Cap. 1 - Marlene

"Nunca gostei muito das sextas feiras, costumava voltar mais cedo para casa, o trabalho nunca durava muito tempo, as sextas eram típicos dias vazios no bar.

E justamente hoje era sexta-feira, mais o pior não era isso, o pior era ter que ficar esperando um cliente inconveniente resolver sair do bar, afinal, era sempre eu que fechava, Tom, o dono, nunca tinha muita paciência para isso. Por falta de paciência talvez, fiquei comprometida a limpar com mais força do que o normal as mesas do bar, só não esperava ser observada tão atentamente.

Ele era um rapaz bonito, cabelos negros que caiam desleixadamente em seu rosto de feições delicadas e ah, um belo par de olhos azuis, seu porte físico mostrava definitivamente que ele praticava algum tipo de exercício físico, era um rapaz atraente e como era.

Fui até a mesa em que ele tomava seu café expresso, já estava tarde o suficiente para mim e eu precisava fechar o bar, minha casa não era muito longe, mais mesmo assim nunca gostei de voltar tarde.

-Deseja mais alguma coisa?

Perguntei discretamente e ele inclinou o rosto para mim, tinha um fraco cheiro de tabaco que chegava até a ser agradável.

-Sua companhia.

Me sentei a mesa, já estava acostumada a aturar outros clientes dando em cima de mim e nunca gostei realmente disso, por mais que fossem bonitos, mas eu dava tudo para ir para casa agora.

-Desculpe, mais você pretende demorar? Já esta tarde e eu preciso voltar para casa.

Ele sorriu sedutor, não vendo que eu nunca daria valor aquele sorriso e pegou um cigarro do bolso.

-Por um acaso você tem um isqueiro?

Ele não tinha apenas um cheiro fraco de tabaco, era possível sentir o cheiro de loção pós-barba e perfume masculino, que certamente me descontrolava.

-Não, você não pode fumar nesse estabelecimento, desculpe.

Ele colocou o cigarro no bolso e voltou a olhar para mim.

-Eu sempre esqueço de trazer meu isqueiro.

Ele afirmou e eu olhei para o relógio que apontava meia-noite e meia. Por que aquele rapaz queria tanto perturbar minha paz?

-Sabe, você é muito bonita para uma garçonete.

Eu quase corei e iria se ele não fosse tão grosseiro em diminuir meu trabalho.

-Me desculpe, mas isso não foi tão delicado quanto você esperava.

Ele sorriu e se levantou. Finalmente eu poderia ir para casa, a casa que eu dividia com minha melhor amiga dês do final do ensino médio, Lily Evans era extremamente educada em comparação a uma garota como eu.

-Não menti... Sabe, sobre você ser bonita.

Eu não pude evitar sorrir, afinal, de qualquer maneira aquilo era um elogio. Não que eu nunca houvesse recebido um elogio, recebia quase todos os dias elogios, mais resistir aquela voz, falando daquele jeito...

-Obrigada... São 15,00 dólares.

Ele tirou uma nota de vinte do bolso e me entregou. Apalpei meus bolsos, por falta de sorte todo dinheiro estava no caixa.

-Um minuto, vou pegar o troco.

Fui rapidamente até o caixa, pegando uma nota de cinco, por descuido deixei cair no chão e me abaixei para pegar, levantei e quando voltei até o balcão ele não estava mais lá. O que ele queria? Pagar-me pela conversa? Que rapaz arrogante!

Fechei o bar e fui para a casa, precisava de ajuda, não que eu estivesse apaixonada, não, claro que não, mais não conseguir parar de pensar em um homem que acha que você é alguma... Dançarina de Bordel, ou o que seja, é mais que uma ofensa. Sinceramente,o que ele queria?

Tão arrogante e grosseiro, mas por que eu não conseguia mais para de pensar nele? Bem... Quando voltei a minha noção já estava na porta do meu apartamento, procurei pelas chaves na bolsa, mais estava muito nervosa para conseguir encontrá-las, toquei a capainha e entrei como um furação dentro de casa ao ver Lily abrir a porta ainda de roupão.

-O que ouve?

Deitei-me no sofá e observei a TV ligada no canal de receitas.

-Não sei, um cara me deixou com o troco do dinheiro dele e agora eu não consigo parar de pensar, isso é muito idiota da minha parte, não?.

Lily se sentou ao meu lado, não ligando para o gasto de energia que a TV fazia ligada sem ninguém assistir.

-Quanto foi?

Eu suspirei, claro que Lily faria pouco caso de eu ter ficado com cinco dólares, mas ver minha amiga fingir estar interessada chegava até a ser engraçado.

-5,00 dólares.

Lily riu como eu imaginado e segurou minha mão.

-E como era o rapaz que lhe deixou com o troco?

Mais que pergunta sem sentido! O que eu quero é devolver esse dinheiro! Não é? Bem... Acho que... Não! É, claro que é.

-Bem, ele era bastante bonito, Lily... Por que?

Lily voltou a rir pegando um pedaço de bolo na mesinha em frente ao sofá e me deu.

-Marlene, uma mulher adulta não devia se apaixonar tão facilmente assim.

Que estúpida eu, pedir conselhos a uma romântica incorrigível! Devia é ter falado com Alice, não que a resposta de Alice fosse melhor, mas pelo menos não me fazia me comparar a uma idiota apaixonada, "Que ridículo Marlene, se contenha!".

-Não, eu não estou apaixonada.

Neguei, apesar de duvidar secretamente disso.

-Continue negando.

Ela saiu da sala dando de ombros e foi para seu quarto, pretendendo terminar seu banho, que eu, havia interrompido para abrir a porta.

Não me surpreendi ao velo entrar pela porta no outro dia, se sentando na mesma mesa e sustentando o mesmo sorrisinho malicioso, suspirei, não me dando conta de que ao contrario de ontem, o bar estava mais cheio do que o normal.

Ele estava me encarando, mas não cedi à tentação, continuei limpando o bar e servindo mais clientes que chegavam.

-Você esta mais linda ainda hoje.

Alguém murmurou sedutoramente no meu ouvido e eu senti um arrepio passar por minha espinha, me virei rapidamente dando de cara com ele.

-Você não devia fazer isso com as pessoas.

Ele sorriu, abri sua mão, devolvendo os cinco dólares e fechando sua mão.

-Não seja tão idiota da próxima vez.

Ele deu de ombros guardando o dinheiro no bolso e tirando de lá um cigarro e surpreendentemente, um isqueiro.

-Não me esqueci dessa vez.

Ele falou e acendeu o cigarro, eu passei a mão para afastar a fumaça que ele soltara.

-MARLENE!

Gritou Tom, o dono do bar, e me virei em direção ao balcão do bar.

-Hey, eu sou Sirius Black.

Eu suspirei e murmurei "Marlene Mckinnon", ainda sem me virar.

Foi naquele dia, em um sábado qualquer que eu soube, Sirius nunca mais sairia da minha vida."

Alguém deu um leve beijo em meus lábios me fazendo despertar da velha lembrança, já fazia dois anos que eu conhecera Sirius no bar e surpreendentemente ainda continuávamos juntos.

-O que foi, Lene?

Ele perguntou ainda dando leves beijos em meu rosto.

-Eu só lembrei de quando nos conhecemos.

Ele sorriu me abraçando. Estávamos no meu apartamento, era incrível como Lily começara a sumir nesses últimos dias, não que eu saiba o por que.

-Você continua linda.

Sirius devia parar me elogiar para fugir do assunto, é extremamente desagradável.

-É e você continua fumando, que vicio maldito!

Ele me beijou e eu senti mais uma vez, me lembrando novamente de quando o conheci, o cheiro do seu perfume masculino, loção pós-barba e o leve cheiro de cigarro.

- Você é meu único vicio.

E voltou a me beijar.