N/A: Para o VI Challenge Tom/Ginny, do fórum 6V.


Make this go on forever


Ela não sabia o que era esquecer. Não conhecia essa palavra.

"Bem, foi um pouco estúpido da sua parte", disse, zangada, depois que Harry dissera que não queria conversar com ninguém, "vê como você não sabe quase nada, mas eu, que fui possuída por Você-Sabe-Quem, posso contar a você como se sente."

Mas não era verdade. Ela não sabia como ele se sentia, não sabia nem como ela mesma se sentia. Se é que havia algo para ser sentido... Havia se tornado uma grande mentirosa? Como ele? Porque Tom mentira sobre seu futuro, e ela mentia sobre seu passado.

Grande combinação... Ela pensou, admirando-se com a ironia daquele pensamento.

Mas, de qualquer forma, ela não julgava Harry por não querer conversar sobre o assunto. Ela mesma muitas vezes não sentia vontade de falar com ninguém. Ironicamente, a única pessoa com quem, às vezes, ela sentia vontade de conversar era com um estranho de um certo diário. Passara dias sozinha em seu quarto depois que voltara para casa de seu primeiro ano em Hogwarts. E que primeiro ano... Ginny teve certeza, logo depois que colocou os pés fora dos terrenos de Hogwarts, que aquele tinha sido o ano mais marcante de toda a sua vida. Não importava o que viria a seguir. A guerra, romances, primeiro beijo... Nada importaria. Aquele primeiro ano resumiria todos os outros que viriam pela frente.

"Eu esqueci", Harry disse.

E ela sentiu raiva dele. Muita raiva. Porém sabia que a maior raiva que ela sentia não era dele, mas dela mesma. De Tom. Especialmente de Tom. Mas qual era a culpa dele agora? E por que sempre arranjava um jeito de não culpá-lo? Pois, afinal, quem não esquecia era ela. Quem era fraca era ela. Sentiu mais raiva de Harry por isso. Pois ele era forte; corajoso. Ela, não. Ele era capaz de esquecer. Ela, não.

"Sorte sua", disse, friamente, e um arrepio subiu pelas suas costas. Estava falando como ele agora. Tão fria quanto ele? Parecia estar tendo aquela mesma sensação que tinha quando era possuída por Tom.

"Eu sinto muito" , Harry disse. Mas não, ele não sentia isso. Nunca se preocupara realmente com ela. Ginny era só a irmã mais nova de seu melhor amigo. Só isso. Você está sendo idiota, Ginny, disse a si mesma. Foi ele quem a salvou. Mas, espera, ele a salvara mesmo? Você ainda acredita em heróis? Você se sente realmente a salvo?

"Assim... Assim, você acha que eu estou sendo possuído, então?", ele perguntou.

Não. Não achava. Não sabia nada. Mas era mais fácil parecer que sabia, pois assim passava a todos a impressão de que havia se recuperado, que não era nada demais. Era passado.

Grande mentira.

"Bem, você pode recordar tudo que estava fazendo?", perguntou a ele. "Há grandes períodos vazios onde você não sabe o que estava fazendo?"

Assim como eu ainda me sinto, Ginny sentiu vontade de acrescentar. Pois muitas vezes não sabia o que estava fazendo. Estaria continuando? Seguindo em frente? Esquecendo? Não, nada disso. Ainda sentia como se acordasse em um lugar onde não lembrava ter estado antes. Talvez porque não sentisse que devesse estar nesses lugares - como se não pertencesse ali - pois o seu lugar parecia ser – e sempre seria - num lugar escuro, no mais fundo de suas memórias.