Escrito por Trinity Everett e encantadaa.

Traduzido para o Português por Gabi Ribeiro.

Esse é um trabalho de ficção criado por escritores sem nenhum ligação profissional com a emissora de Castle, ABC. Os personagens conhecidos são propriedades de Andrew Marlowe e ABC. Nomes, lugares, e acontecimentos são produtos da imaginação do autor ou são usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoal reais, vivas ou mortas, negócios, companhias, eventos ou lugares é mera coincidência.


17 de Maio, 2016

"Sabe, eu não deveria estar surpreso por haver tantas pessoas aqui antes das oito da manhã, mas estou."

Rindo, Kevin Ryan e Javier Esposito bateram as mãos nos ombros de Vikram e o levaram para o bar, Lanie seguindo atrás deles. O bar não estava cheio, apenas alguns clientes estavam dispersos pela ambiente, alguns com malas ao seu lado, outros pareciam tentar curar a ressaca com mais uma dose. Mesmo assim, o ambiente estava cheio o suficiente a ponto de ninguém reparar os recém-chegados.

"Bem-vindos à cidade que nunca dorme."

"Você diz isso como se eu não estivesse morando aqui desde Setembro."

Ryan e Esposito se olharam – essa era uma conversa para outra hora, para quando não estivessem tão cansados e depois que toda a situação com LokSat se acalmasse – antes de dar de ombros.

"Você pode ter estado aqui desde Setembro, mas você não esteve aqui conosco desde Setembro. E isso, meu amigo, é uma antiga tradição pós-caso. Não importa a hora."

Ao lado de seu parceiro Esposito acenou. "Ele está certo. E já que você é parte do time agora, é hora de você fazer parte disso."

"Há um aperto de mão secreto?" disse Vikram enrolando, olhando para Lanie procurando por apoio. Ela apenas virou os olhos.

"Não dê ideias a eles, por favor. Eles podem começar a inventar regras para o clube e tudo mais."

"Isso," concordou Esposito, empurrando-a com o cotovelo. "Primeira regra: não tirar sarro das regras."

"Ou dos fundadores do clube," adicionou Ryan, guiando-os até uma mesa perto dos fundos da sala enquanto Esposito pegava a primeira rodada de bebidas.

Lanie virou os olhos, permitindo que seu corpo cansado afundasse no assento gasto de vinil. "Eu diria que vocês dois fazem isso bem o suficiente sozinhos, sem qualquer ajuda minha."

Ryan deu de ombros, sentando-se ao lado dela e lhe oferecendo um sorriso torto. "Nunca se leve tão a sério. Regra número dois."

"Eu deveria estar anotando isso?" Perguntou Vikram, olhando em volta da mesa enquanto os outros riam, "Isso faria de mim o secretário do clube?".

"O que eu disse sobre encorajá-los?"

Levantando um ombro Vikram se acomodou. "Quando em Roma. Ou, nesse caso, um bar em Nova Iorque às oito da manhã em uma terça-feira."

"Isso garoto. Viu? Você já está aprendendo."

"Vai time." disse Vikram, jogando o punho no ar, pegando o copo de cerveja das mãos de Esposito assim que ele se aproximou da mesa. Seus companheiros bufaram, também pegando seus copos das mãos do detetive.

Esposito finalmente sentou, deixando cair a cabeça contra a borda de madeira do estande. "Meu Deus, Que dia."

Imitando a postura do seu parceiro Ryan exalou. "É"

Quatro copos levantados, mas apenas dois beberam. Ao invés disso, os parceiros compartilharam um longo olhar.

"Eu não consigo acreditar-"

"É," concordou Ryan, interrompendo-o. "É, eu também não."

Vikram olhou de um para outro. "É assim que vocês relaxam? Parece um pouco... Contra produtivo. Eu pensei que fosse tudo sobre festa? Comemoração?"

Esposito olhou para ele, balançando a cabeça atrás do seu copo de cerveja. "É parte do processo. Você não pode ir direto para a dança até que tenha relaxado."

Vikram deu a ambos um aceno de cabeça. "Entendi. Bem, estou aqui para aprender Com vocês.. Ensinem-me."

"Não." avisou Lanie, colocando seu rosto em suas mãos enquanto Ryan e Esposito inclinaram-se para frente, ansiosos para compartilhar seus segredos. "Agora você conseguiu."

Dois pares de olhos viraram-se para ela, fingindo inocência. "Ele perguntou, Lanie. É o mínimo que podemos fazer."

"Não, o mínimo que vocês dois podem fazer é não inventar algo para atormentar o pobre rapaz."

Esposito levantou um ombro, olhando para Vikram. "Ele parece atormentado para você, Ryan?"

Kevin inclinou a cabeça, estudando o analista com um olho crítico. "Parece normal para mim."

Balançando a cabeça, Lanie bateu na mesa. "Deixe-me sair. Vou deixar os três patetas em paz por alguns minutos."

"Hey, eu concordo com a sua observação."

"Claro que concorda. Mexa-se, Ryan, antes que eu tenha que ouvir como toda essa bobagem se encaixa no seu 'jogo'"

Esposito fungou/bufou, segurando seu copo próximo aos seus lábios. "Meu 'jogo' está ótimo, Lanie."

Levantando-se, Lanie apenas riu. "Claro que está. Todas as mulheres estão fazendo fila para você nesta manhã, Javi."

Ela se certificou de dar um tapinha em seu ombro ao sair, paternalista como sempre.

Sorrindo, Vikram olhou para o outro homem. "Então, ensine-me sensei, outro sensei, ensine-me. Porque, devo dizer, a fila para esse cara." Ele parou, batendo o dedo indicador contra o próprio peito, "está um pouco pequena."

Ambos riram, mas foi Esposito que respondeu. "Ah, não se preocupe. Você pode ter se queimado com as mulheres, mas nós cuidaremos disso."

Quando Vikram riu novamente apenas uma outra voz juntou-se a ele. Virando-se, ele viu que os cantos dos lábios de Ryan haviam se voltado para baixo e suas sobrancelhas estavam franzidas, uma expressão preocupada substituindo o sorriso de antes.

"O que foi?" Perguntou Esposito, virando-se para seu parceiro. "Jenny? O bebê?"

"Ah, não. É só... ele foi queimado antes."

As sobrancelhas de Vikram se levantaram. "Você não precisava esfregar isso na minha cara."

"Não. Não isso. Estava pensando no que houve mais cedo. Caleb Brown e... você sabe quem."

O rosto de Esposito estava sem expressão. Ele não estava entendo nada. "Sim, e daí?" ele perguntou.

"Por que ele teria queimado o corpo em outro lugar? Ele queria se livrar de Brown, por que ele teria mandado seu lacaio matá-lo no carro quando ele tem o incinerador no andar de baixo."

"Para provocar a Beckett? Para avisá-la sobre ele?"

"Sim, é verdade." Ryan lambeu os lábios, tentando e falhando em liberar a tensão de seus ombros. "Mas esse cara sempre cobre seus rastro, certo?"

Vikram concordou. Todos tinham testemunhado isso.

"Então matar Brown, queimar o corpo, e deixar onde a polícia poderia encontrá-lo seria o oposto de algo que ele provavelmente faria."

"O que você quer dizer? Que isto não acabou? Não era... você acha que outra pessoa matou Caleb Brown?"

Ryan balançou a cabeça, esfregando as mãos no rosto. "Eu não sei. É só que algo não faz sentido."

"Daqui a pouco você vai falar que o corpo era uma planta."

Os olhos de Ryan se arregalaram. "E se fosse? Lanie, você verificou os registros, mas eles podem ter sidos alterados. Nós já vimos isso antes. E se o corpo no carro fosse apenas um plano para diminuir os danos? A maneira deles de fazer como Jerry Tyson e desaparecer?"

Esposito olhou em volta da mesa, encontrando primeiro o olhar de Lanie, depois o de Vikram. O analista parecia pálido. "Ele poderia ter feito isso? Fingido a própria morte e encoberto tudo?"

"É de LokSat que estamos falando, tudo é possível. Eles invadiram meus registros uma vez; eles poderiam ter mudado o DNA de Caleb Brown em nosso sistema antes mesmo de nós começarmos a investiga-lo, e ninguém teria percebido."

Logo eles estavam levantando das cadeiras. Espo apontou para Vikram. "Volte para o precinto e levante tudo o que puder sobre eles: Caleb Brown, Mason Wood, todos com quem já trabalharam. Preciso de todas as identidades que já usaram, lugares onde moraram que poderiam ser usados como esconderijos, eu preciso de tudo."

Vikram assentiu. "Pode deixar."

"Vou ligar para Beckett." Disse Esposito, pegando seu celular do bolso de sua jaqueta.

"Vou atrás do Castle." Ryan colocou o celular próximo ao ouvido, seguindo Lanie para fora do bar. "Droga. Direto na caixa postal. O celular dele deve estar desligado."

Esposito balançou a cabeça. "Beckett também não está atendendo. Precisamos ir para lá."

Chamando um táxi, ele sinalizou para que Vikram o pegasse. "Ligue-me no instante em que souber de alguma coisa. Não envolva a polícia federal a menos que você realmente precise."

O analista acenou, entrando no táxi sem dizer uma palavra. O carro partiu antes mesmo de a porta ser fechada, deixando os outros para irem em direção ao apartamento de Castle e Beckett no SoHo.

"Você acha que ele irá atrás deles?" Perguntou Lanie, acelerando o passo para poder acompanha-los.

"Eu acho que eles precisam saber que ele pode estar por aí. E já que eles não estão atendendo, vão receber a notícia pessoalmente."

Ryan concordou, e falou sem hesitação. "Lanie, talvez você devesse..."

"Nem pensar. Sem chance. Se vocês acham que eles estão com problemas, eu vou também."

Sem diminuir o passo, os detetives compartilharam um olhar.

"Nós não sabemos o que vamos encontrar Lanie. Pode ser ruim."

"Ou pode ser nada, e eles podem estar na cama ignorando os celulares. Depois da noite que tiveram, eu não os culparia por precisarem de paz e silêncio."

"Tente ligar de novo." Instruiu Esposito, acenando para que Ryan chamasse um táxi enquanto ele chamava por reforços. Só por precaução. Eles precisavam ter certeza de que o problema com LokSat estava terminado, de uma vez por todas, e se Castle e Beckett estavam na cama ou não, se estavam ou não dormindo, isso aconteceria agora.

Eles só precisavam ter certeza de que chegariam a tempo.


A única coisa na qual ela conseguia pensar era na dor. Passava pelo seu corpo em ondas, tão fortes que ela estremecia a cada respiração forçada.

Ela tinha que continuar respirando; não poderia deixar acabar desse jeito. A vida de sua mãe não poderia ter acabado para que a de sua filha terminasse assim.

Ela tinha que continuar respirando.

Ela ouviu alguém tossindo ao seu lado. Castle. Não, ele não, muito...

Kate esticou sua mão, e ele a pegou, seu aperto assustadoramente fraco. "Kate," ele murmurou, sua voz quase um sussurro.

Era tão poético que ela quase queria rir. Eles passaram por tudo juntos – eles quase morreram em um freezer, quase morreram lado a lado a centímetros de distância de uma bomba, quase morreram quem sabe quantas outras vezes – e agora tinha se resumido a isso. Ambos caídos no chão do apartamento, o único lugar onde deveriam estar a salvo, sangrando, com suas vidas se esvaindo aos poucos.

A ideia veio a ela tão de repente que não conseguia acreditar como não tinha pensado nisso antes. Lucy. Ela chamou seu nome, forçando a voz enquanto tentava chamar a atenção do sistema. Para ela era como se estivesse gritando, mas pouco mais que um sussurro estava saindo. Lucy não conseguia ouvir.

"Kate." Castle grunhiu ao seu lado. "Não."

Ele podia sentir também. Eles iam morrer.

"Alexis." Começou Kate. "Martha... meu pai..."

"Nos amam," Ele terminou. "Vai ficar tudo bem."

Ela estava perdendo os sentidos rápido, mas ele estava perdendo mais rápido ainda. Ela podia sentir o aperto dele se enfraquecendo, os dedos ficando gelados.

"Rick." Ela sussurrou, com desespero em sua voz. "Eu te amo."

"Eu... te... a... Kaa..."

Silêncio.

Ela estava segurando as lágrimas desde o momento que desabou no chão, mas as deixou correr livremente agora. Ela não poderia viver sem Rick. Não poderia. Ele não podia ir.

"Rick." ela disse, a voz ainda rouca, mas mais forte agora que tentava não somente manter-se viva, mas o seu marido também. "Rick, não vá..."

Era muito cedo para que suas vidas terminassem. Havia tanta coisa que eles ainda não tinham feito; tantas experiências que eles perderiam. Eles nunca poderiam viajar para os lugares que ainda não tinha visitado, nunca ter filhos...

Ela não poderia deixar acabar assim. Mas sua vida estava se esvaindo tão rápido que não tinha forças para vencer a luta.

Juntando forças, Kate apertou a mão de Castle mais uma vez, seus dedos mal conseguindo apertar os dele. Ela gostaria de poder ligar para seu pai, dizer-lhe que o amava e que tudo ficaria bem. Ele sabe, uma voz em sua mente a lembrou. Ele sabe o quanto você o ama.

De repente, sua mãe apareceu, em pé sobre Kate com um sorriso caloroso. Ela não disse nada, apenas sorriu, e não importava o quanto Kate tentasse, ela também não conseguia dizer nada. Eu devo estar alucinando, ela pensou. Se minha mãe estivesse aqui, eu estaria morta.

Kate tentou esticar a mão, mas parecia que seu corpo era feito de chumbo. Ela estava presa ao chão, não conseguia se mexer. Desesperada para tocar sua mãe, para saber se a forma na sua frente era real, ela tentou mais uma vez alcança-la. Mas o esforço de mexer-se apenas fez com que ficasse mais cansada. O apartamento começou a desaparecer, a figura sorridente de sua mãe ainda clara na sua frente.

Nesse momento, ela ouviu alguém gritando seu nome. Soava como se estivesse a quilômetros de distância, mas ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Javi. Por que ele estava aqui? Nada mais fazia sentido.

"Beckett!" O cheiro da colônia de Ryan atingiu, trazendo-a mais próxima da realidade. Ele estava ali, realmente ali, mas não importava o quanto tentasse não consegui vê-lo. No entanto, ela podia sentir sua presença, e, subitamente, percebeu que os dois detetives vieram para salvá-la.

Kate tentou falar; tentou dizer-lhes para salvar Castle primeiro, mas as palavras não vinham. No entanto, ela deve ter feito um barulho, porque Lanie apareceu ao seu lado, mais rápido do que pensou ser possível, as mãos dela pressionando um dos ferimentos. "Kate, baby," implorou sua melhor amiga. "Eu sei que você pode me ouvir. Eu preciso que você aguente firme, querida. Você vai ficar bem. Castle vai ficar também. Vocês dois vão conseguir."

Enquanto Lanie falava, ela ouviu Esposito ao longe, gritando coisas. Coisas como "duas ambulâncias" e "emergência" e "baleados" e "os dois tem pulso."

Os dois têm pulso. Os dois conseguiriam. Os dois.

Com essas palavras, o alívio tomou conta dela, e a visão de sua mãe finalmente desapareceu enquanto o mundo de Kate transforma-se em escuridão.