Capítulo 1 – 18 anos.

1º de janeiro de 1938. "Ano novo, vida nova"... Haha, é o que dizem, não? Bem, não era exatamente assim que Sasuke estava vendo tudo aquilo. Nosso pai havia morrido há alguns anos. Ele era piloto de avião, e havia se ferido gravemente durante a Grande Guerra, o que o levou a falecer alguns anos depois, em 1930, quando Sasuke ainda era um garoto de seus dez anos. Ele sonhava, desde quando papai nos contava histórias da guerra, em se tornar um piloto. Sempre teve em sua mente a imagem de honestidade e bravura dele, mas nunca entendeu bem o motivo de seu ferimento, já que ele era apenas um piloto de missões de reconhecimento. Então, desde a morte de nosso pai, ele se fechou para o mundo, sendo frio com todos, exceto com nossa mãe, que tinha uma saúde debilitada. Eu sempre o observei bastante, tentando entender o por quê de tanta frieza. Eu sou o primogênito, e, sem sombra de dúvidas, era o preferido de nosso pai, já que ele me ensinou tudo que sabia desde quando eu tinha seis anos de idade. Ainda assim, Sasuke sempre o admirou. Eu fui estudar fora da Inglaterra durante um tempo. Apesar de tudo que meu pai me ensinou, eu não queria ser um piloto. Queria ser médico. Mas, a história que vou contar não é a minha, é a de Sasuke. Não só a dele, mas a de outra pessoa. Uma pessoa que foi, sem dúvida alguma, a mais importante em toda a vida de Sasuke. Alguém que Sasuke tinha uma admiração tal como a que ele tinha de nosso pai. Perdão... Uma admiração maior. Mas ainda não é a hora de falar sobre isso. Lembro-me bem como foi aquele 1º de Janeiro...

- Sasuke, Itachi, feliz ano novo! – disse mamãe.

- Feliz ano novo, mamãe! Itachi...– falou ele, apertando minha mão.

- Feliz ano novo, pirralho – eu ri. Nós três nos abraçamos, e começamos a olhar para o céu. No relógio marcava a meia-noite. Eu olhei para Sasuke. Ele estava de olhos fechados, sussurrando palavras praticamente inaudíveis. Entre elas, eu escutei uma frase. Pra falar a verdade, a última:

- Guie meu caminho – falou ele, abrindo os olhos, caindo, involuntária, uma lágrima. Vendo aquela cena, eu me agachei e sussurrei em sua orelha:

- Ele já o guia, Sasuke. Tenha certeza disso – eu disse. Ele sorriu. Fazia muito tempo que não o via sorrindo desse jeito.

As semanas passaram, e os meses também, até que chegamos em julho, que era o mês de aniversário de Sasuke. Nossa família tinha parentes nos Estados Unidos, e eu iria viajar para lá, para estudar, no dia 22 de julho, um dia antes do aniversário dele. Precisava dar um presente importante, já que ficaríamos durante um longo tempo sem nos ver. Além do mais, era seu aniversário de dezoito anos. Merecia um bom presente. Nossa família era de classe média, então eu não poderia dar nada muito caro. Saí pela grande Londres numa comum tarde chuvosa. Rodei lojas e mais lojas, mas não encontrei nada. No caminho de casa, avistei uma loja de relógios. Além de relógios, vendiam também braceletes e colares. Entrei e vi, no canto da loja, um senhor de seus quase sessenta anos, sentado numa cadeira de balanço, dormindo. Pensei em chamá-lo, mas decidi não incomodar. Quando eu saía, um garoto, loiro, mais ou menos do meu tamanho, gritou ao me ver.