobre ela. Naquela altura, o Quem Nós Sabemos, já tinha fama de ter desaparecido, mas os seus seguidores mantiveram-se fiéis, pelo menos, alguns deles. Embora uns tenham afirmado que estavam sob influência de uma maldição, outros queriam simplesmente poder. Esse poder era-lhes reconhecido através da morte. Os Devoradores da Morte, assim eles se proclamavam. Nunca soubera detalhes sobre a morte da mãe, apenas sabia que tinham sido os seguidores do Quem Nós Sabemos que tinham posto um fim à sua vida.
A rapariga lançou mais um olhar à mãe, como era parecida com ela. Os seus avós paternais sempre tinham dito que era uma cópia exacta de Agnes, ela apenas sorria com o elogio.
Suspirou e fechou o álbum de fotografias, colocando-o na pequena mesa de centro.
- É melhor ir beber um chá, para me acalmar.
Levantou-se da poltrona e foi de novo para a cozinha. Lá fez uma infusão de ervas e ferveu a água. Tinha aprendido alguns truques de cozinha com uns amigos da Hufflepuff. Depois de a água ferver e as ervas misturadas, pôs o chá numa caneca e foi para o quarto.
Ao subir as escadas, conseguia ouvir o seu pai a falar entre sonhos. Falava apenas palavras soltas, como 'pena', 'coruja', 'sapos de chocolate', 'fantasmas' e 'devolve-me o meu chocolate, sua ave de pouco miolo!'
Gwen deu uma pequena gargalhada e entrou no seu quarto.
- Não o oiças, Jinx. Eu sei que as corujas são aves bastante inteligentes.
Sentou-se na cadeira em frente a uma enorme gaiola com uma coruja negra lá dentro. Deu um gole no líquido a ferver, arrependendo-se.
- Auch! Queimei-me… - Disse, passando os dedos pelos lábios. – Tenho a certeza que se tivesses polegares e lábios não farias uma coisa assim, não é, Jinx?
A coruja negra, apenas piou como resposta. Gwen entendeu isso como um 'completamente' da parte dela.
- Parece que vamos ter outra directa. – Suspirou. – Eu até podia arrumar as coisas, mas já o fiz pelo menos uma centena de vezes, sem exagerar.
Posou a caneca no tampo da secretária e olhou para a coruja atentamente, pondo as mãos como suporte do queixo.
- Sabes que hoje é o meu aniversário, Jinx? Claro que sabes, estás comigo desde que comecei em Hogwarts, foi uma pergunta estúpida. Mas sabes qual foi o melhor presente que me deram até hoje? Não sabes, pois não? Então, eu digo-te. Foi isto.
Tirou de dentro da camisola um fio de prata com um anel do mesmo metal. Um anel simples, apenas com 'Sempre contigo' gravado na parte interior.
- Foi a minha mãe que me deu no último aniversário que passou comigo. – Brincou com o anel, enquanto o olhava com um sorriso. – Pergunto-me se ela me está a ver agora.
O relógio digital na sua mesinha de cabeceira deu as cinco da manhã. Já faltou mais, pensou ela.
- Espero não te estar a aborrecer. – Guardou de novo o fio com o anel dentro da camisola, junto ao peito. – Não quero que adormeças com a minha conversa enfadonha. – Sorria.
Jinx apenas piou em resposta. Ao menos tinha uma resposta da sua coruja. Quanto aos seus amigos, apenas Annabelle lhe respondia às cartas. Mas deixou de o fazer há duas semanas. Talvez estivesse ocupada. Seja qual fosse a razão, sabia que tinha de ser uma boa razão.
- Já te disse que estou desejosa de voltar para Hogwarts? Lá tudo é mais divertido e mexido. Além disso, posso usar a minha nova vassoura. O pai comprou-a ontem, como presente adiantado. Pena não estar lá para me ver…
Deitou a cabeça sobre a secretária, com os braços a servirem de almofada.
Gwen amava o pai. Ele tinha-a criado, quase, sozinho. Tinha ajuda dos avós, que ficavam com ela quando tinha que trabalhar até mais tarde no Ministério. Era de loucos. Entendia o que ele sofrera com a perda de Agnes, sua mãe, mas depois disso afogou-se no trabalho só para manter a mente ocupada e para não se lembrar que tinha uma filha em casa, à sua espera. Uma filha de três anos que precisava do pai.
Nunca o censurou por isso, nunca. Mas, por vezes, questionava-se se o pai queria mesmo ficar com ela. Sabia que lhe doía sempre que olhava para a filha, devido às características inconfundíveis com a mãe. Era doloroso lembrar que tinha perdido a mulher que mais amava e, ao mesmo tempo, vê-la sempre ali, à sua frente.
Suspirou. Directas dão nisto. Pensamentos dolorosos que invadem a nossa mente. Lembranças de coisas que queremos esquecer, ou fazemos para tal.
Gwen fechou os olhos. Finalmente, o sono começara a instalar-se. Poucos segundos depois, adormecera.
- Gwen! Gwen! Gwen, acorda! Vais chegar atrasada para o comboio se não te levantares agora.
O pai de Gwen batia à porta suavemente, mas o suficiente para acordar a rapariga. Esta abriu os olhos devagar e esfregou-os.
- Já vou, estou só a acabar de me vestir…
Levantou-se e bocejou. Espreguiçou-se e sentiu uma pequena dormência nas costas. Tinha dito ao pai para não adormecer no sofá que lhe poderia doer as costas, mas ela, jovem como era, podia dormir numa cadeira, toda torta, que lhe fazia um bem doido. Pois bem, não fez.
- Porque é que não me avisaste para ir para a cama, Jinx? – Perguntou à coruja, que inclinou a cabeça levemente para o lado. – Oh, desculpa, onde estão as minhas maneiras, bom dia.
Gwen sorriu para a coruja e dirigiu-se ao armário, de onde tirou umas calças de ganga e uma camisola lavada.
Depois de pentear o cabelo, desceu até à cozinha, onde encontrou o seu pai já a tomar o café da manhã e a ler o jornal, que deixara pendente na mesma noite. Agora, parecia mais novo, uma boa noite de sono, ou quase boa, dava-lhe esse aspecto.
- Estou pronta para ir! Vamos! – Dizia ela, com entusiasmo gravado na voz.
- Já lavaste os dentes?
- Sim, pai.
- A cara?
- Também, pai.
- Arrumaste tudo?
- Sim.
- Já me deste um beijo de bons dias?
- Ainda não.
- Então, estás à espera do quê? Que os Muggles comecem a voar?
Ela riu e deu um abraço forte ao pai, seguido de um pequeno beijo na bochecha. Ele posou a caneca com café na bancada da cozinha, tirou a varinha do bolso e fez um movimento rápido e curto, sem tirar os olhos do jornal.
A caneca começara a levitar, juntamente com uma esponja já ensaboada, que esfregava a peça de cozinha.
Fechou o jornal e meteu-o debaixo do braço.
- Tens o teu bilhete, Gwen? – Perguntou, olhando para a filha.
- Tenho. Está aqui. – Tirou o bilhete do bolso das calças de ganga e mostrou-o ao pai, que acenou com a cabeça. – Sabes, estou desejosa por começar a usar magia aqui em casa.
- Porquê? Pensei que gostasses de fazer as coisas por ti mesma. – Ele deu-lhe um pequeno sorriso.
- E gosto. Mas de vez em quando à alguém que consegue desarrumar tudo tão bem e tão depressa que as minhas mãos sozinhas não conseguem dar conta do recado. – Ela deixou escapar uma pequena risada.
- Isso foi alguma indirecta, senhora Gwendoline? – O pai olhava-a com os olhos semi-cerrados, como se estivesse a ameaçar.
- Claro que não, senhor meu pai. Eu acho que foi bem directa.
Ambos riram. Era bom começar as manhãs desta maneira. O senhor, dirigiu-se ao vestiário e vestiu a capa dourada, enquanto Gwen foi ao quarto buscar o malão e a gaiola de Jinx.
- Queres ir pelo Pó de Flu ou pela maneira tradicional Muggle? – Perguntou o pai, ao entrar de novo na cozinha.
- Eu duvido que em King's Cross haja alguma lareira, pai. Acho melhor irmos pela maneira tradicional. Assim não aparecemos cheios de fuligem, não é?
- Tu é que escolheste, filha. Agora, vamos lá, antes que percas o comboio e eu receba uma coruja do Dumbledore.
- Oh, tu gostavas de receber uma coruja do Dumbledore, não gostavas pai? – Gwen abriu a porta e saiu, seguida pelo pai.
Este fechou a porta com um feitiço e guardou a varinha no bolso da capa, seguindo a filha.
- Claro que gostava. Sobretudo, se fosse para dizer que a minha filha é a rapariga mais inteligente da escola inteira. Superando, até, aquela sangue de lama, Granger.
- Pai! Essas coisas não se dizem! Não digas mal da Hermione, ela é uma excelente pessoa e bastante inteligente! E não te esqueças que a Annabelle também veio de uma família de Muggles, por isso cuidado com a língua! Eu não quero que ofendas a minha melhor amiga. – Repreendeu-o drasticamente.
Como é que o seu pai se atrevera a chamar a alguém 'sangue de lama'? Só os Slytherin é que chamavam isso aos feiticeiros que vinham de famílias não mágicas. Aos olhos de Gwen, todos eram iguais! Mesmo que viessem de uma família sem qualquer feiticeiro. Isso não lhe importava! A sua melhor amiga também vinha de uma família não mágica e era uma das melhores do seu ano. Gwen estava orgulhosa disso.
Graças a Deus que o caminho desde a sua casa até King's Cross era curto. Apenas tinha que andar uns quarteirões e já lá estava.
Quando chegaram a uma rua pouco movimentada com imensas cabines telefónicas vermelhas, as típicas cabines que aparecem nos postais de Londres, o seu pai parou e voltou-se para ela.
- Então, as coisas funcionam assim: eu espero que me envies uma coruja todas as semanas, quero saber todo o teu desenvolvimento na escola. Se precisares de alguma coisa, não hesites em enviar a Jinx. Porta-te bem e não dês problemas aos professores, sim?
- Pai, eu já não sou propriamente uma criança, sabes? E este também não é o meu primeiro ano em Hogwarts. Acho que consigo aguentar-me bem. – Sorriu.
- Eu sei, mas tu serás sempre a minha bebé, por mais foleiro que possa parecer. – Tomou o rosto da filha com as duas mãos e plantou-lhe um beijo carinhoso na testa. – Não te esqueças, se pr…
- Se precisar de alguma coisa eu envio a Jinx. Sim, pai, já disseste.
- Eu até te acompanhava à estação, mas já estou atrasado. Desculpa, Gwen. Quando chegares envia uma coruja a dizer que chegaste bem e com todos os membros.
- Pai!
- Pronto, pronto, desculpa. São preocupações de pai. Quando fores mãe, vais perceber. Agora, tenho de ir. Adeus. Adoro-te!
E nisto, meteu-se dentro da primeira cabine telefónica que encontrou.
Gwen observou o pai até ele entrar. Quando tinha a certeza de que ele já não iria sair, pegou na sua mala gigante, com rodinhas, e andou até à estação, com a gaiola de Jinx na outra.
Quão estranho seria uma rapariga de apenas dezassete anos andar no meio de Londres com uma coruja? Nada de estranho, nada fora do vulgar. Os londrinos pareciam já estar acostumados a que no primeiro dia de Setembro vários jovens corressem para a estação de King's Cross com enormes e gaiolas, com corujas lá dentro!
Ao chegar à entrada da estação foi buscar um carrinho de metal e meteu as coisas, arrumadas. Empurrou-o e entrou na estação, propriamente dita, onde foi apanhada por uma onda de pessoas. Tentou não chocar com as pessoas que se metiam à frente do carrinho, mas lá havia uma e outra que não escapavam à fúria descontrolada da peça de metal com rodas!
Ora bem, plataforma 6…plataforma 7…plataforma…8…ah! Lá está! Plataforma 9! E…lá estava ele, com o seu ar arrogante.
Gwen estacou ao vê-lo. O rapaz alto e magro e parecia estar á espera de alguém. O cabelo loiro desviado para um lado e levemente desarrumado.
Ela estava a poucos metros dele. Talvez precisasse de alguma coisa ou poderia estar perdido. Perdido? Sim, pois. Como se ele não repetisse esta espécie de ritual à seis anos!
Estava completamente vestido de preto, parecia que tinha vindo directamente de um funeral, assentava-lhe os traços rígidos do rosto. Parecia inquieto, nervoso. Gwen conseguia ver que ele não parava de olhar para todas as direcções e parecia, ligeiramente, assustadiço.
'É melhor perguntar-lhe se precisa de alguma coisa', pensou ela, para consigo.
Empurrou o trolley e quando ia para abrir a boca, ele simplesmente correu para a parede, desaparecendo no meio das plataformas 9 e 10.
- Gwen! Gwen!
Ela ainda tinha os olhos postos na parede de tijolo, quando ouviu alguém chamá-la. Bem, quando chegasse ao comboio teria tempo para lhe perguntar se estava tudo bem. Ao virar-se, para a direcção da voz que a chamava, nem precisava de a ver, pois já sabia quem era.
- Belle! Tinha tantas saudades tuas! – Gwen sorriu e estendeu os braços na direcção de Belle.
Annabelle Stevens. A sua melhor amiga desde que entrara para Hogwarts. Sempre tivera dificuldade em dar-se bem com as outras pessoas, mas Annabelle era totalmente diferente. O cabelo negro como o carvão e liso, caia-lhe até aos ombros e pouco mais. Os olhos azuis, cor do oceano, estavam ligeiramente tapados pela franja recta dela. Branca como a neve. Claro que só podia ser uma Ravenclaw, a equipa conhecida por ter os mais belos e inteligentes da escola.
Belle, como Gwen lhe costumava chamar, chegou o mais rápido que pôde ao abraço da amiga, deixando o carrinho de ferro a poucos metros dela.
- Oh, Gwen, também tive muitas saudades tuas. É uma pena que o Ministério da Magia tenha interceptado todas as corujas fora de Inglaterra. Mas eu conto-te tudo sobre as minhas férias em França, quando estivermos no comboio.
Belle deixou escapar um sorriso encantador, que deixaria qualquer rapaz de rastos. Olhando para o relógio, na parede na parede da plataforma 8, a morena apressou-se a pôr as mãos no carrinho.
- Eu quero saber tudo. – Gwen sorriu e fez o mesmo que ela, empurrando o carrinho contra o meio da plataforma 9 e 10, desaparecendo.
- Quando cheguei a Paris, foi fantástico, eram todos bastante amigáveis. – Belle começou a correr em direcção à parede, enquanto falava das suas incríveis férias. – E depois, conheci um rapaz tão, mas tão giro! – Começou a correr, o mais que conseguia, e atravessou a parede.
Na estação e King's Cross, os muggles não se preocupavam com escolas de feitiçaria, corujas, carros voadores, departamentos com segredos, nem nada dessas coisas. Isso era o que se contava às crianças quando elas não queriam comer os vegetais ou a sopa, 'se não comes isto vem aí a bruxa para te levar'. Era bastante eficaz.
O relógio deu as 11h00 em ponto. O Hogwart's Express partira.
Espero que tenham gostado, por favor, deixa review! 33
