Letal, isso era como te definiam, durante aqueles tais sussurros que sempre a acompanhavam nas ruas, enquanto tuas curvas percorriam mais uma vez aquela jornada dolorosa das noites escuras de outubro.

Estúpidos, eram todos aqueles. Afirmavam ouvir uma melodia fúnebre toda vez que tua voz preenchia o ambiente, mas isso não se comparava a pensarem que apenas um adjetivo suprimiria as demasiadas complexidades que eram tu.

Tu, Bellatrix, não poderia ser definida assim. Era cheia de falhas, cheia de acertos, era boa e era cruel. Sim, de fato, tu eras letal, envenenava de tal forma que seus alvos acabavam condenados a um destino que sequer se comparava ao temor da morte, eles eram quebrados e estilhaçados, por culpa de seus sorrisos traiçoeiros e palavras ambíguas. Já não temiam sua magia, e sim seus lábios e por seus próprios corações, temiam pelo veneno que poderia ocupar suas veias a qualquer segundo depois de a encontrarem. Tu eras venenosa, tu eras cruel, tu partias corações quase mais do que tirava vidas.

E enquanto todas as mulheres invejavam esse tal efeito, esse tal veneno, que tu produzia em seus maridos, tu não poderia invejar nada que tivesse vida. Tu apenas se comparava a uma, apenas poderia se comparar a uma: a própria morte. Tu tiravas vidas, mas era a morte em vida, destruía o que via e miseráveis fazia dos demais, nunca sequer hesitava, nunca sequer pensara em dar-lhes qualquer esperança, nunca sequer cogitara dar-lhes o prazer de encontrarem logo com o seu fim, prolongaria tanto quanto pudesse que fosse ela e não a morte no controle, era tudo um jogo de poder, que ela sempre perdia. Mas não se sintas mal, menina, escute o que os outros diziam, por mais estúpidos e por mais sujos que pudessem ser. Tu eras Bellatrix Black para eles, tu eras Bellatrix Black e adorava brincar com a comida.