– Prólogo Desértico –
"Ele disse que gostaria de ser como uma nuvem... Mas por que não uma estrela?".
A garota de Suna contemplava distraidamente o céu noturno, coberto pelo manto negro que era a noite. As estrelas se mostravam exuberantes, deixando o céu salpicado de pequenos pontos esbranquiçados e intensamente brilhantes. Aquele brilho... Como prendia a atenção da kunoichi! Era surpreendente, para as pessoas que não a conheciam direito, uma comandante rígida como ela estar fitando as estrelas naquela passividade. Porém, não era apenas nas estrelas que a jovem pensava... Um certo shinobi de Konoha, que fazia das sombras sua arma, também passava pela cabeça da garota. Ela estava sobre uma grande duna, a areia naquele ponto era fina e macia, sendo agradável ao toque. Porém, estava um tanto frio naquela noite, no Deserto. Mas a ninja não parecia se incomodar, de fato, estava acostumada. O céu iluminado era sua única companhia naquela vasta imensidão composta por quilômetros de areia. Tudo ali parecia meio azulado e coberto por uma fina camada de luz, vinda das estrelas. Como gostava delas! Eram suas protetoras, de certa maneira... Sentiu-se tola ao pensar nisso. Que diabos! Eram apenas estrelas... Formações que ela nem poderia imaginar como eram de fato ou se sequer ainda existiam. Afinal, elas podiam ainda estar brilhando, mas na verdade já terem deixado de existir.
Ela estava realmente desatenta naquele lugar, poderia ser facilmente atacada. Mas aquele local era raramente visitado, poucas pessoas tinham o privilégio de pisar naquele solo arenoso. Portanto, quando uma pessoa se aproximava silenciosamente dela, a jovem nem ao menos se deu conta.
– Feh... Problemática.
Temari se virou rapidamente, seu coração aos pulos. Era ele? O que faria em Suna, naquela noite? E, ainda mais, como a achara? Perturbada e sentindo as bochechas arderem, devia estar corada, ela finalmente o encarou.
Estava como sempre, sereno e parecendo entediado. Usava suas roupas habituais, esverdeadas, e a olhava com um olhar entre curioso e divertido. Realmente, deveria ser estranho para ele a encontrar em tal situação. Mas, para ela, nada mais importava. Shikamaru estava ali novamente, podia vê-lo, sentir o cheiro suave desprendido do garoto, propagando-se até ela através da fraca brisa que varria o lugar, levantando ocasionalmente espirais de areia. Com um grande sorriso, a ninja murmurou:
– Idiota...
Levantou-se e se jogou contra o garoto, apertando-o com força contra si. Aquele contato, o calor reconfortante que passava de um para o outro, era tão agradável que ela poderia ficar ali durante toda a eternidade. Porém, bem antes disso, o contato foi rompido. Ele, gentilmente, segurou-a pela cintura e afastou-a de si apenas alguns centímetros. Fitava a garota, surpreso, porém, parecendo alegre. Um sorriso simples se formou nos lábios do jovem, o qual expressava o jeito de ser do mesmo. Logo, fechara os olhos, aproximando-se novamente da kunoichi, rapidamente eliminando a pouca distância que separava os lábios dos dois. A manipuladora do vento já podia sentir a respiração lenta dele tocar suavemente sua face, quando um alto grito a trouxe de volta a realidade.
– TEMARI! ABRE LOGO ESSA PORTA! – a voz grave de seu irmão, Kankurou, saía ligeiramente abafada pela porta do quarto estar fechada.
Ainda um pouco zonza, a garota abriu subitamente os olhos, com a respiração rápida e a pulsação acelerada. O que acontecera? Minutos atrás parecia estar no Deserto... E havia também o idiota... Após alguns segundos, a compreensão começou a se alastrar pela mente dela. Fora tudo um sonho, apenas um sonho. Praguejou baixinho, por que tinha de sentir tanto a falta daquele maldito garoto?
– TEMARI!! – novamente, a voz do seu irmão soou, arrancando-a de seus pensamentos.
– JÁ VOU, ESTÚPIDO! VAI BRINCAR COM SUAS BONECAS E PÁRA DE ME ENCHER! – gritou com todo o fôlego que pode reunir no momento, o que aquele infeliz queria?
– 'TÁ LEGAL! QUANDO O GAARA VIER AQUI "BRINCAR" COM A AREIA DELE, AÍ EU VOU RIR! – foi a fala final se seu irmão, que saiu, pisando forte, da porta de seu quarto.
Xingando-o com todas as ofensas que lembrava, Temari levantou-se e notou, sobressaltada, que já devia ser tarde. Havia comprado um relógio recentemente, que ficara pregado, cuidadosamente, na parede. Olhou para ele e percebeu o porquê do escândalo de Kankurou: já passava das nove e ela nem tinha começado a se trocar. Saltando da cama, correu para o banheiro, tinha de estar no escritório do Kazekage às dez.
Após um rápido banho, a jovem colocou suas roupas e seu equipamento, prendendo também o cabelo. Por fim, amarrou a bandana da testa, apertando o nó com força. Eram nove e meia, ela ainda tinha tempo. Desceu as escadas ainda em alta velocidade, quase caindo ao parar na cozinha. Seu irmão já havia saído e a deixara sozinha.
"Aquele maldito me paga!".
Engoliu um café da manhã preparado de qualquer jeito, composto por algumas torradas e um copo de leite. Finalmente, podia sair. Tinha por volta de quinze minutos, se fosse correndo, teria tempo... Ainda tinha tempo...
Depois de uma corrida frenética pelas ruas arenosas e quase vazias de Suna, Temari alcançava a entrada para a enorme construção que era a central administrativa de sua Vila. Empurrando qualquer um que visse em sua frente, a garota finalmente parou ofegando, na porta da habitação do Kazekage. Bateu com as costas das mãos na porta, três vezes, e aguardou uma resposta. Essa veio de maneira habitual:
– Entre... – a voz fria de seu irmão mais novo era sempre imperturbável.
Após sua respiração voltar ao normal, ela abriu a porta e entrou, com passos rápidos. O escritório estava como sempre, simplório, mas muito bem organizado.
Os papéis sobre a mesa de Gaara estavam sobrepostos em pequenas pilhas e as pequenas janelas que davam vista para Suna se mostravam atrás do grande líder.
– Está atrasada, Temari... – comentou, com certa reprovação em sua voz.
"Merda...".
– Eu... Acordei tarde, Gaara. Mas... – ela tentou cortar aquele assunto – Enfim, por que me chamou?
O ruivo levantou as sobrancelhas não existentes, ela fora um tanto prepotente. Mas não tinha tempo para perder com besteiras, tinha uma quantidade enorme de trabalho pela frente.
– Tenho uma missão para você. É algo simples, portanto, espero que não falhe. – seu tom foi cortante – Preciso que vá até Konoha e ajude nos preparativos de um evento que teremos lá. Será uma festa de confraternização entre Konoha e Suna, logo, os habitantes de ambas as Vilas estarão lá. Mande-me relatórios durante a semana, que é o tempo que falta para o evento, para que eu me mantenha informado. Parta o mais brevemente possível e é só.
A garota se manteve em silêncio por alguns segundos. Uma missão em Konoha? Aquilo só podia significar uma coisa, além de um trabalho cansativo, reveria seu idiota! Tentando controlar a agitação que imediatamente se apoderou dela, olhou para o irmão, assentindo com a cabeça, para depois dizer:
– Certo, posso me retirar, então? – perguntou, instintivamente levando as mãos à cintura.
Por um momento, pareceu que um olhar divertido prevaleceu no olhar vazio de seu irmão mais novo. Será que ele sabia...? Porém, quando olhou novamente, já voltara àquela frieza de sempre.
– Uma última coisa... – hesitou por um momento – Entregue isto à Ino. – disse, e estendeu em direção à kunoichi uma carta muito bem lacrada.
Um sorriso foi esboçado nos lábios da garota.
– Claro... Até mais, Gaara. E... – repentinamente, percebeu. Ele poderia ter mandado qualquer outra ninja para aquela missão, mas a mandara – Obrigada.
O Kazekage inclinou a cabeça para o lado, num gesto ambíguo. Após fitar por longos segundos o rosto da irmã, voltou o olhar para os papéis sobre sua mesa. Realmente, tinha muito trabalho.
Ela deu de ombros, já estava habituada com o jeito inexpressivo do irmão. Logo, retirou-se da sala, descendo os corredores num passo mais rápido que o necessário, queria partir o mais breve possível. Por acaso, cruzou com Kankurou no corredor final e fez questão de não olhar para ele, gesto repetido pelo garoto. Após uma caminhada apressada e impaciente, cumprimentando rudemente um ou outro ninja que estava na rua, ela chegou à sua casa. Precisaria de roupas e mantimentos para a viagem, depois, poderia partir.
Em pouco tempo, reunira todo o material necessário. Levava consigo kunais e shurikens na bolsa que levava na cintura, além de tarjas explosivas e um carretel de náilon. Como mantimentos, reunira alguns alimentos encontrados em sua casa e uma espécie de "ração" para longas viagens. Por fim, escolheu alguns kimonos, saias, blusas e roupas íntimas em seu armário e enfiou tudo na mochila que já usara anteriormente, junto com os mantimentos bem embrulhados. Então, prendeu a mochila ao leque e saiu andando de casa, uma estranha calma se apoderava dela. Ainda tinha uma longa viagem e ficar se torturando não iria ajudar em nada. Pisando firme, ela amassava a areia sob seus pés, olhando para frente, evitando olhar para o Sol que se mantinha alto àquela hora, causando um calor infernal. Depois de caminhar mais algum tempo, finalmente chegou à fenda que dava acesso à Vila. Passou pela breve escuridão da passagem, que também era um tanto fria, e saiu diretamente no grande Deserto, que se estendia à sua frente, desafiando-a. A garota aceitou prontamente o desafio, afundando o pé na areia escaldante e dando assim, o primeiro passo em direção ao seu destino.
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Bem, explicações o/. Esse prólogo é o início da segunda parte da fanfic "How Can I To Love You, Idiot?", cujo link postarei aqui, também xD. /secure/livepreview.php?storyid4056201&chapter1
Aos que já leram a primeira parte da fic, meus agradecimentos o/. Espero que gostem dessa continuação e me desculpem a demora, estive ocupada demais xx! Maas, agora, vou tentar ir mais rápido ee! Logo o primeiro capítulo chega.
Naruto não me pertence eê. Se pertencesse, a Temari e o Shikamaru já estaríam juntos e o "Sasquê" morto uu!
Enjoy o/.
See ya'.
