Meu doce Vampiro – O Início

Venha me beijar, meu doce vampiro.

Na luz do luar... (Rita Lee)

Caminhando na rua deserta e contra a tempestade de neve que me empurrava eu procurava um lugar para me abrigar. A calçada se cobria de branco e a paisagem de inverno começa a se formar. Piso em falso e caio no chão, minha pequena trouxa se abre revelando seu conteúdo que não passava de um lenço encardido e um colar com uma bela pedra rosada, meu amuleto, que não estava sendo de muita ajuda, pois a sorte não me era favorável há muitos anos. "Droga! Mais uma cicatriz para a coleção...", pensei, sentindo a dor latejar em meu cotovelo ralado. Recomponho-me e continuo a andar sem rumo até que encontro um beco depois de uns cinco quarteirões, entro e encontro um toldo acima de uma porta de onde saía uma fumaça quente, provavelmente os fundos de um bar, sento ao lado da porta e me encolho para segurar o calor em meu corpo. Retiro a jóia de dentro do pano e a observo.

As coisas melhoraram um pouco não é? – falei bem baixo para a pedra.

De repente um pequeno youkai gato sai de dentro de um entulho á meu lado me assustando e fazendo com que a pedra caísse de minhas mãos e rolasse uns metros parando no meio de beco. Corri afobada para pega-la, mas alguém foi mais rápido. Ergui minha cabeça e vi dois olhos azuis e um sorriso sádico emoldurando o rosto de youkai lobo.

Olha o que temos aqui! Uma shikon no tama! – erguendo sua mão contra a luz para poder ver melhor o que tinha em mãos.

É minha! Me devolve! – tentando inutilmente retirar o amuleto das mãos do jovem lobo.

E uma garota também! Que sorte a nossa! – me empurrou e caí sentada no chão – Hakaku! Venha cá segura-la! – ordenou e outro de youkai de moicano branco saiu das sombras me levantou e segurou minhas mãos atrás de mim para que não pudesse fazer nada.

O que vamos fazer com essa daqui? Pense bem porque foi um sufoco jogar fora o cadáver da última que arranjamos – disse com um sorriso malicioso. Estremeci só de pensar o que poderia ter acontecido com a garota – Não precisa ficar com medo. Nós cuidaremos bem de você – passando sua língua em meu pescoço, me senti enojada e com muita raiva, aquilo me fazia lembrar de coisas muito ruins. Já bastava aquele ogro que me abusava, não precisaria de outro...

Quando aquelas lembranças começaram fazer brotar lágrimas de meus olhos algo acertou o youkai que me segurava fazendo ele cair no chão desmaiado seguido por uma voz de mulher.

Abusando de garotas indefesas Kouga? – pegando o enorme bumerangue que voltava. Ela o tinha acertado com aquilo – Tsc, tsc... O Senhor não vai gostar de saber que você anda pegando as humanas dele.

A expressão de triunfo foi substituída para um começo de medo. Aquele instante de distração foi o bastante para que eu pegasse a jóia de volta e a colocasse no pescoço. Afastei-me um pouco e encostei na parede enxugando meus olhos. O tal de Kouga acordou seu companheiro e sumiram novamente nas sombras. Ficamos uns segundos em silêncio até que a mulher voltou a falar.

Venha garota, me siga – se afastando lentamente.

Acenei com a cabeça, peguei minha trouxa e fui alcança-la. Na rua escura não dava pra ver direito seu rosto. Ela parou em frente á um armazém, destrancou a porta e fez sinal para que eu entrasse. Ela acendeu a luz, revelando o quão grande e farto de objetos era a estalagem. Desde comida á armas, revelando também seu rosto jovem e bonito, olhos castanhos delineados por um lápis vermelho e o cabelo preso em um rabo-de-cavalo. Ela parou em frente ao balcão onde alguma coisa se mexia embaixo de um lençol.

Acorda Miroke! – batendo o osso voador no lençol.

Ai! Hein? Que? – o pano caiu revelando um homem aparentando ter a mesma idade da mulher com um cabelo preso, olhos azul-petróleo e muito sonolento.

Seu preguiçoso! O Senhor me mandou vim ver o que tinha acontecido com você. Ele não vai gostar nada de saber que você dormiu em trabalho... – provavelmente era a chantagem preferida dela, pois realmente fazia efeito nas pessoas.

Mas você não vai contar nada pra ele não é Sangozinha? – passando a mão nos glúteos da jovem e recebendo um tapa quase que automático da mesma – Ai, ai... Tapa de amor não dói...

Está querendo levar outro é? – levantando a mão.

Não precisa... Esse já basta – passando a mão no rosto – Mas quem é a garota ali? – percebendo minha presença, mesmo que muito silenciosa.

Uma menina que salvei do grupo do Kouga – se virando para mim – Você não sabe que é perigoso se meter em becos escuros á essa hora da noite? Ainda mais com esses tipos rondando por aí...

Desculpe-me, mas eu não sou daqui – abaixei a cabeça, tinha pegado esse costume de não olhar nos olhos das pessoas, algo que o antigo mestre me impunha – Não conheço nada por aqui...

De onde você é? – perguntou desconfiada, certamente eu era louca de ter vindo para esse lugar.

De longe... – não estava muito à vontade de prolongar aquele assunto – Que lugar é esse?

Você está nas Terras do Oeste. Por acaso foi mantida trancada a vida inteira para não saber onde está? Aqui é um lugar muito famoso... – se sentando no balcão.

Na verdade tinha sido isso mesmo. Obrigada a trabalhos forçados desde os 4 anos de idade, além dos trabalhinhos "extras"... Não sabia muito como era a vida fora da casa do mestre. Apenas pude respirar ar puro agora que consegui ficar livre...

Vo... Vocês poderiam me arranjar um lugar para eu passar a noite? – sentia vergonha de pedir coisas para desconhecidos, mas se não fizesse isso poderia me meter em encrencas de novo – Qualquer lugar. Apenas para recuperar as energias para continuar andando...

Está sem rumo não é? – era o homem que tinha se dirigido á mim, parecia que podia ler meus pensamentos – Está em seus olhos. Não tem um lugar para ficar... – ele que tinha se aproximado e estava bem próximo de mim acabava de levar uma bumerangada da mulher.

Para com esse papo barato! Eu sei muito bem onde isso vai dar... Acho que eu posso lhe dar um lugar no meu quarto na casa do Senhor. Se você se mostrar útil ele até pode te contratar – disse num tom animado.

Isso não vai dar certo... – disse o homem que acabara de levantar do chão – Ele não contrata gente nova desde o incidente.

Mas quem sabe ele não faz isso agora? Também ninguém mais se ofereceu para trabalhar... Você gostaria de trabalhar né? Eu tomo decisões e nem te pergunto as coisas... Desculpe-me... – percebendo que estava resolvendo tudo sozinha.

Tudo bem. Eu não tenho nenhum lugar para ir mesmo... Muito obrigado – agradeci humilde, ninguém foi tão bom comigo assim antes.

Não foi nada! Vamos! – me pegando pela mão e puxando o homem que estava a ponto de dormir novamente – Suba nela – apontando para uma fofa youkai gata de duas caudas.

Nós levantamos vôo e voamos por algum tempo em um total silêncio cortado algumas vezes pelo barulho de youkais abaixo de nós. Foi quando lembrei que não tinha me apresentado.

Com licença senhorita... Desculpe-me incomodar, mas é que nós não nos apresentamos... – tendo que elevar um pouco a voz para ela me ouvir.

Nossa é mesmo né... Tá! Eu me chamo Sango e este monge pervertido aqui é o Miroke. Qual é o seu nome? – se virando para me ver melhor.

Kagome... – falei baixinho.

Que nome bonito! – falou o monge que eu jurava que estava em um sono profundo – Tão lindo quanto a pessoa que o possui... Mas, não mais bonita que você Sango! – vendo o olhar shine que a exterminadora lançava.

Hn... Opa! – a youkai tinha se desviado de um monte de morcegos que voavam juntos – Acho que vamos ter que ir andando. Chegamos em terreno hostil. Kirara desça. – disse para a gatinha.

A youkai pousou levemente em uma estrada rochosa e nós descemos. Ela era comprida e dava em um enorme castelo ao longe. Aquilo dava muitos arrepios, pois estava muito escuro e a única fonte de luz era a luz da lua refletida na neve que caía sobre as árvores sem folhas que rodeavam o caminho, sem falar na imensa quantidade de morcegos que voavam.

Quando estávamos quase nos portões do castelo, Sango me jogou uma capa marrom que cobriria eu inteira.

Vista isso – com cara de preocupação – Talvez o Senhor não sinta seu cheiro com essa capa do Miroke. Vamos torcer para que o odor se misture.

Fique perto da Sango e não faça nenhum barulho – disse o monge também muito sério. O clima começava a pesar.

Es-está bem... – eu começava a sentir a aura negra que pairava no castelo. Fiquei bem rente a Sango e quase não respirava. Algo me dizia que devia seguir essas condições á risca.

Vamos lá – falou a exterminadora ao abrir a enorme porta do lugar.

Entramos em um salão bem grande de onde saíam mais duas portas igualmente grandes e duas escadas que provavelmente davam para outros andares. Tudo em madeira nobre e escura, os grandes lustres e castiçais completavam o estilo obscuro do lugar. Da escada da direita saiu um pequeno youkai sapo correndo segurando um bastão com duas cabeças e parou no meio da escada.

O Messsstre quer vê-la, humana. – falou um pouco sem ar, quando estava se recuperando acabou por me ver entre os dois – Quem é essse ssser?

Ninguém Jaken. – disse o monge muito frio – pode ir Sango. Eu fico com... – me indicando com a cabeça.

Está bem. Avise o Senhor que já estou indo – ela começou a subir a escada e passar pela mesma abertura em que o pequeno youkai acabava de desaparecer.

Não tem ninguém aqui Miroke? – perguntei enquanto ele me conduzia para embaixo da escada da direita – Um castelo desses deve ter muitos criados.

Já estão todos em seus aposentos. Chegamos muito tarde, apesar de ser sete horas. – o tom que usava demonstrava nervosismo.

Sim... – achei muito estranho as atividades acabarem tão cedo. Geralmente eu ficava até ás dez horas trabalhando na casa do mestre.

Tinha uma porta embaixo da escada, provavelmente daria nos aposentos dos criados. Estávamos abrindo a porta quando escutamos um barulho era Sango que agora descia a escada e se dirigia até nós. Sua expressão era de alguém que acabara de levar um susto.

Gente... Ferrou tudo. O Senhor sabe que você está aqui Kagome. Ele quer vê-la. – dizia num tom pós-mortem – Miroke, ele também disse que se isso acontecer novamente nós vamos perder as ju-jugulares – seus olhos começaram a marejar – Suba a escada e vá até a porta de mogno no final do corredor Kagome.

Mas como ele percebeu sua presença tão cedo? – perguntava Miroke incrédulo – Mas só se... Kagome, você está machucada ou tem alguma ferida que ainda não cicatrizou?

Feridas... Existem muitas em meu coração e corpo. Muitas que nunca vão se fechar. Meu corpo explorado, chibatadas nas costas, tapas no rosto. Uma vida que eu preferia esquecer, mas que não sai de minha mente.

Bom... Eu acabei de ralar meu cotovelo agora á pouco lá no beco... – parei ao ver a cara assustada dos dois – Por que? Tem algum problema?

Nós devíamos ter visto isso antes Miroke! Como pudemos ser tão burros! – se martirizava Sango – Agora não tem mais jeito. Kagome, você vai ter que ir.

Eu estava paralisada. Será que esse Senhor pudesse ser tão mal assim? Levando em conta meu ex-mestre, acredito que existam pessoas más assim. O jeito era enfrentar de cabeça erguida, como sempre fiz. Ninguém pode ser tão mau assim. Sei que um dia ainda pagarei pela minha ingenuidade...

Fui a passos lentos subindo a escada, quando cheguei na porta mandei um olhar de despedida para eles e entrei.

O corredor não era muito diferente do salão, só era mais iluminado. Várias pinturas decoravam a parede. No final do corredor tinham duas portas de mesma cor escura. Não sabia em qual entraria. Parei em frente ás duas e quando estava prestes a entrar na da direita, uma voz saiu da outra porta.

Pode entrar – disse uma voz fria e sem emoções.

Hesitei um pouco antes de girar a maçaneta e entrei. Era um quarto escuro, sem luz alguma. Só dava pra ver uma silhueta da varanda, era um homem. Fechei a porta e fiquei esperando na frente da mesma. Ele começou a falar sem se mover dali.

Pensou que poderia entrar sem que eu percebesse humana? – disse no mesmo tom inexpressivo.

Não era minha intenção... Mestre – me ajoelhei e abaixei a cabeça. Quem sabe se meus modos obedientes me livrassem de uma possível pena, ás vezes isso funcionava.

Ainda estou falando mulher, não me interrompa. Como uma criada deve saber que não se deve interromper seu senhor quando ele está falando – ele virou a cabeça e deu para perceber um sorriso se formando.

Ele provavelmente percebeu o quanto fiquei assustada com o comentário. "Como ele poderia saber que eu sou uma criada? Se ele soube que eu estou aqui pelo meu sangue... Então ele é um youkai... Isso explica o medo que Sango e Miroke sentem dele...".

Você é muito experta humana. Descobriu que eu sou um youkai sem ao menos me ver... – ele se virou e começava a se aproximar.

Você lê pen-pensamentos...Que tipo de youkai é você? – ergui a cabeça muito mais assustada. Ele agora estava á minha frente. Com um rápido movimento já estava me segurando pelos ombros encostada na parede.

Do tipo que está em seus piores pesadelos... – ele estalou os dedos e as luzes repentinamente se acenderam, pelo medo não queria abrir os olhos, me recusava a olhar diretamente – deixe-me vê-la melhor...

Ele estava muito enganado. O youkai que estava em meus piores pesadelos era outro... Ele nem sabe o que acontece em meus pesadelos, nem conseguirá imaginar...

Ele começava a me examinar, eu sentia suas orbes me focalizarem em cada parte de meu corpo.

Você até que tem um corpo bem apresentável...Sorte sua que não gosto de humanas. Tem um belo pescoço também. E o seu sangue não é dos piores – passando o dedo por meu pescoço e em meu braço machucado – Por que não me olha? Eu deixo você ter essa honra antes de...

Ele me soltou e eu abri os olhos, não conseguia acreditar no que eu via.

OoOoOoOoOoOoOoO

Oie! Tudu bem com vocês! To de vorta com mais uma fic! Vocês não sabem como eu to gostanu de fazer essa fic! É um tema que eu amu! E eu também to muito inspirada, pois acabei de assistir A Fantástica Fábrica de Chocolate com o gostoso Johnny Depp... Quem não ficaria inspirada né...

Só mais um lembrete. Visitem meu outro endereço no fanfiction: Lilo Inútil Return. Tem muita coisa retardada. È meu em parceria com a Pime-chan, não se esqueçam de passar lá

Bjuss!