Retração: "Eu não possuo os direitos sobre Saint Seiya, ou sobre qualquer de seus personagens. Todos os direitos cabem ao Masami Kurumada, criador e desenhista do manga series. Apenas os utilizo para a redação de fanfics."

"Em meio a uma viagem ele conhece a mulher de sua vida. Side Story de 'Memórias' – Radamanthys e Pandora."

Acaso

Capítulo 1 – Vidas paralelas

- Onde pensa que vai Senhor Radamanthys? – perguntou a criada.

- Ora, onde mais... vo-vou buscar meus tacos e jogar críquete! Isso! – respondeu cautelosamente.

- Como?! Se o depósito é para o outro lado? – retrucou. – Além do mais, nessa direção está o quarto da minha filha Mariah. O que me diz?

Engoliu em seco. – Bem... é? Verdade! Como posso ser tão distraído... o depósito é para o outro lado mesmo... Dona Melina, diga ao papai para não me esperar para o jantar! – mudou o rumo e saiu às pressas.

- Espere! Por que? – perguntou.

- Vou sair com uns amigos! Até mais! – gritou ao longe. Logo sumiu da vista da criada que balançou a cabeça em desaprovação e foi em direção à área de serviço.

Mariah não estava em seu quarto como pensava sua mãe, estava colhendo romãs para a Senhora Williams. Ela não era empregada como sua mãe, era dama da companhia da dona da casa. Ia a festas, participava do chá das cinco e a acompanhava em suas viagens turísticas. Havia recebido a melhor educação inglesa e estudou nos melhores colégios. Era uma moça encantadora de traços delicados e porte de princesa.

- Essas são perfeitas! – pensou alto. – Oh!

- Não mais que você... Mariah.

- Senhor Radamanthis! – soltou-se do alcance de suas mãos rapidamente. Recolheu a cesta e as frutas que havia derrubado no chão. – O que faz aqui?

- Estava apenas passando quando vi você aqui... – aproximou-se novamente. – Não deixe de trancar a porta do seu quarto de noite, porque os gatos sabem abrir as portas...

Ela sorriu e o observou sair lentamente. Tomou a cesta e foi até a cozinha.

- Mariah! Romãs?

- Sim, mamãe. São para a Senhora Williams, essas frutas são ótimas para curar os males da garganta. – respondeu. – Está apreensiva?

- Estou. Você anda se encontrando com o Senhor Radamanthis, hã? Não minta para mim...

- Estou mamãe. Mas não fui eu quem começou com tudo... e eu o amo!

- Era o que eu mais temia... Afaste-se deste rapaz, ele nunca iria querer compromisso com a filha da criada...

- As coisas não são bem assim, mamãe...

A madrugada apontava no horizonte quando Radamanthys chegou em casa. Farra, mulheres e álcool eram uma constante em suas noites de fins de semana. Desta vez não estava entorpecido, podia caminhar livremente e sua mente estava apenas um pouco confusa.

- Lembra que eu falei que a noite é perigosa?

- Radamanthis! – exclamou. Ele sorriu. – O que pensa que vai fazer?

A tomou num beijo e deixou suas mãos percorrerem o corpo alvo e macio. O sono e o cansaço os venceu logo ao raiar do dia...

- Alguém bateu na porta... rada...

- Não... é sua imaginação. – fechou os olhos.

Mais uma batida na porta e: - Filha, não esqueça de que a Senhora Williams quer vê-la logo às seis e... AAAAAAHHHHHHHHHH!!!!!!!! – soltou o copo que carregava consigo. O grito acordou a todos da casa que logo se juntaram próximas à senhora de meia idade em choque.

- Radamanthis! – exclamou a Senhora Williams.

- Como você explica isso, meu filho??! – perguntou seu pai incrédulo.

- Mi-minha filha... – sussurrou a criada antes de ter uma vertigem.

Mais uma vez ele engoliu em seco: - Er... pai, mãe... vocês aqui tão cedo... ela, bem ela tava com frio essa noite e...

- Calado! Você sabe que não deve se envolver com a criadagem! E Mariah! Eu lhe tenho como uma filha como explica isso??? – falou a senhora de cabelos grisalhos segurado a gola do robe creme.

A moça não respondeu e caiu em prantos, puxou o lençol e correu para o banheiro deixando o rapaz desprotegido.

- Opa... – prontamente buscou o travesseiro para cobrir-lhe as vergonhas. – Ai que dor de cabeça... – comentou baixinho num tom de ironia.

Já passava do meio-dia quando ele adentrou o escritório do pai, a conversa iria ser bem longa...

- Radamanthis, quero que saiba que estou orgulhoso de você filho, ela é uma moça bem gostosa... er quero dizer, bem apessoada. – comentou o pai. – Teve a quem puxar.

- Hehe...

- Bom, foi sua mãe que me obrigou a conversar com você a portas fechadas. Ela acha que devo te dar um corretivo, afinal a moça era virgem, filha da empregada e...

- A segunda parte sim, mas a primeira... – comentou com um riso no canto da boca.

- Sério? Nossa... aham. Bem, então mesmo contra minha vontade terei de lhe aplicar um corretivo! – pegou uma pasta e a colocou sobre a mesa.

- O que é isso, pai? Um novo tipo de cinto-castigador-de-filhos?

- É um inventário de viagem e reunião de um grupo de negócios alemão que estou contatando. – abriu a pasta e pediu para que ele examinasse.

- Sim, isto aqui está bem explicado, e tem tudo o que fazer e falar nas reuniões e encontros... Mas para que isso? Peraí, não me diga que...

- Sim. Sua mãe quer que eu comece a lhe encaminhar nos negócios da família para evitar cenas como a de hoje de manhã.

- E ela quer que eu faça voto de castidade? – zombou.

- Não, mas que tenha respeito e saiba tratar a sua futura esposa. Blá blá blá... bem, coisas dela... – sorriu. – E não se preocupe, na minha época eu fazia o mesmo... hehehe

- Sei... Mas aí vou ter que passar esta temporada na Alemanha?

- Isso mesmo. São dois meses de negociações e espero que possa atender as minhas espectativas, filho.

- Eu tentarei, pai.

No dia seguinte, nas primeiras horas da manhã, ele estava no avião em direção ao seu destino.

- Será que ele vai ficar bem, querido? – perguntou apreensiva.

- Vai. O menino é inteligente e conhece bem os meus clientes. Não se preocupe à toa. Já está mais que na hora dele seguir um rumo na sua vida.

Ela concordou balançando a cabeça.

xOx

Ela ouviu um barulho estranho no vidro da janela, seguido por um canto de pássaro.

- Um pássaro aqui? Há tempos não vejo outro ser vivo que não minha própria existência... – falou vagamente. – Será algum aviso...? Não...

Foi até a janela e abriu a fechadura de ferro antiga. O vento entrou com muita força e quase levou embora os negros cabelos da moça de pele alva como a neve. O frio da montanha começou a incomodar e queimar sua tez. Fechou e voltou para sua harpa e tocou canções tristes.

- Senhorita Heinstien! – falou o senhor de meia idade e bigodes bem desenhados. – Um de seus sócios está lhe aguardando na biblioteca para uma reunião de rotina.

- Sei... peça para que espere um pouco mais, Adolf. Irei trocar esta roupa.

- Sim, senhorita. – saiu.

Depois de um certo chá de cadeira tomado pelo sócio, a reunião começou:

- Senhorita Pandora, os lucros estam um pouco baixos nessa temporada. A nossa propaganda está cada vez mais ineficiente e nas fábricas alguns trabalhadores estam bastante revoltados com a jornada de trabalho...

- Sei... O que os outros sócios acham que devo fazer? – pôs a mão no queixo e franziu as sobrancelhas.

- Como sua participação é de 52 porcento, precisamos que a senhorita tome medidas de contenção, tais como... – o homem foi interrompido pelo celular. – Perdão.

- Sem problemas. – ela respondeu e observou o homem falar ao celular.

Algum tempo depois: - Ótimas notícias! – ele falou animado. – O chefe da equipe de marketing ligou para informar que há uma ótima oportunidade de negócio agora nesses próximos dias!

- Qual oportunidade? – ela perguntou sem muito interesse.

- Haverá na capital Frankfurt, um evento de comerciantes de toda a Europa. Melhor oportunidade de negócio não existe! – falou empolgado.

- Certamente. Que tipo de comerciantes irão participar deste encontro? – perguntou.

- Exportadores de gêneros alimentícios e pecuaristas. – sorriu sem jeito.

Ela franziu as sobrancelhas: - Sabe que eu não suporto esse tipo de gente, se acham os donos da Europa e os únicos mais ricos...

- Perdão, senhorita. – a interrompeu por um breve instante. – Mas, nossa situação atual pede este esforço de sua parte. Tudo o que nós, os sócios minoritários poderíamos fazer, já fizemos...

- Tudo bem, deixe as instruções com Adolf. E não deixe de me informar o resultados das negociações.

- Certamente. Tenha um bom dia. – o homem despediu-se e saiu apressado da sala.

"Era só o que me faltava. Vou ao templo meditar, meu senhor está me chamando..." pensou ela massageando os ombros. As reuniões eram muito cansativas, porém necessárias.

No templo, ela ficou algumas horas meditando e voltou para a Harpa, sua única companhia. Vez por outra, Adolf, seu tutor a escutava tocar, mas raras eram às vezes que isso acontecia.

A solidão era sua única companhia, e Hades seu único motivo de vida, pelo menos até sua ida para Frankfurt...

Continua...

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Nota da Autora:

Ois! Essa história nasceu de um comentário que recebi pela fic 'Memórias', onde me pediam para escrever a vida dos dois antes de sua separação e o tempo que permaneceram juntos... bem, aí está, espero que tenham gostado...

Era para ser um one shot, mas ia ficar muito grande... hehehe dividi em alguns capítulos... aguardo reviews!!!

E para entender a história, não deixe de ler: 'Memórias'.

Lady Kourin

Janeiro/2007

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